
Despertar
Estar preso em outro mundo sem nada seria um pesadelo para qualquer um. Qualquer um que não se chame Tony Stark. Do jeito que estava, tudo era uma leve provação. Ele já fez melhor estando com menos, a caverna no Afeganistão é prova. Desta vez ele ainda tinha seu reator, seu traje, Sexta-Feira e, o mais importante, Nora.
Acordar em um beco estranho depois de usar a manopla parecia uma possibilidade impossível, ele já estava resignado a morrer assim que viu Strange dar o sinal, então por que acordar? Por que parecia tão vivo ? Sua respiração engatou e ele sente o início de uma espiral familiar.
Por um segundo imaginou que algo havia dado errado que, talvez, um mero humano não poderia usar esse poder e o universo rejeitou seu sacrifício. Bruce, em sua forma de Hulk, quase não aguentou o poder, ele viu pessoalmente quando o braço do gigante esmeralda quase foi destruído, o próprio Thanos, também não saiu ileso.
Mas ele não lembra do mesmo ocorrer com ele.
Claro, existia dor, mas quase não parecia o certo. Bruce gritou de dor, e quase se encolheu, mas ele ainda se lembra de suas palavras.
“Eu sou o homem de ferro.”
Ele estava falando, estava raciocinando.
Não poderia estar certo,
Então pela primeira vez ele rezou. Rezou para qualquer um que quisesse escutar.
Ele pediu para ter dado certo, que mesmo que ele tenha falhado os outros conseguiram, Wanda ou a Capitã Marvel poderiam, elas estavam se saindo bem.
A dor começou a se misturar com a ansiedade, ele se pergunta vagamente se ele tem uma concussão.
“Níveis de stress altos, pressão arterial elevada, o senhor precisa de-”
“Pai?”
A percepção de que sua atitude destruiu tudo, fazendo todos os esforços serem em vão, permitindo Thanos vencer mais uma vez-
“Pressão arterial de 230x170 mmHg, temperatura 37°C, batimentos-”
“Sexta-Feira? PAI?”
Nora, Pepper, Peter todos mortos, minha culpa-
“ Pai, me escuta, eu estou aqui!”
A voz veio como um sussurro distante, ele reconhecia aquela voz.
“Nora?” Perguntou fracamente.
“Sim, sou eu, eu estou aqui, estou aqui…” Ela respondeu repetidamente, em uma mistura de alívio e desespero.
Tony sente o peito apertar. Nora não deveria falar assim.
“Você está vivo! Eu pensei que tinha te perdido para sempre…”As palavras saíram em sussurros embargados, os olhos lacrimejantes brilhando em diamantes rosa.
Não era comum ela perder o controle, pelo menos não desde o incidente do Godzilla Nora há alguns anos atrás, então os olhos brilhantes chamaram a sua atenção. Era algo para se concentrar. Foque em Nora.
“Seus olhos…”As palavras saem arrastadas. “Eles estão rosa.”
“...Eu não estou conseguindo ficar calma.” Ela fala nervosamente
Nora permanece instável em seu lado, as mãos trêmulas e o rosto estagnado em uma expressão neutra. Ele conhecia aquela feição, ela estava novamente tentando guardar seja-lá o que a estava incomodando.
“Me diga”
“...Não estamos em casa.”