Tarde demais pra voltar a dormir

Harry Potter - J. K. Rowling
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Tarde demais pra voltar a dormir
Summary
Uma gota caindo na água reverbera no lago inteiro. Uma troca de olhares que se estende pode mover todas as peças ao redor. James Potter e os problemas são velhos amigos, prestes a se conhecer muito melhor. O que há por trás dos encantadores olhos que parecem persegui-lo por todos os lados?Para Narcissa Black, tudo é heterogêneo. Em que ponto do infinito tudo se mistura? Se você procura uma história de drama, amores e nós do destino se entrelaçando, é tarde demais pra voltar a dormir!Essa é uma história sobre o que poderia ter acontecido enquanto os marotos estavam em Hogwarts, sob a sombra da Primeira Guerra Bruxa. A maior parte dos personagens e cenários descritos pertencem a J. K. Rowling e são utilizados nessa fanfiction sem nenhum tipo de intenção comercial. Algumas datas e ordens de acontecimentos foram alteradas para que a história pudesse fazer sentido.
Note
Olá, pessoal!Gostaria de lembrá-los que essa história se passa nos anos 1970, então algumas atitudes, falas e pensamentos dos personagens podem parecer ultrapassados e inaceitáveis para os dias de hoje. Lembrem que tudo está inserido em um contexto! Fumar em qualquer lugar era um hábito da época, por exemplo.Aproveito pra lembrá-los de ter moderação com o consumo de álcool e cigarros, que é bastante frequente nessa história.Por fim, alerto que a história é ampla e vai comportar um monte de possibilidades, se você não se sente confortável com linguagem chula, violência, homossexualidade/bissexualidade, bullying, cenas de sexo e outros tópicos delicados, eu tomaria cuidado!ATENÇÃO!!Este capítulo contém cenas de bullying.
All Chapters Forward

Arlin e Grania

A capa negra e os longos cachos loiros esvoaçavam pelo corredor, com o passo apressado da garota. Apesar da velocidade, continuava andando com seu rebolado característico. Exalava confiança, ostentando os enormes brincos em formato de coração cor de rosa. Segurou o pergaminho contra a parede que dava entrada ao Salão Principal, com as unhas pintadas de verde limão brilhando sobre ele, e executou um feitiço colante extraforte. Deu um sorrisinho satisfeito para si mesma e arrumou os cabelos rapidamente, antes de atravessar a porta que a separava do café da manhã.

Remus descruzou os braços, afastando-se da parede em que estava escorado esperando pelos amigos. Aguardou que ela se distanciasse um pouco, apenas para não parecer tão interessado, mas não o suficiente que permitisse outro aluno perceber o aviso antes dele. Enfiou as mãos nos bolsos e então caminhou até o anúncio, interessado em conhecer seu conteúdo.

Pelos corredores de Hogwarts, havia muitos personagens singulares, entre alunos, professores e fantasmas. A fama da Corvinal era de abrigar a maior quantidade de excêntricos por metro quadrado da Grã-Bretanha, mas a verdade é que em todos os cantos do castelo essas figuras podiam ser encontradas e Remus gostava de observar cada uma delas, analisando seus trejeitos, roupas e atitudes. Era divertido para ele perceber que não era o único bizarro a estudar ali. Na verdade, no meio deles, poderia até se passar por um garoto normal.

Acompanhava muitos de longe e não podia negar que ela era um de seus personagens favoritos. Se não o favorito! Nunca dava pra saber o que esperar daquela garota e mesmo que fosse inquietante, de certo modo, divertia-se em ser surpreendido pelas invenções dela. Era como acompanhar um livro se desenrolando diante de seus olhos, porque a moça era definitivamente contrária a mesmice. Se dependesse dela, nenhum dia seria igual ao outro para os alunos de Hogwarts. Abriu um sorriso de lado, descendo os olhos pela propaganda. Aquilo ia ser interessante! Em letras vermelhas bem desenhadas, reluzindo com força total, o cartaz anunciava:

“Existem três tipos de pessoas:

As que já tem um par e buscam inspiração pra encantar o seu pudim,

As que escolheram seu alvo e precisam de ajuda para conquistar enfim, e

As que não fazem ideia de por onde começar e só querem um sim.

Para todas elas, a procura chegou ao fim!

 

Cupido de São Valentim

 

Preços amigos, sigilo absoluto e sucesso garantido.

Alexa Diggory /Corvinal”

 

O peso da mão em seu ombro chamou sua atenção, trazendo-o de volta a realidade. Parado atrás dele, James estava com um sorriso sombrio no rosto, o olhar fixo no cartaz. Remus não gostava nenhum pouco daquele sorriso. Nenhum pouco! Em 100% das vezes, ele indicava que a mente de Pontas estava tramando alguma coisa que os meteria em encrenca. Ver o amigo sorrindo daquele jeito tinha um significado quase sempre certeiro: Detenção.

- Isso soa como música para mim... – Deu uma risadinha cheia de bossa, orgulhoso do próprio senso de humor. - Vamos armar um festim!

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Rabiscou mais uma estrela na ponta do pergaminho, tentando fazer com que os olhos permanecessem abertos. Todas as aulas de transfiguração se traduziam para ela na mesma luta contra o sono, logo depois do almoço. Ficava repetindo para si que não podia adormecer, que precisava prestar atenção no que a professora estava ensinando, num estado de torpor que se estendia até que finalmente a classe fosse dispensada. Depois, tinham que se matar estudando por conta própria para não ficar para trás. Se a voz de McGonagall não fosse tão arrastada...

- Psiu! Cissy. Cissy!

Abriu os olhos num susto, despertada subitamente pela voz de Effie. Se remexeu na cadeira, retomando a postura. Não tinha a menor noção de quanto tempo tinha durado seu cochilo, mas a expressão da amiga lhe dava uma ideia de que já a havia chamado algumas vezes. Virou para a frente, dando de cara com a professora parada, segurando o pergaminho e a pena enquanto tomava notas.

- Muito bem. Sr. Bulstrode?

- Vou escolher a Srta. Rowle, professora.

- Por que não estou surpresa, Sr. Bulstrode? Não importa o quanto nós professores nos esforcemos para fazê-los ter experiências diferentes, vocês sempre mantém a postura bairrista!

- O que eu posso dizer, professora? – Nate deu de ombros, com um sorriso zombeteiro. – Ela é a melhor!

- Estou certa de que sim. A dupla original da Srta. Rowle era... – Correu os olhos pelo pergaminho que sustentava. – Srta. Black.

- Sim. – Narcissa respondeu, fingindo ter estado atenta todo o tempo.

- E quem vai escolher, Srta. Black?

Fitou as carteiras espalhadas pela sala, todos com os olhos ansiosos postos sobre ela, esperando que comunicasse sua decisão. Aparentemente, tinham que escolher novas duplas, porque ela e Effie haviam sido separadas. Merlin, se ao menos soubesse para que estava escolhendo!  Effie tinha sido escolhida por Nate: Era tudo o que sabia. Mas qualquer pessoa em sã consciência escolheria Effie pra um projeto, porque isso significava pontuação máxima sem dúvida alguma. Quem ela deveria escolher? E o mais importante, para quê? Certamente não arriscaria fazer o que quer que fosse com algum aluno da Grifinória. O que reduzia suas opções consideravelmente, já que a turma era majoritariamente composta pelos estudantes da casa cuja professora McGonagall era diretora.

- Então, Srta. Black, vai nos dizer ou é um segredo? Terei que ler a sua mente para descobrir? – A boca de McGonagall estava levemente crispada.

- Srta. Davies, professora.

- Eu sinto muito, senhorita. Mas deve lembrar que a Srta. Davies já está fazendo par com o Sr. Bones.

- Ah, sim. Claro! – Vasculhou a sala mais uma vez, em quase desespero. – Sr. Rosier, então, professora.

- Certo. Srta. Black e Sr. Rosier. Fechamos então a Sonserina. – Examinou novamente o pergaminho, pigarreando antes de continuar. - Srta. Clearwater?

 Voltou a se afundar na cadeira, traçando mais um par de estrelas no pergaminho. Desde que as amigas tinham começado a encher sua paciência falando sobre o evidente amor eterno e verdadeiro que ela e Evan viriam a nutrir um pelo outro, Narcissa andava ressabiada com o garoto. A verdade é que evitara encontrá-lo, embora gostasse da companhia dele. Só não queria colocar mais lenha na fogueira. Agora, graças a estúpida ideia da professora de mudar as duplas de trabalho a esta altura do ano letivo, sabe-se lá Merlin o porquê, ela havia acabado de despejar a floresta negra inteira nas chamas. Pelo canto do olho, conseguira ver o sorrisinho malicioso de Yvonne. Perfeito! Bufou, desenhando dezenas de círculos intrincados sobre as estrelas, para escondê-las.

Enfiou os materiais na bolsa, demorando um pouco depois que a aula foi encerrada, seguindo o ritmo lento em que sua mente se encontrava. Evan jogou a própria mochila no ombro enquanto atravessava as carteiras que os separavam. Por sorte, Yvonne já estava fora de vista e ela respirou um pouco mais tranquila, levantando-se finalmente.

- Parece que somos nós. – Ele deu um sorriso torto, encostando-se na carteira recém desocupada por Euphemia.

- Você está me perseguindo, Sr. Rosier? – Franziu o cenho numa irritação claramente fingida, para quebrar o gelo.

- Eu? Você é quem me escolheu pra ser sua dupla, Srta. Black. – Segurou a mão dela, depositando um beijo teatral. – Mas confesso que estou honrado!

- De nada! Só me diga: O que diabos a gente vai ter que fazer?

Abandonaram a sala de Transfiguração, caminhando lado a lado até a masmorra. Transfiguração era a última classe do dia para os sonserinos do 7º ano, exceto para aqueles poucos que ainda cursavam Adivinhação. Iam usar as horas seguintes para arrumar uma festinha improvisada de aniversário para Gwen na sala comunal, enquanto ela estivesse presa do outro lado do castelo, perdida entre bolas de cristal e cartas de tarot. Por isso Effie tinha partido na frente, pra tentar subornar um bolo junto aos elfos domésticos, enquanto Yve mantinha a aniversariante entretida na aula, com os pensamentos longe da surpresa.

- Então você estava dormindo mesmo? Pensei que era exagero do Nate.

- Merlin, não! Eu só estava... meditando. – Riu, fechando os olhos e erguendo as duas mãos numa posição contemplativa.

- Gracinha! – Evan desenhou a linha arrebitada do seu nariz com a ponta do dedo.

- Passei boa parte da noite cortando bandeirinhas para enfeitar esse aniversário. – Tentou justificar o sono, com um sorriso fingido no rosto. – Merlin, quem eu quero enganar? A voz dela, nesse horário... Dá pra não dormir?

 – Está perdoada, senhorita! – Zombou, estendendo as mãos por sobre sua cabeça como em uma benção. - É um projeto temático de São Valentim. Temos que transfigurar alguma coisa que tenha a ver com a data. Vale 40% da nota.

- Credo, que mulher cafona! – Narcissa revirou os olhos.

- Eu achei legal! Pelo menos vamos poder escolher o que queremos fazer. E parece que quem se sair melhor, vai ganhar um prêmio ou algo assim.

- Certamente vai parecer medíocre perto do projeto da Effie.

- Certamente! – Concordou, rindo. - Mas a gente vai conseguir se divertir um pouco.

- Ok, você venceu! Só precisamos pensar em algo que diminua o tamanho da vergonha que vamos passar.

 - Adoro o seu otimismo, Cis!

 - Ele está morto e enterrado, meu caro Evan. A sete palmos do chão! – Riram juntos, atravessando a entrada para a sala comunal.

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Os dedos corriam pelo pergaminho, deixando que o nanquim transcrevesse em contornos e sombras o que seus olhos castanhos se dedicavam a enxergar. Duas, três, quatro capas vermelhas voando a toda velocidade, rasgando o céu crepuscular de inverno. Mesmo que sua mão tentasse captar a movimento diante dele, era impraticável. Remus fazia o que podia, documentando os esforços da melhor equipe de quadribol que ele já tinha visto. Era uma pena que Dimitri Thomas e Edgar Bones fossem se formar, num momento em que o time funcionava em perfeita afinação.

Segurava o binóculo diante dos olhos com a mão esquerda, enquanto a direita sustentava a pena. A fisionomia de Marlene McKinnon exalava fúria, atenta ao desenrolar do jogo, embora ele soubesse que não passava de pura concentração. A garota fazia jus ao apelido que conquistara, ela era uma máquina! Tentou traduzir aquela expressão em suas minucias para o desenho, delineado o perfil da artilheira: Os olhos escuros estreitos, os lábios apertados um contra o outro, transformando a boca naturalmente volumosa em uma linha ondulada, o nariz franzido bem perto do ponto entre as sobrancelhas. Num átimo, a garota desapareceu pelo céu do anoitecer, lançando a goles no infinito, para ser capturada por Dimitri.

James planava acima dos outros, excepcionalmente liberado de sua solitária missão em busca do pomo. Bones e Brigitte Mitchell orbitavam ao redor dele, tratando de defende-lo dos balaços. Repetiam o mesmo circuito dezenas de vezes, forçando os cérebros a elaborar um punhado de estratégias diferentes de defesa, garantindo que estivessem preparados para a maioria das possibilidades que poderiam se concretizar durante uma partida. Ainda havia um longo tempo entre hoje e o próximo jogo, em que enfrentariam a Lufa-lufa, mas Thomas não era o tipo de capitão que pegava leve nos treinos. A neve havia derretido por dois dias e eles já estavam ali, praticando. Remus ficava cansado só de observá-los!

Gostava de acompanhar os treinos às vezes, porque o time era uma ótima inspiração para os seus desenhos, sobretudo para praticar seu traçado de movimentos. Dedicava-se com afinco aos rostos e expressões, mas era nas cenas que precisava se empenhar. Um rosto bem desenhado tinha a capacidade de transmitir muita emoção, mas era o contexto ao seu redor que contava a história. E por isso ele tinha que se devotar a estudar a arte de passar os movimentos para o pergaminho. Queria ser capaz de deixá-los o mais dinâmicos possível.

 Além disso, sempre que o quarto crescente estava chegando ao final, seus amigos se revezavam para manter os olhos nele, como se esperassem que fosse surtar a qualquer momento, absorto na própria melancolia e antevendo a agonia que viria com a lua cheia. Almofadinhas, Pontas e Rabicho o carregavam para os próprios compromissos ou inventavam motivos para estar ao seu lado. Detestava sentir-se rodeado de babás, mas tinha chegado à conclusão de que era perda de tempo tentar escapar e, de uma forma ou de outra, sentia-se grato pela preocupação deles.

Dimitri ergueu uma das mãos e assoviou, para que todo o time se reunisse, o que era um sinal de que o treino estava chegando ao fim. Agora, como de praxe, cada um dos jogadores ia se dedicar a treinar os arremessos em direção aos aros, por mais vinte ou trinta minutos, revezando-se sem parar, até que todos estivessem exaustos demais para sustentar a goles.

O capitão levantou a goles, girando o pulso discretamente antes de lança-la, para que transcrevesse uma trajetória em curvatura, girando ao redor do próprio eixo e atingindo exatamente o aro aposto ao que se esperava. Lupin riscou lado a lado os dois perfis do garoto, o primeiro de alegria, os olhos pretos se abrindo em surpresa, vendo a goles cortando o céu na direção contrária, como planejara. E o segundo de satisfação, o sorriso orgulhoso tomando a face negra, quando a mão enluvada da goleira defendeu o aro no último instante. Deteve-se, mantendo o foco nela.

Dorcas Meadowes tinha um rosto curioso, com um formato que lembrava um coração. O queixo pontudo se somava a boca apertada para lhe dar a aparência dócil de um filhotinho de felino. Rabiscou com força, tentando fazer jus as sobrancelhas escuras e marcadas que ela sustentava. Os cabelos de um tom profundo de loiro estavam presos firmemente num coque alto, deixando seus redondos olhos azuis levemente mais agateados.

Thomas anunciou o fim do treino com um aceno. Uniram-se em círculo e bateram palmas, um hábito de valorização dos companheiros que o time cultivava. Era bonito vê-los unidos, esforçando-se conjuntamente em prol de alguma coisa. De certa forma, sem maldade, Remus invejava a capacidade de interação que aquelas pessoas tinham. Ele jamais seria como elas, capaz de criar uma profunda rede de laços com tantos outros indivíduos com quem muito pouco tinha em comum, só pelo desejo de alcançar um objetivo. Ter encontrado os marotos fora um golpe de sorte, mas os amigos sabiam quem ele era de verdade. Nunca teria coragem de mentir tão descaradamente para um grupo de pessoas que depositassem sua confiança nele. Remus Lupin estava condenado a ser um lobo solitário pelo resto da vida.

Afastando-se dos outros e acelerando com a vassoura, James executou um voo rasante sobre a arquibancada em que ele estava, como uma ventania, para propositalmente levantar e espalhar as folhas em que Remus desenhava. De longe, viu o amigo gargalhando, o corpo inteiro balançando pela força da risada enquanto se dirigia ao vestiário. Pontas sabia ser um idiota quando queria.

- CANALHA!!! – Ele xingou, catando cada um dos pergaminhos.

Cortando o céu, Dorcas veio pelas costas de James, dando-lhe um tapa e empurrando sua cabeça. Viu a boca dela se mover com um semblante insatisfeito, mas não conseguiu ler o que diziam. A loira apanhou algumas das folhas que tinham se afastado para mais longe, voltando até onde Remus estava juntando o restante. Estendeu os pergaminhos para ele, por cima do parapeito da arquibancada.

- Aqui, olha!

- Valeu! – Sorriu, forçando seu rosto a demonstrar gratidão, apesar de tudo que conseguisse sentir fosse nervosismo e irritação.

- Esse seu amigo é um otário, você devia acabar com a raça dele! – Sugeriu, dando um sorriso cúmplice antes de desaparecer pelo céu com um velocidade absurda, saltando da vassoura no outro lado do campo, em frente ao vestiário.

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As luzes das varinhas cintilavam como chuvas de estrelas, ao mesmo tempo em que as palmas soavam em uníssono. A boca bordô obsessivamente delineada se abriu sem controle, quando a garota foi tomada pela surpresa. O bolo improvisado foi posto em suas mãos e ela não conseguia conter o sorriso, soprando as velas quando o parabéns chegou ao fim.

O sorrisinho satisfeito ainda não tinha largado o rosto redondo de Gwen Yaxley, embora as migalhas de bolo e os restos de glacê colorido estivessem manchando os fundos dos pratinhos de papel empilhados uns sobre os outros, em cima da mesa. Os sextanistas e setimanistas da Sonserina estavam espalhados pelos sofás mais próximos da lareira, com os estômagos cheios de petiscos, numa altura da noite em que a maior parte dos alunos já tinha se retirado para os dormitórios.

Conversavam em pequenos grupos, bebericando direto das garrafas de cerveja amanteigada. Como sempre, Clifford Wilkes e Logan Travers tinham batizado algumas delas, mas ninguém sabia exatamente quais. A graça era deixar a cargo da sorte (ou do azar) a chance de encontrar uma das que estavam adulteradas. A sextanista Harriet Burke era a monitora responsável pela ronda naquela noite, então não havia nada que pudesse impedi-los de aproveitar na sala comunal, a menos que fizessem barulho o suficiente para despertar o sono pesado como um erumpente do Professor Slughorn. É, não tinha a menor chance de aquilo acontecer!

- OK. Estamos prontos! – A voz áspera de Emma Vanity chamou a atenção do grupo.

- Em 3, 2, 1... – Yvonne foi baixando o tom, balançando a varinha para abrir a cortina vermelha que flutuava no ar, cobrindo a frente da lareira.

Uma velha vila de camponeses era o desenho que se movia no pano branco atrás de Vanity e Richard Jugson. Narcissa bebeu um gole da cerveja amanteigada, enquanto acompanhava o desenrolar da esquete. O personagem da moça era uma magizoologista, que deveria tentar ensinar uma receita de bolo de maconha a um duende gagá, interpretado por Jugson. Sentada ao lado de Cissy, Effie gargalhava a ponto de chorar de rir. Dentre os jogos que seus amigos costumavam fazer quando se reuniam, o improviso era um dos únicos que ainda conseguiam prender a Narcissa, porque as ideias que escreviam nos pequenos pedacinhos de pergaminho se tornavam mais esdruxulas a cada vez que jogavam, com os limites sendo sempre ultrapassados. Tinha começado timidamente, com as regras sendo aprimoradas ao longo dos anos, o que tornara a brincadeira muito mais engraçada.

Hoje, Yvonne era a anfitriã. Como estavam em 15 e o jogo era dividido em duplas, se alternavam para que um deles assumisse esse papel. Nos quatro potes que Yve comandava, cada um deles tinha escrito ideias de lugares ou épocas, personagens e situações, além dos nomes de cada um. Cabia a ruiva sortear a combinação de cada rodada. Por trás da cortina, as duplas combinavam a esquete em até 3 minutos, preparando cenários e as vezes até conjurando adereços. As risadas do público seriam o termômetro do sucesso, mas a escolha final da dupla vencedora era do anfitrião. E valia de tudo pra impressionar! Ou quase tudo.

- Arrebentaram a boca do balão! Obrigada, meus amores! – Yvonne bateu palmas de um jeito afetado, demonstrando ansiedade ao remexer no pote com os nomes dos próximos jogadores. – Narcissa! Uuuuh! – Franziu a boca num biquinho, abrindo o próximo pergaminho. – Essa vai ser boa: Evan!

A loira prendeu o ar por um segundo, bufando sem chamar atenção. Ou o destino estava brincando com ela ou a sorte não estava muito a ser favor naquele dia. A companhia de Evan não era um problema para ela, mas o efeito dela nas suas amigas era o que lhe irritava. Ia ter que estar preparada para ouvir um monte de bobagem antes de dormir. Effie apertou a mão dela discretamente, lhe dando apoio. Yve passou aos potes seguintes, catando um pedacinho de pergaminho e lendo-os em voz alta, com um prazer visivelmente maior a cada vez.

- Sala de parto. – Deu uma risadinha, puxando dois nomes do pote de personagens. – Treinador de quadribol. Cantor de opera. – Estava quase assobiando de prazer, quando abriu o último pergaminho, que revelaria a situação em que aquelas pessoas estariam envolvidas naquele lugar. – Pedido de casamento!

- Se fosse planejado não sairia tão ao gosto da cliente. – As palavras deslizaram pela língua de Narcissa antes que ela percebesse.

- Qual o problema, Cissy? Só estamos nos divertindo aqui! – A voz afetada ostentava um profundo deboche.

- Eu quero ver o que está escrito no pergaminho!

Sua cara estava fechada, mas todos ao seu redor estavam rindo, parecendo empolgados. Os olhos da ruiva faiscavam em represália, semicerrando-se suavemente. Ela também gargalhava, mas Cissy notou de longe o quanto a risada era dissimulada, cuspindo entre os risos uma ou outra frase sobre como Narcissa estava exagerando.

- Eu só quero ver, Yve. – Retribuiu com um sorriso falso. - Você com certeza não tem nada a esconder...

- Ok, ok. Você ganhou, querida! Vamos ter que esperar até o verão para ver isso, pessoal! – A garota deu uma gargalhada forçada, puxando mais uma nuvem de risadas do grupo. Com as unhas pontudas, ela abriu finalmente o pedacinho rasgado de pergaminho, lendo o que de fato estava lá. – Arlin e Grania.

- Não fode, Yvonne!

- Eu não estou inventando! É o que está escrito aqui, princesinha. – Virou o pergaminho na direção da plateia, onde podia-se reconhecer a letra de Gwen. Não tinha como não distinguir os pingos dos is em formato de coração.

Arlin e Grania. O casal mais icônico da literatura bruxa. Os desafortunados amantes. A mais famosa história de amor já escrita: Uma bruxa que se apaixona por um vigário nascido trouxa que não sabe que é bruxo até conhecê-la, durante o período da inquisição. Ótimo! Fenomenal! Preferia o pedido de casamento. Agora teria que encenar a trama junto com Evan, que consistia num enorme drama. Depois de fazer um juramento de amor eterno, o vigário se oferece para ser enforcado no lugar da bruxa, demonstrando seus recém-descobertos poderes para que ela aproveite a distração dos aldeões e possa escapar. Grania, doente pelo amor nunca concretizado e banhada pela luz da lua, termina transformando-se numa criatura condenada a passar o resto de seus dias dançando ao luar em homenagem ao seu amado: O mito do surgimento da espécie dos bezerros apaixonados.

- Três minutos! – Yve ordenou estridente, com a saliva enchendo a boca de legítimo prazer.

Não dava pra dar pra trás. Dar fim ao jogo por aquela combinação de coincidências amplificaria os gracejos dos colegas a um nível insuportável. Narcissa não podia agir como uma garota mimada que acaba com a diversão quando é contrariada, por mais que seu desejo fosse estalar um tapa na cara atrevida de Yvonne. Evan já estava de pé, se posicionando do lado de trás da cortina. Ela arrumou o cabelo e tateou o bolso. Só uma ceninha e depois poderia queimar toda a raiva que estava sentindo em um cigarro. Só uma ceninha.

- Como quiserem, meus fãs! - Levantou-se com um sorriso no rosto, improvisando uma reverência. Não ia dar a Yvonne o gostinho de vê-la espumar.

 A cortina se fechou com um sinal da varinha, separando a ela e ao garoto do restante do grupo. Tinham três minutos pra bolar tudo e a única coisa em que ela conseguia pensar era na própria raiva remoendo em suas entranhas. Das amigas, que tentavam forçar sua vida a seguir por um caminho, e do universo, que encaixava tudo de forma a corroborar com isso. Alguma coisa andava conspirando contra ela. Talvez porque estivesse negligenciando obrigações e mentindo a torto e a direito por causa de James. Talvez.

- Dois minutos!

- Eu não faço a menor ideia. – Narcissa admitiu, mordendo a unha do polegar. – Sala de parto, ela disse? – Murmurou o feitiço, transferindo a imagem que estava gravada em sua mente para o pano, apagando a vila que a dupla anterior deixara.

- Certo. Eu tenho uma sugestão! – O rapaz abriu as duas mãos com firmeza, preparando-se para sussurrar o que imaginara. – Você faz o Arlin. Eu vou ser a Grania, tendo um filho e cantando opera. Me dá as instruções como um treinador de quadribol!

- Sério?

- Sim. É o melhor jeito de fazê-los rirem!

- Eu quero ver um beijo! Não esqueçam que a aniversariante pode tudooo!! – Gwen deu um gritinho animado, para ter certeza de que os dois tinham ouvido.

- Ok. – Ela balançou a cabeça afirmativamente. – Então se deita com as pernas abertas.

- ‘Tá.

- Um minuto!! – Yvonne avisou, quase cantarolando de empolgação.

Evan esticou o próprio corpo no chão, flexionando os joelhos em posição ginecológica. Um garoto daquele tamanho, estatelando no tapete da sala comunal, como se estivesse prestes a dar à luz... É, ia dar certo! Narcissa se ajoelhou em frente a ele, colocando uma das mãos em cima de cada joelho do rapaz.

- Trinta segundos!

- Cis. – Chamou, num sussurro. Narcissa afastou um pouco mais as pernas que segurava, para conseguir ver o rosto dele. – Divirta-se!

Pode sentir suas sobrancelhas se suavizando e a carranca de dissolvendo num sorriso afetuoso. As vezes ela esquecia que Evan era um cara tão legal! Apertou os joelhos dele de forma carinhosa, para retribuir o incentivo. O veludo vermelho se descortinou aos poucos, ao comando da anfitriã.

- Eu não vou agueeentaaar! – A ponto de irritar os ouvidos, Evan cantou a frase numa imitação de soprano extremamente estridente.

 - Você consegue, porra! É... uma questão de tática. Tudo tática! – Tentou engrossar a voz, seguindo os passos do rapaz. – Você só precisar levar a goles até o aro.  

- Não dá, meu amor! Mais um pouco e eu vou me rasgaaar! Rasgar!!! Rasgaaaar!

- Você deveria ter pensado nisso antes de capturar o pomo de ouro, minha flor... - O grupo estourou no riso e Evan piscou pra Narcissa, encorajando-a.

- Nem a minha magia pode ajudaaar!! Arlin, me diga, como vou fazer essa criança passaaar?

- Eu juro, minha querida, que tudo que estivesse ao meu alcance eu faria. Se pudesse eu estaria no seu lugar! Vamos, Grania! Vamos pra cima!! Faça força e vamos logo acabar com eles!

- Com eles quem, meu bem? A única coisa que vai se acabar é o meu aro!!!

Por cima dos joelhos dobrados, dava pra ver refletido nos olhos do garoto o quanto ele estava se divertindo com tudo aquilo. As gargalhadas já começavam a abafar as falas deles, mas seguiram mais algum tempo, enfiando no diálogo as mais variadas metáforas de quadribol que conseguiram. Num dado momento, Narcissa apenas repetia ordens cheias desses trocadilhos, enquanto Evan solfejava notas desafinadas. O parto falso culminou com a execução de uma nota estupidamente alta e Cissy fingiu tomar o bebê nos braços.

- É um lindo goleiro!

- Goleiro? Não me diga, meu amor, que me infligi tão alto sofrimento para parir um goleiro! Não! Não! Não! Prefiro a eterna condenação! – Evan cantarolou perdendo as forças e o público explodiu em risadas.

- Grania, não se vá! É a mim que a morte deve levar! Eu quero ir em seu lugar! – Engatinhou até onde a cabeça do rapaz estava, sentando-se ao lado dele.

- Meu amor! Não faça isso, minha sina é criar esse mestiçoooo!

- Meu sacrifício vai te libertar! – Pela primeira vez, Narcissa retribuiu a frase cantando, para que o final da esquete fosse triunfal. - Fuja, fuja, enquanto pode, meu amor! Seja livre, pelos campos! E transforme esse bebê num sapateiro. É bem melhor ser isso do que ser goleiro! É por você tudo que eu faço, vou lhe salvar desse balaço!

Prendeu o rosto do rapaz entre as mãos e encostou a boca na dele. A plateia foi ao delírio! Gwen batia palmas de forma quase desesperada, como se estivesse prendendo o xixi. Henry Crabbe usou os dedos para assobiar e Yvonne resplandecia, satisfeitíssima. Os olhos de Effie estavam banhados de lágrimas de tanto rir. Damian batia um dos pés no chão e até Leona segurava a barriga entre risos. Aproveitando que o mundo girava numa frequência assustadora, Evan enfiou um pouco mais os lábios nos dela, prolongando o beijo além do que era necessário. Os contornos familiares iam se reconhecendo de antigas memórias. Cissy se afundou um pouco nele, antes de perceber o que estava fazendo. Devia ter durado apenas uns poucos segundos, mas a moça se assustou, afastando-se bruscamente o suficiente para que ele soubesse que fora cortado, mas não o bastante para que os outros percebessem que o beijo não tinha sido meramente encenado. Levantaram-se, fazendo uma reverência.

- Bravo!! – Matilda parabenizou.

- Foi do caralho! – Logan não economizou o elogio.

- Acho que você já tem seus vencedores, Yve... – Nate frisou, virando a metade restante da garrafa de cerveja amanteigada em um gole só.

- É claro! – Yvonne deu uma risadinha, enquanto remexia nos papéis restantes. Era estranho, mas Cissy podia jurar que havia um pouco de inveja faiscando naquele olhar.

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Permitiu que a fumaça partisse de sua boca, transformando-se em desenhos abstratos na escuridão da noite. A neve ainda não voltara a cair e ela receou que tivesse ido embora de vez. Os dias de inverno estavam chegando próximos do fim e demorariam três estações para estar de volta. Onde ela estaria no inverno seguinte? A perspectiva do futuro era um profundo e desconhecido infinito a sua frente.

A quietude do castelo àquela hora alimentava sua melancolia. Comemorar o aniversário de Gwen também a deixara nostálgica, na incerteza de que celebrariam outros aniversários juntas. Ali, em Hogwarts, estavam sempre próximas. Todavia, o mundo lá fora era enorme e boas garotas estavam onde seus maridos ordenavam. O paradeiro das duas nos anos seguintes dependia única e exclusivamente da vontade dos homens com quem elas viriam a se casar.

Da cartinha cheia de adesivos entregue quando a amiga completara 12 anos até a elegante bolsa grifada de couro que Narcissa tinha escondido durante a noite anterior embaixo da cama da outra para presenteá-la, uma vida inteira de confiança e companheirismo tinha sido construída. E quanto tinha sido prazeroso para ela traçar aquele caminho ao lado da ingênua, romântica e carinhosa Gwen Yaxley! Gwen e seus cachinhos. Gwen e seu dedo podre pros garotos. Gwen e suas mãos de fada na hora de fazer uma maquiagem impecável. Gwen e sua risadinha desajeitada, que as vezes culminava em um ronco como o de um porquinho. Tantos detalhes que ela conhecia e que talvez perdesse ao longo dos anos, afastando-se da amiga a quem tanto amava. Será que um dia se tornariam quase desconhecidas, unidas apenas pelo laço antigo das lembranças?

Acendeu mais um cigarro na ponta do anterior, sentindo o vento gélido lamber suas orelhas desprotegidas. Do corredor de entrada das masmorras, enxergou o vulto emergir e imaginou que viria na sua direção. A noite ia avançada e se ela fosse pega fora da cama, teria problemas. Porém, já estava se tornando tão costumeiro desobedecer às regras que ela nem se sobressaltou. De certa forma, ser pega fumando a um corredor de distância do dormitório não lhe traria tantos problemas quanto as outras infrações que ela vinha cometendo. Mas, era só Evan. O garoto tinha trocado a roupa social por um moletom e caminhava tranquilo em sua direção. Bom, ser pega naquelas circunstâncias com um rapaz podia se tornar um problema um pouquinho maior.

- E aí? – Um sorriso torto se delineou na face dele.

- Está tarde para ficar fora da cama, mocinho! – Brincou, imitando uma voz seca como a de McGonagall.

- Se você não contar, eu não conto... – Deu de ombros, encostando-se na parede ao lado dela. – Posso pegar um desses?

- Agora você fuma? – Narcissa puxou a caixinha do bolso, abrindo-a em frente ao primo.

- Claro que não! – Baixou a cabeça na direção dela com o cigarro enfiado entre os lábios e a garota teve que sacar a varinha para acendê-lo.

Tragou em silêncio, analisando a imagem do rapaz e os próprios sentimentos. Não estava mesmo irritada. Sozinha ao lado dele, Cissy se sentia bem. Evan era amável e sempre mantinha uma postura respeitosa perto dela. Não tinha nenhum problema com ele! Toda a insatisfação que vinha acumulando se referia à insistência das amigas. Tinha sido idiota em ignorá-lo para tentar resolver uma situação em que ele nem imaginava estar envolvido.

- ‘Tá tudo bem entre a gente, Cissy? – Perguntou, depois de tossir um pouco.

- Por que não estaria?

- Acho que eu exagerei.

- Ah! -  O beijo que tinha saído um pouco do controle. Aquilo é que não estava deixando que ele dormisse. – Não foi nada, Evan. Nós dois acabamos nos empolgando um pouquinho.

- Você não ficou chateada?

- Não. Mesmo! Faz parte do show, não é? – Deu um sorriso propositalmente falso, fazendo com que ele risse.

- Você parecia meio desconfortável com a coisa toda. A Yvonne foi bem inconveniente com aquilo do casamento.

- Quero mais é que ela se foda! -  Admitiu, tragando com força. – Garotinha inoportuna.

- Não sei se eu estou sendo paranoico... Mas parece que tem uma coisa esquisita no ar sobre nós dois. Não é só a Yve. As outras garotas têm me olhado meio estranho ultimamente.

- Não é paranoia. É por isso que eu ando de saco cheio... Até te peço desculpas por isso ter reverberado em você. – Respirou fundo, soltando o ar lentamente. – A Yve e a Gwen colocaram na cabeça que nós dois estamos destinados a nos tornar uma versão felizes para sempre de Arlin e Grania.

- Faz sentido! Eu ia adorar ter que dar a minha vida por você numa forca.

- Idiota! – Empurrou a cabeça dele, sorrindo.

- Não se preocupa, isso não me incomoda. Só queria que você tivesse me dito antes, ao invés de me ignorar por uma semana.

- Minha culpa! – Ergueu as mãos, num pedido de perdão encharcado de ironia. – A ideia de forçar que algo aconteça só porque, na cabeça delas, é inevitável que vá acontecer algum dia, não faz sentido pra mim tanto quando faz pra elas, sabe?

- Não, não faz.

- Eu devia mesmo ter falado com você.... Só achei que isso só daria mais combustível pra estupidez delas. – Deu batidinhas com a ponta do cigarro, deixando as cinzas caírem. – Agora que a gente já ‘tá falando sobre isso... – Ele permaneceu em silêncio, concentrado no próprio cigarro e esperando que Narcissa prosseguisse. – Eu adoro você, Evan! E gosto do que temos. Gosto de sentir que não tem cobrança ou expectativas sobre o que isso é ou se algum dia vai dar liga. A gente tem só 18 anos e tudo que eu menos quero é transformar qualquer coisa em mais uma amarra pra me prender! – Arrumou os cabelos que o vento ia despenteando, prendendo-os em um coque improvisado. - Por isso é que eu não gostaria que a gente mudasse um com o outro, Evan... É ótimo pra mim que a gente vá vivendo o que faz sentido pra nós no momento. Sei lá... Que a gente continue curtindo um dia de cada vez, enquanto estiver legal pros dois. E se quisermos nos beijar, como já aconteceu, a gente vai lá e faz. Ponto. Sem precisar que ninguém insista ou saiba disso, além de nós. Fazer as coisas do nosso jeito... Não porque a Yvonne ou qualquer outra pessoa acha que temos que fazer. – Encheu o peito pra depois soltar a fumaça pausadamente. – Tudo bem por você?

- ‘Tá legal pra mim assim também. Por mim pode ser como você preferir, Cis. – O rapaz admitiu, conciso, desviando levemente o olhar. – A única coisa que eu não quero é que os outros interfiram na boa relação que a gente tem, que as coisas fiquem ruins entre nós por causa delas... Você sempre pode me dizer, se algo estiver te incomodando.

- Trato feito. – Esticou a mão à frente do corpo, apertando a dele de forma zombeteira. - Se algo que elas disserem te chatear, me fala.

- Relaxa! – Ele riu, com um timbre meio nervoso. – Você sabe que ela iria adorar te ver perdendo a linha, Cis. Não faz isso por besteira!

- Eu não vou.

Evan jogou o cigarro no chão e pisou sobre ele, para apagar. Segurou o rosto dela com uma das mãos, fazendo com que mantivesse o olhar pra cima, nos seus olhos. Ela esperou que o beijo viesse, uma continuação do que haviam começado na esquete. Mas ele parou, os olhos fixos nela, com as pupilas faiscando enquanto parecia refletir sobre uma ideia.  E então depositou um único beijo cândido na bochecha de Narcissa, voltando a fita-la logo depois. Daria uma porção de galeões para quem conseguisse explicar a ela o que se passava na cabeça de Evan Rosier. Se suas amigas achavam que sabiam de alguma coisa, eram mesmo tontas.

- Boa noite, Cis! Você também deveria vir dormir, ‘tá frio pra caralho aqui fora.

- Eu vou. Logo. - O rapaz lhe deu as costas, adotando o mesmo caminho por onde viera, em direção as masmorras. – Evan! – O chamado baixinho se amplificou apenas o suficiente para que ele virasse para saber o que ela ainda tinha a dizer. – Fazemos o trabalho da McGonagall amanhã à tarde, na sala comunal?

- É claro. – Concordou, com um aceno da cabeça.

- Boa noite!

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A algazarra ao redor da mesa da Corvinal agitava todo o salão, naquele curto momento antes que o almoço começasse a ser servido. Todos os estudantes aglomerados desejavam desesperadamente a mesma coisa: Contratar o serviço de cupido. O dia de São Valentim era uma data marcada pela expectativa em Hogwarts e Alexa Diggory tinha um ótimo tino para os negócios. Ao menos era o que todos comentavam. Entretanto, James estava certo de que o dinheiro era apenas uma desculpa para que a garota tivesse começado aquilo. Uma agradável desculpa.

Diggory tinha dois verdadeiros interesses: O primeiro eram os segredos. Enroladas naqueles cachos, estavam milhares de fofocas que ela vinha acumulando, tirando proveito de datas como essa. Qualquer adolescente faria o que fosse necessário para passar o dia de São Valentim acompanhado. E se Alexa podia facilitar aquilo, quem recusaria? De quebra, ela encheria a piscina de sua curiosidade com todas as informações possíveis sobre as paqueras e romances que estavam se desenrolando em Hogwarts. James sabia que tudo aquilo ia transbordar quando fosse conveniente.

O segundo interesse da loira era seu próprio entretenimento. Alexa gostava de ver o circo pegar fogo, confortavelmente sentada em uma poltrona e bebendo uma cerveja amanteigada. Para ela, não parecia haver nada mais importante do que agitar as coisas ao seu redor, mexendo seus pauzinhos para fazer e acontecer. Hogwarts era seu experimento social e as vezes uma agitadinha era necessária, para misturar de novo o açúcar que estivesse no fundo. Talvez fosse apenas o genuíno prazer de não deixar o marasmo tomar conta da escola ou podia ser que a garota fosse mesmo manipuladora e os outros estudantes seus fantoches.

De qualquer forma, ele sempre aplaudia as invenções de Alexa. Até agora, tinham se provado todas divertidíssimas, mesmo as mais inusitadas. Dessa vez, além de cômica, a criação dela seria útil pra James. Por isso, ele e Sirius estavam parados no fim da fila, esperando sua vez de ser atendidos por ela. Almofadinhas estava ansioso, mascando um chiclete. Já conseguiam enxergar a garota, a medida em que a fila avançava, sentada ao lado de uma placa em que anunciava alguns dos preços. O carro chefe naquele ano seriam os corações de pergaminho, encomendados diretamente a Alexa, que organizaria em segredo todas as mensagens e distribuiria de forma anônima, através de seus mensageiros, no dia de São Valentim. Diziam os trouxas que seis dias tinham sido necessários para a criação do mundo. James ia precisar de apenas cinco coraçõezinhos de pergaminho para revirá-lo de ponta a cabeça.

- Maisie Lewis. – Black exclamou entre os dentes, chegando finalmente à conclusão.

- Sério, Almofadinhas? Da Grifinória? – Respondeu, meio sussurrando.

- Ela foi escrota na saudação do semestre.

- Porra...

- Além disso, você pediu feia, crédula e não muito novinha. – O garoto foi esticando um dedo para cada exigência. - Ela é do 4º ano.

- Tem certeza?

- Olhou com cara de nojo pra mim e pro Oscar.

- ‘Tá, tá. Maisie Lewis, então. E Patricia Fawley e Olivia Green.

- Aí, caralho. – Sirius deu uma risadinha. - Isso vai ser uma delícia!

A adrenalina lhe subia pelas pernas, aquecendo seus membros. James adorava aquela sensação de estar no controle, de guardar um segredo que só ele tinha o poder de fazer acontecer. Cada vez que começava a executar alguma das brincadeiras que planejava era tomado por um súbito bom humor, como cócegas lhe comichando o corpo inteiro, antevendo o deleite que seria vê-la realizada. Bagunçou os cabelos, agitando-o com uma das mãos.

Só porque já se tornara um hábito, vasculhou a mesa da Sonserina, logo a frente de onde estavam esperando. Não havia nenhum sinal de Narcissa, embora algumas das amigas da garota estivessem por ali. O desejo de vê-la lhe arrebatou. O que sentia por ela era sempre assim: Sem meios termos. James andava a eminência da loucura, pensando nela dia e noite, querendo estar com ela dia e noite. Prestes a explodir, sem poder compartilhar aquilo com ninguém. Se ela entrasse pela porta principal e lhe desse um sorriso em segredo, seria suficiente. Ou quem sabe, ter que fingir que não era com ele apenas deixasse ainda mais desesperador.

- Me dá um chiclete?!

- Não era meu. – Lembrando-se de que o doce estava na boca, Sirius intensificou a mastigação, de um jeito que beirava a afetação. - Peguei com a Lene.

- Porra!

- Que foi?

- Vou morrer de fome! – Não era como se tivesse outra alternativa além de mentir. Ele tinha mesmo fome, mas era de Narcissa.

- Aguenta só um pouco, caralho! Somos os próximos.

Estalou os dedos, um por um. Nos dias seguintes, a fila só iria piorar. Tinham mesmo que esperar ali. Logo, começou a bater o pé. Alexa anotava num caderninho, concordando atenciosamente com o que a garota baixinha que estava à frente deles dizia. Não dava pra saber o que era, porque a fila se formava a certa distância de onde ela estava, para dar privacidade às transações. A loira também mascava um chiclete e James apertou os dentes, mordiscando uma goma imaginária.

- Você vai morder a língua. – Almofadinhas sussurrou, cínico.

- Cala a boca! – Xingou, mas não demorou para que abocanhasse mesmo a própria língua.

- Calma ai, Plumpton! – Sirius segurou seu antebraço com força, impedindo que James corresse a toda velocidade para ocupar o espaço a frente de Diggory assim que ele ficou vazio.

A mão afastando o cabelo que caia no rosto, o sorriso de lado, o caminhar calculadamente lento para que os fios negros esvoaçassem: James conhecia o pacote completo. Então Sirius não estava ali meramente a negócios. Claro! Ele devia ter adivinhado...

- Sentem-se, rapazes, sentem-se! Sejam bem-vindos! – A loirinha devolveu-lhes um sorriso simpático, soltando o caderno sobre a mesa. – O que os traz aqui?

- Como vai, Alexa? – Aquele sorriso perfeito de Sirius. Era o que ele chamava de “O sorriso Órion”. A porra era infalível.

- Muito bem, obrigada. Um pouco ocupada! Vocês sabem como é...

- Se sabemos! – James tamborilava os dedos na mesa.

- Claro, querida! Homens como nós entendem dessas coisas. Na verdade, é por isso que estamos aqui: Queríamos saber o que você achou da saudação.

- E por isso esperaram toda essa fila? – Ela cruzou os braços por sobre a mesa, num incredulidade desafiadora.

- Vale a pena esperar por certas recompensas. – Sirius sorriu, segurando o painel de preços como se estivesse concentradíssimo em lê-los.

- Eu adorei, Black! O globo de espelhos flutuante foi... Uau! Vocês são bons e sabem disso, não precisam ouvir de mim.

- Gentileza sua!

- E o que estão planejando pra São Valentim? – Era o jeito sutil dela relembrá-los que aquele lugar não era pra jogar conversa fora.

- Nada menos do que algo memorável! – Sirius afastou os cabelos da frente do rosto de novo, esbanjando seu charme na forma mais pura.

- E em que eu posso ajudá-los?

- Vamos precisar de 4 desses corações... – James interveio, começando a descrever os pormenores da forma menos comprometedora possível.

Depois que os detalhes haviam sido acordados, os nuques foram entregues por baixo da mesa e James viu que ela contava discretamente as moedas. Agora, era só esperar os dois dias restantes e assistir, de camarote, a coisa toda explodir. O quinto coração fazia parte de um outro plano, que ele acertou com Alexa logo depois. Junto com um chocolate, seria seu primeiro presentinho para Lily Evans.

- E você, Sirius? Nenhum envio especial?

- Na verdade, só uma dúvida.

- Se eu souber responder... – Ela arranhou suavemente a madeira da mesa com as unhas compridas pintadas de um verde gritante.

- A que horas termina o trabalho de cupido? – Ergueu a sobrancelha, sorrindo. James calculou que pelo menos umas 20 garotas deviam estar olhando aquilo de longe, vendo Sirius se derreter como mel e suspirando em segredo. Que patife Black era! Ele jamais conseguiria ser tão sedutor quanto o amigo, mesmo que tentasse ao máximo imitar o que para o outro resultava natural.

- Sábado, às 14h. Em frente a águia da Corvinal.

- Vou estar lá. – Piscou pra ela, antes de se levantar.

Filho da puta! Ele sempre conseguia. Sempre.

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Tapou a própria boca, encobrindo mais um bocejo. Narcissa tinha feito questão de tomar uma xícara grande de café depois do almoço, porém o sono continuava a empurrar suas pálpebras para baixo sem piedade. Nem a apresentação dos projetos de São Valentim conseguira tornar a aula de Transfiguração menos entediante. Tinha sido um festival de poemas sendo transfigurados em rosas. Depois do quinto projeto similar, a turma inteira já se deixara cair no tédio e somente a professora McGonagall ainda fingia algum entusiasmo em ver os pergaminhos em formato de coração serem transformados em pétalas vermelhas, um após o outro.

Narcissa e Evan tinham se saído um pouco melhor, arrancando um “bravo!” entusiasmado da mestra, numa ideia muito bem executada pelo garoto, a ponto de não parecer ter sido feita de última hora. Depois de dias rodando em pensamentos, batendo a pena contra o tampo da mesa e mordiscando a unha do polegar sem chegar a nenhuma conclusão, finalmente arrancara a força a ideia do fundo de seu cérebro, enquanto divagava sobre o aniversário de Gwen: E se fizessem um projeto inspirado em Arlin e Grania?

Não haviam conseguido fugir da rosa vermelha. A delicada flor, ao cair da última pétala, se transfigurara em um excêntrico bibelô em formato de bezerro apaixonado. Sustentada pelas patinhas finas da criatura, uma cestinha de porcelana, em que estavam repousados dois pequeninos bombons de chocolate. Nada mal, para quem tinha finalizado o projeto na madrugada anterior. Cissy havia perdido bons minutos pela manhã, massageando as bolsas abaixo de seus olhos até que desaparecessem, mas as olheiras de Evan estavam lá para denunciá-lo.

- Bom! Obrigada, Srta. Hughes e Sr. Johnson! – A professora consultou as próprias anotações. – Ficamos então com o Sr. Bulstrode e Srta. Rowle para encerrar.

- Vamos ver o que temos para nos humilhar hoje. – Yvonne exclamou, do fundo da sala e foi acompanhada por risadinhas.

Effie e Nate se levantaram, caminhando até a mesa em que McGonagall estava recostada. Em cima do tampo de madeira, os outros projetos estavam exibidos. Ou as outras rosas, Narcissa poderia dizer. Todas pareciam meio murchas, esperando que aquele último projeto reforçasse sua mediocridade. Àquela altura, beirando a formatura, todos os setimanistas estavam acostumados a ser sobrepujados pela inteligência e criatividade de Euphemia Rowle.

- Nesse projeto, fomos a fundo nas tradições de São Valentim. – Effie começou, arrumando as vestes. – As origens dessa comemoração advém da Lupercália, na Roma antiga, uma festa dedicada a deusa Juno e ao deus Pan, que celebrava a proximidade da primavera e, acima de tudo, a fertilidade. – Deu um sorriso com o canto dos lábios. – Nossa inspiração veio desse festejo, tratando de atar as pontas do antigo e do moderno, aquilo que celebramos hoje.

- Vamos precisar de um casal de voluntários...- Natanael olhou pra frente, perscrutando a sala com os olhos. – Sr. Rosier e Srta. Black, podem nos ajudar?

Cissy ergueu o olhar, sentindo as bochechas corarem. Nate não estava fazendo aquilo! Os lábios de Effie sussurraram uma desculpa silenciosa e seus olhos estavam alarmados. Nada disso tinha sido combinado entre eles. Por que Nate estava agindo igual um idiota? O restante dos alunos procurava pelos dois, com a ansiedade se avolumando no recinto. Evan abandonou a cadeira prontamente, encaminhando-se para a frente da sala. Imaginou o sorriso que Yvonne deveria estar sustentando. Pro diabo com aquela brincadeirinha! A conversa que tivera com o primo depois do aniversário de Gwen tinha mudado sua perspectiva. Se o que queriam era vê-la com Evan pela satisfação de estarem certos, que se empanturrassem com a própria bazófia! Narcissa estava entrando no jogo. Iam ver só quem estava manipulando quem...

- Durante a execução dos ritos da Lupercália, jovens rapazes sacrificavam bodes e cachorros e confeccionavam tiras com a pele desses animais. – Nate desembrulhou um envelope, tirando de dentro duas faixas compridas de couro. – Com essas tiras em mãos, percorriam a cidade, açoitando quem encontrassem. Ser acertado por eles era sinal de boa sorte e fertilidade!

- Hoje, essas tradições perderam o sentido. Mas quisemos honrá-las em nosso projeto. – Effie pegou as faixas, entregando uma para Evan e outra para Narcissa. – Em São Valentim, celebramos o afeto, as pessoas a quem estimamos. Queremos ressignificar o açoite! As tiras de couro ganham uma nova roupagem e devem ser enroladas nos dedos da pessoa a quem você deseja presentear. Por favor, Srta. Black e Sr. Rosier!

Evan, receoso, tomou a mão direita que Cissy estendia. Prendeu delicadamente a ponta da faixa na base do dedo anelar dela. Olhou em seus olhos, oferecendo um sorrisinho discreto, que Narcissa retribuiu, enquanto ele ia dando algumas voltas até que a faixa chegasse ao fim, ultrapassando um pouco o nó do dedo. Em sua vez, a garota repetiu o gesto, embora a tira tivesse terminado antes, porque Evan tinha mãos e dedos largos. Esperaram as ordens seguintes, fitando um ao outro, nervosos, mas cúmplices.

- Unindo os sinais de boa sorte e fertilidade da Lupercália à afeição de São Valentim, um beijo sela o presente. – Nate completou, deixando que os voluntários se tornassem protagonistas da apresentação.

Evan hesitou, franzindo ligeiramente o cenho. Cissy anuiu de forma comedida. Dobrou o cotovelo, para que a mão ficasse bem a vista do público, exibindo o dedo que ostentava a faixa de couro. Ele a imitou, depois de dar passos curtos na direção dela. Com a mão livre, envolveu seu rosto, trazendo-o até o próprio. Dedicou-lhe um último olhar que Narcissa julgou estar cheio de sentimento, antes de pousar delicadamente os lábios sobre os dela. “Puta merda!”, ela pensou.

O calor se espalhou por sua mão e o murmurinho cresceu na sala, em tons de surpresa. A boca do rapaz abandonou a sua, afastando-se vagarosamente. Viraram os rostos ao mesmo tempo, para acompanhar a transfiguração que se desenrolava a olhos vistos. Envolvidas por singelas luzes que iam tremulando em volta de suas mãos, as tiras de couro se transformaram em majestosas alianças de prata polida. As palmas soavam em toda a sala. Narcissa puxou a aliança para fora do dedo assim que possível, largando-a sobre a mesa, para reluzir ao lado das rosas tristonhas. O rapaz seguiu seus passos um pouco depois.

- Muito bem! Excelente! Realmente impressionante! Formidável, Srta. Rowle! – A professora mal conseguia conter tanto entusiasmo, tomando parte nos aplausos. – E Sr. Bulstrode. – Acrescentou, percebendo a falta. – Com isso chegamos ao fim das apresentações e como eu lhes tinha prometido... – Agitou a varinha e a caixa de papelão que estava sobre sua mesa se transfigurou numa enorme cesta, cheia até as bordas com doces da Dedosdemel.

Sapos de chocolate, tabletes de nugá, um infinidade de caixas de bombons, feijõezinhos de todos os sabores, chicletes, penas de algodão doce e tudo mais que pudesse passar na mente dos alunos: Aquele era o prêmio combinado para a dupla que desenvolvesse o melhor trabalho. Natanael tentou equilibrar tudo, caminhando até a mesa em que estava sentado. Cissy sorriu, mais tarde conseguiria surrupiar um pouco do que coubesse a Effie.

- Sr. Rosier e Srta. Black. – McGonagall levantou a mão, em que dois pedaços de papel dourado reluziam. – Sr. Thomas e Srta. Clearwater. – Adicionou, erguendo a outra mão, que igualmente sustentava dois papéis dourados. – Vales presentes para a Casa de panquecas da Sra. Lovett. Uma recompensa pelos esforços daqueles que chegaram quase lá. – Aguardou, até que Evan e a garota da Grifinória buscaram os tickets. – Tenham um bom feriado e divirtam-se! Com juízo!!! A classe está encerrada.

- Segundo lugar! – Evan exclamou, encostando o quadril na beirada da mesa dela. Ao redor deles, os outros estudantes saiam da sala em grupos, já enchendo o ambiente de conversas.

- Nada mal, pra quem terminou o projeto nesta madrugada. – Cissy sorriu, dando uma piscadinha para o rapaz.

- Acho que formamos uma boa dupla!

- Menos medíocre do que o restante, pelo menos. – Deu uma risadinha, enfiando o material na bolsa.

- Se você não tiver outra coisa marcada, poderíamos usar no sábado. – O garoto colocou os vales-presente sobre o tampo de madeira.

- Por que não? – Ela prendeu um pouquinho o ar, antes de responder, coroando a simpatia exagerada com um sorriso.

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