
Primeiros Sintomas
Kakashi Hatake, conhecido como Ninja Que Copia, Mestre Assassino da ANBU, um prodígio. O famoso ninja mascarado que todos temem só de ouvir o nome e que muitos acreditam que ele não tem coração e que se fechou para o mundo.
Mas é aí que se enganam. Kakashi tem sim um coração, apesar de ter passado por muitos sofrimentos e para alguns ter o fechado para o Amor, isso é uma grande mentira, é apenas opinião dos outros a seu respeito e não tem intenção nenhuma de os fazer mudar de ideia.
Ele não sabe quando começou a notar o sensei de pele bronzeada, cabelos castanhos provavelmente na altura dos ombros, não tem certeza já que nunca o viu sem o tradicional penteado, a cicatriz em seu rosto, todo o conjunto atrai o mascarado. A princípio pensou que fosse somente uma atração física ou uma admiração por Iruka ser quem é.
Mas ali, naquela árvore mais uma vez, observando o amor e a dedicação com que ajuda os futuros ninjas de Konoha, vendo o orgulho nos olhos por cada evolução, mesmo que pequena dos seus alunos. Poderiam dizer que estava obcecado ou que deveria falar com o sensei, dizer o que sentia.
─ Eu devo estar ficando louco. — Falou Kakashi consigo mesmo, saindo do seu "esconderijo" e indo para casa.
Não seria aquele dia que falaria com Iruka. Talvez o dia que falaria algo nunca chegasse.
O Hatake havia acabado de chegar de mais uma missão com o time 7 e estava exausto, nada relacionado a missão, o que seria bem mais simples, por isso dispensou seus alunos Naruto, Sakura e Sasuke dizendo que ele mesmo reportaria os detalhes a Hokage. Os três ficaram surpresos, já que o mais velho sempre procurava formas de se livrar do trabalho burocrático. Se bem que durante toda a missão, o Sensei estava estranho, mais do que o normal, estava mais quieto, afastado, não falava nada além do necessário e o mais estranho de tudo, não pegou seu livro nenhuma vez durante toda a missão. Não que essa não fosse sua forma normal de agir e seus alunos não estivessem acostumados. Exceto a leitura do seu precioso livro.
Assim que entrou na sala da Hokage, Kakashi entregou o relatório da missão e Tsunade o dispensou mas ele ficou parado no mesmo lugar.
─ Deseja mais alguma coisa Kakashi? ─ perguntou Tsunade
─ Na verdade, sim. ─ declarou Kakashi e em seguida começou a tossir, deixando tanto Shizune quanto Tsunade preocupadas. ─ Mas poderia ser em particular? ─ continuou quando cessou a crise e dessa vez olhou para Shizune.
Tsunade entendeu que seria um assunto delicado e pediu para que sua assistente se retirasse a deixando sozinha com o ninja.
─ Agora me fala Kakashi, qual é o problema?
Kakashi se aproximou um pouco mais da mesa da Hokage e retirou do bolso uma pétala de girassol, que a princípio Tsunade não entendeu, mas assim que ela pegou a pétala, o ninja começou a tossir novamente, e abaixou a máscara e então Tsunade notou que a origem era Kakashi. Ele estava tossindo as pétalas de girassol.
─ Hanahaki! ─ falou surpresa, deixando o mascarado perdido.
─ O que é isso?
─ Está apaixonado Kakashi? ─ perguntou Tsunade.
A pergunta não soou como curiosidade pela vida pessoal do ninja, mas como preocupação, porque se fosse, eles estavam diante de um grande problema.
─ Porque a pergunta? ─ respondeu o mascarado
─ Responda à pergunta Kakashi, é importante. Ande, me diga, está ou não apaixonado?
─ Sim. Estou apaixonado.
Tsunade encarou Kakashi, respirou fundo, pensando em como falaria aquilo, como explicaria a situação delicada em que o ninja mais temido se encontrava.
─ E seu amor não é correspondido. Me diga, já ouviu falar sobre Hanahaki, Kakashi?
─ Só sei que é uma lenda envolvendo amores não correspondidos. Histórias que as pessoas usam para explicar suas desilusões.
─ Sinto lhe dizer que não é uma lenda. É uma doença real, muito rara e com diversas complicações. Sente-se, irei te contar tudo sobre ela.
Mesmo não acreditando que a tal lenda Hanahaki era real, o ninja se sentou e Tsunade começou a lhe explicar.
─ Hanahaki ocorre quando a pessoa sofre por um amor unilateral, quando seus sentimentos não são correspondidos. Com isso dentro de você não vai ter só um coração partido, terá também a presença de pétalas de flores. Com o passar do tempo, enquanto existir amor, enquanto existir o sentimento pela outra pessoa, seu interior não será preenchido somente pela tristeza e pelo vazio, mas sim pelas flores favoritas da pessoa amada. A doença possui três estágios, no 1° estágio, que aparentemente é no qual você se encontra, a pessoa começa a tossir pétalas; No segundo estágio: Além de continuar a ter pétalas, começará a surgir flores inteiras; ou seja você não irá cuspir as pétalas, começará a tossir flores inteiras, no seu caso, girassóis inteiros. O terceiro e último estágio é o que leva a pessoa ao óbito, pois existem pétalas, flores inteiras e buquês em seu interior, e como não é possível soltar do seu interior isso de forma natural, as flores começarão a danificar seu sistema respiratório, sufocando a vítima, a levando a morte.
─ Há alguma forma de impedir isso de acontecer, de impedir de chegar ao terceiro estágio? Tem cura? ─ perguntou Kakashi tentando se mostrar indiferente.
─ Sim, há três meios de se obter a cura.
─ Quais são eles? ─ perguntou com curiosidade e um pouco de esperança.
─ Você pode optar pela retirada das flores do seu interior através de uma cirurgia, mas, consequentemente, ela fará você esquecer da pessoa que amou e de seus momentos ao lado dela, tanto os bons quanto os ruins, você poderá passar ao lado dela e não saberá quem ela é, nem que um dia a amou. Perderá inclusive seus sentimentos e emoções. O outro, que dizem ser o mais difícil de se conseguir, é ser correspondido pela pessoa amada ou morrer por amor.
─ Não tenho uma saída, ou eu o esqueço, ou eu morro?
─ O? Quem é ele, Kakashi? ─ agora a Hokage estava curiosa.
Kakashi suspirou, sabia que precisava contar, não apenas por causa da sua doença, mas para aliviar seu coração.
─ É Iruka Umino.
Tsunade o olhou surpresa, nunca imaginaria que o temido Kakashi Hatake estaria apaixonado pelo antigo sensei do Naruto, o qual pelo que soube, já tiveram algumas discussões e para piorar, os sentimentos do Ninja que Copia não eram correspondidos.
─ Eu… eu poderia falar com ele e quem sabe, ser correspondido, não é? ─ perguntou o mascarado.
─ Sim Kakashi, é uma opção, mas tenha em mente que se não for amor, amor verdadeiro, não apenas paixão, você irá morrer da mesma maneira, as flores continuarão a crescer. ─ disse Tsunade com pesar.
─ Eu preciso pensar. Pensar no que farei. Não acredito que minha vida pode estar, literalmente, nas mãos de alguém que não me ama.
─ Não pense dessa maneira. Mas analise suas opções, veja qual caminho quer seguir.
─ Não comente isso com ninguém, por favor. O que eu menos preciso é de um bando de curiosos se intrometendo na minha vida ─ pediu Kakashi saindo da sala e indo para onde sempre ia quando queria pensar. No Monumento em homenagem aos ninjas que morreram.
Ficou um bom tempo lá, falando com seu pai, seu sensei, com Obito e Rin que ririam da sua cara.
─ Porque fui me apaixonar? Porque deixei você tomar conta dos meus pensamentos? Deveria ter impedido. ─ Kakashi falava consigo mesmo, estava tão distraído que nem percebeu uma aproximação e assustou um pouco quando ouviu a voz que saberia de quem era a quilômetros de distância.
─ Está bem Kakashi-san? Parece um pouco abatido? ─ perguntou Iruka se aproximando com um sorriso, fazendo o coração do prateado acelerar.
Kakashi amava aquele sorriso, aquela preocupação com todos, aquele carinho e por um momento pensou em dizer tudo que sentia ao moreno, contar sobre a doença, mas não poderia, não queria jogar para cima do outro a responsabilidade sobre sua vida ou morte.
─ Estou Iruka-sensei, estava apenas pensando alto. Preciso ir até mais. ─ falou acenando de costas para o Umino, que apenas o olhava se afastar, sem entender muito bem o que outro queria dizer.
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Kakashi naquele momento havia tomado sua decisão.