
A água derramada não volta para a tigela.
O coração de Sasuke balançou quando ouviu a voz de Naruto. Ele ficou sem reação por um tempo, ouvindo Kushina falar que o filho havia chegado naquela semana ao Japão.
— Mãe, acho que ninguém vai vir à loja com essa nevasca, por que não fecha tudo e a gente sobe para casa?
A loja ficava no térreo e a casa da família Uzumaki no segundo andar. Kushina moveu a cabeça, dizendo que estava aproveitando a calmaria para organizar o caixa e que eles poderiam subir.
Sasuke olhou pela vitrine da loja, a neve se acumulava do lado de fora, não era uma boa ideia partir. E não havia alternativas para ele naquele momento.
Subiu então as escadas atrás de Naruto, em silêncio, enquanto o outro falava animadamente sobre seu retorno ao país, e sobre como estava com saudades de casa e do aconchego daquela cidade pequena.
Naruto e Sasuke se conheceram na infância, frequentaram os mesmos ambientes conforme cresciam. A mesma escola, os mesmos parques, os piqueniques em família, o mesmo templo budista. Embora a cidade possuísse somente um templo.
E com o passar dos anos, conforme eles cresciam, os sentimentos começaram a florescer. Quando estavam com quinze anos, Sasuke se lembrava de como era sentir o coração agitado e o corpo tremer cada vez que Naruto o abraçava. Ou o sabor de seus beijos, o calor de seu corpo, a sonoridade de sua risada.
Eles namoraram ao longo do ensino médio, mas o namoro terminou quando Naruto recebeu uma proposta para morar nos Estados Unidos. Era um patrocínio ao qual o jovem almejava para seguir sua carreira de atleta.
Ambos eram muito jovens e imaturos naquela época, por isso não conseguiram manter o relacionamento à distância. Hoje, Sasuke entendia que aquela oportunidade era a chance de ouro de Naruto. E foi muito bom para ele aceitar.
Ele venceu muitas competições ao longo daqueles quinze anos em que estiveram separados.
E, apesar de Naruto visitar os pais com certa frequência, principalmente quando estava competindo nas proximidades, eles não se encontraram. Sasuke mudou-se para Tóquio logo que terminou o ensino médio, para cursar a faculdade.
Aos poucos perderam contato e tornaram-se apenas uma boa lembrança da adolescência.
O pai de Naruto estava na cozinha, preparando o jantar quando eles subiram.
— Naruto dorme cedo, por isso já estou fazendo a comida dele. — Minato disse, secando a mão no pano e oferecendo para o filho uma colher para ele experimentar o molho picante.
— Está ótimo, pai. — Naruto sorriu, e seu rosto se iluminou. — Sasuke, você vai ficar muito tempo aqui?
— Hã? — Sasuke piscou, um pouco perdido nas lembranças.
O cheiro da comida o fez pensar em quando ficava até mais tarde na casa dos Uzumaki e acabava participando do jantar. Era um momento sempre descontraído, com muitas risadas e conversas divertidas.
— Sasuke, vai jantar com a gente hoje, não é? — Minato perguntou de forma gentil, mostrando um sorriso amável. — Você pode ligar para seus pais.
— Sim, claro, eu vou falar com meus pais. Eles devem estar preocupados. — Sasuke pegou o celular do bolso do casaco e pediu licença. A conversa com os pais não durou muito tempo.
A estrada estava interditada porque algumas árvores caíram, se fosse apenas a neve, eles chegariam ainda antes do jantar. Sasuke pediu desculpas para Minato por incomodá-lo. Ele pensou melhor, deveria ir ao hotel e se hospedar. Mas quando Kushina ouviu ele dizer isso, ela fechou a porta e sorriu toda amorosa, dizendo que isso não era necessário.
— Você pode dormir no quarto do Naruto, que tal? O aquecedor é ótimo, nós trocamos recentemente. Vou mudar os lençóis das camas. — Kushina pegou a bolsa de Sasuke e a levou ao quarto.
— Será ótimo relembrar os velhos tempos. — Naruto falou, mas não havia qualquer sinal de malícia em suas palavras. Ele recebeu um copo de suco do pai, e sentou-se no sofá da sala, ligando o aparelho de televisão. Fez alguns comentários sobre o programa que passava e depois olhou para Sasuke, perguntando como estava a vida dele.
O que Sasuke poderia dizer? Sua vida estava indo muito bem, e foi basicamente isso que ele falou.
Conversaram sobre o trabalho dele, seus clientes exigentes e também o tipo de vida que vivia. Não entrou em detalhes sobre os romances, mas deixou claro que se dava muito bem na cidade grande e gostava de sair a noite para beber e dançar.
Naruto, por sua vez, era um atleta e possuía hábitos rigorosos. Ele falou sobre como era viajar o mundo representando o país no Snowboard. E quando ele não estava treinando, estava dando aulas para crianças e adolescentes. Naruto havia deixado os Estados Unidos logo após a formatura na faculdade e se mudou para o Canadá, onde treinava os esportes de inverno.
Agora, ele decidiu viver novamente no Japão. Iria participar de sua última Olimpíada de Inverno e se aposentaria em seguida.
— E o que pretende fazer depois? — Sasuke perguntou, curioso.
Eles estavam sentados no sofá conversando, enquanto o cheiro gostoso da comida que Minato preparava abria o apetite de Sasuke.
— Vou continuar dando aulas, a mamãe já até disse que tem um monte de gente que quer ter aulas comigo. — Naruto sorriu amplamente e o coração de Sasuke acelerou.
Aquele sorriso cheio de sentimentos era como uma marca registrada. Na juventude, Naruto era um rapaz simples e parece que isso não mudou muito.
O jantar estava delicioso e fez Sasuke repetir mais um pouco. Ainda era cedo, mas Minato havia dito que Naruto não dormia tarde. Sasuke não queria ser um incomodo e disse que poderia se virar na sala mesmo.
— Eu já preparei as camas. — Kushina disse. Ela também falou que estava bem cansada e iria dormir. Minato terminou de limpar a cozinha e se despediu dos dois, que ficaram sozinhos na sala.
Naruto não parecia preocupado, apenas se levantou e disse que iria escovar os dentes. Sasuke olhou para ele e por um momento viu um adolescente se espreguiçar, como era antigamente. Ele balançou a cabeça e pegou o celular, conversando com Ino sobre a nevasca.
Sasuke não falou nada sobre Naruto, ele preferia manter aquela sensação quente em seu peito apenas para si mesmo.
Quando entrou no quarto de Naruto, sentiu um cheiro bastante característico de madeira e um perfume conhecido. O quarto estava bem quentinho por causa do aquecedor e as camas organizadas. A cama de baixo foi puxada e deixada bem ao lado da cama de Naruto, como eles faziam na época da escola.
Sasuke podia vislumbrar seu corpo mais jovem deitado naquela cama, com a mão estendida para alcançar a de Naruto. Dormiam assim, de mãos dadas no começo. Depois, em uma noite, Naruto deitou-se ao seu lado e o abraçou. E depois disso, eles dormiram bem juntinhos. E a partir daí eles começaram a ter ideias cada vez mais interessantes sobre como poderiam dormir. Ou, como na maioria das vezes, não dormiam. Afinal, eram bem jovens e cheios de energia.
— Olha, eu tenho uma escova de dentes extra, você quer? — Naruto apareceu atrás de Sasuke, dando um susto.
— Eu trouxe a minha. — Sasuke falou.
Ele ficou um tempo no banheiro escovando os dentes e pensando naquelas lembranças da adolescência. Nunca se sentiu tão tocado e mexido antes.
Ao voltar para o quarto, encontrou o Uzumaki deitado na cama e dando uma risada com o celular na mão.
— Você ainda gosta? — Naruto virou o celular e mostrou para Sasuke a série que ele assistia de um esquadrão de robôs que salvava o mundo. Cada ano uma nova temporada era renovada e isso já fazia quase vinte anos.
— Não assisto mais. — Sasuke disse, sincero, ele não assistia muita televisão. Fora os programas de notícias.
Sasuke se deitou na cama ao lado e puxou o lençol para se cobrir. Ele sentia o corpo quente. Pensou que poderia ser o aquecedor, mas as palmas de suas mãos estavam suadas. Seus pensamentos estavam viajando para o passado e o seu corpo adaptou-se rapidamente aquele cenário juvenil. O coração batia mais forte e seus pensamentos foram ganhando mais liberdade quando a luz foi apagada. Era como ter 15 anos outra vez.
Ele esperava que Naruto não achasse que ele estivesse dando mole assim, tão fácil.
Se bem que...
Sasuke não tinha que dar satisfações de sua vida a ninguém. E se ele estivesse interessado em Naruto, por uma noite, o que poderia acontecer de ruim?
Com um sorrisinho, ele virou o corpo em direção a cama, mas Naruto já estava em silêncio, os olhos fechados e o rosto bem tranquilo dormindo, enquanto o celular brilhava com a luz da série em andamento.
***
Ele não estava irritado, mas com um humor bem ruim naquela manhã.
Quando se levantou, Sasuke estava sozinho no quarto. Ele alongou os braços e verificou a agenda que a assistente virtual notificou. Era feriado e por isso não havia compromissos, mas algumas ligações que ele não atendeu.
Sasuke não iria trabalhar no feriado e por isso decidiu não retornar nenhuma daquelas chamadas.
Seu pai estacionou a caminhonete na frente da loja dos Uzumaki algum tempo depois. Naruto não havia retornado da sua corrida matinal.
Sasuke olhou para o céu, era azul e com um belo sol, mas a temperatura ali fora estava cinco graus.
Depois de agradecer Minato e Kushina, Sasuke desceu a escada e encontrou o pai que, após um abraço apertado, o levou para casa.
— Está quieto, o que houve? — Tobirama perguntou, enquanto dirigia a caminhonete. Era um carro bom para estrada, principalmente como aquelas em épocas de inverno.
— Apenas pensando. — Sasuke disse, suspirando. Seu pai deu uma risada e comentou que conhecia muito bem aquele tipo de respiração. — O que quer dizer?
— Me faz lembrar da época eu buscava você na escola. Voltava para casa com essa cara, suspirando e sorrindo para as árvores.
— Pai... — Sasuke revirou os olhos, direcionando a cabeça para seu pai. Tobirama era um homem de olhos pequenos e cabelos esbranquiçados de 52 anos. Sua expressão era geralmente carrancuda, estava sempre arrumando confusão com alguns vizinhos. Mas era um homem bom, e se derretia todo pelo marido.
Sasuke achava o amor de seus pais bem inspirador, menos quando eles estavam brigando por bobagem.
— Eu não vou falar nada vergonhoso, relaxa, já aprendi a lição de quando você estava com 15 anos. — Tobirama voltou a sorrir. — Mas, sabe, foi como voltar ao passado, quando eu ia buscar você na casa dele.
Seu pai estava falando de Naruto e aquela conversa deixou Sasuke ainda mais saudosista.
Quando chegaram em casa, Izuna aguardava os dois com uma mesa farta e uma boa xícara de chá bem quente. Era a refeição antes do jejum de purificação que eles faziam todo início de ano.
O abraço do pai deixou Sasuke mais tranquilo. Izuna sempre teve essa característica de acalmá-lo. Só que não demorou muito para que os pais começassem uma discussão boba, porque Tobirama esqueceu-se de comprar algumas coisas que Izuna pediu.
— Eu fiz uma lista justamente para você não se esquecer. — Izuna falou, cruzando os braços. — Ele era um ano mais novo do que Tobirama, um pouco mais baixo e com cabelos negros, que eram retocados sempre que possível, embora Sasuke pudesse ver os fios grisalhos próximo das orelhas. Sasuke não disse nada, porque sabia como o pai era vaidoso.
— A cidade está uma bagunça, não dava para eu ficar dirigindo para lá e para cá atrás das coisas que você quer.
Izuna moveu a mão, dizendo que não queria mais falar sobre aquele assunto e Tobirama bufou.
— Querido, vamos aproveitar que está aqui para fazer umas fotos em família? — Izuna perguntou para Sasuke. — Eu quero todos juntos, nada de me enrolar.
— Claro, pai. — Sasuke disse, dando um beijo no rosto do pai e pedindo desculpas por estar cansado, ele foi para seu quarto e se deitou na cama.
Aquele não era seu antigo quarto.
O quarto que dormia quando era adolescente agora era uma parte da sala. Seu pai reformou a casa assim que ele foi para a faculdade. Ao contrário da casa dos pais de Naruto, que era basicamente a mesma coisa.
Sasuke riu, de forma boba, achando que estava dando muita importância para aquele encontro.
Depois que despertou de um cochilo, Sasuke aproveitou sua folga. Passou o dia com os pais. Eles conversaram enquanto faziam a limpeza da casa e então foram ao templo budista.
Sasuke deixou os pais sozinhos fazendo suas preces, enquanto caminhou pelo lugar. Ele visitava aquele templo todos os anos na companhia dos pais, mas não fazia nenhum pedido específico.
Sua visão focou no pequeno lago com carpas, depois, para um casal que caminhava segurando a mão de uma criança. Sasuke então viu Naruto caminhar sozinho pelo templo. Ele usava um quimono tradicional e seus cabelos estavam bem penteados para trás. Por um momento, Sasuke apenas observou-o caminhar, subindo a ponte de arcos e cruzar o lago de carpas, se aproximando.
Naruto o cumprimentou com um sorriso, ele disse que estava ali com os pais. Parecia empolgado por visitar o templo.
Os dois caminharam juntos, Sasuke estava até se arrependendo de não ter aceitado vestir um quimono, como o pai sugeriu. Agora, ele olhava para Naruto e por um momento as lembranças de antes tocaram seu coração.
O romance deles não era apenas de dois adolescentes com muita energia, mas havia cumplicidade e momentos calmos. Sasuke e Naruto partilharam momentos sensíveis ao longo da adolescência e a descoberta do amor. Era tudo novidade para eles, e muito intenso.
Talvez por isso não souberam lidar muito bem com a relação à distância.
— Vocês estão aí. — Izuna falou, parecendo empolgado por ver Naruto. Ele então convidou-o para tomarem um chá em sua casa, assim que pudessem.
Naruto concordou e Sasuke notou o sorrisinho do pai em sua direção.
Quando retornaram para casa, Izuna comentou sobre como Naruto estava bonito.
— Sim, está. — Sasuke falou, sem demonstrar que se sentia um pouco abalado.
— Filho, eu vi que você estava muito calado e... — Izuna se aproximou dele e tocou seu ombro. — Está tudo bem chamá-lo para o chá?
— Sim, pai. É que... — Sasuke soltou os ombros e levou a mão ao rosto. — Até o papai sentiu que era como voltar ao passado, um deja vu.
Izuna riu. Sasuke reconheceu aquela expressão, o pai conhecia muito bem sua personalidade, ele não era assim tão fácil de cair pensamentos tão sentimentais.
— Você é um homem amadurecido, querido, o passado ainda continua lá. O que você fizer agora, será o presente. — Izuna deu leves batidinhas no peito de Sasuke. — Pense nisso, vocês não são mais dois adolescentes em fase de descobertas. Estão no auge.
E com uma piscada de olho, ele virou-se e chamou Tobirama para ajudá-lo.
A conversa com o pai foi importante para Sasuke pensar melhor sobre o que estava fazendo, ou melhor, o que não fez e gostaria de fazer.
Quando a família Uzumaki chegou, Sasuke estava ajudando os pais na cozinha. As duas famílias eram muito amigas e próximas, mesmo quando os filhos se separaram e cresceram, eles continuaram se reunindo para conversarem e se ajudarem.
Após uma longa conversa com lembranças constrangedoras, Sasuke e Naruto deixaram os pais na sala, assistindo vídeos dos dois na infância.
Não era nada demais, apenas vídeos caseiros deles no lago, ou jogando um campeonato na escola.
— Ainda me lembro daquele jogo. — Naruto falou, depois que eles passaram pela porta da varanda e caminharam um pouco mais. — Você conseguiu fazer a cesta quase no último segundo, até foi capa do jornal da cidade.
Sasuke deu uma risadinha. Estava frio, mas ele usava um casaco grosso. Naruto vestia um cardigã bem antiquado, que mais parecia ter sido emprestado pela mãe.
— Não é como se fosse algo muito incrível, o jornal da cidade não tem tantos furos diários para cobrir. — Sasuke o empurrou levemente com o ombro e eles continuaram andando.
— Senti falta disso. — Naruto parou um momento e olhou para Sasuke com um semblante calmo. As luzes da varanda estavam acesas e o tom amarelado da luz trazia mais destaque para os olhos azuis. — Sabe, conversar com você. Eu queria ter isso novamente.
Sasuke devolveu o sorriso, mas segurou-se com as palavras. Sasuke poderia ser um homem adulto e maduro, e cheio de vontade próprias. Mas ainda possuía um coração cheio de memórias doces.
Naruto falava sobre como ele se arrependia por não ter sido um amigo melhor ao longo dos anos. Sobre como eles perderam contato, e queria que pudessem conversar mais.
Sasuke ouvia tudo atentamente, ele deu um passo para o lado, em direção a Naruto. O clima amigável e divertido tornou-se mais aconchegante.
Sasuke não queria deixar seu lado juvenil apaixonado aflorar naquele momento. Ele se sentia como se precisasse controlar a situação. E sabia fazer isso muito bem quando usava seu charme.
Ele conhecia Naruto, pelo menos conhecia aquele Naruto do passado. E com as informações que possuía de agora, Sasuke sabia o que fazer. Seus olhos comprimiram na direção do Uzumaki e um sorriso pequeno se formou. Sasuke moveu os lábios e aproximou-se mais de Naruto. Provocante, ele perguntou o que mais Naruto sentia saudades de fazer com ele.
A sua voz era suave e provocante. Sasuke crispou os lábios, observando os olhos de Naruto crescerem em sua direção. A expressão dele também mudou. Afinal, Naruto era um homem maduro e, com as lembranças aflorando naquele momento, Sasuke se viu desejando que ele o tomasse naquele momento em um beijo.
Ainda podiam ouvir a conversa divertida dos pais na sala, enquanto isso, a aproximação deles havia se completado. Sasuke olhava Naruto bem de perto e seus lábios estavam próximos o suficiente para sentir o ar quente soprar.
Ele inclinou a cabeça para o lado, como se fosse beijá-lo. Mas queria apenas brincar um pouco com Naruto.
Sasuke se afastou e moveu a mão no ar, chamando-o para ir atrás dele. Os dois saíram da varanda e entraram em um corredor, a sala de visitas estava em outro cômodo, onde não poderia vê-los.
Ao abrir a porta do quarto, Sasuke sentiu o coração bater forte. Seu corpo foi tomado por um arrepio quando a porta se fechou e Naruto o abraçou por trás. A boca dele foi de encontro ao seu pescoço, dando leves beijos, até que o lambe em direção à orelha.
Sasuke gemeu baixinho, entregando um pouco de sua excitação. Ele se virou e as mãos foram em direção as roupas de Naruto, retirando-as com pressa. O desejo estava no controle naquele momento e Sasuke não se sentia envergonhado de demonstra que o queria.
Naruto também não estava nem um pouco envergonhado pela situação. Ele estava excitado e demonstrou isso com seu corpo e suas ações, levando Sasuke para a cama.
O beijo que trocavam era intenso, mas havia um toque de carinho quando Naruto se movia sobre seu corpo e segurava suas mãos, entrelaçando os dedos. A boca dele o beijava de forma voraz um momento, e no outro estava alisando os lábios em sua pele quente.
Sasuke apertou os lábios e gemeu ao ser preenchido. Ele se preparou para acelerar os movimentos, mas Naruto o segurou pela cintura e foi movendo o quadril mais devagar. Ele o penetrou completamente com vigor, mas depois se retirou de dentro dele e o beijou, fez isso algumas vezes até deitar-se de lado na cama, Sasuke fez o mesmo. Deitou-se de costas, ao lado de Naruto. Sentiu a perna ser erguida o suficiente para que Naruto tivesse mais liberdade de mover-se para dentro novamente.
O braço de Naruto o segurou com uma força moderada e Sasuke deixou a cabeça descansar no travesseiro. Eles se moviam devagar em cima da cama, era como fazer amor em uma noite fria, de forma calma e apaixonada. Longe de tudo, da vida lá fora, dos problemas, do amanhã.
Sasuke abriu os olhos e soltou o ar quente pela boca. Ele estava inebriado pelo calor do corpo de Naruto, o seu cheiro característico e aquele corpo que havia se desenvolvido com o tempo o tomava completamente.
Ele não negava que desejava transar com Naruto logo que os dois ficaram sozinhos, mas não esperava que fossem fazer um sexo tão gostoso embaixo das cobertas. Riu, mas não deixou de aproveitar o peito confortável que Naruto ofereceu após a transa.
***
O feriado passou mais rápido do que o normal, ou era porque Sasuke estava se divertindo tanto? Ele não sabia dizer, mas se divertiu. Ao retornar para Tóquio, seus compromissos o aguardava como uma avalanche.
Mesmo assim, Sasuke manteve uma expressão bem mais tranquila na primeira semana que voltou ao trabalho. As reuniões terminavam mais cedo, e seu horário de almoço foi substituído por algumas aulas de yoga.
Sasuke encontrou-se com Yamanaka Ino na sexta-feira à noite, mas ele apenas bebeu alguns drinques e dançou. Não foi para casa acompanhado, disse para a amiga que queria um tempo para curtir sua vida.
Apesar de tudo, Sasuke foi retomando suas atividades rotineiras e aquela vibe foi sendo engolida por uma extensa agenda cheia de compromissos ao longo das semanas.
A inteligência artificial o lembrou da agenda daquele dia.
IA_: Hatake Kakashi retorna ao Japão essa semana, seu voo está confirmado para quarta-feira. Deseja enviar um presente de boas-vindas?
Sasuke concordou e agendou uma entrega de cesta de frutas para o endereço do chefe, no dia que ele regressasse e um convite para jantarem como comemoração do ano novo, já que não se encontraram nas festas de fim de ano. Isso porque Kakashi viajava sempre para se juntar aos pais idosos. Além do feriado de ano novo, Kakashi aproveitava para tirar algumas semanas de férias. Apesar de Sasuke saber que o chefe nunca ficava sem trabalhar, provavelmente ele andou arrumando algo para fazer na cidade dos pais.
Após o café da manhã, Sasuke escovou os dentes. Ele se olhou no espelho, estava com uma expressão bem cansada e um pouco inchado. Marcou uma consulta com o dermatologista e o nutricionista para aquela semana, mas a agenda dos profissionais estava cheia. Ele então pediu para marcar o mais breve possível. E seria em dez dias.
Sasuke achou prudente aguardar, a última vez que mudou de médio não parecia ter sido muito certo.
Ele pegou a bolsa de trabalho e saiu do apartamento bocejando, estava dormindo mais do que o normal nos últimos dias. Sentia-se cansado a maior parte do dia e pensou que isso era um reflexo de sua rotina um pouco sedentária. Depois que voltou de viagem da casa dos pais, ele apenas fez yoga. Precisa de um esporte, quem sabe voltaria a correr.
Na quarta-feira, Sasuke recebeu uma ligação de Kakashi, agradecendo a cesta de frutas. O chefe aceitou o convite de jantarem juntos, mas achava que seria mais interessante se fosse em seu apartamento. Sasuke desligou o celular com um belo sorriso. O sorriso se desfez logo depois que ele vomitou todo o almoço no banheiro.
— Está tudo bem? — Perguntou um dos estagiários, quando entrou no banheiro naquele momento. — O Konohamaru também passou mal, ele comeu um daqueles lanches de atum.
Sasuke lavou o rosto na pia e olhou-se no espelho. Ele também havia comido o sanduíche de atum que foi solicitado para o almoço. Era um restaurante bem confiável, por isso achou estranho passar mal. Mas falaria com eles para saber se mais cliente se sentiram assim.
Sasuke pensou em cancelar o jantar, mas até o final da tarde ele estava se sentindo melhor. Então decidiu ir ao apartamento de Kakashi naquela noite.