
Shiro I
O sol nascia por detrás da montanha, iniciando mais um dia na Vila.
Cabelos castanhos misturavam-se com os escuros de Neji, em enlaces. Ambos desnudos abraçados na cama estreita do apartamento da kunoichi. Seu braço a protegia do vento que entrava pela janela, haveria de tirar um tempo para arrumar aquela madeira solta.
Abriu os olhos fitando o teto também em péssimo estado. Descolorido e com infiltrações por todos os lados. Realmente não era um cenário bom de se ver pela manhã. Muito diferente de quando se acordava no Distrito Hyuuga. Mas o corpo voluptuoso a seu lado mostrava qual realmente era a diferença de dormir lá ou com a mulher que vira crescer, desenvolver e se tornar sua... amante.
Não havia como ser outra coisa. Sentia muito por não poder assumir o relacionamento, que nem mesmo ele entendia ao certo.
Tirou com cuidado o braço debaixo da cabeça encaixada junto com todo o resto do corpo do seu. Alisou os longos cabelos castanhos soltos por sobre o travesseiro.
Vestiu-se e saiu.
Uma rotina nada agradável, não somente para ele, mas também para Tenten, que acordaria mais uma vez em sua cama vazia. Abraçaria o travesseiro em lágrimas, sentindo o perfume másculo do homem que lhe prometia amor a noite e de dia seguia seu rumo, longe de seus braços e seu amor.
O sol já gritava no céu azul, mostrando o porque daquele país ser chamado de “Fogo”. O calor só não era maior e mais castigante que as areias soltas do deserto do país do Vento.
Saiu pela porta da frente, sem ser visto por qualquer um que ali passava. Seguiu para sua casa em passos largos e rápidos. Haviam regalias, mas também muito trabalho. Recebera a missão, desde pequeno, de proteger a prima. A jovem que em pouco tempo iria receber das mãos do pai a liderança do Clã.
Como sendo da família secundaria, era seu trabalho manter não somente a futura Líder em segurança, mas sempre ao dispor dos desejos dela. Embora Hinata não fosse nunca uma jovem difícil de se lidar. Era forte, mas ainda havia resquícios de fraqueza, principalmente quando se tratava de estar em público.
Neji saltou por alguns telhados, querendo chegar logo ao Distrito, que ficava mais afastado do centro da Vila, onde Tenten morava sozinha.
Apertou os punhos, lembrando-se do péssimo estado daquele apartamento que ela chamava de lar. E também da rebeldia de não aceitar a ajuda de um homem para lhe sustentar. Ora essa! Não queria sustentá-la, somente ajudar em alguns pontos. Já que possuía um pouco mais que ela. Seu pai lhe deixou tudo o que possuía para ser entregue em suas mãos ao vinte e um anos.
E há dois anos como sendo único herdeiro do irmão gêmeo do Líder atual, não via necessidade de se prender no dinheiro, mesmo que não muito. Neji sempre fora simples demais para certas coisas, não tinha motivos para exageros.
Chegou ao Distrito e logo encontrou-se com o tio no jardim da mansão o qual morava junto com a família principal. Mais uma das regalias dadas a ele, por se mostrar total e sempre as ordens.
— Neji! Ela lhe aguarda há quase uma hora. — Não havia motivos para desculpas, sabia que iria se atrasar, pediu por favor para que a mulher não o tirasse sua razão naquela noite, mas era impossível pedir uma trégua para Tenten. Desculpou-se com o tio em uma reverência profunda e seguiu um corredor extenso.
Aos vinte e um anos completos, Hinata estava a beira de receber a missão mais difícil de sua vida: comandar seu Clã. Desde de pequena essa expectativa para sua liderança a assustava, ainda mais quando sentia que não era o tipo que agradava a todos, até mesmo a seu pai. Só que a severidade dele não a desanimou, queria mostrar que era capaz de dar conta de tudo.
Haviam missões, treinos com o time, no Distrito com o primo e as diversas aulas para estar preparada no dia da posse.
Passou a noite toda em cima dos pergaminhos, lendo e lendo mais um vez aquelas escrituras antigas, novas, incompletas.
Neji bateu na porta do quarto, e não ouviu nada, esperou mais um pouco e nada.
— Hinata? Está aí? Abra a porta. — Esperou mais alguns minutos, e já estava para usar o byakugan, quando imaginou que ela poderia somente estar no banho. Respirou fundo e aguardou encostado na parede. Mais outros minutos e achando que aquilo estava demorando demais, bateu novamente na porta até ouvir um barulho. — Hinata!
Neji entrou no quarto a procura de algo fora do lugar. Era somente um gato na janela, e um vaso com uma flor jogado no chão. No quarto, o futon estava intacto, e logo ao fundo, sentada na cadeira e adormecida em cima dos pergaminhos na mesa de trabalho, estava Hinata.
Para não ter acordado com as suas batidas na porta e o desastroso gato, deveria estar muito cansada.
Neji aproximou-se dela, tirando os cabelos de seu rosto e algumas folhas de suas mãos. Falou baixo o seu nome, mas ela ainda insistia em dormir. Sabia o quanto ela estava se dedicando aos eventos futuros que participaria. Reuniões com o conselho, viagens infindáveis aos aliados do clã, e vários outros compromissos chatos que conhecia por sempre acompanhar o tio, sempre que podia.
— Neji. — Enfim os olhos se abriram, o rosto marcado pela noite mal dormida. Coçou os olhos envergonhada. — O que faz aqui?
— Eu prometi que viria te ajudar cedo com essas papeladas não foi? Mas pelo jeito você começou sozinha. O que andou lendo? — Ela se afastou com a cadeira, levantando-se e prendendo mais o kimono que vestia. Deixou que ele olhasse os pergaminhos.
Neji concentrou-se nos assuntos do Clã que Hinata tentava entender, mas ouví-la bocejar atrás de si não estava ajudando.
— Gomenasai. Eu vou tomar um banho para ver se desperto. — Correu antes mesmo que ouvisse o que ele tinha a dizer.
Neji ouviu o barulho da água ser ligada no chuveiro, e saiu do quarto para deixá-la a vontade. Percorreu a mansão com as mãos para trás. Parou de frente a arena onde costumava a treinar luta com Hinata, logo depois com Hanabi. A dificuldade de treinar as irmãs Hyuuga não era tão cansativa. Ambas tinham pontos bons a serem usados.
Viu a mais nova correr do jardim até a arena, tomando fôlego subindo os olhos até ele, sorriu.
— Quer lutar? — Perguntou, com o sorriso no rosto. A disposição da jovem Hyuuga era invejável.
— Depois, tenho coisas a fazer. — ele descruzou os braços, virando-se para retornar ao ponto de antes, ignorando as brincadeiras de Hanabi.
Dessa vez achou melhor não incomodar Hinata em seu quarto novamente. Seguiu para a sala de purificação, e lá, sentou-se no tatame, deixando os olhos fechados, tentando deixar a mente se elevar, e não pensar na tortura dos olhos castanhos.
“ — Como lhe dizer isso...”
Suas atividades estavam sendo comprometidas pelas escapadas noturnas. Não seria certo receber mais uma chamada de atenção. Essa não era exatamente a vida que desejava levar. Furtiva!
Ele abriu os olhos e na sua frente estava Hinata segurando duas xícaras nas mãos. Ela sentou-se de frente e ofereceu o chá. Ficaram ali por um longo tempo, tendo apenas o assoprar do chá como barulho cortando o ambiente.
Era visível o cansaço não somente nos olhos claros como gelo, mas também em toda a aparência de Hinata. Isso preocupava de mais o Hyuuga.
— Descanse. — Bebericou o chá, sem muita vontade. Lembrando-se que não comeu nada naquela manhã, somente algumas besteiras na noite passada.
— Como disse? — Hinata pousou a xícara sob as pernas.
— Você não tem dormido direito. Não sai do Distrito há alguns dias, vive se escondendo quando seu pai passa perto. Não se alimenta e vive bebendo esse chá. Desse jeito quando for receber a Liderança, daqui um mês, estará doente.
Hinata sabia que seu esforço era grande demais e que abdicara de muitas coisas. Saídas com amigos, missões importantes para a Vila, o amor que nunca foi correspondido.
Mas no final a recompensa seria maior.
— Eu me sinto bem, eu só dormi demais e isso acabou atrapalhando minha manhã. Verá como daqui um mês estarei afiada para tudo. Eu... eu...
Ela falseou quando ergueu a xícara, sentindo tontura e fraqueza. Deixou a porcelana cair no tatame, molhando-o com o chá verde. Antes que seu corpo caísse sobre o molhado, os braços de Neji a seguraram, fazendo com que ela pendesse o corpo para o colo do primo.
Imediatamente ele levantou-se com a Hyuuga nos braços. Não deixaria que ninguém a visse daquela forma. Já estava sendo difícil para ela tal pressão. Levou-a para o quarto e lá fechou a porta.
— Você não precisa se esforçar dessa forma. — Neji a acariciou nos cabelos, enquanto ela retomava a consciência. Avermelhada e gaguejando palavras que não haviam qualquer sentido naquele momento. — Já chega Hinata! Não vou permitir que se esforce desse jeito e comprometa a sua saúde.
— Ne-Neji! — Hinata arregalou os olhos, vendo o homem a sua frente lhe dirigir a palavra com dureza. Havia anos que o vira daquela forma, anos que não gostava de recordar, aqueles em que o Hyuuga era uma sombra ameaçadora em sua vida, sentia medo dele, mas respeito.
— Quero que descanse hoje e essa semana toda. Me prometa? — Ele pausou sua voz altiva, tranquilizando-a. — Entenda que eu só faço isso pelo seu bem. Não somente porque devo isso ao Clã, mas porque você precisa de mim.
— Eu... — Era verdade. Ela precisava dele, sempre necessitou da ajuda de Neji, mesmo com todos os agradecimentos, não seria o suficiente. — Preciso...
— Você precisa de descanso. Depois dessa semana podemos retomar as atividades normais. Mas verá que vai estar muito mais relaxada e pronta para continuar. Certo? Prometa isso?
— Mas Neji! Uma semana, eu não sei o que fazer nessa semana. — Os amigos estavam sempre em missões, e depois de alguns anos mais afastada, já não os conhecia como antigamente, se é que já conheceu algum dia. — Eu só sei fazer isso... Somente isso.
— Eu darei um jeito. Posso lhe acompanhar alguns dias a sair do Distrito, precisa voltar a ser como antes. Virou uma prisioneira em seu próprio lar. Não é isso uma atitude vinda de uma Líder.
Um meio sorriso animou-a. Antes que a deixasse descansar pediu para não pensar em mais nada. Somente assim iria descansar de verdade.
Ao ver a porta se fechar, seu olhos fechavam lentamente, o sono tomava conta de si.
白
A noite de Konoha demorava por vezes para chegar. O sol parecia não querer se acolher, e a ansiedade de uma kunoichi sozinha em seu apartamento era grande.
A solidão só não era maior por receber sempre a visita de um ou outro amigo e amiga.
Desde sua última missão, Tenten estava suspensa sem prévio aviso. Fora fortemente machucada em combate. Não sentia qualquer dor e as fraturas já haviam sido curadas tinha alguns dias, mas a Godaime não permitia sua volta. Acreditava que fosse por pedido de Neji, que sempre queria cuidar de sua vida e as vezes era cansativo para ela.
Não conseguia compreender como poderia amar e brigar com a pessoa por ela simplesmente querer ajudá-la. Mas quase tudo que vinha do Hyuuga parecia ser uma esmola. Assim foi no começo, quando se entregou para ele. Esmolou seu coração para o frio homem que lhe corrompeu todo o ser e sugou sua pureza num instante. Não reclamava. Jamais faria isso. Mas não seria justo receber em troca meio homem. Após se entregar cem por cento para ele.
A porta se abriu assim que a escuridão da noite tomou conta do apartamento.
Uma almofada descosturada voou em sua direção. Neji apenas se esquivou batendo com a mão. Outra almofada, e mais outra, ate que nas mãos de Tenten começaram a aparecer suas armas.
— Desgraçado! — ela arremessou a kunai que fincou na porta, essa já cheia de furos. — Como se atreve voltar? Abusou de mim a noite toda. — Mais uma kunai e Neji somente esperava aquela adrenalina abaixar para conseguir falar. — Vai embora sem dizer nada.
Pelos próximos dez minutos, as armas eram substituídas por socos e gritos. Num movimento rápido, Neji prendeu-a com os braços, jogando o corpo de Tenten no sofá velho que decorava a minúscula sala.
Aquelas cenas se repetiam todos os dias. Tenten passaria mais horas em gritos e lutas para desabafar suas angustias e frustrações e Neji não impedia que fizesse isso. Mas não naquele dia, estava cansado.
— Porque reclama, se sempre entrega-se para mim novamente? — Assim que ela se acalmou, largou os braços presos no alto e saiu de cima do corpo enrolado numa toalha azul.
— Você me promete... me promete... e... vai embora... — Ela chorou, afundando a cabeça no sofá.
— Eu nunca te prometi mais do que eu posso te dar, Tenten. Nossas condições são essas, e sempre serão. O que você quer? Se acha que eu a engano, posso voltar de onde vim.
Neji caminhou até a porta, pisando em almofadas, armas e roupas espalhadas pelo chão. Não houve tempo para sair, já era abraçado pela mulher, que apertava suas costas com as mãos e o corpo.
— Onegai. Neji-kun. Onegai, não suportaria viver sem você. Me perdoe, eu aprenderei a viver assim. Somente com metade de você. Não vá!
Apertava com força, como se aquilo dependesse da resposta dele. Tenten escorregou o corpo ate o chão, ajoelhando-se e não se envergonhando com a humilhação de pedir pelas migalhas do amor de Neji.
— Levante-se daí, Tenten. Não precisa disso. — A primeira vez que a viu naquela mesma situação, recebendo um amor que não imaginava ter, prometeu que cuidaria dela. Que não iria permitir que chorasse mais por um sentimento que os afastaria mais cedo ou mais tarde. Pois não havia futuro naquele relacionamento. — Não faça mais isso.
Neji abaixou-se ao chão, limpando as lágrimas do rosto marcado e vermelho. Dedilhou a pele molhada até os lábios que tremiam, sussurrando para ela se acalmar.
Pouco era necessário para acalmá-la. Tenten abraçou-o soluçando e comprimindo o choro.
— Vamos Neji! Me mostre que eu ainda sou sua. — Tenten passou as mãos pelo chão, empurrando para debaixo de uma mesa, toda aquela bagunça. Deixando um espaço livre, puxando-o e sentando no colo dele.
Ela alisou o peitoral por cima do kimono cinza, aspirando o cheiro que ele emanava. Algo forte, sensual e inebriante. Aquele cheiro que a fazia tremer todo o corpo, e se perder depois nos olhos brancos de Neji.
Os cabelos castanhos caíam em cascatas pelos ombros desnudos, a toalha era urgentemente retirada, fazendo as mãos exigentes do Hyuuga percorrer a pele fina, com cicatrizes e marcas de batalha.
O corpo de Tenten exposto sob seu colo, bem delineado pelas horas de treino árduo desde a adolescência. Os seios pequenos cabiam perfeitamente em suas mãos. Sugava-os e lambia para o desespero de Tenten, que rebolava sob a hakama de Neji, permitindo que ele a devorasse e lamentasse depois a perda por não tê-la em seus braços quando estivesse longe.
Mas essa era uma questão difícil de se obter a resposta. Nunca sabia quando aquele homem pensava em sim, ou nos dois. Não havia dois, não no vocabulário de Neji.
Tenten gemeu com os dedos dele a violando o sexo molhado pelo tesão exagerado que sentia em somente ter metade. Imaginava como seria tê-lo por completo. Morreria de sexo.
Neji perdia-se mais uma vez naqueles olhos chocolate, possessivos e temerosos.
O corpo de Tenten era um vício alimentado há alguns anos. Nunca prometera mais do que horas de sexo, sim, pois não fazia rodeios e não haveria enganações.
Num dia, simplesmente recebeu uma declaração inesperada. Um amor que não poderia corresponder, mas que não conseguia também cortar pela raiz. Era o ego que lhe fazia voltar para aquela mulher. Ser desejado e amado daquela forma.
Ambos eram sádicos, permitiam sofrer com aquela loucura. Mas um dia não teria mais como alimentar aquele vício.
Ele a deitou no chão, tirando o kimono, enquanto as pequenas mãos ligeiras abriam suas calça. Deixando que ela alimentasse sua fome com o membro duro na boca. Chupando-o com o apetite voraz. Saboreou, querendo mais, desejando sentir o peso de Neji em seu corpo.
Tenten abriu as pernas oferecendo-se, mordendo os lábios, sentindo a pele pálida e quente do Hyuuga tocar na sua, lisa e escorregadia pelo suor.
Ele a penetrou, sentindo o interior do corpo dela se contrair com seu pênis, apertando-o.
— Tenten... — Neji prendeu suas mãos nas dela, forçando seu quadril de encontro ao de Tenten. Falseando na respiração, violando-a com mais intensidade.
— Mais forte. — As palavras sortidas no ar, os gemidos se misturavam. Os corpos se chocavam num descompasso sem ritmo. Cada qual em seu desejo, querendo se alimentar naquelas sensações e movimentos desunidos.
Neji a suspendeu com os braços, ouvindo os gemidos mais finos e extravagantes da amante.
Antes que gozasse, retirou-se dela e Tenten trabalhou mais um vez com sua boca.
Ambos estendidos no chão da sala minúscula, olhando para o teto e suas mentes trabalhando naquilo que mais temiam. No final, o silêncio era a única coisa que restava. No final, eles eram apenas Tenten e Neji, mundos diferentes, vidas separadas. Destino em branco, ainda esperando que fosse escrito.
白
Hinata acordou assustada, chamando pelo nome da mãe. Após tantos anos, ainda chamava por ela quando sentia-se solitária.
Apertou os lençóis, respirando fundo, tomando novamente o controle do compasso de seu coração.
Olhou a janela e a noite já havia chegado. Ao seu lado, uma bandeja com frutas e suco, provavelmente Hanabi havia passado por ali.
Levantou-se e seguiu para o banheiro, passou vários minutos dentro da água morna, sentindo o corpo mais relaxado após tantas horas de sono.
A voz de Neji tomou sua cabeça em instantes. Ele estava certo em sentir aquela preocupação, e não queria ser motivo de mais.
Hinata decidiu arrumar-se e quem sabe caminhar um pouco pela Vila. Seria bom ver rostos antigos.
Já estava fora do Distrito, optou por um simples vestido de verão, florido, sem chamar muita a atenção, e os cabelos sempre soltos e longos.
Dispensou a guarda pessoal Hyuuga e passou a caminhar tranquila. Observando as mudanças que aquele lugar tivera.
Sempre passava ali rapidamente e não via como Konoha estava em construção infinita. Crescendo cada vez mais.
Parou numa loja, olhando distraída a vitrine, só se deu conta de que não estava sozinha quando ouviu aquela risada tão conhecida.
Hinata petrificou-se com os sorrisos e brincadeiras soltas com animação. Não tirou os olhos da vitrine imaginando que seria passada desapercebia por ali mas logo ouviu seu nome ser chamado.
— Hinata! — Sakura acenou para ela com o mesmo sorriso e os olhos verdes vibrantes.
Vagarosamente, Hinata se virou, acenando de volta para a kunoichi. Tentou não olhar para o lado, mas em seguida Naruto parou na frente dela, encarando-a. E o corpo da Hyuuga tremeu quando cruzou com com os olhos azuis.
— Quanto tempo, Hinata. — O sorriso dele ainda mais cativante. Alto e forte como se lembrava. Sakura o puxou, gritando para ele não ficar tão perto assim que a assustaria.
— Tudo bem. — Hinata mal podia conter o nervosismo. — Eu estou só de passagem.
— Nós também, vamos aproveitar essa semana de festas para descansar. A shishou pega muito no nosso pé, precisamos de uns dias de folga, não é?
Aquele sorriso lançado, Hinata conhecia muito bem. Viu o rosto de Sakura corar, e logo depois as mãos os quais sonhou por todos aqueles anos lhe abraçar, estavam circulando a cintura de outra.
— Que bom. Eu preciso ir. — Hinata não acreditava que aquilo ainda a perturbava. Não poderia. Havia feito uma escolha, Naruto não tinha o direito de fazê-la tremer novamente.
— Espere! Venha conosco. Vamos ao Ichiraku. — Naruto tocou no ombro de Hinata. — Você pode trazer alguém.
As palavras de Naruto cortaram o coração da Hyuuga pela última vez, como ela mesmo pensou naquele segundo. Não deixaria que as lágrimas caíssem porque não era justo amolecer ali, humilhar-se. Era uma futura Líder, já deveria ter altivez para contornar situações embaraçosas como essa.
— Não, Naruto. Além de não ter ninguém para levar, eu tenho muito o que fazer em minha casa. — Pediu licença e da mesma forma que chegou, calma e silenciosa, saiu.
— Vamos, Naruto.
Hinata ouviu a voz de Sakura, carinhosa. Hinata não olhou para trás, não precisava se torturar.
Os portões do Distrito Hyuuga estavam próximo, decidiu aumentar o passo e correr para sumir daquele lugar.
— Péssima ideia, péssima ideia. — Ela correu pela rua, quase chegando quando, distraída, trombrou com alguém e caiu.
Hinata recebeu a ajuda, sentindo-se tola por estar no chão. Agradeceu a ajuda, mas, quando a pessoa se afastou, a Hyuuga sentiu um desejo enorme de se esparramar no chão. E foi isso que fez. Estava cansada.
Ao longe, um byakugan estava ativo, procurando saber se ninguém o vira sair da casa de sua amante. Dessa vez, Neji decidiu ir embora mais cedo. Havia prometido cuidar de Hinata.
Cuidar! Cuidar! Sempre prometia demais.
Os olhos correram rápidos, viu a correria na rua de frente ao Clã.
— Hinata? — Ele aumentou o passo até chegar ao lado dela, estendido no chão. — O que...
Era incrível como em sua ausência, tudo parecia desandar. Nos dois lados, nos dois mais importantes. Ajudou Hinata se levantar, limpando seu rosto…
— Me deixe aqui, eu não quero que me veja assim. — Hinata escondeu o rosto com as mãos.
— Eu não olharei. — Neji ensaiou um abraço, um pouco desajeitado e deixou que ela desabafasse da forma que desejasse.
“Como poderiam ser tão diferentes?” — Pensava coisas nulas! A diferença das duas começava a partir das posições, e já acabavam ali. Não era necessário pensar mais.
E no fim, sabia porque aquelas lágrimas caíam. Conhecia a prima, a delicadeza e a força, as reações e a fraqueza. Pediu para ela se acalmar. Ele estava ali.