Shiro

Naruto
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Shiro
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Summary
Hinata e Neji encontraram um no outro uma chance para aprender o significado do amor verdadeiro.
Note
Personagens são de Masaki Kishimoto.— A história foi concluída em 2010. Mas eu decidi fazer um epílogo em 2016 para comemorar os 6 anos da história. Uma surpresa para quem já leu essa fanfic.— Para o bom andamento da história, os personagens podem ter sofrido alguma mudança, visto que eles são adultos.— Essa história não tem a Guerra do Madara pq na época que escrevi, o manga ainda não estava tão avançado.
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Shiro IV

Os olhos brancos estavam fixos nos outros mais brancos ainda à sua frente. Numa cumplicidade e animação gritante que já estava fazendo Neji perder o apetite. Ou melhor, já perdera de vez o apetite, apenas mastigava e engolia no automático, sem querer fazer desfeita a senhora Kaori.

Então o assunto mais requerido chegou, fazendo Neji pegar um pouco mais pesado no hashi e entortá-lo, quase que quebrando.

— É uma pena que tenha já compromisso com alguém! Pois imagino que deva ter sido difícil a escolha do marido perfeito. Se é que ele existe. — O homem ergueu o copo recebendo o sorriso das irmãs e o desagrado da mãe.

— Não há motivos para intrometer-se na vida da menina Hyuuga. Não se preocupe. Meu filho é como cão, late demais. — Agora as risadas tomaram a mesa do almoço. E de certo Neji sorriu mesmo que internamente. — Hinata-san, me diga! É jovem demais para receber uma obrigação pesada como um clã. Como pretende com isso?

— Kaori-sama é muito gentil em observar isso, eu estou me esforçando muito. — Hinata bebericou a água e voltou a falar. — Claro que não vou dispensar a ajuda de algumas pessoas, principalmente a de meu primo.

— E seu marido vai gostar de ter um homem a ajudando? O homem que deve manter sua mulher e ajudar nos trabalhos. — Kayou levou mais um chamado da mãe e não pareceu se importar. Mesmo sabendo que ela, viúva, tomava conta de tudo, sentia que faltava mais vozes masculinas naquela casa. — E seu marido certamente não vai gostar que ver os olhares que seu simpático primo lança a cada segundo.

Hinata corou com a revelação e tentou mudar de assunto, quase que impossível. Neji mantinha a paciência, não via mais motivos para se aliar aquela família. Não pela senhora Kaori, que era digna de palmas por suportar um filho tão desagradável.

No final, a sobremesa desceu amarga na garganta de Neji. Pronto pra dizer que voltariam para Konoha logo, assim não teria mais desejo de sangue nas mãos. Uma chuva fraca iniciou, ainda dava para voltarem até a hospedaria, mas não passou um minuto e o céu pareceu desabar sobre aquela mansão.

Cansado dos paparicos das jovens, Neji subiu para um dos quarto indicados pela dona da casa, passariam a noite ali, mas não estava interessando em manter-se solícito todo o momento, era melhor se reclusar.

Sentiu por Hinata, que ficou nas mãos das garotas, conversas femininas deveria ser o que a prima precisava, mas, somente ao lembrar do desagradável Kayou, desejou descer e ver o que acontecia.

Procurou Hinata por todos os cantos e não achou, acreditou que fizera besteira ao se retirar e deixá-la sozinha. Até aliviar-se quando a encontrou sentada numa espreguiçadeira, segurando uma flor violeta nas mãos. Aproximou-se sem querer assustá-la.

— Está tudo bem?

— Sim.

Minutos em silencio, aqueles eram angustiantes demais para ambos, como se não tivessem mais assuntos que os ligassem ou que fosse besteira demais o que pensavam em falar. Ao mesmo tempo se viraram um para o outro e falaram:

— Hinata…

— Neji…

Neji acenou com a mão pedindo para que ela prosseguisse. Mas ao mesmo tempo Hinata fez o mesmo sinal. Então mais uma vez tentaram falar:

— Eu queria…

— Eu posso...

Neji sentou-se aos pés dela na espreguiçadeira, cruzando os braços e aguardando que ela começasse, houve então o silêncio constrangedor e voltaram a falar ao mesmo tempo. Dessa vez ambos sorriram, Hinata com a mão tampando os lábios e Neji de olhos fechados balançando a cabeça

— Gomen, nii-sama. Eu não queria te chatear. — ela imaginou que aquele sinal fosse de reprovação.

— Mas não fez nada de errado. Pare de achar sempre que me faz chatear, você nunca... Não houve qualquer momento que fizesse isso.

— Porque é sempre tão sério comigo? — Nem ele sabia a resposta. E Hinata tinha conhecimento disso. — As vezes acho que sou um tormento ou uma pedra no seu caminho.

— E porque me chama de nii-san? Ainda há necessidade para isso? — Silêncio. — Eu fico agradecido mas não sou digno para ser seu irmão. Hinata-sama.

A conversa foi curta e Hinata deixou Neji sozinho no jardim. Entretanto, ela não se sentia a vontade. Precisava dar um fim naquele embaraçoso modo de agir.

A chuva parecia aumentar, junto com sua coragem. Correu pela varanda, que dava a volta em toda a mansão. Seu quarto era ao lado dele. Um lugar grande demais até mesmo para uma herdeira de um Clã grandioso.

Bateu na porta esperando que fosse atendida por Neji, mas apenas ouviu um murmúrio la de dentro, pedindo para entrar.

Abriu a porta e se deparou com uma das filhas da anfitriã deitada no futon, somente com um lençol cobrindo algumas partes íntimas de seu corpo. Hinata corou violentamente e saiu do quarto às pressas, passando por uma outra jovem que esquecera o nome.

— Matte! Hyuuga-sama, algum problema? — A jovem ouviu um sorriso correr o corredor e avistou a irmã mais velha sair de um dos quartos de hóspedes em um lençol. — Hana! Você não vale nada. — Sorriu divertida. — Agora a Hyuuga-sama vai achar que somos uma família pervertida. Okaasan vai ficar brava.

— Eu não fiz por mal. O bonitão do primo dela entrou no quarto e saiu no mesmo instante quando me viu, achei que fosse ele novamente arrependido por ter me deixado sozinha em seus lençóis. Mas veio a prima e estragou. Okaasan não precisa saber, essa Hinata não me parece o tipo de pessoa que comenta esses incidentes. Precisava ver a carinha dela. Fiquei até com pena.

As irmãs saíram em sorrisos e conversas, caso a história não chegasse aos ouvidos da mãe, não havia porque ficarem com medo.

Hinata correu pela varanda, passando no jardim, sem se importar com a chuva.

Não se deu conta das lágrimas que se misturavam a tempestade. Chegou até uma estufa. Caminhou tirando o casaco molhado e deixando sobre uma mesa de ferro. Sentou numa cadeira fria e fechou os olhos.

— Por que dói? — Abraçou-se sentindo seu coração apertar. Era sempre assim, sempre que havia assuntos relacionados ao primo ou sorria demais ou sentia-se totalmente inútil.

Mesmo em silêncio, mesmo que ficassem apenas sentados um ao lado do outro sem falar nada, já era um refúgio e seu coração se alegrava.

A chuva terminava, mas Hinata ainda estava sentada na cadeira com os olhos fechados, temendo não abri-los e ver que estava só. Sempre esteve só, quem sabe seria mesmo um destino para seguir.

A noite chegou e o silêncio da estufa foi quebrado com um barulho de vaso caindo no chão. Hinata observou o gato branco caminhar por cima da terra largada no chão. Chamou-o, pegando o bichano no colo, os pensamentos sumiam, era sempre mais fácil fugir deles.

Apenas quando a porta foi aberta, retomou de sua inerte, o gato estava praticamente sendo sufocado pelos seus braços super protetores, largou-o e se levantou.

— Quem está ai? — Peguntou, achando-se tão boba. — Quero ficar sozinha.

Imaginando que fosse aquela jovem, que ainda não lembrava-se do nome. Ou quem sabe... Neji a sua procura.

Hinata virou-se, mas encontrou um par de olhos verdes a observando com uma lanterna em mãos.

— A senhorita é bem difícil de se achar. Estão todos à sua procura. — Mentira e Hinata sabia, já que Neji é exímio em achar alguém, não é tão tola assim como esse homem deveria achar.

— Agradeço a preocupação, mas estou bem. — Ensaiou um sorriso animador, mas foi um pouco inútil, que só fez Kayou aproximar-se mais dela.

— Ora, doce até mesmo quando não quer ajuda. — Ele largou a lanterna, rodeando seu corpo, até pousar suas mãos nos ombros frios de Hinata, que tentou desvencilhar mas não conseguiu. — Calma gatinha, não farei nada de errado. Não que não goste.

Virou-a, segurando a sua cintura alcançando seus lábios. Por infinitos segundos Hinata sentiu a boca de Kayou grudada na sua. Alguém lhe roubava o seu beijo, o primeiro, aquele que guardou tanto para uma única pessoa, que nesse momento deve estar nos braços de outra, nem se lembrando do seu nome ou de que existia.

Aquele não era somente um beijo sendo roubado, mas também seus ideais, sonhos e desejos tão predeterminados nas noites em que não conseguia dormir.

O beijo se prolongava, mas em segundos eternos ao ver de Hinata, que despertou para aquela cena, sendo segura pelos braços e presa sob uma das mesas. Pedia para parar, com a voz abafada pela boca ligeira que lhe parecia querer engolir, explorar, tirar ainda mais seus sonhos, roubando o que fosse possível.

Ele era forte, mas não seria o suficiente para segurá-la ali. O byakugan fazia-se presente em seus olhos e quando houve tempo de se esquivar, acertou no peito de Kayou um golpe. Não para matar, e sim para mobilizá-lo, e fazer com que ele desmaiasse.

Hinata encolheu-se no chão, observando o corpo desacordado a seu lado, só então viu uma mão ser estendida para se levantar. — Neji.

Somente agora pode ver o byakugan familiar, agarrou-se a ele num breve momento de desespero, mas se soltou logo, pedindo para irem embora o quanto antes.

 

As desculpas da matriarca da família não eram suficiente, não para ela própria, ou para Hinata que tivera alguns poucos sonhos que tinha serem levados embora. Na mesma noite, saíram da propriedade, deixando aquela Vila.

Um único pedido foi feito, e Neji acatou rapidamente. Retornaram à hospedaria onde passaram a noite, quando o sol iniciava seu alvorecer.

Em tão pouco tempo, o velho da hospedaria os informou que estavam lotados, assim não haveria quartos separados, somente um de casal disponível. Olhando o cansaço de Hinata, era mais do que certo de que ao menos um quarto deveria pegar. Neji aceitou.

Esperou que ela tomasse um banho para poder entrar. Hinata deitou-se no futon grande e confortável, relaxando seu corpo, sentindo o sol iluminar o lençol que a cobria. Estava sonolenta e quase dormindo quando ouviu a voz de Neji lhe chamar baixinho.

— Hinata. — Ela abriu os olhos com dificuldade e ouviu um pedido de desculpas por incomodá-la, mas agora queria saber o que ele iria falar. — Preciso saber se está bem. Digo, não falamos sobre o incidente, eu preciso me desculpar por não ter protegido você, afinal essa é a minha tarefa.

— Neji, não fale isso como se fosse algo somente ordenado, você não precisa mais me seguir e proteger de tudo, você optou por continuar ao meu lado por algum motivo que não fora meu pai, certo? — Ele poderia fazer tudo o que quisesse, ser tudo o que desejasse, viver longe do Clã. Mas desejou permanecer ali.

— Não sei! Apenas prefiro estar aqui, eu segui meu destino, as vezes podemos mudá-lo, mas não vejo porque fazer isso quando se sente bem com o que tem. — Viu os olhos de Hinata se fechar aos poucos, até que ela dormiu. — Eu não sei, não sei porque quero ficar.

Tirou alguns fios do rosto dela e a cobriu, sentando aos pés do futon, velando o sono dela.

 

Tenten achou o chamado da Hokage logo pela manhã muito estranho. Já havia semanas que não recebia qualquer linha vindo da Godaime, e agora recebia um pergaminho selado com um aviso urgente.

Ao abrir, correu os olhos pelos kanjis que a fez ter novamente uma esperança. Desde que fora deixada em observação, sentia que sua vida shinobi corria riscos, não somente pelo acidente quase fatal que tivera, mas também por haver algumas manchas negras em alguns relatórios de seus subordinados.

Era fato que não fazia questão de seguir certas normas, não gostava de levar desaforo para casa ou receber ordens que, ao seu ver, eram estúpidas, e seu gênio as vezes era visto de mal agrado. Principalmente para alguns ninjas de outras Vilas.

Ela fechou o pergaminho e seguiu rapidamente para o escritório da Hokage. Enfim uma missão, e esperava com ansiedade para saber qual seria. Mas ouvir Tsunade, aquela que lhe foi uma inspiração quando menina, dizer qual era o dever a ser cumprido, Tenten desejou mesmo ignorar e dar meia volta para seu apartamento úmido e de paredes rachadas.

 

— Espere! Tenten. Eu nem terminei de falar o que era. — A Godaime bateu as mãos na mesa fazendo a kunoichi parar na porta.

— Nada que tenha Kazekage ou desculpas na mesma frase eu não quero terminar de ouvir. — Apertou os punhos, a culpa não era dela, não dela. O Kazekage mereceu, era o que pensava. — Gomen, Tsunade-sama! Mas eu não vou me desculpar.

— Não seja teimosa, menina. Você colocou um Kage em perigo e ainda acha que está certa?

— Ele saiu da zona de segurança porque quis. — Virou-se para a mesa da Godaime, ríspida. — Se tivesse ficado onde eu mandei, não teria acontecido nada. Além do mais, foram apenas uns rebeldes famintos que o atacou. Ora essa! Ele é um Kazekage, não deveria colocar a sua vida nas mãos de uma kunoichi. — Cruzou os braços lembrando-se do incidente passado meses atrás. Apenas deixou a comitiva do Líder de Suna por alguns instantes para sua intimidade mesmo, estava apertada e precisava ir no banheiro. O que a grande Godaime teria feito? Sempre se perguntava isso quando o assunto recomeçava.

Um segundo apenas, e alguns saqueadores tomaram posse de toda a comitiva. O Kazekage não gostava de viagens com muitas pessoas, por isso apenas aceitou a companhia de um ninja de Konoha, e alguém de Suna que o acompanhava sempre.

— Tenten... — Tsunade suspirou, alisando as têmporas. — Se tem um dever a cumprir, deve cumprir. Gaara não pediu que você fosse dar-lhe desculpas pelo acontecido, ao contrário, ele não se importa com o que houve. Disse em nota que foi apenas um dia ruim para ambos, o que me preocupa é saber que você estava em pé de guerra com um aliado de seu país. Pois eu te conheço bem, sei que ele deve ter dito algo que te ofendeu e por isso deixou a comitiva.

“ — Como ela sabia?” — Os segredos da Hokage eram guardados, Tenten compreendia que não era necessário muito para que a mulher mais velha, piscando os olhos à sua frente, entendesse mais disso que ela mesma.

— Ele teve a audácia de me mandar voltar no meio do caminho. Meu trabalho era levá-lo até Suna em segurança, mas o “todo poderoso la”, mandou eu retornar o caminho para não ter que cortar o deserto sozinha.

— Ele disse por se preocupar.

— Ele me subestimou.

— E você caiu como uma criança, nas provocações dele!

O silêncio predominou. Tsunade passou a simples missão para Tenten. Que era: Ir até Suna, desculpar-se formalmente com o Kazekage pela bobagem ocorrida, esperar até o festival que ocorreria em alguns dias, trazendo-o em segurança para Konoha. O silêncio de Tenten continuou. Ela faria o trabalho e pronto! Mas ao menos um pedido poderia ser atendido pela Hokage.

Tenten saiu e seguiu direto para seu apartamento, poucas coisas seriam necessárias levar, arrumou uma pequena mochila e retirou da gaveta, meio amarrotado, seu uniforme.

Teria um caminho longo a percorrer e em pouco tempo. Mas o deserto não era nada comparado a irritação de ter que encarar o Kazekage novamente.

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