
A bonequinha fala francês
- Uau! – Gwen exclamou, entrando no quarto depois do banho. – O que quer que seja que você está querendo, vai conseguir.
- Uma garota não pode querer só se sentir bonita numa sexta-feira à noite, Srta. Yaxley?
Narcissa limpou o canto da boca, retirando um pouco do gloss que fugira ao desenho dos lábios. Piscou para a amiga, com uma expressão divertida no rosto. As duas riram, influenciadas pelo clima leve que o início de um fim de semana sempre trazia ao dormitório.
- Isso tudo não é para a nossa noite de snap explosivo, é? – A moça penteava lentamente os cabelos castanhos avermelhados, que paravam na altura dos ombros, concentrada em retirar os nós dos pequenos cachos.
- Não, querida. Esta noite vocês terão que passar sem a minha ilustre presença.
- Algum motivo especial para isso, Cissy? – Effie estava jogada de bruços sobre o colchão, copiando um trecho do livro de História da magia para um pergaminho.
- A visita de Madame Renouard já é na semana que vem e alguém precisa dar ao Potter o mínimo de esclarecimento sobre como um cavalheiro deve se portar. – A loira fechou o zíper das botas, colocando um pé por vez apoiado na cama.
- Isso tudo para o pirralho Potter? – Cerrou o livro, sentando-se e mirando a companheira com interesse.
- Que caia um raio sobre mim se alguma vez na vida já me arrumei para um garoto, Euphemia Rowle! – Respondeu, entrelaçando os indicadores em duas das dezenas de pequenas tranças que emolduravam o rosto da outra e remexendo os quadris de forma sensual.
As risadas ecoaram pelo quarto, atraindo a curiosidade de Yvonne Davies e Leona Greengrass, que adentravam juntas o dormitório. A primeira carregava o pesado livro de Aritmância avançada, a última classe da semana. Já a outra ainda usava os trajes do treino de quadribol e trazia a vassoura.
- Qual a boa da noite? – Perguntou a ruiva, derrubando o livro dentro do baú e jogando-se na própria cama.
- Snap explosivo, Yve. – Gwen esclareceu, embora os jogos com a turma de amigos na sala comunal fossem o passatempo mais comum para noites como aquela. – E aulas de etiqueta para crianças. – Acrescentou rindo, depois de vestir o suéter.
- Se você conseguir dar alguma educação àquele pedante, como esse velho caduco acha que vai, deveria ganhar uma medalha por serviços prestados à Grã-Bretanha, Narcissa. – Leona tinha uma expressão séria, como usual, mas depois de dividir o dormitório por 7 anos com ela, era fácil para as outras perceberem que estava entrando na brincadeira.
- Se não conseguir, conto com você para garantir que um balaço quebre o nariz dele na próxima partida.
- Deixa comigo! Seria um prazer pra mim e pro Parkinson. – Sorriu ironicamente, citando o mais recente batedor da Sonserina, um garoto do quarto ano que fora incorporado ao time após os testes feitos no início do ano letivo.
- Será que antes de nos deleitarmos com TANTA diversão esta noite, podemos descer para o jantar? – Indagou Effie, calçando novamente os sapatos de bico fino que estavam jogados pelo chão.
- Nada importa mais para um Rowle do que uma boa refeição! – Gwen e Narcissa recitaram juntas a típica frase da amiga, fazendo com que as cinco garotas caíssem na gargalhada.
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- ‘Noite, Black! – Cumprimentou com um sorriso no rosto, que se dissolveu diante do semblante austero dela.
- Lição número 01: Nunca deixe alguém esperando além do horário combinado. - Ela permanecia encostada na pedra gélida, com uma das pernas dobradas, arranhando o salto da bota na parede. – É uma extrema falta de cortesia pensar que o seu precioso tempo vale mais do que o da outra pessoa.
- Eu perdi a hora no jantar! – Remexeu os cabelos, nervoso.
- Espero não ter que repetir essa lição. – Tinha agora um suave arco nos lábios, como se o sorriso e a voz doce pudessem tornar a repreensão mais tolerável.
- Não terá.
- Você sempre precisa ter a última palavra? – Arqueou a sobrancelha, olhando diretamente para os olhos dele.
- Não!
James respondeu de supetão, contrariado, e sentiu as bochechas ficando quentes, dando-se conta de que ela estava certa. Duas goles fora, em menos de cinco minutos. A verdade era que estava atrasado porque não soubera como contar aos amigos sobre a visita de Madame Renouard. Havia evitado o assunto a todo custo. Não só pela forma como Dumbledore apresentara tudo, dando a entender que conhecia as escapadas dos garotos, o que podia levá-los a se acovardar nas incursões, mas sobretudo por Narcissa estar envolvida. Podia imaginar exatamente o que eles iriam dizer e, nesse momento, preferia não ouvir. Principalmente sobre as lições de etiqueta.
Esteve ansioso durante toda a semana, aguardando o momento certo para falar com ela e perguntar quando iriam se encontrar. Hesitara demais ambicionando uma ocasião em que estivesse sozinha e, por fim, fora surpreendido com um bilhete colocado dentro do livro de Feitiços durante o intervalo desta manhã. Não fazia a menor ideia de como ela havia escondido o pedaço de pergaminho ali sem sequer ser avistada por ele. Mas a ondulação no estômago que havia sentido na sala do diretor regressara imediatamente à medida que seus olhos avançaram pela caligrafia fina e compreendiam quem era o remetente, durante a aula de Flitwick.
Arrumar uma desculpa para os marotos não fora um grande problema. Vez ou outra todos eles davam suas escapadas e quando um deles sumia sem dizer para onde estava indo, era fácil intuir que estava com alguma garota. Mas como utilizar esse pretexto sem envolver o nome da alguém e não levantar nenhuma suspeita? Qual motivo ele teria para manter secreto o nome de alguma moça para os amigos que sabiam até a cor da roupa de baixo que ele estava usando? Por fim, foi como se a justificativa estivesse o tempo todo no bilhete, esperando para ser utilizada.
Narcissa certamente não tensionava ser vista por ninguém na companhia dele e por isso, marcara o encontro ao lado da estátua de Elfrida Clagg, no caminho para o campo de quadribol. Planejar novas jogadas para apresentar ao time no treino do dia seguinte, em que orquestrariam a estratégia da partida contra a Sonserina, foi uma desculpa que os amigos engoliram sem questionar. O que o atrasara fora a insistência de Rabicho em fazê-lo companhia. Às vezes a devoção do companheiro à sua faceta de apanhador chegava a enjoá-lo! James havia perdido longos minutos até convencê-lo de que não existia nada mais tedioso que Peter pudesse fazer numa noite de sexta-feira. No fim das contas, só a intercessão de Aluado, através de um convite para jogar xadrez, conseguiu dissuadi-lo.
- Está bem, vamos começar novamente. – Murmurou baixinho, mais para si mesma. – Boa noite, Potter!
Ela abriu um sorriso gentil e James teve certeza de que seria o mesmo que um visitante receberia no momento em que chegasse à mansão dos Black. Por mais que parecesse extremamente natural nos lábios dela, algo em seus olhos denunciava que fora posto ali de forma premeditada.
- Você está certa.
- Ser condescendente com quem está no processo de instrução também faz parte de uma boa educação. Eu me portei mal, sinto muito. Agora penso que podemos superar o mal-entendido inicial e prosseguir. O que acha, Potter?
- Me parece que tenho mais a aprender do que imaginei, antes de me tornar um cavalheiro. – Arrumou os óculos no rosto, embora já estivessem perfeitamente ajustados.
- Não temos tempo para tanto. – Ela riu discretamente, cobrindo os lábios com a mão de forma delicada.
- Dumbledore me encheu de altas expectativas, Srta. Black! – O nome dela saiu aos poucos, provocativo.
- Creio que a intenção do diretor ao escolher você para acompanhar a nossa convidada era utilizar o seu carisma para encantá-la, Potter. Por mais que seja custoso admitir, parte dele advém justamente do seu improviso e da sua falta de decoro. Sendo assim, devemos lapidar apenas um pouco as suas habilidades sociais, mas mantê-lo como um... diamante bruto. – Acrescentou, relutante. – Você trouxe pergaminho e pena?
- Bom... Eu... Não.
- Nesse caso, trate de memorizar pelo menos os principais pontos, sim? – Levou os olhos aos dele e esperou a confirmação, para só então começar. – Embora eu tenha errado na rispidez, a pontualidade deverá mesmo ser o nosso maior compromisso nos dias em que estivermos acompanhando Madame Renouard. Jamais podemos deixar nossa convidada esperando, a menos que haja um excelente motivo para isso! E antes que pergunte: Doença, incapacidade ou morte. O chamado de outras autoridades poderá esperar e os professores certamente compreenderão o motivo.
James arregalou os olhos e sentiu vontade de rir, mas conteve-se, dada a possibilidade de irritá-la novamente. Sentou-se de forma enviesada no banco de madeira, para poder continuar a observá-la de frente. Era curioso como Narcissa recitava de forma tão natural um código extremamente bem definido que era totalmente obscuro para ele.
- Dumbledore garantiu que estaremos liberados de nossas atividades escolares para atendê-la exclusivamente, logo, tenhamos em mente que dedicaremos todo o nosso tempo a visitante! Ela certamente irá participar das refeições à mesa dos professores, então devemos tomar o café da manhã sem delongas em nossas próprias mesas e nos colocar à disposição assim que possível. Como estaremos conduzindo o roteiro, temos que ficar atentos ao horário das demais refeições, para retornar ao salão principal. Todavia, uma das maiores qualidades de um anfitrião é perceber as necessidades do seu hóspede. Sendo assim, mantenha sempre a atenção para verificar sinais que demonstrem cansaço ou fome, para orquestrar intervalos ou encerrar as atividades do dia um pouco antes do previsto, se necessário.
Seus ouvidos estavam concentrados em compreender as instruções, mas os olhos moviam-se pela figura dela, aproveitando a oportunidade ímpar de mirá-la de perto sem reservas, livre da obrigação de disfarçar para onde estava olhando. Os lábios bem delineados desenhavam no ar as orientações, preenchendo o vazio da noite com a voz melódica. Como era bela! Chegava a ser um disparate que mantivesse tão fascinante aspecto enquanto detalhava um assunto em tal grau enfadonho. Era um convite para que a mente de James devaneasse e ele esforçava-se ao máximo para não perder a concentração. Parte das frases ia se dissolvendo no tempo, enquanto a mente do rapaz passeava e imergia na ideia de enrodilhar os dedos nos anéis dourados dos cabelos dela.
- Por mais que possa parecer um discurso fatalista, a primeira impressão é realmente fundamental para a imagem que ela formará de nós. Precisamos estar prontos com antecedência para recebê-la imediatamente em sua chegada, de forma cortês e acolhedora. Se não conseguirmos despertar o apreço dela por nós já nesse primeiro momento, a visita estará fadada ao fracasso!
- Ah... A dramaticidade dos Black! Meia hora longe do Sirius e eu já estava sentindo saudades disso.
Narcissa franziu o nariz e os olhos, criando uma fisionomia de nojo e balançando a cabeça em negação, de forma provocativa. Em seguida, sentou-se no banco sem titubear, como se estivesse a horas ensaiando tomar o lugar exatamente ao lado dele, embora houvesse bastante espaço vazio.
- Se quer saber, Potter, dois atributos que dizem muito sobre a boa educação de alguém são a discrição e a capacidade de saber a hora certa de falar. – Ela ergueu a sobrancelha, sorrindo com o canto dos lábios.
- Touché, mademoiselle!
- Quando estivermos com Madame Renouard, deixe que ela seja a primeira a falar. Sempre! Há menos que ela demonstre o contrário! Um momento de silêncio constrangedor é algo que teremos que nos dedicar para evitar, ou ela pode sentir que não somos preparados o bastante. Tato não me parece exatamente o seu forte, mas confio na sua capacidade de improvisação para evitar que esse tipo embaraçoso de momento aconteça.
- Minha capacidade de improvisação?
- Ela parece ser bem boa, considerando suas façanhas no quadribol. – Ela deu de ombros.
- Eu não improviso no quadribol, Black. Eu tenho talento! – Respondeu quase indignado, embora sentisse o ar jocoso que ela havia empregado.
- Aproveitar as oportunidades que se desenham é um talento, Potter.
Pararam no tempo por alguns segundos. Havia tanta intensidade na forma como a moça o fitava, que sentiu o ar escapando de seus pulmões por um instante. Algo lhe dizia que existia mais naquela frase do que o que estava simplesmente dito. A loira sustentava o olhar autoconfiante, sabendo que ele não ousaria fugir. Não enquanto o índigo daqueles olhos continuasse a enlaçá-lo, instigando-o a mergulhar. Narcissa tinha o poder de se tornar a ruína de qualquer cara. Mas naquele momento, era a ele que convidava. No mais profundo silêncio, seus olhos cantavam-lhe melodias de sereia, enfeitiçando-o e chamando-o a danação.
A garota baixou suavemente a vista até os lábios dele, retornando no átimo seguinte. Embora não tivesse se movido, foi como se pousasse os lábios sobre os seus e o beijasse. Quase podia provar a pressão da boca sobre a sua, preso na conexão que se estabelecera entre os olhos dela e os seus. Queria se aproximar, arriscar colocar a mão sobre os dedos longos que ela mantinha repousando no colo. Almejava beijá-la, trazê-la em direção ao seu corpo, sentir seu perfume. O medo foi maior do que o impulso de fazê-lo, culminando com uma a necessidade de desviar o olhar. Forçou-se a fitar o castelo atrás dela, desfazendo a atmosfera que conectava os dois.
- Por último, Potter, a aparência. Os franceses são extremamente refinados e temos que fazer boa figura diante de nossa ilustre convidada! Estou certa de que Madame Pince poderá ajudá-lo a encontrar uma edição atualizada de “Feitiços domésticos e utilidades mágicas” que lhe permitirá aprender como manter seus sapatos sempre lustrados e suas roupas bem passadas. – Fez uma expressão de desgosto, fitando a camisa completamente amassada que ele estava usando. – Fora isso, um nó bem dado vai ser o suficiente para resolver essa impressão de desleixo.
Sem pedir licença, levou as mãos à gravata que ele trajava, puxando o nó até mais próximo do pescoço e mexendo no tecido para ajustar o formato. James sentiu seu coração disparar com a proximidade da garota e antes que pudesse recuperar-se do calor provocado pelo roçar das unhas dela contra seu pescoço, Narcissa já estava de pé.
- De teoria, já é o bastante. - Ela alisava a saia, arrumando-a após levantar-se. - Com o início da semana veremos na prática o que aprendeu.
- Posso me considerar um cavalheiro formado pela mui antiga e nobre casa dos Black? – Sorriu com o canto dos lábios, pondo-se de pé próximo a ela.
A garota soltou o ar de forma comedida e revirou os olhos, debochando. Demorou-se mais um instante arrumando uma mecha de cabelo que insistia em cair sobre o rosto pálido.
- Sem atraso, Potter. – Murmurou, antes de dar meia volta e entrar no castelo, encerrando a aula.
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- Aluado. – Peter chamou, balançando suavemente o ombro do rapaz, que gemia atormentado – Aluado, acorda. ALUADO!
Assustou-se, erguendo o tronco repentinamente e empurrando o amigo. Ofegava, tentando limpar a mente ainda turva e reconectar-se com a realidade. Vasculhou o quarto, olhando as camas vazias no lado oposto. Sob a penumbra da manhã, Peter observou os olhos dourados do garoto ficarem marejados.
- Foi só um pesadelo, cara! – Murmurou, sentando-se na beira da cama e abraçando o companheiro.
- Obrigado. – Apertou o outro, tentando encontrar conforto no calor e afeto que dele emanava.
Afastaram-se e Peter voltou a sentar-se na própria cama, dando-lhe espaço. Calçava as meias, que mesmo sob a pouca luz que entrava pelas janelas, não pareciam muito limpas. Rabicho tinha a excêntrica mania de usá-las muito mais do que uma vez. Pegou o relógio sob a mesa de cabeira e assustou-se com o adiantado da hora.
- Me deixaram dormir demais! – Queixou-se, levantando-se de um pulo e arrumando a cama com agilidade.
- Você sempre fica tão cansado durante o quarto minguante...
- Aonde eles foram? – Lupin quebrou o silêncio, alguns minutos depois.
- Milagrosamente, o Almofadinhas já está no banho. – Rabicho penteava os cabelos ralos com uma escovinha - Do Pontas, não sei... Ele tinha saído quando acordei.
- Se eu não tivesse visto quando ele adormeceu, diria que nem tinha desfeito a cama essa noite.
- Aprendeu de repente a fazer a cama como um elfo doméstico, o filho da puta! – Sirius intrometeu-se, entrando no quarto com a toalha enrolada na cintura.
- Almofadinhas, você não pode sair assim pelo corredor... Já te falei! Na próxima, vou ter que te dar uma detenção.
- Foi mal, Aluado! Mas não dá para eu mudar subitamente meus 16 anos de hábitos só porque você virou monitor. – Tirou a toalha e jogou em direção ao amigo, atingindo em cheio o rosto do outro e ficando nu. – Melhor assim?
Pettigrew riu, divertindo-se com o atrevimento tão característico do rapaz. Remus enrolou a toalha em uma bola e devolveu, lançando-a contra o peito do outro.
- Além disso, meu caro amigo, há muito pouco aqui que seja inédito para a maior parte das garotas da Grifinória... – Brincou, cobrindo-se finalmente com uma cueca de cor escura.
- E para alguns garotos também. – Enfatizou Peter.
As gargalhadas dos três soaram pelo quarto, enquanto dedicavam-se a terminar de vestir-se. Sirius enfiou primeiro a camisa, escondendo os sucessivos desenhos que havia feito por todo o braço no último ano, com um tatuador trouxa, só para irritar aos pais. Depois, vestiu o restante da roupa vagorosamente, cantarolando. Remus fitou o relógio, já pronto.
- Vamos, Almofadinhas! Não temos o resto do dia para a princesa se aprontar!
- Você sabe como a McGonagall fica irritada se nos atrasamos para a aula dela... – Peter justificou, batendo suavemente os calcanhares um no outro.
- Vocês dois são uns malditos relógios!
Ralhou, apertando o borrifador do perfume contra o pescoço. Depois, baixou a cabeça para a frente, balançando os cachos molhados e espalhando gotículas por todos os lados. Amassou as pontas dos cabelos com os dedos e então levantou a cabeça novamente, jogando as mechas negras todas para trás. A relação entre Sirius e seus cabelos era quase simbiótica, como se os fios tivessem vida própria.
- Vamos! Antes que eu me aborreça de tanto ouvir sermão de vocês e peça para ser transferido para a Sonserina.
- Sua mãe não poderia pedir um presente melhor de Natal! – Rabicho brincou, abrindo a porta para que os outros passassem primeiro.
- Eu prefiro rasgar meu cu! – Revirou os olhos, fazendo os amigos rirem.
Saíram na sala comunal e dirigiram-se ao salão principal para tomar o desjejum, parando certa quantidade de vezes no caminho, como de praxe, para que Sirius pudessem cumprimentar algumas garotas. Sentaram-se na mesa, ocupando os lugares de sempre. Assim como no dormitório, a ausência de James era notável. Remus correu os olhos por toda a extensão da mesa da Grifinória, imaginando que o amigo pudesse estar conversando com algum companheiro do time de quadribol.
- Mas onde é que o Pontas se meteu?
- Seria aquele ali, Lupin? – Interferiu Marlene McKinnon, sentada a esquerda do garoto, apontando com a cabeça em direção à frente do salão.
O relógio bateu oito horas e meia, indicando que as aulas começariam dentro de trinta minutos. Os três viraram a cabeça no sentido que Marlene indicava. Dumbledore se aproximava da mesa dos professores, acompanhando uma mulher trajada sofisticadamente, com vestes visivelmente caras e um casquete adornado com plumas. Conversavam dinamicamente e ela balançava a cabeça parecendo entusiasmada. James ia entrando no salão logo atrás de Dumbledore. O diretor estendeu a mão para ajudar a dama a subir o pequeno degrau e ocupar seu lugar a mesa. Depois, se encaminhou até o rumo dos alunos. Potter parou próximo a um dos cantos, com uma postura elegante, ao lado de Narcissa Black
- Que porra ele está fazendo? – Sirius soltou os talheres, franzindo o cenho.
- Bom dia! – Dumbledore exclamou, erguendo a mão. – Estimados alunos e alunas, a Escola de Magia e Bruxaria de Hogwarts tem a honra de receber a visita da notável educadora Madame Renouard, vice-diretora da Academia de Magia de Beuaxbatons. – Ergueu o braço, indicando a direção da bem-vestida mulher, que levantou-se sorrindo e foi aplaudida por alguns instantes. – Seremos agraciados com sua presença por alguns dias, período no qual irá vivenciar a rotina de nossa escola. Em nome de Hogwarts, gostaria de desejar a Madame Renouard uma excelente estadia em nossa instituição e que esse encontro possa voltar a estreitar os laços entre nossas comunidades educacionais, que tanto já colaboraram entre si e muito tem a aprender uma com a outra! Desejo uma excelente semana a todos! Não deixem de experimentar os deliciosos brioches que estamos servindo em homenagem a nossa visitante! – Sob os aplausos, retornou ao seu lugar de costume à mesa.
- Ele disse que iam exibi-lo como aluno modelo para alguém importante... Vocês não acreditaram. – Remus deu de ombros
- O canalha estava falando a verdade! – Exclamou Sirius, antes de levar a xícara de café aos lábios.
- Não podemos negar que o rapaz tem carisma! O que eu não entendi é o que a sua prima está fazendo lá. – Peter comentou, de boca cheia, referindo-se a antipatia de Narcissa.
- Dizem que não há quem receba um hóspede com a mesma distinção e educação dos Black. Traços que obviamente este aqui não herdou... – Lupin indicou o amigo com os olhos
- Não é só isso, Aluado. Dumbledore disse Beauxbatons, não foi? A bonequinha fala francês. – Respondeu, com um semblante enojado. – O que EU não consigo entender, é: Se Dumbledore queria alguém de fina estirpe, porque não escolheu a mim, no lugar do Pontas? – A voz do garoto soava quase indignada.
- Ora, Almofadinhas... Imagino que ele não ia querer correr o risco de ver você flertando com a convidada! – Brincou Pettegrew, fazendo com que os outros dois rissem.
- Que pena! Eu sou muito bom com mulheres mais velhas... – Sussurrou, com um sorriso cínico se desenhando no rosto.
- SIRIUS! – Remus o repreendeu.
- Calma, Aluado! Vou deixar essa pro Pontas. Quando eu decidir inaugurar a fila das mestras solteironas, o primeiro lugar é da Professora Sinistra. – Ergueu as mãos e delineou glúteos no ar, mexendo em seguida os dedos, como se os apalpasse.
- Você é um pervertido, Black! – Censurou Lily Evans, levantando-se do lugar que ocupava em frente à Marlene.
- Precisamente, Srta. Castidade Evans!
- Libertino... – Murmurou, recolhendo os livros e abandonando a mesa.
- O que foi que eu fiz, Lene? – Arregalou os olhos, dissimulado, e mirou na direção da colega.
- Nada, Sirius. Acho que a Lily só estava cansada de tanta polidez! – A garota ironizou, colocando na boca um pedaço graúdo de pão.
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