O bebê de Uchiha Sasuke

Naruto
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O bebê de Uchiha Sasuke
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Summary
Uchiha Sasuke é um ômega de 33 anos que vive em Tóquio. Ele trabalha em um escritório de relações públicas, desenvolvendo identidades digital-visual para seus clientes. Nas horas vagas, gosta de se divertir ao lado da amiga Yamanaka Ino, além de conhecer pessoas novas.No feriado de Ano Novo, Sasuke reencontra Hyuuga Neji, uma paixão da época da faculdade e Uzumaki Naruto, seu primeiro amor na adolescência.Após algumas semanas desses encontros inesperados, ele tem um novo desafio em suas mãos. O teste de gravidez deu positivo, mas... quem é o pai do bebê de Uchiha Sasuke?
Note
Os personagens não me pertencem, todos os direitos reservados aos seus criadores.A história é de minha autoria, é uma produção GRATUITA. Por favor, não copie, ou traduza.Esta é uma obra de ficção, onde os eventos ocorridos foram criados por mim e, portanto, não tem como objetivo ser verossímil com a realidade.
All Chapters Forward

Acertar é destino, errar é destino.

A taça de vinho foi servida e Sasuke agradeceu, esticando o braço para pegá-la. Ele sorveu a bebida e suspirou agradavelmente, recostando-se nas confortáveis almofadas do sofá da sala de estar do apartamento de Kakashi. O ambiente estava aconchegante, iluminado por lâmpadas em tons quentes. Uma música suave preenchia o ambiente, enquanto Kakashi se sentava ao lado de Sasuke.
Eles conversaram sobre a viagem de Kakashi, que visitou os pais e algumas novidades foram reveladas.
— Está falando sério? — Sasuke perguntou, segurando a taça já vazia em sua mão.
— Sim, muito sério. — Kakashi inclinou a cabeça e deu um sorriso, com os olhos fixos na taça de vinho que segurava, embora seus pensamentos estivessem um pouco mais distantes.
Sasuke conheceu Kakashi ainda quando ele fazia estágio, depois, o trabalho foi evoluindo, assim como a sua posição no escritório de relações públicas. Eles possuíam uma relação bastante amigável e Sasuke se sentia sempre muito a vontade de conversar com o chefe sobre vários assuntos, embora soubesse manter a discrição quando estavam trabalhando.
Com um movimento de cabeça, Kakashi passou a mão livre no cabelo platinado e voltou a sorrir.
— Entenda, eu sou um homem de quase cinquenta anos, vivi muita coisa até aqui e trabalhei duro para que minha empresa chegasse aonde está hoje. Só que... — Kakashi moveu as pernas e se levantou para pegar a garrafa de vinho e servir mais bebida para eles. — Esses dias que fiquei com meus pais, pensei muito no que eu quero para o futuro. E, falando francamente, eu posso me dar ao luxo de me aposentar mais cedo e viver uma aventura.
— Uma aventura? — As sobrancelhas de Sasuke se arquearam e ele bebeu mais vinho, estimulado pela expressão jocosa na face do mais velho. — Que tipo de aventura?
— Você vai rir, mas eu decidi viajar pelo mundo.
Sasuke balançou a cabeça, dando uma leve risadinha.
— Achei que seria algo mais ousado. Mas não é como se fosse virar um monge. — Ele disse. — Uma aposentadoria e viagens pelo mundo, eu diria que são como um complemento, um parece ser imã para o outro.
Kakashi também riu e sentou-se novamente.
— Sim, a minha aventura será um pouco menos glamorosa. Veja bem, eu estou pensando em comprar um motorhome, até já falei com um vendedor.
— Vai viajar de carro? — Sasuke parou de beber.
— Exatamente, pensei em fazer uma expedição pela Europa.
— Kakashi. — Sasuke voltou a sorrir. — Uma aventura pela Europa em um carro que tem as mordomias de uma casa, quantas pessoas poderia dizer que teve essa chance? Eu estou com inveja.
— Está? Bem, tem mais um lugar no motorhome. — Kakashi riu com Sasuke.
— Eu estou muito bem aqui, mas aceito fazer uma visita para você quando estiver passando por Paris. — Sasuke pediu licença e foi até o banheiro, enquanto Kakashi dava uma olhada no assado que estava quase pronto no forno.
Quando entrou no banheiro, Sasuke se sentiu um pouco enjoado. Bebera duas taças de vinho e já estava com uma sensação de tontura. Ele era acostumado a beber muito mais do que isso antes de se sentir daquela forma.
As mãos se enfiaram embaixo da torneira e ele jogou um pouco de água no rosto, depois que arrumou o cabelo e secou as mãos, retornou para a sala onde Kakashi já estava com duas luvas térmicas, colocando a travessa de carne assada sobre um aparador na mesa. Para acompanhar, legumes salteados que pareciam apetitosos com cores vibrantes e um molho a base de mel.
Kakashi era um ótimo cozinheiro e Sasuke se beneficiava sempre daquelas refeições. Ele se sentou à mesa e foi servido, o cheiro estava especialmente instigante e sentiu o apetite crescer. Kakashi se sentou logo em seguida, depois de cortar as fatias da carne assada, ele gostava de pimentas e por isso fez um molho a parte, sabendo que Sasuke não era muito interessado.
Sasuke saciou-se com a refeição, soltando alguns gemidinhos de prazer sempre que levava algo à boca.
— Está ótimo. — Disse, ao terminar, limpando os lábios com o guardanapo de pano. — Acho que vou repensar aquela proposta de viajar com você naquele motorhome.
Kakashi deu uma gargalhada.
— Fico lisonjeado, mesmo que seja por interesse na minha comida. — Ele ergueu a taça para fazer um brinde e Sasuke fez o mesmo.
No entanto, depois de beber todo o vinho da taça, Sasuke sentiu o corpo reagir. Suas mãos ficaram suadas. Uma tontura o impediu de se levantar da cadeira e Kakashi o segurou pela cintura, quando Sasuke tentou ficar de pé.
Sem condições de ir até o banheiro, devido aos tremores nas pernas e a tontura, Sasuke não conseguiu mais se segurar e o jantar que estava tão agradável e apetitoso foi colocado para fora.
Sem demora, Kakashi o segurou com cuidado e passou uma das mãos sobre a testa de Sasuke para tirar os fios que caíam em seu rosto. Assim que possível, ele o levou até o banheiro para se limpar, entregando uma toalha macia para Sasuke.
— Eu vou levá-lo ao hospital, você consegue esperar só uns minutinhos?
Sasuke apenas balançou a cabeça e Kakashi saiu. Assim que a porta se fechou, Sasuke virou-se e foi até o vaso sanitário, levantando a tampa. Não soube quanto tempo se passou, mas a julgar pelas batidas insistentes na porta e a voz preocupada de Kakashi, passou-se tempo suficiente.
Quando Sasuke deixou o banheiro, ele viu que Kakashi limpou a sala de jantar em que ele havia vomitado.
Sasuke pediu sinceras desculpas, enquanto Kakashi passava a mão pela cintura dele e o segurava com firmeza, levando-o para fora do apartamento.
— Vamos nos preocupar com a sua saúde, ok? — Kakashi perguntou, enquanto eles entravam no elevador. Perguntou se Sasuke estava fazendo uso de algum remédio que fizesse conflito com a bebida alcoólica, ou se ele já estava se sentindo mal antes.
— Apenas um enjoo, acho que foi um sanduíche que comi. Pode ser infecção alimentar. — Sasuke levou uma mão à barriga, sentindo uma contração abdominal mais forte.
Kakashi ficou assustado com a expressão de dor dele e, assim que chegaram ao estacionamento, colocou Sasuke no banco e puxou o cinto de segurança. Ele dirigiu para o pronto socorro mais próximo da região. Kakashi morava em um condomínio fechado longe da área central da cidade, mas o trânsito de carros naquele horário era muito baixo, por isso ele não demorou para chegar ao hospital.
Sasuke não era de ficar doente. Já fazia alguns anos desde que entrou em um hospital em uma cadeira de rodas empurrada por um enfermeiro. Na verdade, foi levado pelo pai, nos braços. Eles estavam na colheita de primavera e Sasuke perfurou o pé com um prego. Izuna fez um curativo, limpando com água e sabão. No hospital, foi feito uma limpeza muito mais profunda, além de ele ter que tomar uma nova dose de vacina antitetânica.
No entanto, dessa vez Sasuke não possuía as mãos protetoras de seu pai Tobirama o segurando, muito menos a voz acalentadora do pai Izuna o acalmando. Kakashi ficou para trás, pois ele não poderia entrar naquela área de atendimento e Sasuke se sentiu sozinho, mesmo vendo um enfermeiro andando de um lado para o outro, médicos e pacientes.
Sasuke narrou ao médico tudo o que se passou nos últimos dias, salientando que ele não era uma pessoa que praticava esportes, mas se mantinha em forma à medida que era possível em sua rotina. O médico fazia algumas anotações e depois o examinou. As perguntas a seguir foram realizadas de forma mais mecânicas, e Sasuke respondia prontamente. Inclusive, perguntas sobre sua vida sexual e se ele estava usando algum contraceptivo.
Sasuke concordou, explicando qual método usava e o médico apenas moveu a cabeça de um lado para o outro.
Sasuke ainda sentia uma tontura, mas o enjoo passou, as cólicas abdominais também diminuíram, mas, conforme o médico o examinava com a mão em seu abdome, ele sentiu novamente o desconforto.
O médico entregou para a enfermeira a relação de exames e Sasuke precisou ir a diversos locais, primeiro ele fez a coleta de sangue e de urina, depois foi para a sala de ultrassonografia, mas nem chegou a entrar, sentindo uma tortura forte acabou desmaiando.
Ao despertar, estava deitado numa cama em um quarto individual. Kakashi estava sentado ao lado dele e provavelmente foi responsável por toda a burocracia com a internação. Sasuke estava se sentindo envergonhado por ter dado tanto trabalho para ele, mas Kakashi logo ergueu a mão e pediu para ele não se mexer.
Sasuke estava com sede e Kakashi caminhou até um armário onde pegou uma jarra de água e colocou no copo, entregando para Sasuke.
— Beba devagar. — Kakashi segurou o corpo, enquanto Sasuke terminava de beber. — Uma enfermeira veio aqui e disse que logo volta.
—Vou ficar te devendo essa. — Sasuke voltou ao assunto e Kakashi pediu para ele descansar.
— Desde que você fique bem, é a única coisa que importa. — Ele falou, passando a mão nos cabelos de Sasuke.
Uma nova enfermeira entrou no quarto naquele momento e sorriu para eles.
— Parabéns, papais. — Ela disse, aproximando-se da cama. — Apesar do susto que você deu na gente, as coisas vão ficar bem.
Sasuke achou que entendeu errado, ele olhou para Kakashi, que também parecia confuso. O turno daquela enfermeira começou naquele momento e antes de entrar no quarto ela pegou o exame de Sasuke.
— O doutor que vê-lo, agora poderemos fazer a ultrassonografia. — Ela continuou falando, com uma voz gentil, dizendo que Kakashi poderia acompanhá-los também.
Sasuke continuou quieto e entrou na sala, foi levado pela enfermeira na cadeira de rodas.
— Muito bem. — O médico disse, abrindo um envelope branco e lendo o exame de sangue. A partir daquele momento Sasuke não conseguia emitir qualquer palavra ou mover-se. Ficou estático e com uma expressão tensa. Kakashi, sentado na poltrona ao lado dele, segurou sua mão e apertou um pouco mais.
A mão dele era quente, enquanto a de Sasuke estava fria.
O médico sorriu para os dois e disse que aquela era uma ótima fase para a gravidez, não apenas porque a criança nasceria no outono, mas Sasuke sabia que ele queria dizer que o número de pessoas nascendo era muito abaixo do esperado. Além disso, uma gravidez era muito comemorada, seja a época do ano que fosse. Sasuke pensou nos pais, imaginou os dois fazendo oferendas nos templos em agradecimento à fertilidade. E, depois, ele olhou para o médico, que falava com Kakashi como se ele fosse o pai da criança. Em nenhum momento Kakashi desmentiu o médico e ainda auxiliou Sasuke a se deitar na maca para a realização da ultrassonografia. Não que fosse possível ver ainda o embrião, mas ali estava mais uma confirmação do que Sasuke não queria pronunciar ainda em voz alta, simplesmente porque estava assustado.
Ainda em silêncio, Sasuke foi levado de volta para o apartamento de Kakashi, pois ele não queria deixar Sasuke sozinho naquele momento.
Sasuke agradeceu mentalmente por Kakashi ser uma pessoa que priorizava o espaço pessoal das pessoas. Ele não fez perguntas, não insistiu no assunto e ainda fez companhia para Sasuke no quarto de hóspedes, até que ele dormiu.
O sono foi confuso, Sasuke despertava algumas vezes e se levantava para ir ao banheiro. Embora não estivesse passando mal, ele queria apenas se precaver para não causar mais problemas à Kakashi.
Sasuke viu o quarto clarear com a luz do sol, sentado na cama, olhando para a cortina fina da janela, ele pensava sobre aquela gestação que não deveria ter acontecido. Cheio de dúvidas, ele tiraria o dia de folga, conforme Kakashi orientou, para se consultar com sua médica particular.
Antes de ir embora, porém, Kakashi o fez comer algumas frutas e beber uma vitamina que ele preparou.
— É uma receita de família. — Kakashi piscou para ele e Sasuke agradeceu. — Eu vou estar aqui sempre que você precisar. Ou melhor, vou estar na Europa, mas sempre vou atender suas ligações.
Sasuke não sabia mais o que dizer em agradecimento. Ele deixou o apartamento de Kakashi e pegou um táxi. Antes de ir para o consultório de Shizune, foi até seu apartamento e tomou um banho.
IA_: A reunião das onze horas vai iniciar daqui quinze minutos.
Sasuke olhou para o relógio, esquecendo-se de cancelar os compromissos nas configurações do computador.
— Cancelar todos os compromissos de hoje e marcar uma consulta urgente com a doutora Shizune.
IA_: Um encaixe foi agendado para essa tarde.
— Não, eu quero agora. — Sasuke disse e pegou o telefone, procurando, ele mesmo, pelo número da clínica na lista. A ligação foi rápida e Shizune já parecia esperar por isso.
Sasuke precisava de uma explicação e, quando ouviu Shizune falar que o lote daquele implante hormonal foi comprometido, tudo o que estava acontecendo começou a desabar em seus ombros.
Ele não estava com cabeça para ouvir Shizune falar sobre advogados, indenizações ou denuncias ao Conselho de Medicina. Sasuke era metódico e se sentia no controle de sua vida. Mas, agora, era como se perdesse esse controle e não tivesse mais direção. Sasuke não poderia ficar ali por muito mais tempo. Ele deixou o consultório da médica e caminhou por algum tempo, parando em um parque, onde se sentou. Havia um homem com peruca colorida e um nariz redondo vermelho enchendo balões e fazendo bichinhos com eles, entregando para algumas crianças.
Sasuke fechou os olhos e respirou fundo, sentindo uma leve dor de cabeça. Ele voltou para casa e ficou na cama até no início da noite, quando sentiu fome. Ele olhou para dentro da geladeira, pegando apenas uma garrafa de leite e colocando no copo. Pensou em pedir comida, mas temeu passar mal, sentou-se no sofá e ligou a televisão, mas não prestou atenção no programa que passava.
Uma mensagem de Ino o tirou dos pensamentos e ele respondeu, sem dar muitas pistas do que estava acontecendo. Mesmo assim, Ino se ofereceu para ir até o apartamento dele para comerem uma pizza e tomarem uma cerveja.
Sasuke sabia que não ia conseguir esconder essa informação de Ino, e também não sabia porque pensou que deveria esconder.
Quando a Yamanaka chegou com a pizza, Sasuke sentiu o estômago roncar, não comeu nada ao longo do dia e comer uma fatia de pizza não parecia uma ideia ruim. Mas acabou se tornando uma péssima ideia. Ele vomitou tudo o que comeu no banheiro e Ino preparou uma bebida quente para que ele bebesse depois.
— Está sem comer desde ontem? — Ino perguntou, com um tom irritado. — Você não é assim tão irresponsável, o que aconteceu?
— Eu me senti mal ontem, e não queria vomitar. — Sasuke disse, apoiando-se no balcão da cozinha. Ele ergueu a cabeça e viu os olhos azuis julgando-o.
— Deveria ter me dito, assim eu traria sopa e não uma pizza. — Ino entregou para ele a xícara de chá e não falou muito depois, apenas o observando, enquanto bebia.
Sasuke permaneceu em silêncio por um tempo, então ele abaixou a cabeça e sentiu o rosto molhar pela lágrima. Quando Ino notou, Sasuke chorava e ela o abraçou, preocupada.

Sasuke acordou com uma música suave que a assistente virtual o despertava pela manhã. As cortinas se abriram, mas ele virou na cama e puxou o cobertor para se cobrir. Depois de cochilar por mais algum tempo, ouviu um barulho do banheiro e se levantou. Ino saiu do banho enrolada na toalha e deu um beijo no rosto dele.
— Vá tomar um banho. — Ela disse, dando um leve tapinha na bunda dele e dando risada. — Vamos sair, você precisa tomar um sol e melhorar as energias.
— Não quero. —Sasuke encostou as costas na porta do quarto, enquanto Ino pegava uma camiseta do armário dele, com total liberdade. — Você tem trabalho hoje?
— Não, consegui bater a meta de vendas e ganhei uma folga.
— Então aproveite o dia.
— Sem você não tem graça. — Ino inclinou a cabeça e sorriu, se aproximando de Sasuke. Ela deu um beijo em seu rosto e depois pousou a mão na barriga dele. Na noite passada, Sasuke contou para Ino o que aconteceu e ela o acolheu em mais um abraço apertado, dando apoio. Agora, ela parecia bastante animada com a ideia de ser tia, conforme disse, enquanto preparava o café da manhã. — Veja, eu fiz panqueca, tem frutas e também suco.
Sasuke estava com fome, mas receoso por passar mal novamente. Mesmo assim, ele comeu. Ino conseguiu convencê-lo de sair e andar no parque. Kakashi enviou uma mensagem naquela manhã dizendo que ele poderia tirar o resto da semana de folga.
Ele retornou para casa no final da tarde, mais revigorado e com a cabeça no lugar.
— Eu estou pensando, posso fazer isso dar certo. — Sasuke disse. Ino e ele estavam sentados no sofá. Ela bebia uma taça de vinho, enquanto ele estava bebendo um suco de uva.
— É claro que vai dar certo. — Ino sorriu. — O bebê de Uchiha Sasuke será o mais lindo e cativante do mundo inteiro. Aliás, você já contou para o outro pai?
Sasuke desviou o olhar, ele não contou tudo para Ino e, até aquele momento, ele não havia se decidido sobre o que fazer nessa questão.
— Talvez eu tenha o bebê sozinho. Muitas pessoas vivem esse momento solo. Eu também posso.
— Sim, mas... se alguém no mundo tivesse um filho meu, eu gostaria de saber.
— Posso garantir que esse não é seu. — Sasuke deu um leve sorriso e Ino o empurrou com o ombro. — Eu vou pensar melhor nisso.
— Isso, pense bem.
Sasuke pensava, e quanto mais ele pensava, mas complicado parecia aquela situação. Como ele poderia chegar em Naruto e Neji e falar que estava esperando um bebê e um dos dois era o pai?
Ele suspirou, cansado.
Ino foi embora, fazendo-o prometer que ligaria para ela sempre que se sentisse sozinho ou se precisasse de alguma coisa.
Sasuke pegou o telefone, sentando-se na cama e olhou para a tela respirando fundo. Ele fez a ligação de vídeo e então seu pai atendeu.
— Afaste mais o celular. — Pediu Izuna, para Tobirama. — Isso, assim ele pode ver melhor a gente.
— Eu sei usar o celular. — Tobirama resmungou.
— Estava focando no seu nariz, nosso filho não precisa ver sua cara redonda.
— Pai, pai. Eu estou aqui. — Sasuke falou, olhando para os dois pais na tela do celular. — Não briguem, por favor.
— Mas não estamos brigando. — Izuna sorriu para ele. — Como está? O trabalho está bem?
— Sim.
— E como está o Kakashi, ele já voltou do trabalho?
— Sim.
— Muito bem. — Izuna piscou e olhou para o lado, onde Tobirama acendia um charuto. — Não é hora de fumar, nosso filho está tentando conversar com a gente.
— Ele pode falar, eu vou ouvir, o charuto vai na boca.
— Ele vai acabar em outro lugar se você não apagar logo. — Izuna retrucou.
Sasuke grudou as costas na cabeceira da cama, enquanto ouvia os pais discutirem por uma bobagem. Ele então terminou a discussão dizendo porque ligou.
— Eu vou ter um bebê.
Izuna e Tobirama ficaram em silêncio por um momento, o charuto queimava entre os dedos do pai de Sasuke, enquanto ele esperava uma reação.
— Um bebê? — A voz de Izuna soou animada. — Um bebê? Ele vai ter um bebê.
— Eu ouvi. — Tobirama ainda olhava para a tela do celular que tremulava na mão de Izuna.
— Filho, um bebê? Que maravilhoso, eu... nossa, não sei o que falar.
— Diz que você não esperava que ele seria pai. — Tobirama comentou e levou um cutucão de Izuna.
— Eu disse apenas que você tem uma vida muito agitada e que não parecia querer filho agora. — Izuna explicou.
— Não foi planejado. — Sasuke fez um longo relato sobre tudo o que aconteceu, naquele momento a única coisa que ele queria era poder ter o carinho dos pais.
— Querido, sinto muito. — Izuna falou. — Você deve estar muito abalado, porque não vem para cá?
— Não posso, pai, meu trabalho. — Sasuke respirou fundo, sentindo as lágrimas verterem facilmente nos olhos. Ele nunca chorou com tanta facilidade e sentia o corpo explodir em várias emoções.
— Tudo bem, eu posso ir ficar com você um tempo, o que acha? — Izuna ofereceu e Tobirama concordou.
— Você precisa de um advogado. — Ele completou, sério, mas direcionou o assunto para falarem novamente do bebê. Tobirama sorriu amplamente, dando para Sasuke um pouco mais de coragem e força pelo apoio.
Izuna fez diversas recomendações antes de finalizar a ligação e, naquela noite, Sasuke dormiu um pouco mais tranquilo.

No final de semana, seu pai chegou bem cedo em seu apartamento e a primeira coisa que Sasuke fez foi abraça-lo com força. Izuna o beijou no rosto, e eles foram até a sala.
— Seu pai chega apenas na quarta-feira, estamos com um probleminha no gerador, mas nada que ele não possa resolver. — Izuna deixou a bolsa na poltrona e segurou a mão de Sasuke. — Me conte tudo, mas não me esconda nada.
Sasuke soltou os ombros, inclinando a cabeça na direção do corpo do pai e recebeu um carinho nos cabelos negros. Ele sentiu aquele calor gostoso emanando do corpo do pai e relaxou completamente. Falou o que aconteceu com mais detalhes, começando pelo ano novo, quando se encontrou com Neji e depois nas férias, quando encontrou-se com Naruto.
Izuna ouviu pacientemente, enquanto acariciava os cabelos de Sasuke. Chegando até aquele momento atual, não tinha mais nada para contar, o pai ficou sabendo de tudo. Era sempre assim, Izuna era uma pessoa que ouvia, ele possuía muita sensibilidade e com o filho não era diferente. Apesar de toda essa calmaria, quando estava com Tobirama, as coisas pareciam diferentes.
— Muito bem, o que você pretende fazer? — A pergunta do pai deixou Sasuke em silêncio. Ele moveu a cabeça e jogou os cabelos para trás. — Digo, em relação aos pais. Você sabe que um exame de DNA não é um grande problema de ser feito hoje em dia.
— Sim, claro, eu sei. — Sem dormir na noite passada, Sasuke pesquisou sobre os exames de DNA. A maioria eram métodos mais invasivos onde oferecia um risco baixo de aborto. Era muito mais seguro aguardar mais algumas semanas, ou até mesmo quando a criança nascer.
— Está com medo? — Izuna tocou o queixo do filho, ele possuía grandes olhos negros. Seu rosto, embora tivesse as marcas da idade, com rugas leves nos cantos dos olhos, ainda assim era um homem bonito e com uma bela face.
— Estou com medo do que está por vir, eu... — Sasuke crispou os lábios, sentindo-se como se fosse novamente um garotinho assustado buscando o colo do pai. Ele se aninhou em Izuna, que o abraçou. — Eu não estava preparado para isso.
Izuna sorriu.
— Mesmo quando nos preparamos, chega um momento que nos sentimos bem deslocados e não sabemos o que fazer, ou se o que estamos fazendo é a coisa certa. Não nasce apenas uma criança, mas um pai, uma mãe. Nós nascemos e crescemos juntos, aprendendo a ser uma família juntos. E, querido, você se tornou um homem maravilhoso, sentir medo é normal, às vezes excesso de confiança nos leva para rumos que podemos nos arrepender depois. Claro que eu estou falando isso em situações específicas. Bem, acho que falei demais, desculpe.
— Não, por favor, continue. Me fale novamente como foi quando eu nasci?
Izuna deu uma gargalhada e levou à mão até a boca.
— Nós estávamos em época de colheita, e sabe como eu sou, insisti em ir com seu pai. Então, quando as contrações começaram eu não conseguia nem me levantar, deitei ali no meio das beterrabas, enquanto eu sentia todo o meu corpo se contorcer. Seu pai não sabia o que fazer e pediu para eu me acalmar, mas eu só queria bater nele.
Sasuke riu, ouvindo a historia de seu pai.

Eles almoçaram em casa mesmo, Izuna preparou uma refeição bem simples mas com muitas verduras e legumes. Ele ensinou Sasuke a preparar um caldo e guardar na geladeira, depois arrumou a cozinha e os dois saíram para aproveitar o fim de tarde que estava com um sol agradável. Retornaram antes que a chuva começasse e Sasuke ficou na cama, sentado com uma xícara de chá na mão, enquanto observava a chuva cair. Ele pegou o celular e abriu um chat com Naruto, enviou uma mensagem simples, perguntando como ele estava e logo depois Naruto respondeu.
Naruto_: Estou de mudança, meu apartamento foi liberado e eu acabei de subir a última caixa.
Sasuke_: Nessa chuva?
Naruto_: Sim, eu não ia conseguir esperar até amanhã. Estava muito ansioso para me mudar, o lugar em que eu estava antes começou a ficar pequeno demais para tanta gente.
Sasuke_: Espero que agora seja melhor.
Naruto_: Vai ser.
Naruto_: Eu vou terminar de arrumar as coisas, ainda tenho que tomar um banho, e quem sabe relaxar um pouco.
Sasuke_: Sim, claro, boa noite.

Naruto se despediu e Sasuke teve a impressão de que ele estava um pouco distante, mas não poderia esperar muito mais do que isso, depois de ficar todas aquelas semanas sem mandar uma mensagem sequer ou atender a ligação dele.
Sasuke balançou a cabeça, passando a ponta dos dedos na testa. Ele pensou em falar com Neji também naquela noite, mas o encontraria pessoalmente na próxima semana, quando fosse ao trabalho. Talvez o convidasse para um almoço, quem sabe.
— Está tudo bem? — Izuna entrou no quarto, com uma toalha de banho enrolada na cabeça e o rosto cheio de creme. Sasuke deu uma risada, pois o pai arrastava os chinelos fofinhos pelo chão, usando um roupão. — Não ria, quando tiver minha idade, você vai saber que uma boa máscara de hidratação faz falta.
Izuna se sentou aos pés da cama e Sasuke falou sobre Naruto.
— Não quero estragar a vida dele com problemas. — Depois que as palavras saíram de sua boca, Sasuke sentiu-se péssimo. — Eu quis dizer... entende?
— Sim, mais ou menos. Você só vai saber quando conversar com ele. Claro que a situação é um pouco mais delicada, mas Naruto sempre foi um rapaz tão amoroso, ele era tão apaixonado por você filho...
— Pai, por favor, eu vou falar com ele apenas sobre o bebê.
— Sim, sim. Só sobre o bebê. — Izuna soou debochado na visão de Sasuke. — E o outro? Neji, certo? Você disse que saía com ele na faculdade, e só agora se reencontraram. Será que com ele não aconteceria nada mais sério?
—Não, não estou pensando em casar. Já disse, eu vou falar sobre o bebê.
— Claro, sobre o bebê.
— Não fale desse jeito.
— De que jeito? — Izuna levantou-se, era hora de tirar a máscara facial.
Sasuke olhou novamente para o celular e decidiu enviar uma mensagem para Neji, mas não obteve resposta. Somente no outro dia Neji respondeu a mensagem, dizendo que estava na casa da prima, na Coréia do Sul e que retornava ainda naquela semana para o encontro deles na empresa. Sasuke não estendeu a conversa, apenas confirmando o horário em que o encontraria e depois deixou o celular na mesa.
Seu pai, Tobirama, conseguiu chegar na cidade mais cedo, tendo adiantado seu trabalho. A primeira coisa que ele fez foi abraçar o filho e perguntar como ele se sentia. Apenas depois ele deu um beijo em Izuna e um tapinha nele. Sasuke observou os pais conversando baixinho e trocando risadinhas.
A conversa mais seria veio depois do almoço, Tobirama marcara uma reunião com um advogado.
— Pai, é mesmo necessário isso? — Sasuke apoiou a cabeça contra o encosto do sofá. — Eu não estou com cabeça para me arrastar em um processo, além disso, e quanto aos meus parceiros? Eles não usaram proteção, não seria uma irresponsabilidade nossa também?
— Parceiros? — Tobirama virou a cabeça, olhando para Sasuke, depois ele olhou para Izuna. — Ele falou parceiros?
— Sim, e deixa de ser um homem das cavernas, porque não é novidade de que nós somos livres para fazer o que quisermos. — Izuna falou, olhando para o marido.
— Eu não estou julgando, nem impedindo ele de fazer nada, Izuna, só não sabia que ele estava fazendo isso com várias pessoas ao mesmo tempo.
— Pai, eu não transei com varias pessoas ao mesmo tempo. — Sasuke ouviu o timer do fogão disparar e ele se levantou para tirar a bandeja de bolo do forno.
Ele percebeu que o pai se aproximou devagar e passou a mão no cabelo branco, um pouco silencioso demais para o que costumava ser.
— Escuta, filho, eu não quero me meter na sua vida, desculpe, eu não queria ser um... — Tobirama virou para ver Izuna logo atrás dele. — Ogro e idiota, como o seu pai fez a gentileza de me chamar.
Sasuke tirou a luva térmica e deixou a assadeira do bolo descansando.
— Pai, eu não fiquei chateado. Mas, só para constar, vou precisar fazer um exame de DNA para saber quem é o pai da criança.
Tobirama apoiou a mão sobre a bancada de pedra e contemplou o filho por um momento.
— Muito bem, então vamos ter um pouco mais de emoção daqui para frente. — Ele disse, depois de um longo silêncio e Sasuke sorriu, recebendo um abraço. — Me fale o nome desses safados que eu vou atrás deles.
— Não, pai, deixa que eu resolvo isso. — Sasuke pediu.
— Só me tira uma dúvida, quantos são os suspeitos?
— Apenas dois, pai. Apenas dois. — Sasuke notou um pequeno alívio com o ar saindo da boca do pai.
— Dois, podemos dar conta deles, não é ‘Zuna?
— Com certeza vamos. — Izuna se aproximou e abraçou os dois.
Sasuke estava feliz por tê-los ali, dando apoio para ele. Sentia-se mesmo como um garoto, recebendo o carinho dos pais, acolhido em seus braços. Pensou então sobre como seria quando seu bebê nascesse, queria que a criança se sentisse assim, como ele. Uma pessoa amada pelos pais.

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