Um Amor Não Correspondido

Naruto
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Um Amor Não Correspondido
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Depois de muitos amores e paixões, de muitas pessoas passarem por sua vida e por sua cama, nenhuma delas com alguma importância relevante o Ninja Copiador, ele se encontra perdidamente apaixonado, nem sabia que era possível amar alguém daquela maneira, com aquela intensidade. Porém parecia que o destino estava brincando com sua cara, lhe mandando de volta às vezes que fez outras pessoas sofrerem por sua causa, por sua rejeição. Ele poderia amar, mas não era e provavelmente nunca seria correspondido. Como sabia disso, como poderia ter tanta certeza? Simplesmente pelo fato que havia começado a cuspir pétalas de girassóis, a flor preferida da pessoa que amava. Ele nunca acreditou na tal lenda Hanahaki, mas agora que aquilo estava acontecendo com ele sabendo o motivo daquilo, tinha que ir atrás de uma solução.
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Segundo Estágio

Kakashi havia decidido. Não falaria nada para Iruka. Nem para ninguém. Não queria ninguém com falsas preocupações ou lhe dando conselhos que de nada o ajudarão. Nunca gostou de dar trabalho para ninguém. Sempre foi independente e isso não mudaria agora.

Foi conversar com Tsunade para ver como ele passaria por aquilo, quais seriam os próximos passos, a evolução da doença, tinha que se preparar. Por isso marcou com ela uma reunião para decidir seu futuro. Kakashi achava aquilo irônico, o ninja temido, que apenas seu nome assustava os inimigos perderia uma batalha que nem sequer se daria o trabalho de lutar. Estava desistindo? Sim, mas não queria jogar nos ombros de Iruka uma responsabilidade tão grande quanto a de salvar sua vida. O amava demais para isso. Preferia sofrer sozinho.

─ Então Kakashi, tomou uma decisão? ─ perguntou Tsunade entrando na sala em que o Hatake estava.

─ Sim. ─ respondeu seco, o que não incomodou Tsunade.

─ E pelo que te conheço, imagino qual foi.

─ A mais difícil decisão que já tive que tomar. Pior do que a decisão de salvar meus amigos, de os deixar para trás. Não pensei que isso fosse doer tanto. ─ admitiu o mascarado.

Os dois ficaram em silêncio, ambos processando o que foi dito. Tsunade sabia do passado do Hatake, todos sabiam, o que para ela tornava a decisão dele justificável. Não o julgaria, provavelmente tomaria a mesma decisão. Alguns poderiam os chamar de egoístas, sem coração. Talvez fossem, mas só quem passar por aquela situação, poderia dizer algo.

O silêncio foi interrompido por um ataque de tosse de Kakashi, que não tinha outro jeito a não ser abaixar a máscara e deixar as pétalas saírem. A única diferença com a primeira que ele havia entregado a Hokage era que essa tinha sangue. A Hanahaki estava avançando mais rápido do o esperado.

─ A doença está evoluindo rápido Kakashi, provavelmente as pétalas estão se tornando flores, e com isso também estará crescendo os caules e ramos. Sinto dizer mas acho que temos pouco tempo. ─ disse a loira com pesar.

─ O que faremos? Quando poderei fazer a cirurgia?

─ Temos que esperar mais um pouco, para poder tirar “o mal pela raiz” literalmente. Você passará a sentir dores cada vez piores, terá dificuldades para comer e até para respirar. Vai ser um período muito difícil. Precisarei te afastar da sua função de ninja e de sensei do Time 7.

─ Como? Porque? 

─ Você não terá condições para cumprir seu dever, e até onde me disse gostaria que ninguém soubesse do que está acontecendo. É o que tem que ser feito. Não há outra saída.

─ Tudo bem. ─ concordou com certo desanimo. ─ Quem ficará responsável pelo trio? Evitar que eles se matem?

─ Yamato. Sabe quem ele é. O conhece muito bem. Foram parceiros na ANBU e fora dela também, até onde sei.

─ Você sabe de muitas coisas que não lhe dizem respeito.

─ Infelizmente a vida dos ninjas me dizem respeito, mesmo que não gostem. Aprova o Capitão Yamato como seu substituto para seu Time?

─ Sim, ele é o mais indicado. E como explicará minha ausência durante esse tempo, que pelo que entendi será um pouco longo, estou certo?

─ O tempo será relativamente longo, se bem que dependemos muito da evolução da doença, de como seu corpo reagirá antes e depois da cirurgia. Kakashi, você tem certeza de que quer isso mesmo? Sabe que poderá esquecer o Iruka, não o irá reconhecer, nem lembrará que um dia teve sentimentos por ele, que um dia o amou. Não quer mesmo tentar ser feliz?

─ Tenho Tsunade. A mais absoluta certeza. Não quero ficar com a dúvida, a incerteza de que será que um dia ele irá me amar? Não posso viver assim, prefiro esquecer tudo isso. É o melhor para nós dois.

─ Tudo bem, não tocarei mais nesse assunto. E para explicar a sua ausência, direi que você foi enviado em uma missão altamente secreta, sem prazo de volta e que não posso dizer onde foi. Será o suficiente.

─ Alguns não ficarão satisfeitos com essa explicação e sabe disso.

─ Eu sei, mas não poderão fazer nada, não direi nada. Não é da conta deles para onde eu mando meu melhor ninja. Só espero que você não perca todas as suas emoções e sentimentos depois disso. Farei meu melhor para que isso não aconteça, você sairá dessa com o mínimo de consequência. Eu prometo Kakashi.

─ Se tiver alguma consequência, tenho certeza que será melhor do que ficar sofrendo por amor ou de morrer por ele.  

─ Tudo bem, como quiser. A partir de agora você ficará 24 horas recluso, sem sair para não correr o risco de alguém te ver e por por água abaixo a sua situação.

─ Mas não ficarei trancado dentro de um quarto, sem sair, enlouquecerei.

─ E como pretende sair, se teoricamente estará em missão Kakashi. Não complique ainda mais as coisas.

─ Posso sair como Sukea, ninguém me reconhecerá. 

─ Quem? ─ perguntou Tsunade sem entender.

─ Sukea é um disfarce que uso quando não quero ser reconhecido. Alguém totalmente diferente de mim. 

─ Tem certeza?

─ Sim, verá quando eu o mostrar. É a única coisa que peço.

Tsunade respirou profundamente, analisando as opções. Não podia trancar Kakashi, por mais que ela imaginasse que com o avanço da doença acelerada, ele não teria muita força para sair muito em breve.

─ Ok, está liberado para sair, só peço que me avise antes.

─ Pretendo sair hoje, se possível.

─ Já? Mas nem avisei que sairia em missão, porque sair disfarçado se não há necessidade?

─ Tem algo que quero fazer se só conseguirei se for como Sukea.

─ Vai atrás do Iruka, não é? Eu ainda acho que deveria falar com ele, abrir seu coração para ele, mesmo que não seja correspondido, faria bem a ti, saberia que fez tudo o possível.

─ Já disse que não falarei nada ao Iruka e ponto final, nada me fará mudar de ideia. ─ falou Kakashi ríspido, saindo da sala deixando Tsunade sozinha.

─ Teimoso, por Kami, isso poderia se resolver bem mais fácil… 

À noite, Kakashi estava em sua casa se preparando para sair como Sukea. Passou algumas horas pensando no que Tsunade disse, mas a decisão que tomou era a correta, era nisso que acreditava ou que tentava se convencer. Mesmo sabendo que seria doloroso o ver, Kakashi precisava ver Iruka mais uma vez, mesmo que soubesse que o esqueceria em breve, esqueceria aquele sorriso animado, a mania de coçar a cicatriz quando estava nervoso, de como ele iria de calmo a bravo em um piscar de olhos, aquele cabelos longos que os viu solto apenas uma vez e que o deixavam ainda mais belo, daquela boca que nunca provou mas que gostaria e muito, conhecer cada pedaço daquele corpo, ficou algum tempo pensando no Umino, lembrando de cada gesto que o fez se apaixonar, voltou a realidade quando sentiu algo escorrer por seu rosto. Estava chorando? Há muito tempo Kakashi não sabia o que era isso, pensou até que não tinha mais lágrimas para derramar. Pelo visto ainda tinha e muitas. Sem demorar, junto as lágrimas veio mais uma vez a tosse e as pétalas de girassol junto com sangue. Sentiu no seu interior que realmente não teria muito tempo.

Quando acalmou um pouco, foi em direção ao banheiro e se olhou no espelho estava com olhos inchados e a sua boca estava suja de sangue, parecia que tinha saído de briga. Estava quase pronto para sair como Sukea, só precisava arrumar o cabelo e terminar a maquiagem, mas antes teria que arrumar a bagunça em seu quarto e em sua aparência. Não demorou muito e se encontrava pronto para sair, devidamente disfarçado como Sukea, um simpático fotógrafo, estatura mediana, pele branca, duas fitas roxas em torno dos olhos, escondendo a cicatriz no lado esquerdo, cabelos desgrenhados de cor castanhos e uma pinta abaixo da boca. Usava roupas simples que eram compostas por um grande casaco verde que chega até a parte dos joelhos com bolsos em cada lado, utiliza uma calça cor marrom, cobrindo metade dos pés e mais uma espécie de sandálias mostrando os dedos. Em volta do seu pescoço usava um cachecol mediano cor rosa escuro, carregando uma mochila na parte de cima do ombro esquerdo. Definitivamente era outra pessoa. Às vezes Kakashi desejava ser Sukea realmente, parecia que as coisas seriam bem mais fáceis.

Saiu de sua casa pela janela, cuidando para não ser visto ao sair, apesar da hora avançada, era melhor prevenir. Quando achou seguro deixou de se esconder e andava pela rua despreocupado. Enquanto caminhava em direção ao seu destino, viu Tsunade e Jiraya em um bar conversando, aqueles dois deviam parar de brigar e dizer logo que se amam. Para sorte do castanho, pelo menos por enquanto, não tinha muitas pessoas na rua e por isso não demorou a chegar na casa do Umino. A casa não era tão afastada do centro, era relativamente perto, e Kakashi deduziu ser por causa do trabalho como sensei na Academia. Ao se aproximar, subiu em uma árvore onde conseguisse ver o interior da casa de Iruka. Ele poderia ir até lá e falar com ele, mas o que diria? Ele nunca falou com Sukea, não tinha assunto e nem saberia como iniciar um. Poderia ser taxado como stalker por estar fazendo aquilo, mas não se importava. Ultimamente nenhuma de suas ações relacionadas ao sensei importava.

Porém Kakashi se arrependeu amargamente de ter ido até lá. Se não tivesse ido, não precisaria ter a confirmação, ainda maior, de que nunca teria o amor de Iruka, não teria visto o que viu. Em um primeiro momento, pensou que o professor estivesse sozinho, parecia estar cozinhando e tinha um sorriso ainda mais lindo nos lábios. Segundos depois o mascarado descobriu o motivo daquele sorriso. Viu Iruka ser abraçado por trás por alguém que conhecia bem e logo o virar para poderem ficar frente a frente e iniciarem um beijo. Por algum motivo que o prateado não entendia, ele não conseguiu sair do lugar, ficou olhando fixamente aquela troca de carinho, aquela demonstração de amor, que no seu íntimo desejou que fosse para si. Saiu do seu transe quando percebeu que as coisas entre os dois homens estava ficando mais quente quando viu o de cabelos curtos colocar Iruka sob a bancada e retirar a camisa que o professor usava. Aquilo era demais. Antes de finalmente sair do seu esconderijo, Kakashi falou consigo mesmo:

─ Se você está feliz, eu fico feliz. Mesmo que eu deseje com cada célula do meu corpo estar no lugar dele te tocando e te amando. Cuide bem dele, o faça feliz, o ame como ele merece.... Tenzou…

Kakashi fazia o mesmo percurso de volta para casa, onde iria apenas pegar suas coisas para finalmente começar a se preparar para a cirurgia, para poder se livrar daquela dor que sentia. Nunca admitira a ninguém, mas ver Iruka com Yamato o machucou mais do que esperava. Mesmo que não admitisse, no fundo ele tinha uma pequena, quase misera, esperança de que um dia poderia ter o amor do Umino. Antes de chegar a sua casa, Kakashi teve outro ataque de tosse, mas essa era diferente, doía mais, sentia como se coração estivesse sendo esmagado junto com o pulmão, lhe causando falta de ar. Aquilo era sinal que os ramos e folhas estavam ficando maiores. O Hatake teve a confirmação quando cuspiu uma flor inteira. Um lindo girassol coberto de sangue. Kakashi se sentia cada vez mais fraco, não tinha força para andar, sua visão começou a ficar embaçada e tudo escurecer, a única coisa que conseguiu distinguir foi a voz de Tsunade o chamando e logo depois, apagou.

Enquanto isso na casa de Iruka, o sensei recuperava a respiração deitado sobre o peito de Yamato. Os dois estavam juntos a algum tempo e eram bastante discretos, não queriam ninguém se metendo em suas vidas. E gostavam das coisas como estavam.

─ Você está bem? ─ perguntou Yamato enquanto acariciava os cabelos do outro.

─ Estou sim, não se preocupe.

─ Você não está e eu sei. Porque insiste em me esconder as coisas?

─ Não quero te preocupar com minhas bobeiras.

─ Nada que diz respeito a você é bobeira para mim, e sabe disso. Ruka, eu sei que prometi nunca mais tocar no assunto, mas, tem algo a ver com…

─ Não. Não tem nada a ver com isso. De onde tirou isso? - perguntou um pouco irritado.

─ Eu não sei Iruka, mas é o único motivo que imagino. Você estava mais distante hoje, um pouco aéreo. Sabe que pode me dizer tudo não é?

─ Eu sei amor… É que talvez possa ter… Eu o vi ontem, e ele parecia abatido, chateado com alguma coisa. Tentei falar com ele, mas ele me ignorou, como sempre.

─ Iruka, você ainda o ama?

─ Que pergunta é essa? ─ perguntou Iruka se levantando e olhando sério para Yamato.

─ Uma pergunta. Eu sei que quando começamos você me contou tudo o que sentia em relação a ele. Eu entendi, sabia que poderia não ocupar o dele, mas poderia tentar conquistar o meu, eu…

Yamato foi interrompido por um beijo de Iruka, que quando o encerrou olhou no fundo dos olhos do companheiro e disse.

─ Eu te amo Yamato. Nunca duvide disso.

─ Eu também te amo Iruka.

Logo Iruka voltou a deitar no peito de Yamato. Ele sabia que Iruka o amava, mas sabia que ele também amou e muito Kakashi Hatake. Ele prometeu que o ajudaria a esquecer o mascarado e estava tendo êxito, até agora. Mas sentia que algo havia mudado, sentia que poderia perder Iruka a qualquer momento, e isso era o que ele menos queria.

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