Shiro

Naruto
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Shiro
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Summary
Hinata e Neji encontraram um no outro uma chance para aprender o significado do amor verdadeiro.
Note
Personagens são de Masaki Kishimoto.— A história foi concluída em 2010. Mas eu decidi fazer um epílogo em 2016 para comemorar os 6 anos da história. Uma surpresa para quem já leu essa fanfic.— Para o bom andamento da história, os personagens podem ter sofrido alguma mudança, visto que eles são adultos.— Essa história não tem a Guerra do Madara pq na época que escrevi, o manga ainda não estava tão avançado.
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Shiro II

Hinata acordou na outra manhã, um pouco desanimada. O corpo dolorido.

Ao lado de seu futon, outra bandeja com alimento, não sentia fome, não queria se levantar. Voltou a deitar e se cobrir com o lençol.

— Porque? Não tem o direito de me fazer isso. — As mãos prendiam no futon, apertando os olhos, tentando esquecer das risadas alegres, os olhares de cumplicidade e o sentimento mais que óbvio entre aqueles dois. Ora! Sabia que não tinha chances com o loiro, sabia que o amor dele por outra era grande... enorme, desde quando pequeno. Mas o dela não era? O seu amor não era grande o suficiente para ser notado e sentido?

Não iria deixar que as lágrimas queimassem sua pele. Não era justo! “Levante-se”.

Ordenou para si mesma, levantando-se em seguida. Enviando forças positivas para suas pernas.

Tomou um banho demorado, colocando os pensamentos em ordem. Precisava voltar a sua rotina, essa que, durante dois anos, a afastou de tudo e todos, o que era bom para seus sentimentos.

A manhã estava apenas começando. Hinata vestiu o habitual uniforme de treino e decidiu aproveitar para ir até a área de treinamento do Clã.

Pelo corredor, cumprimentou os demais que passavam por ela em reverência, muito tato com a futura Líder, coisa que não estava acostumada em receber há algum tempo atrás.

Chegando na arena encontrou um solitário ninja fazendo seus exercícios matinais. Sentou-se na escada de madeira e o observou em movimentos suaves e decisivos que eram os pontos do estilo Hyuuga em combate.

Em silêncio, sem que fosse notada, ainda olhava as mãos gentis fazerem círculos e deslocamentos no ar, até que brancos caíram sobre brancos e ficaram por longos segundos olhando-se.

 

Hinata levantou-se e caminhou devagar até o centro da arena ficando a poucos metros de Neji. Tomou sua posição de luta ao melhor estilo Hyuuga e o chamou.

— Vamos lutar Neji. — A fúria no olhar da prima fez ele tomar a mesma posição iniciando golpes rápidos mas pouco funcionais. — Não. Venha com tudo! — Pediu em voz alta, desferindo um de seus golpes, sem sucesso de acerto.

Neji ainda era o gênio ali.

Como pedido, Neji canalizou a força em etapas. Não havia motivos para machucá-la, mas aquela Hinata deveria estar querendo provar algo para si mesma. Dez minutos de luta e ela ainda estava se defendendo dos golpes quando passou a atacá-lo com força e sem total coordenação.

Aquele não era o estilo normal de luta, Neji pensou em afastar-se, mas queria saber até onde ela iria.

Acreditava que já havia visto algo parecido em algum lugar, em um chute e outro lembrou-se.

Os movimentos e golpes eram parecidos com os do Uzumaki. Não entendeu porque daquela mudança de estilo, mas procurava interpretar toda aquela agressividade de Hinata como uma forma de desabafo, já que a Hyuuga jamais falava de seus sentimentos.

As pernas viravam e faziam a terra subir quando voava em direção ao rosto de seu alvo. Não era Neji que via na sua frente. Os olhos brancos como pérolas mudaram, e ficaram vivos como o céu azul, cabelos longos também mudaram fazendo tão brilhoso como o amarelo do sol. Mas mesmo o sol pode lhe fazer cair.

Neji interceptou o golpe fazendo-a cair. Dessa vez ele também não usou o estilo Hyuuga e sim algo que aprendera com o antigo sensei.

 

Hinata caiu no chão, mas, antes, segurou o kimono de Neji, fazendo-o cair também. Aquela luta estava fora de qualquer padrão que os dois usava.

 

Neji esperou que ela o soltasse para se levantar e receber uma boa justificativa quanto aquela reação, mas Hinata não se mexia. Apenas o observava, taciturna, com os lábios em movimentos, pronta para falar algo, ou aquilo fosse somente uma tremedeira?

— Hinata-sama? — Chamou-a fazendo-a ligar para o que acontecia. Levantaram e bateram a terra na roupa. Neji continuou esperando que ela dissesse mais alguma coisa, mas somente recebeu um “arigatou”. Viu Hinata caminhar em direção a cozinha e a seguiu. Deixou que ela se servisse de algo para beber, e quando essa virou, perguntou: — Há algo que deseja me falar?

— Não. — Hinata bebericou na xícara de chá verde e voltou a olhar para o nada, como sempre fazia quando fugia do assunto. — Digo! Tenho um pedido. — Neji observou os olhos mudarem a expressão e pode até sentir um arrepio com aquela variação brusca de humor. — Me pediu para aproveitar a semana e relaxar e também disse que ajudaria. Bem, eu aceito isso! Me falaram que essa semana a Vila está em comemoração pela chegada do outono. Me leva ao festival?

— O festival é somente daqui cinco dias, até lá tem tempo para fazer o que quiser Hinata.

— Eu sei. Mas já estou adiantando isso, não quero que Tenten fique chateada se você disser que irá me levar. — Ele assustou-se com as palavras de Hinata, tentou desfazer aquele enganos em dizer que não havia nada entre os dois. — Se isso não é “ter algo” eu não sei como se chama. Mas, mesmo assim, eu só queria a sua companhia. Não tenho mais ninguém por mim.

Hinata saiu ao ouvir a resposta positiva do primo e seguiu para seu quarto. Mais um banho e, quem sabe, uma caminhada pelo jardim ou pela floresta.

 

 

As ruas principais de Konoha estavam sendo tomadas pela agitação da festa de outono. Lojas e barracas enfeitadas com diversos badulaques e coloridas com as cores da estação. E a população tão animada quanto as decorações.

Pelas lojas de roupa e salões de embelezamento, todas procuravam seus trajes para agradar aquele que as levariam para o Festival e a noite de lua cheia.

Talvez fosse bobagem acreditar nos mais velhos, dizendo que aquela noite era especial para os enamorados, uma lua perfeita e uma noite iluminada pelas estrelas já era encanto por si só para que casais apaixonados entregassem seu coração uns aos outros.

Superstição ou não lá estava Tenten entre uma loja e outra tratando de escolher o seu traje. Era complicado conciliar o trabalho pesado como shinobi, a uma vida normal de uma mulher. Poucas conseguiam tal feito, mas sempre que podia, gostava de aproveitar a vida sem ter que se preocupar com missões, armas e parceiros.

Ela não queria nada exagerado, fazia um tempo que não comprava algo para si mesma. Pegou do cabideiro um kimono simples, verde com pouca estampa, mas o preço não era tão agradável quanto a seda pura que segurava.

Desanimou-se e o pôs de volta ao lugar. Procurou algo mais em conta e só conseguiu uma yukata de tecido fino, sem estampa.

Segurava a peça nas mãos e formulou mentalmente todas as contas que deveria pagar, os concertos em seu apartamento. Não teria dinheiro o suficiente, não se não pegasse qualquer missão, mesmo que simples até o final da semana. Se conseguisse falar com a Godaime, poderia levar o kimono verde.

Largou a yukata e seguiu para o corredor da seda pura. Poderia fazer uma extravagância ao menos uma vez. Valeria a pena, imaginando ao menos o sorriso de Neji ao vê-la.

Procurou a peça no cabideiro mas não a encontrou.

— Era o único. — Entristeceu-se, encolhendo os ombros. Pegaria a yukata e sairia da loja rapidamente.

— Konnichiwa, Tenten-san. — A voz aristocrática e melodiosa penetrou nos ouvidos da kunoichi que se virou num sorriso ralo. — Fazendo compras?

— Oh! Olá Hanabi. — Tenten viu o kimono de seda verde nas mãos da jovem Hyuuga. — Sim! Quero dizer, não. Eu só estava olhando. Mas não achei nada bonito para mim. — Prendeu um fio que escapava de seu habitual coque, enquanto a menina Hyuuga a olhava com um sorriso meticuloso demais aos olhos dela.

— Tem razão. Acho que não há muita coisa que combine com você nessa loja. Ficaria bem numa yukata de estampas florida. Daria um brilho a mais em você. — O sorriso ainda estava nos lábios de Hanabi. — Poderia também soltar mais os cabelos, devem ser bonitos.

— Obrigada. Mas eu já estou acostumada. — Não sabia porque estava ali ouvindo os conselhos de uma adolescente, que mal conversava. — Eu gosto de cores simples, nada que chame a atenção.

— Nota-se! — A Hyuuga esticou o braço e pegou num cabide uma yukata vermelha. — Veja. Essa aqui é uma clássica yukata de seda, combina com seus olhos castanhos. Deveria provar. — Tenten tocou na peça fina, não deveria nem estar naquele lado da loja, passaria no mínimo dois meses trabalhando duro para pagar, isso se não comesse não dormisse e não arrumasse a infiltração do banheiro. Mas não resistiu em experimentar. Entrou na cabina e quando saiu Hanabi deu, agora sim, um sorriso mais autêntico. — Linda! Combina mesmo com seus olhos.

— Eu pareço outra pessoa. — Tenten olhou-se no espelho pasma com a mudança, sentindo as mãos rápidas da Hyuuga soltar seu coque. — Matte!

— Olhe novamente no espelho. Veja como melhorou. Se usar um tecido por cima e amarrar um obi na cintura, irá parecer como a realeza. Não se esconda embaixo dessa dureza toda de kunoichi. Nós somos mais que armas mortais. — Ponderou a menina.

— Hanabi, é jovem ainda. Além de que, nossas vidas são um tanto diferentes. Eu não tenho condições de manter esse estilo. Seria um sonho poder usar isso, mas não posso. Você, ao contrário de mim, é um kunoichi privilegiada por ter nascido numa família tão rica.

— O dinheiro não é nada quando não se saber gastá-lo. — O sorriso sarcástico voltou aos lábios da jovem. — Mas entendo o que quer dizer. Porque não pede para meu primo lhe comprar essa yukata então? Ele gosta de vermelho.

Tenten fechou os olhos, apertando as mãos na fina seda, entrou na cabine e se trocou. Saiu de lá um tanto nervosa ainda achando um desaforo aquela ideia.

— Eu não preciso que ninguém me dê esmolas. Hyuuga Neji é somente um companheiro de missões. Ele nada tem com minha situação financeira. Não quero e nem preciso de ajuda, principalmente de alguém que não sabe o que é realmente ser uma kunoichi. É uma menina ainda, vai aprender que ser de uma boa família não fará com que os outros tenham piedade de você. Os Hyuuga são muito egoístas e mentirosos. — Esbravejou no meio da loja, irritada.

— Yare! Eu não sou uma menina. Desde pequena venho sendo treinada para ser a melhor. E ficar ao lado da minha irmã quando for a Líder. — Hanabi entregou as peças de roupa que levaria para a vendedora que as olhava calada, num canto do corredor. — Realmente, Tenten-san não precisa da esmola dos Hyuuga. E o que me diz do amor de um? Convenhamos que esse companheirismo não deixará de ser isso. Nós Hyuuga somos egoístas e mentirosos. — Ela virou-se, deixando Tenten falando sozinha e seguiu com a vendedora, pagando sua compra e saindo da loja com as sacolas cheias.

Os olhos de Tenten avermelharam-se de raiva. Saiu em seguida da loja, empurrando as pessoas. Chegou em seu apartamento, e como de costume, atacou a geladeira vazia. Fechou a porta com força terminando de quebrar as dobradiças.

Estava cansada daquela vida, daquelas pessoas e daquela família jogar em sua cara que Neji nunca seria dela.

Passou a tarde sentada no canto do quarto. Não havia ninguém por ela ali. Naquela Vila não havia nada. Respirou fundo limpando as lágrimas, assim que a noite caiu, Neji logo chegaria. Seria humilhação demais ser vista naquele estado. Levantou-se e começou a arrumar o apartamento. As horas passavam, e com elas o desespero se alastrava no peito da mulher que agora sentia-se abandonada.

 

Hinata caminhou a passos curtos até o portão do Distrito, mas não saiu. Preferiu passear mesmo por entre o jardim do Clã, que era tão bonito quanto a o campo de flores do lado de fora dos muros. Muitos passavam reverenciando-a com um respeito exagerado. Viu ao longe a irmã entrar pelas portas do Clã com várias sacolas em mãos, correndo em sua direção.

— Nee-chan. Veja! Veja o que comprei para nós! — Hinata deixou as flores para dar atenção a Hanabi que respirava com dificuldade. — Coisas lindas!

A mais nova puxou a irmã pelo braço, fazendo todas as pessoas presentes curvarem novamente quando elas passaram correndo.

— Matte, Hanabi! Para que tanta pressa? — Entraram no salão passando pelo pai. Hiashi apenas afastou-se deixando que as duas continuassem sua correria para longe da vista dos outros. Chegaram ao quarto de Hanabi, que jogou as sacolas no futon.

Os embrulhos foram desfeitos e logo as duas contemplavam os kimonos, yukatas e arranjos diversos. Hanabi puxou um verde e um vermelho fazendo a irmã escolher qual queria. Ela sorriu dizendo que o vermelho iria combinar muito com seu tom de pele.

Hinata aceitou e ficou com a yukata vermelha. Vestiu e se olhou no espelho.

— Com quem a nee-chan vai no festival? — Perguntou arrumando o cabelo dela com um arranjo.

— Neji. — Hinata respondeu alisando a seda delicada.

— Você e o nii-san juntos? — A pergunta pareceu muito indiscreta para Hinata, tentou em vão dizer sobre o acordo deles, mas conhecia a irmã, ela nem levaria isso em conta. — Não, esse festival é uma tradição! A obaa-chan me falou que ela conheceu o ojiisan no festival. Ele é mágico nee-chan!

— Deixe de bobagem Hanabi, eu vou com o Neji porque ele tem pena de mim, pena de me ver sozinha em casa, por isso pediu para que eu tirasse essa semana de folga, para relaxar um pouco. Neji tem um affair com nós sabemos quem. Não haverá mágica alguma nesse festival, não para mim. — Ela tirou o arranjo do cabelo e despiu-se do kimono, vestindo a roupa que estava antes, agradeceu mais uma vez pelo presente e saiu para seus aposentos.

Hanabi sorriu pensativa. Não gostava das limitações que Hinata impunha para a sua vida, tão pouco gostava da ideia de ver a irmã ser somente levada pra um evento por piedade. Ainda mais de alguém que não tinha qualquer indício de ser bondoso. Neji não tinha mais obrigação de protegê-la, então fazia isso porque queria. Foi o que concluiu.

No fim, todo homem precisa de uma mulher para matar seu tempo e relaxar. A kunoichi do tiro ao alvo não era um problema. Deixou seu quarto e perambulou pelo corredor observando os lados para ter certeza de que ninguém a veria.

Bateu numa porta e recebeu o convite para entrar. Puxou e fechou com velocidade a porta de madeira. Sentando de frente para o homem concentrado no tatame.

— Nii-san? Posso falar? — Hanabi perguntou, enlaçando os dedos nos outros. Não era certo entrar no quarto do primo, certamente alguém poderia ver e falar com seu pai, os problemas seriam muitos, mas ela ignorou. — É sobre a nee-chan.

Hanabi viu a atenção de Neji aparecer, assim que falou sobre o que se tratava. Os olhos estavam cravados nos dela, brancos com brancos.

— O que há com Hinata? Não está se sentindo bem?

— Mais ou menos. — Ela teve que segurá-lo para não ir atrás da irmã, não imaginou que o primo ficasse tão preocupado assim. — Ela não quer ver ninguém, está no quarto trancada, deixa ela lá. O problema é justamente você nii-san, se for lá vai piorar tudo.

Neji olhou curioso para aquela revelação que Hanabi jogava na sua cara, não imaginando que poderia ouvir mais do que isso dali para frente.

— O que eu fiz de errado?

— Tenten! — O rosto do Hyuuga se fechou, pronto pra mudar o assunto e mandar que Hanabi saísse do quarto. — Onegai! Me escute! Hinata acha que você esta levando-a para o festival por pena, e hoje eu me encontrei com a sua… conhecida, e ela comprava roupas para o mesmo festival, bem, ela nem tinha dinheiro pra isso e não levou nada. Agora a Hinata acha que você vai deixá-la para ir com a outra lá... digo, com a Mitsashi. — A jovem não viu maldade em ter que apimentar aquela história.

— Eu não combinei nada com Tenten. — Todos os anos ele dizia que iria levá-la, mas sempre arrumava uma missão justamente no dia, e fugia descaradamente do tal festival. Se fosse visto por todos com ela, naquele momento, imaginariam mais do que já imaginam, e iria alimentar esperanças inúteis no coração da mulher. — Vou falar com Hinata.

— Não! Já disse para não fazer isso. Se falar com ela vai se sentir envergonhada e pode achar que você só tem dó dela. — Hanabi segurou mais uma vez o primo, mas Neji recuou. Não queria causar mal para ela. — O que você precisa fazer é falar com a Mitsashi. Imagina Neji! Se ela o encontra no festival junto com Hinata? O que vai pensar?

Era mais uma verdade. Conhecia muito bem Tenten e sabia que ela faria um escândalo, o ciumes era grande! Principalmente quando se tratava de Hinata. Não sabia o porque daquilo, Hinata era apenas sua prima.

Pediu licença para Hanabi e saiu do quarto. Encostada na porta, a Hyuuga suspirou mais tranquila. Poderia talvez animar a irmã naquele momento, pois sabia muito bem para onde Neji estava indo.

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