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Harry Potter - J. K. Rowling
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Summary
A história de como Tom Riddle, o Ministro da Magia, e Harry Potter, o Auror Chefe, entraram em um noivado falso após Harry se separar do ex-namorado.OuComédia romântica barata, cheia de frases ridículas e cenas clichês, pra você ler com a sua bebida favorita.--------------------------The story of how Tom Riddle, the Minister of Magic, and Harry Potter, the Head Auror, entered into a fake engagement after Harry broke up with his ex-boyfriend.OrA cheesy romantic comedy, full of ridiculous lines and clichéd scenes, for you to read with your favorite drink.
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Capítulo 1

Ele não sabe como tudo desmoronou tão rápido.

Porém, para ser franco consigo mesmo, ele sabia exatamente como havia chegado a esse ponto.

No início foram apenas alguns sinais. O namorado estava mais distante, respondia a menos perguntas e chegava mais tarde em casa.

Quando eles estavam sozinhos, eles ainda se amavam. Então, Harry apenas culpou o trabalho.

As coisas começaram a desandar em poucos meses. O namorado parecia aéreo, se isolava no escritório por horas e começou a ter uma gaveta trancada na escrivaninha, a qual Harry não tinha a chave.

Quando eles estavam sozinhos, eles ainda contavam piadas, jantavam juntos e entrelaçavam as mãos apaixonadamente. Então, Harry culpou a necessidade de individualidade que todo casal precisava ter para manter a cabeça no lugar. E ele apenas respeitou isso.

Um ano se passou e o namorado voltava para casa cada vez mais tarde, usava novos perfumes importados e comprava roupas que ele nunca usou antes.

Mas quando eles se deitavam na cama à noite, o namorado ainda colocava a mão na cintura dele, ainda o trazia para o seu peito e ainda dormiam abraçados. Então, Harry culpou a sociedade bruxa por exigir tanto que o namorado cultivasse uma boa imagem.

E, então, quase dois anos depois, Harry chegou do trabalho mais cedo.

Ele era o Auror Chefe há poucas semanas e havia muito trabalho a ser feito, mas naquele dia o novo Auror Brown conseguiu resolver um caso antes do esperado, então eles puderam sair mais cedo.

Ele estava feliz. Faltavam poucos dias para o natal, mas ele já havia comprado o presente perfeito para o seu namorado.

Era uma longa viagem de cruzeiro pelo Mediterrâneo Oriental, cruzando a Itália, Croácia e Grécia. Lugares que eles compartilhavam o sonho de conhecer, mas nunca tiveram a oportunidade de fazê-lo antes.

Já estava tudo agendado. Ele teria uma semana livre e o casal poderia aproveitar o momento juntos para comemorar os 7 anos de namoro.

Harry queria pedi-lo em casamento, finalmente.

Quando Harry aparatou no hall de entrada da Casa Potter — um lugar que o namorado foi relutante em morar por muito tempo, mas que acabou cedendo —, ele soube que algo estava errado.

Haviam duas taças de vinho na mesa de centro da sala, uma delas ainda pela metade. Roupas desconhecidas formavam um caminho pelo ambiente, subindo a escada e seguindo pelo corredor do andar de cima. O lugar estava em silêncio, mas havia um farfalhar e barulhos abafados à distância.

Harry sempre foi um pouco alheio às coisas óbvias e não conectou os pontos, mas seguiu o caminho de roupas até chegar na porta do quarto que ele compartilhava com o namorado.

Não foi preciso pensar muito.

Ele conseguiu ouvir os sons de carne batendo na carne, a respiração ofegante compartilhada entre duas pessoas e o som característico do gemido do seu namorado.

Um gemido que, ele percebeu de repente, ele não ouvia há muito tempo.

Talvez fosse o trabalho de ambos, o tempo juntos que os desgastou ou simplesmente o destino, mas Harry percebeu naquele momento que fazia mais de um ano que compartilhava a casa com alguém que já não era seu companheiro há muito tempo.

Então, quando ele abriu a porta, Harry sentiu o seu coração quebrar em milhares de pedaços.

Porque ali, na cama em que eles se amaram por anos, o seu namorado, Draco Malfoy, estava sendo profundamente enterrado por um homem que ele conhecia bem: Blaise Zabini.

Ele sabia que eles foram namorados durante algum tempo em Hogwarts, mas o momento foi tão breve e o romance com Harry foi tão arrebatador, três anos depois da formatura, que ele nunca se perguntou se ainda restara algum sentimento do relacionamento anterior.

Harry permaneceu congelado na porta do quarto.

Ele já viu aqueles programas trouxas nos quais uma pessoa era traída e gritava e berrava e xingava. Ele sempre pensou que a sua personalidade grifinória o faria fazer pior. Talvez quebrar toda a casa.

Mas quando o momento chegou, ele percebeu que nunca foi menos grifinório do que naquele momento.

Porque não havia coragem suficiente nele para revidar, para parar a cena ou para impedir que o seu namorado fechasse os olhos e sentisse tanto prazer com outro homem que não fosse ele.

Então, ele fitou a cena em silêncio. Os olhos marejados com lágrimas prestes a se derramar sobre o seu rosto.

Quando os olhos de Draco se abriram para encarar o seu amante, ele notou Harry parado na entrada do quarto.

— Harry! — ele gritou, enquanto tentava empurrar Blaise de cima do seu corpo e se cobrir com o lençol que eles compartilharam na última noite. — Você chegou mais cedo.

Harry sentiu vontade de rir.

Ele pegou o namorado na cama com outro e essa era a primeira coisa que saia da boca do traidor?

— É claro. Me desculpe, querido, eu deveria ter avisado para que você terminasse de foder com o Zabini? — ele perguntou com a voz mais firme do que esperava ter.

Afinal, talvez ele realmente ainda fosse grifinório.

Draco gaguejou inutilmente, enquanto Zabini se levantava e começava a vestir as suas roupas com mais calma e paciência do que um amante deveria ter.

Harry respirou fundo, pensando se realmente valia a pena dizer alguma coisa. Ele podia sentir que a varinha já estava na sua mão, fervendo e pronta para azarar todos na sala.

Draco percebeu. Ele já estava de pé, o lençol cobrindo o corpo abaixo da cintura, enquanto uma mão tentava inutilmente alcançar Harry. Ele sabia que Harry era muito mais poderoso e um passo em falso e, provavelmente, ele explodiria toda a mansão.

— Harry, guarde a varinha, por favor. Eu posso explicar. — ele continuou se aproximando.

— Explicar? — Harry riu. Uma risada fria e sem alegria, que fez com que os pelos do braço de Draco se arrepiassem e a janela do quarto se abrisse violentamente lançando uma rajada de vento que derrubou todos os objetos do cômodo. — O que você pode me falar que eu já não tenha visto com os meus próprios olhos, Draco?

— Você não entende, baby.

— Não me chame de baby. — Harry respondeu. A voz fria e cortante, de uma maneira que ele costumava usar para encarar os bruxos que prendia no escritório dos aurores. Ele podia ouvir os móveis tremerem levemente, os lençóis da cama se rasgarem ao meio.

Draco engoliu em seco.

— Harry, as coisas não estavam indo bem. Você nunca pareceu particularmente se importar…

— E a sua solução para isso foi dormir com outro homem? Você decidiu resolver uma crise no nosso relacionamento de sete anos sem conversar? Sem me falar o que te incomodava tanto?

— Meu pai achou…

— Seu pai! — Harry respirou profundamente, resignado. É claro que Lucius seria o idiota que daria um conselho inútil e Draco seria o garoto mimado de sempre que o seguiria passo a passo. Afinal de contas, para Draco, Lucius Malfoy nada mais era do que um deus. — Desde quando eu estou namorando com Lucius Malfoy, porra?

— O nosso relacionamento já estava desmoronando, Harry. — ele tentou justificar, mas as suas palavras vazias apenas ecoaram na sala.

Zabini, Harry percebeu, estava completamente vestido e parecia encarar qualquer lugar do quarto, evitando o olhar dele.

Draco continuava a tentar justificar o injustificável.

— Há quanto tempo? — Harry interrompeu.

— O que? — Draco gaguejou.

— Há quanto tempo você está me traindo?

Draco ficou em silêncio, enquanto os olhos cinzas percorriam o rosto impassível de Harry.

Curiosamente, o silêncio foi quebrado por Blaise Zabini.

— Já fazem 11 meses. Ele sempre me dizia que ia terminar com você.

Harry bufou e quase sorriu. Bem, parece que Draco estava enganando os dois, então.

— Blaise! — Draco repreendeu o amante, enquanto ele apenas encolhia os ombros sem se importar em falar a verdade. Pelo menos alguém estava tentando.

— Não há mais o que dizer. Por favor, retire as suas coisas da minha mansão até o final dessa semana, Malfoy.

E se Draco ficou surpreso por Harry usar o seu sobrenome novamente desde o tempo em Hogwarts, ele não percebeu e também não se importou, pois rapidamente virou-se e saiu do quarto, deixando o seu relacionamento desfeito para trás.

Sua postura impenetrável escondia a tempestade emocional dentro dele, mas ele se afastou decidido.

De volta à sala de estar, Harry jogou o pó de flu na lareira e foi para a casa de Hermione e Ron.

— Hermione? Ron? — Harry gritou no hall de entrada da residência dos Weasley-Granger. 

Quando a tensão passou, ele sentiu o seu sangue voltar a correr pelo corpo, o coração batendo descompassado, enquanto as mãos tremiam e as lágrimas começavam a transbordar pelo canto dos olhos.

— Harry? — Hermione disse, enquanto descia as escadas e observava o rosto encharcado de Harry, que ainda permanecia parado em frente à lareira da sala. — O que aconteceu? Você está bem?

— Hermione, quem é? — ele ouviu a voz abafada de Ron.

— É o Harry, querido. Você pode descer, por favor? — ela gritou de volta, enquanto puxava um Harry em choque para o sofá da sala.

De repente, ele sentiu que a ficha estava começando a cair.

O relacionamento dele acabou.

Depois de anos estudando em Hogwarts sem se falar, eles se reencontraram três anos após a formatura e se apaixonaram. Foram 5 anos de namoro e mais 2 anos morando juntos.

É engraçado como algumas coisas demoram tanto a serem construídas, mas basta uma pequena centelha para queimar tudo.

— Você está machucado, Harry? O que houve? — Hermione estendeu uma xícara para Harry e, em algum lugar do seu cérebro, ele se perguntou em que momento ela parou pra fazer chá.

— Está tudo bem, companheiro? — Rony perguntou, enquanto sentava do outro lado no sofá e batia gentilmente no ombro de Harry.

Ali entre os amigos de longa data, Harry não conseguiu conter as lágrimas. Então, ele começou a narrar. Palavra por palavra, Harry descreveu os detalhes da dolorosa traição de Draco. A cada detalhe, as lágrimas rolavam por seu rosto, e a dor que ele tentava conter explodia com cada sílaba.

— Eu sabia que Malfoy era uma cobra traidora desde o início. Sempre tive um sexto sentido para essas coisas, eu sou um auror. — Rony bufou e bateu no ombro de Harry, fazendo ele rir levemente, enquanto mais lágrimas escorriam pelo seu rosto já tão molhado.

— Ronald! — Hermione repreendeu. — Esse não é momento. Harry precisa de apoio e não de teorias da conspiração.

— Teorias da cons… o quê? — Rony perguntou.

Hermione revirou os olhos exasperada.

— Ignore isso, Harry. — ela suspirou, a voz mais suave do que antes.

— Eu não sei o que fazer. — Harry sussurrou, a voz quebradiça e rouca.

— Eu sei, querido. Você não precisa ter todas as respostas agora, é normal se sentir perdido. Você só precisa de tempo para processar isso e deixar as coisas se acalmarem. Nós estaremos com você.

— Sim, companheiro. — Rony concordou. — Você pode ficar aqui por enquanto.

— Obrigado, pessoal. — ele agradeceu, enquanto recebia um abraço coletivo dos amigos no sofá. — Eu só queria que não doesse tanto. Parece que o meu coração está despedaçado.

Hermione apertou as mãos de Harry com força.

— Dói mesmo, Harry. Mas você não está sozinho, e nós vamos estar aqui para apoiar você, não importa o que você decida fazer.

— Eu pedi pra ele sair da minha casa.

— Você faz bem. Quem sabe depois disso, você não pode frequentar aquelas boates gays dos trouxas, sabe?

Harry bufou, enquanto Hermione tentava bater na nuca do marido com força.

— Ei! — Rony reclamou, enquanto se desviava da esposa, fazendo Harry soltar uma risada molhada.

— Esse é um péssimo conselho, Ron.

— É um conselho excelente. Ele precisa se abrir para novas experiências e explorar diferentes tipos de-

— Não termine essa frase.

— Eu ia falar que ele precisa se abrir para novas experiências e explorar diferentes cenários, amor. Você está com a mente muito suja, querida. Por favor, guarde para mais tarde.

— Ronald!

— Vocês são os melhores amigos do mundo. — Harry disse, enquanto interrompia a briga divertida dos amigos.

Ambos pararam por alguns minutos para olhar com carinho para Harry e, juntos, eles voltaram a se aconchegar no sofá em um abraço coletivo cheio de amor, amizade e lealdade que lembrava muito as noites aconchegados em frente a lareira na torre da Grifinória. Exatamente o que ele precisava naquele momento.

A seriedade de Hermione e as piadas de Ron proporcionaram a Harry um respiro necessário em meio ao turbilhão de emoções.

— Quando você vai contar aos seus pais, Harry? — Hermione sussurrou após alguns minutos de silêncio.

Harry suspirou. Os seus pais eram amorosos e compreensíveis, mas extremamente protetores com o seu filho único. Lily ainda o chamava de bebê. Merlin!

Seria uma tragédia contar aos seus pais. Mas seria ainda pior com os seus padrinhos. Talvez Sirius e James soltassem fogos, honestamente. Eles nunca gostaram muito de Draco. Lily, por outro lado, o levaria para morar com eles à força, nem que ela tivesse que usar a sua varinha para fazer isso. De Remus, no mínimo, ele esperaria uma palestra de uma hora sobre relacionamentos.

Talvez fosse melhor não contar agora.

— Se eu fosse você, não perderia tempo, Harry. — Rony disse, percebendo onde os pensamentos de Harry estavam. — Você sabe que Sirius e James vão matar Draco por isso, se você não conversar com ele antes. Eu já posso ver os feitiços voando.

— Ron, eu acho que lidar com uma separação já é complicado o suficiente sem adicionar assassinato à equação. — Hermione tentou manter a seriedade da conversa.

— Eu só estava pensando que Draco bem que merecia alguns feitiços bem dados. — Ron murmurou, fazendo Hermione bufar e Harry sorrir.

Os amigos ficaram novamente em silêncio por alguns segundos.

— Harry? — Rony sussurrou.

— Sim, Ron?

— Blaise Zabini, sério? Ele não era, tipo, o último da lista de todos em Hogwarts?

— Eu, sinceramente, não quero saber o porquê ele.

— Bom, pelo menos você não terá Lucius Malfoy como sogro.

Os três ficaram alguns segundos em silêncio, antes de caírem na gargalhada, fazendo Harry sentir mais leve e menos estressado com toda a situação.

──────────────

Harry não contou para os pais.

Ele passou os dias seguintes como um zumbi sendo arrastado pelos cantos.

Ron foi um excelente auror durante esse período, tomando à frente de muitas das suas atividades, enquanto Harry mentia sobre uma doença desconhecida e se recolhia na solidão do quarto de hóspedes e passava as noites chorando na casa dos amigos.

Ele não pisou na própria casa durante os 15 dias seguintes à descoberta da traição. Harry não tinha coragem de olhar novamente para o lugar que um dia considerou ser o seu lar, onde ele poderia ter sido feliz com o seu amor.

Afinal, não havia mais amor. Então, como ele poderia encarar aquele lugar novamente? Como ele poderia voltar a viver como antes?

É claro que quando se tratava de Hermione, a resposta veio rápido.

— Você vai para o baile do ministério. — ela disse, enquanto empurrava uma roupa elegante para Harry vestir.

— Eu não vou a lugar nenhum. — ele resmungou, enquanto se enterrava nos lençóis da sua cama, que foram cruelmente retirados sem cerimônia por uma bruxa muito determinada.

— Eu tomei a liberdade de buscar essas roupas na sua mansão. Vista-se, Harry. Nós vamos sair em 1 hora.

— Você é uma amiga muito cruel, Hermione. — ele gritou e pulou da cama quando um feitiço pungente foi lançado contra ele.

Harry estava exasperado. Ele só queria sofrer em silêncio.

Ele se olhou no espelho e não reconheceu o bruxo de barba mal feita e cabelos desgrenhados que o encarava no espelho.

— Você está horrível, docinho. — o reflexo murmurou com nojo. Tudo bem, talvez ele estivesse no fundo do poço, especialmente se já faziam 15 dias que ele estava apenas se arrastando pelos lugares e parecendo um maluco hippie.

Alguns minutos depois, Harry encarou novamente o reflexo. Desta vez, sem barba, cabelos domados com uma poção especial e uma roupa elegante de cores escuras que abraçava os seus braços e coxas tonificadas.

— Você está impecável. — Hermione suspirou, quando o viu descer as escadas com o máximo de dignidade que ainda conseguia ter depois de passar os últimos dias se afundando em álcool e torta de melaço.

— Talvez por fora. — ele murmurou. — Por que eu estou fazendo isso mesmo, Hermione?

— Você precisa sair um pouco, companheiro. — Rony complementou, enquanto entrava na sala com uma roupa nova, justa e requintada que, provavelmente, também foi escolhida por Hermione, já que combinava com o vestido prateado e fluido dela.

Harry corou um pouco.

— Me desculpem por ficar tanto tempo-

— Nada disso, Harry James Potter! — Hermione interrompeu. — Nós adoramos tê-lo aqui, apenas estamos preocupados. Esse baile pode ser bom para você sair um pouco. A sua vida não pode parar, sabe?

— Eu sei. — ele suspirou enquanto passava as mãos pela roupa e caminhava com confiança até a lareira para, finalmente, enfrentar o baile de fim de ano do Ministério da Magia.

— Você não vai se arrepender. — Hermione atestou com confiança.

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Ele se arrependeu apenas alguns minutos depois de entrar no salão de baile.

— Eu não acredito que esse idiota está aqui com o amante. — Rony bufou com raiva, enquanto engolia a sua bebida e a depositava com força sobre a mesa.

Os três amigos estavam sentados em um canto afastado para tentar se livrar dos incômodos membros do baile que insistiam em parabenizar Harry por sua nova posição como Auror Chefe, se alegrar com a cura da sua falsa doença ou questioná-lo sobre a falta de Draco ao seu lado, mesmo vendo que ele estava sozinho e que Draco estava acompanhado com outro homem. Bando de fofoqueiros!

Eles costumavam frequentar estes bailes juntos. Mais precisamente, era Draco quem o obrigava a ir.

No fim das contas, ele era vestido e treinado pelo namorado para se comportar exatamente como ele gostaria e, mesmo com todo o esforço, Draco ainda se sentia mortificado quando Lucius fazia piadas e o envergonhava por ter um parceiro meio-sangue e de tão baixo nível.

Draco nunca o defendeu. Harry nunca exigiu isso, mas no fundo ele queria alguém que o tratasse como prioridade pelo menos uma vez na vida.

— Pare com isso. — Hermione sussurrou, empurrando uma taça de champanhe para Harry.

— Parar com o que?

— Você está pensando demais, Harry. Beba o champanhe e vá se divertir. Que tal chamar alguém pra dançar?

Harry revirou os olhos para a amiga, mas decidiu olhar ao redor do salão, enquanto parte do seu cérebro exigia que ele encarasse Draco e Blaise rindo juntos e cochichando baixinho em uma das mesas.

— Eu só quero ir para casa. — ele murmurou irritado.

— Venha, vamos circular. — Hermione disse, enquanto mandava um beijo para Ron que havia começado a conversar com alguns colegas do DMLE e puxava Harry pelo braço.

— Não, nem pensar. Quero ir embora. — Harry tentou protestar, mas foi puxado pela bruxa malvada que ele costumava chamar de amiga.

Ele suspirou resignado e puxou outra taça de uma bandeja, enquanto caminhava de braços dados com Hermione. Era melhor ficar bêbado para esquecer esse fiasco de noite.

— Você não vai, Harry. Vamos lá, o Chefe Bruxo está logo ali.

— Eu não quero falar com ninguém, Hermione. Posso ter alguns minutos sozinho, por favor?

Ela o encarou com olhos cheios de pena.

— Eu prometo que não vou embora. — ele suspirou.

— Tudo bem. Mas não exagere na bebida, certo?

Harry assentiu, mas assim que Hermione se afastou para conversar com Albus Dumbledore, ele puxou outra taça de uma mesa.

Que se dane esse baile. Que se dane Draco Malfoy e Blaise Zabini. Que se dane Lucius Malfoy.

Harry só queria ficar bêbado.

Ele arrastou os olhos pelo salão novamente. Draco e Blaise estavam agora rodopiando no meio da pista de dança, assim como Harry costumava fazer por insistência do ex-namorado. Todos felizes e risonhos com suas roupas impecáveis, enquanto Harry continuava a engolir taças e mais taças de champanhe e remoer toda a sua tristeza no canto do salão.

Draco havia estragado tudo. Eles realmente poderiam ter ficados juntos, felizes e casados.

Agora só restara Harry. Sozinho, infeliz e completamente bêbado.

— Sr. Auror Potter, o senhor não acha que já bebeu demais? — uma voz o tirou de seu devaneio.

— O que disse?

— Não acha que já bebeu demais, senhor? — o garçom repetiu.

— Claro que não. — ele refutou, buscando outra taça da mesa e se retirando para mais fundo nas sombras.

Um pequeno rebuliço começou a se formar na ponta do salão. O ministro havia chegado e agora estava apertando algumas mãos e conversando com membros da Suprema Corte, enquanto as pessoas faziam fila para lamber as suas botas.

Harry deveria estar lá também? Ele era o novo Auror Chefe, talvez ele devesse, mas Harry nunca se importou muito com a bajulação.

Ele havia conseguido esse cargo apenas com o seu esforço, afinal de contas. Talvez também um pouco de influência do Auror Chefe James Potter, que sempre foi visto com ótimo olhos na equipe e gerou uma comoção generalizada na sua aposentadoria prematura. Ter o filho dele na equipe, e ele ser igualmente talentoso, sempre foi motivo de orgulho para o departamento.

Mas, definitivamente, nada de bajulação.

Mesmo que ele quisesse, naquele momento ele mal conseguia se manter de pé. Seria impossível atravessar o salão e falar alguma frase coerente para o ministro.

Harry desviou o olhar do ministro e observou o seu ex-namorado beijar o amante na bochecha. Os seus pais estavam próximos e sorriam abertamente, como nunca sorriram para ele. Orgulho brilhando em seus olhos, de uma maneira que eles nunca fariam por Harry.

Ele se sentiu pequeno e inútil. Os seus olhos começaram a pinicar e as lágrimas surgiram novamente, quando Harry decidiu que era hora ir embora.

Tentando não cair no chão, ele caminhou tropegamente até o elevador, rezando para conseguir aparatar sem perder uma perna.

— Ei, companheiro. Está indo para onde? — Rony correu quando viu Harry cambalear até a saída do salão.

— Estou indo embora, Rony. Eu não aguento mais ficar aqui.

— Você está bêbado, Harry.

— Eu estou bem. — ele respondeu, as palavras lentas e ásperas, enquanto retirava a mão do amigo do seu cotovelo.

— Tem certeza de que vai conseguir aparatar assim?

— Eu tenho tudo sob controle. — Harry resmungou, a língua meio presa, enquanto entrava no elevador e fechava a porta na cara preocupada do amigo.

Ele tinha zero expectativas para aquela noite, mas não sabia que poderia ser ainda pior do que esperava. O que ele tinha feito para merecer aquilo?

A porta do elevador se abriu para o átrio do Ministério e Harry caminhou, não exatamente em linha reta, com os olhos embaçados pelas lágrimas e pela bebida e sem perceber que estava saindo do prédio e indo para o lado oposto ao ponto de aparatação.

— Ah, puta merda! — ele balbuciou quando percebeu onde havia ido parar.

De repente, Harry ouviu passos, mas não viu ninguém se aproximar.

Ele conseguiu ouvir uma voz o chamando. Talvez fosse Rony? Ou Hermione?

Harry sentou no chão frio na frente do prédio. Havia uma brisa leve desarrumando os seus cabelos e gotas frias pingando no seu rosto. Talvez fossem lágrimas? Ou uma chuva? Ele não sabia dizer.

O chão frio sob a sua bochecha era reconfortante. E se ele fechasse os olhos por alguns minutos? Ninguém notaria, todos estavam na festa.

E Harry o fez, sentindo a consciência o deixar apenas alguns segundos depois.

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Quando o dia amanheceu, Harry se arrependeu profundamente de todas as decisões que tomou na noite passada.

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