
O falcão inteligente esconde as garras, ou não.
As cortinas foram se abrindo devagar, conforme o vidro fosco da janela mudava seu tom, clareando o quarto. Uma música suave iniciou-se, como ritual de despertar de Uchiha Sasuke.
Era seis horas da manhã e ele espreguiçou-se na cama, empurrando os lençóis com os pés. Logo que levantou, solicitou que a assistente virtual informasse sua agenda do dia. Primeiramente, a voz delicada da inteligência artificial começou a falar os avisos da manhã.
IA_: A temperatura do lado de fora é de 9°, a recomendação é que fique em casa em caso de nevasca. A probabilidade de nevar hoje é baixa.
IA_: Reunião com os estagiários às nove horas.
IA_: Almoço com Yamanaka Ino ao meio dia.
IA_: Reunião com os representantes da empresa Hyuuga às duas da tarde.
IA_: Consulta com a Doutora Shizune às cinco horas da tarde.
IA_: Encontro com Sasori às dez horas da noite.
Sasuke tomou um banho demorado, lavando os cabelos, enquanto a música voltava a tocar. Ele morava em um apartamento adequado para um homem solteiro, havia se mudado recentemente para aquele prédio que foi inaugurado após uma reforma. O bairro em que vivia era movimentado de dia e de noite. Havia uma universidade próxima, bares, centros de compra e lojas de marcas importadas.
Sasuke nasceu em uma vila nas montanhas, mas o que ele gostava mesmo era de viver aquela agitação da cidade grande. Ele não pensava em se casar tão cedo, por isso não cogitava morar em uma casa em um local mais tranquilo.
Ele saiu do banho e secou os cabelos com o secador, penteando os fios pretos após passar uma pomada modeladora. Sasuke se vestiu, escolhendo um dos smartwatch que usaria no pulso. Depois, preparou o café da manhã na cozinha, enquanto assistia ao jornal matinal. Sasuke não comia muito pela manhã, gostava de frutas e um café forte. Às vezes preparava omelete ou torradas, mas naquela manhã ele não sentia muita fome. Por isso apenas preparou uma tigela com aveia e frutas.
Na fina televisão digital presa à parede, o jornalista falava sobre os festivais em comemoração ao centenário do Movimento da Aliança de Ouro, iniciado por jovens daquela época, que ganhou força ao redor do mundo após muitos protestos. Essa luta foi definitiva para que metas importantes fossem estabelecidas. Principalmente no que diz respeito às leis ambientais, propondo um desenvolvimento sustentável para o planeta. Leis trabalhistas mais humanizadas e apoio vital as famílias vítimas da crise econômica que levou muitas empresas à falência.
A família de Sasuke lutou em prol das metas de sustentabilidade, eles eram agricultores e foi passando de geração para geração seus ensinamentos. Ele cresceu em um ambiente acolhedor, tornando-se um homem seguro de si. No entanto, não seguiu a mesma carreira que os pais agricultores.
Os eventos que o jornal noticiou contavam com um show de fogos de artifício, que inauguraria as comemorações. O jornalista parecia animado com as atrações daquele ano para os shows e Sasuke pensou se não seria uma boa ideia chamar sua amiga para ir com ele ver os fogos de artifício.
Sasuke bebeu o café e, antes de sair, ele recebeu um alerta da assistente digital.
IA_: A consulta com a Doutora Shizune foi remarcada para o mês que vem.
Sasuke crispou os lábios. Ele não poderia esperar um mês para realizar o procedimento que havia marcado para aquela tarde.
Sasuke pediu para a inteligência artificial ligar para o consultório e a única consulta que teria disponível era dali cinco dias com outro médico. Ele aceitou, precisava implantar o dispositivo hormonal, que evitava a gravidez.
Ele revisou a agenda e cancelou o encontro com Sasori.
O escritório de relações públicas Hatake & Maito, ocupava dois andares de um famoso arranha-céu em Shinjuku. Era onde Sasuke trabalhava há quatro anos, na área de marketing digital.
Ele era um dos primeiros a chegar, e também um dos últimos a sair. Sasuke entrou em sua sala, onde a temperatura já estava adequada para o seu gosto. Era possível configurar esses detalhes pelo aplicativo do celular.
Um café foi servido por um dos estagiários, que chegou logo depois dele. Sasuke estava com a agenda folgada naquele dia, por isso não se importou quando, às nove e quinze, a reunião ainda não havia começado.
De qualquer forma, ele foi bastante sincero em dizer que aquele tipo de comportamento era inadequado, não somente para suas carreiras profissionais, mas para o nome da empresa que eles representavam.
— Os cliente não vão esperar, vocês precisam se mostrar que são qualificados para os representar. Nosso trabalho é estar sempre um passo a frente de todos os outros. Então, eu espero que em nosso próximo encontro, vocês não se atrasem.
Apesar de sério, Sasuke detinha a atenção dos mais jovens, eles anotavam muitas coisas do que ele dizia ao longo da reunião e agradeceram o seu esforço no final.
Na hora do almoço, Sasuke encontrou-se com Yamanaka Ino.
Ino era vegetariana, seu restaurante favorito ficava próximo do trabalho de Sasuke, por isso eles se encontravam com frequência. Eles esperaram a mesa ser liberada no bar do restaurante, conversando.
— Você vai mesmo em outro médico? Me falou que a Doutora Shizune era a melhor. — Ino não conseguiu evitar de beber um vinho branco. Era pelo menos uma taça para que ela voltasse ao trabalho.
Yamanaka Ino e Sasuke se conheceram logo nos primeiros anos em que o Uchiha chegou em Tóquio, quando foi para a universidade. Ela era mais velha que ele apenas dois anos. Mas sua aparência era mais jovial a cada ano que passava. Sorridente, ela bebeu um gole do vinho, observando a garçonete atrás do balcão do bar, servindo as bebidas.
— Estamos no final do ano, e em breve eu vou viajar para a casa dos meus pais.
— E você não consegue ficar um mês sem farrear, não é? — Ino sorriu divertida e piscou para Sasuke. Voltando os olhos azuis para a mulher de cabelos rosados.
Ele não desmentiu Ino, não escondia que sua vida sexual era bastante ativa. Sasuke transava com quem ele quisesse, quando ele quisesse. Mas sua liberdade não se resumia apenas a sexualidade. Sasuke era jovem e gostava de experimentar coisas novas, para ele não havia barreiras, muito pelo contrário, sempre que se deparava com um obstáculo, buscava superá-lo da melhor forma.
Em seu trabalho, Sasuke era responsável por criar estratégias para aproximar grandes marcas de seu público. Geralmente essas empresas vinham até ele após alguma polêmica, e precisavam de uma nova identidade visual. No entanto, Sasuke não utilizava de maquiagem, por assim dizer, para cobrir os erros dessas marcas com conteúdos vazios e mensagens decoradas que todos replicavam.
Sasuke possuía uma pequena equipe que colaborava com a nova identidade das marcas, buscando ajudar não apenas o nome da empresa, mas as pessoas que trabalhavam nela. E a internet era, agora, o meio mais facilitador de se conectar com o público.
Após o almoço, Sasuke passou algum tempo sozinho em seu escritório, revisando a apresentação. Ele também falou com o pai, Izuna, dizendo que em breve eles se encontrariam.
Izuna: Seu pai está preparando sua comida favorita. Não demore para vir nos visitar.
Sasuke: Eu não demoro, marquei a viagem para o dia dois de janeiro.
Izuna: Fico mais tranquilo que você virá de trem, as estradas estão muito perigosas nessa época do ano para andar de carro.
Sasuke ainda não possuía planos para o ano novo, pensou em aceitar o convite de Ino para ir com ela em uma festa. Mas logo ele mudaria de ideia.
A reunião com os representantes da empresa Hyuuga iniciou-se no horário marcado. Kakashi Hatake, um dos fundadores do escritório de relações públicas, estava presente, cumprimentando a Líder dos Hyuuga.
Sasuke, por sua vez, estava em seu lugar aguardando o momento de falar. Ele já havia conversado com um assessor de Hanabi Hyuuga, mas não havia se encontrado ainda com ela e o primo mais velho.
Sasuke e Neji se conheceram há alguns anos na faculdade. Neji estava no curso de Relações Internacionais, e eles se esbarraram algumas vezes pelos corredores da Universidade, também nos dormitórios, e muitas vezes em seu quarto.
— Meu primo fez ótimas recomendações ao senhor Uchiha. Quando ele me falou que é um ômega, como eu, soube que estaríamos em boas mãos. Eu estou ansiosa para ver o que tem para nós. — Hanabi falou, sentando-se na cadeira e Sasuke tomou o seu lugar na frente da mesa, onde havia uma tela digital.
Sasuke tocou no ícone e abriu a apresentação de holograma no centro da mesa.
O logotipo da marca Hyuuga Telecomunicações, um H e um T em tons prateados, ficou girando lentamente, enquanto representações gráficas dos funcionários caminhavam em miniatura pela mesa. Conforme Sasuke falava, sua apresentação ia acompanhando os comandos de sua voz e mudando o holograma.
A empresa Hyuuga havia entrado em um escândalo de assédio no trabalho, onde funcionários alfas relataram que trabalhavam longas jornadas com salários menores que de seus colegas betas e ômegas. Isso acionou o Ministério do Trabalho, autuando a empresa para entrar em conformidades da lei.
Contudo, não bastava aumentar os salários, ou diminuir os horários de trabalho para que tudo ficassem bem. Uma empresa como a Hyuuga Telecomunicações, que prestava serviço para todo o país, e até mesmo fora dele, deveria mostrar comprometimento e apoio aos empregados, se quisesse manter seu status.
— Alguns passos são importantes para que a empresa se mostre igualitária entre as classes. Uma estrutura de apoio é essencial para que os funcionários se sintam mais seguros, esse apoio deve vir, principalmente, dos níveis hierárquicos mais altos, até os mais baixos. Ou seja, vocês estão no topo, é preciso abraçar as causas dos funcionários. Eu proponho algumas reuniões em horário de trabalho para falar sobre a equidade. Oportunidades de carreira é uma outra pauta importante.
A reunião terminou após a discussão sobre como poderiam implementar as ideias de Sasuke.
Hanabi era a filha mais nova de Hiashi, um homem de idade avançada que havia se aposentado e agora passava seus dias cuidando de um belo jardim em sua mansão. Sua irmã mais velha, Hinata, havia se mudado para a Coréia do Sul, deixando-a com o trabalho de diretora executiva da empresa. Apesar de jovem, Hanabi demonstrava ser pulso firme e seguidora das tradições da família Hyuuga. Sasuke sabia que a família Hyuuga fazia parte de uma vertente que acreditava na Hierarquia de Base Ômega.
Nessa vertente, os Ômegas detêm os poderes e privilégios, por muito tempo negados a eles. A figura do ômega, no passado, era vista como frágil e por anos viveram às sombras, trabalhando em prol da manutenção social, através de trabalhos voltados para os cuidados das outras pessoas. Contudo, com o avanço social e tecnológico, as pessoas ômegas foram se destacando cada vez mais.
Tudo isso, é claro, ocorreu há mais de 200 anos, após uma Revolução que lutou pela queda do regime de opressão da época. Diversos países dominados por líderes alfas caíram, subindo ao poder líderes ômegas. Assim iniciou-se a Nova Era Contemporânea, tendo como valores a Igualdade, Fraternidade e Liberdade.
Os ômegas ainda detinham o poder político, social e econômico em maior número. Embora outros movimentos tenham ocorrido ao longo desses dois séculos, querendo unificar as classes. A família Hyuuga apoiava o sistema atual, onde os Líderes Mundiais são predominantemente pessoas ômegas, e isso fica claro na postura de Hanabi, e nas acusações da empresa de sua família. Mesmo que ela estivesse aberta para mudanças, Sasuke sabia que era uma longa jornada com muito diálogo.
Afinal, quando uma empresa buscava ele é para fugir das multas altíssimas do Ministério do Trabalho e a rejeição popular na internet. Apesar da população mundial ser em maior número pessoas betas, os alfas possuíam uma grande contribuição laboral para a sociedade, principalmente para uma empresa como a Hyuuga Telecomunicações.
Sasuke era sempre muito cauteloso em seu trabalho, pois não queria inflar discussões sobre quem era melhor ou pior, quem detinha mais poder ou quem era mais fraco. Mas era preciso agir para que todas as pessoas tivessem seus direitos garantidos, sejam eles ômegas, betas ou alfas.
Assim que Hanabi se despediu e saiu da sala, Neji inclinou os ombros para se despedir de Sasuke. Eles se olharam por um instante, enquanto Hanabi conversava com Kakashi.
— Está ocupado essa noite? — Neji perguntou, observando a prima sorrir um pouco forçada em sua conversa. — Eu gostaria de levar você para jantar, agradecer pela sua paciência de hoje.
Sasuke moveu o rosto ligeiramente e devolveu o sorriso para Neji. Ele observou que o Hyuuga ainda cultivava os belos cabelos castanhos longos e bem lisos, enquanto combinava muito bem suas roupas sociais com aquele penteado.
No entanto, ele teve que recusar o pedido. Sasuke se conhecia muito bem, não era nada inteligente de sua parte sair com Hyuuga Neji naquela noite, não depois de ter cancelado sua consulta médica. Ele estava no período do cio, e seu dispositivo havia já terminado a vida útil.
Mas eles combinaram de se encontrarem no ano novo, em uma festa que Hanabi estava organizando na mansão Hyuuga.
Sasuke ainda conseguiu um passe livre para Ino, que mal acreditou quando soube.
***
O feriado do Ano Novo atualmente era dividido em duas partes. A primeira, era comum as festas de comemoração, encerrando o ano e aproveitando a festa geralmente com os amigos. A segunda parte, as famílias costumavam se reunir. Então cada família possuía sua tradição.
A família Uchiha costumava descansar nesse período por dois motivos. Era inverno e eles moravam nas montanhas. O segundo motivo, eles resguardavam o inicio do ano para purificação. Os pais de Sasuke faziam jejum para purificar o corpo e meditavam para purificar a alma. Também limpavam a casa das más energias, e geralmente eles tinham um atrito quando essa parte era posta em prática.
Sasuke não fazia o jejum, nem a meditação, mas ajudava na limpeza da casa.
Mas não era hora de pensar nisso.
Sua consulta marcada foi realizada e o dispositivo interno foi inserido. Era um implante que liberava um hormônio no corpo, impedindo que houvesse ovulação. A durabilidade era de três anos e então ele precisaria fazer uma nova aplicação.
Sasuke agradeceu ao médico que o atendeu e marcou um retorno para o mês seguinte com a Doutora Shizune.
Ino e Sasuke foram ao festival para ver a queima de fogos, e decidiram terminar a noite em uma balada.
Um pouco cansado, Sasuke sentou-se no bar e pediu um drinque. Ino estava na pista de dança, atraindo diversos olhares, enquanto dançava animada e jogava seus longos cabelos loiros, movendo os braços.
Sasuke sorriu para ela e balançou a cabeça. Uma pessoa sentou-se ao lado dele e pediu uma outra bebida, oferecendo para Sasuke.
— É por minha conta. — A pessoa disse, movendo a boca e passando a língua sobre o lábio inferior. Sasuke virou a cabeça para olhar quem estava oferecendo uma bebida para ele. — Nossa, você tem belos olhos.
— Obrigado. — Sasuke falou, desinteressado, mas não seria mal-educado. Ele não sentiu qualquer sensação agradável com a aproximação daquela pessoa.
— Como chama? Heterocromia?
— Hmm, sim.
— Eu nunca saí com alguém que tem um olho de cada cor, parece excitante.
— Não é tão diferente de ter os dois olhos da mesma cor. — Sasuke ensaiou um sorriso para não parecer grosseiro com a pessoa que pagou uma bebida. Seu olho direito era negro, enquanto o esquerdo era um tom raro de violeta.
Apesar da pessoa ser bonita e ter uma linha delicada no queixo, olhos angulados e um sorriso atraente, o corpo de Sasuke não reagiu nem com um arrepio sequer.
Sasuke soltou o ar pela boca, entediado, era uma cantada recorrente. Péssima, por sinal. Na segunda dose do drinque, ele desistiu de acompanhar a conversa. O garçom notou, e sorriu, enquanto entregava duas garrafas de cerveja para os clientes.
O olhar de Sasuke direcionou para o garçom, ele desviava o olhar algumas vezes, mas sempre voltava a encará-lo.
Sasuke podia sentir notas aromáticas que o deixou excitado. Ele sorriu de volta para o garçom, mas a pessoa ao seu lado não parava de falar. Sasuke pediu desculpas, dizendo que iria embora e deixou a pessoa falando sozinha no bar.
Na pista de dança, Sasuke aproveitou mais um pouco da noite com Ino e depois eles foram embora de táxi.
Enquanto Ino dormia no sofá, sem nem tirar o vestido de lantejoulas que usava, Sasuke foi ao banheiro. Ele se sentia enjoado, vomitou no vaso e depois tomou um remédio. Apesar de ter bebido pouco, achou que aquele drinque não fez bem para ele. No outro dia ele se sentiu melhor, mas decidiu não beber muito na festa de ano novo.
***
A mansão Hyuuga ficava em uma zona nobre de Tóquio. Os convites eram entregues na entrada, onde poderiam avançar para entrar nos jardins.
— Você vai se importar se eu te deixar sozinho caso encontre alguém interessante essa noite? — Ino perguntou, segurando no braço de Sasuke. Ela vestia um longo vestido azul, o tecido fino possuía um caimento perfeito em seu corpo. Os cabelos dela estavam presos em um penteado alto, e a maquiagem destacava os belos olhos azuis.
— Aproveite seu ano novo. — Sasuke a beijou no rosto e eles entraram na festa.
Passaram a primeira hora juntos, conversando e comendo muito pouco. Sasuke bebeu menos ainda. Assim que Ino encontrou uma parceira para dançar, ele caminhou até a varanda do jardim.
— Sasuke? — Chamou Neji.
Ele virou-se e viu o Hyuuga se aproximar com passos lentos. Ele vestia uma perfeita combinação de blazer escuro com lapela estreita, calças da mesma cor e uma camisa cinza. Os cabelos soltos e bem penteados, enquanto seus olhos ainda mantinham um brilho curioso.
— Feliz ano novo.
— Para você também. — Neji o cumprimentou com um movimento de cabeça.
— Eu não vi sua prima, Hinata, ela não vem?
— Não, dessa vez somos apenas Hanabi e eu. Por isso demorei para te achar, estava recebendo alguns convidados do meu tio. Você já se serviu? Precisa de algo?
— Estou bem. — Sasuke crispou os lábios. Ele piscou e continuou olhando Neji que falava de maneira gentil as suas obrigações. Sasuke sabia que ele não gostava de ser usado como um belo manequim que desejava boa noite para as pessoas, mas era a sua função aquela noite. Neji era um homem inteligente, mas ele não possuía muitos poderes e liberdade na empresa da família. Trabalhava ao lado de Hanabi, ainda assim, seus feitos eram todos ofuscados pela prima.
Depois de um tempo conversando e caminhando pela mansão, Sasuke e Neji estavam em um dos corredores longos. Relembraram a época da faculdade, as festas, os dilemas, as situações diversas que existiam dentro de um campus.
Neji riu, lembrando-se de que foi mascote do time por um curto período, mas divertiu a plateia, de acordo com Sasuke.
— Sabe que você possuía fãs fervorosos, não é?
— Não me lembro. — Neji falou.
— Bem, alguns até ficavam imaginando se você estava vestido ou pelado naquela fantasia de raposa vermelha.
Neji corou, balançando a cabeça.
— Eu passava um calor dentro daquela roupa. Mas vestido. — Eles gargalharam e pararam de andar por um momento. — Eram preocupações bem diferentes que nós tínhamos naquela época.
Sasuke concordou. Eles amadureceram, possuíam agora novas responsabilidades. Mas algumas coisas não mudavam.
O beijo foi intenso, iniciou-se ainda no corredor, depois Neji o segurou pela mão e eles subiram para o segundo andar, entrando em um quarto. Sasuke sentiu as costas contra a porta e suas mãos afoitas passeavam pelo corpo de Neji, descendo até o meio de suas pernas e acariciando o pênis sobre a calça dele.
— Eu me lembro muito bem disso aqui. — Sasuke sussurrou.
Neji soltou um gemido, enquanto levava-o para se deitar em sua cama. Ele tirou o blazer e a camisa, ajoelhando-se, voltando a beijar Sasuke. As roupas foram sendo removidas com agilidade, estavam ansiosos pelo contato de seus corpos.
Sasuke fechou os olhos, mordendo o lábio ao sentir a boca de Neji o tomar com voracidade, chupando-o intensamente. Sasuke sentia seu corpo ferver em desejo. Embora quisesse sentir Neji em seu interior o mais rápido possível, também sabia que o Hyuuga era um amante que demonstrava paixão em cada ato. Ele beijou o corpo de Sasuke completamente, o preparando com cuidado, subindo os beijos pelas suas costas e puxando seu cabelo para trás, com uma mão leve.
Sasuke sentiu um arrepio correr por sua pele, ele ansiava pelo que viria depois, ao sentir o corpo de Neji sobre o seu, o pênis duro roçando na entrada, fazendo um jogo de sedução. Assim que o sentiu penetrar, Sasuke lançou um gemido alto. Ele já não se lembrava mais que estavam em uma festa numa mansão. Apenas havia Neji, com movimentos rápidos, metendo dentro dele e o levando ao prazer.
***
No dia dois de janeiro, Sasuke viajou para visitar os pais. Ele estava na estação de trem, esperando a carona que o pai prometeu. Mas, devido a nevasca, Izuna e Tobirama estavam presos em casa.
Os pais estavam tirando a neve do caminho, mas isso levaria horas para terminar. Eles pediram para Sasuke se hospedar em um hotel na cidade, mas ele se recusou. Procurou por um táxi, mas ninguém sairia naquele tempo. Ele deixou a estação de trem, não havia quase ninguém na rua.
— Você pode ficar aqui, querido. — Kushina moveu a mão, chamando Sasuke para entrar em sua loja de artigos esportivos.
A loja da família Uzumaki vendia todos os tipos de apetrechos para esportes radicais, embora aquela vila fosse mais conhecida por ser calma e muito pequena. Ainda assim, havia alguns visitantes que aproveitavam a época do inverno para descer as montanhas em snowboard.
Sasuke entrou na loja e aceitou a bebida quente oferecida por ela. Fazia pelo menos uns quatro anos que ele não entrava naquela loja, a última vez foi para acompanhar seu pai que insistiu que aprenderia algo novo naquele ano em questão. Tobirama conseguiu apenas quebrar uma das pernas.
A família Uzumaki também era conhecida no lugar pelo filho famoso. Ou melhor, era famoso apenas na vila e em alguns cantos do mundo, em que ele participava de competições de inverno. Incluindo as Olimpíadas.
Sasuke se lembrava de tê-lo visto na televisão, recebendo a medalha de prata. Mas achava que Naruto há muito tempo sequer se lembrava dele, ou de seu nome.
— Hey! Filho, olha só quem está aqui. — Kushina disse, contente, quando a porta da loja abriu e deixou entrar aquele vento frio da rua.
— Oi, Sasuke, já faz um tempo, não é?