Cúpidos Mirins

Naruto
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Cúpidos Mirins
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Summary
Ser pai solteiro de três filhos não era lá um trabalho fácil, principalmente quando se tem uma empresa para comandar. Com isso em mente, Kakashi Hatake resolveu contratar uma babá para ajudá-lo a cuidar de seus filhos, Naruto, Sasuke e Sakura; um grupo de pestinhas que adoram uma bagunça.Tudo que ele menos esperava era que os três iriam se juntar em uma operação: juntar Iruka Umino a sua babá, com o amargo e solitário papai Kakashi.Bom, nada é impossível para três corações cheios de amor.
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Desentendimento e Entendimentos

Iruka acordou no dia seguinte com os olhos inchados, havia dormido pouco a noite, além de ter chorado por um bom tempo. Mas não poderia se dar ao luxo de ficar em sua cama, devorando um pote de sorvete e se acabando de comer chocolate. Tinha três crianças que precisavam dele, deixaria para lidar com os problemas amorosos que ele mesmo criou depois. Por isso colocou seu melhor sorriso no rosto e foi em direção a cozinha começar a preparar o café para as crianças que logo apareceriam animadas e mortas de fome.

Porém o que aconteceu deixou Iruka preocupado. Naruto, Sakura e Sasuke entraram na cozinha cabisbaixo, desanimados e logo atrás o pai delas com uma feição séria, quase igual aquela que tinha quando o Umino chegou para trabalhar ali.

— Bom dia, o que aconteceu? Que cara são essas? — perguntou com diversão tentando fazê-los sorrir, mas continuaram sérios.

— Não vão contar o que fizeram? O quanto foram comportados ontem? Vão ficar com essa cara de cachorro arrependido esperando que o Iruka passe a mão na cabeça de vocês e diga que são apenas crianças fazendo arte? — falou Kakashi um pouco irritado.

— O que eu tenho haver com essas caras? — respondeu Iruka não gostando daquele tom logo de manhã.

— A gente aprontou com o Yamato ontem — falou Sasuke com a voz baixa antes que o pai dissesse algo.

— Colamos ele na cadeira — completou Naruto.

— E pimenta em sua comida — finalizou Sakura.

— E para finalizar jogaram no chão a sobremesa que ele trouxe apenas por capricho, quebrando a louça — falou o mais velho ainda irritado ao se lembrar da noite anterior.

— Eu sabia que vocês iam aprontar e te avisei Kakashi. Mas não esperava que fosse chegar ao extremo de quebrar algo. Isso não se faz e além do mais vocês quebraram a promessa que fizeram para mim. Disseram que iriam se comportar.

— Mas a gente se comportou, aquele Yamato que é um chato que não sabe brincar — bradou Sasuke bufando.

— Se ele é chato ou não eu não sei porque não o conheço, mas independente disso, não deveriam ter feito aquilo. Como eu havia dito, se não se comportassem iam ficar sem história, agora não saberão o que aconteceu com Nagato por uma semana e sem bolo de chocolate por duas semanas.

— Ah não — reclamaram os três.

— Se continuarem com isso, deixo sem televisão, sem videogame e sem passeio da escola — ditou Kakashi deixando as crianças ainda mais desanimadas — Iruka, vamos logo fazer esse café pois tenho algumas coisas para resolver no trabalho e não posso me atrasar.

— Vamos então — Iruka falou seco, ainda estava incomodado com a fala anterior do Hatake.

Enquanto faziam o café, os três estavam distraídos, chateados com tantas proibições que receberam apenas por fazer pegadinhas com Yamato. Já o clima entre Kakashi e Iruka estava tenso. O Umino mal olhava para o Hatake que percebeu aquela hostilidade vinda do outro.

— Porque está bravo comigo? — perguntou Kakashi direto.

— Não estou — respondeu com rispidez.

— Está sim e não adianta mentir para mim. Então diga logo o que está te incomodando — exigiu Kakashi.

— Você dizendo para as crianças que eu vou passar a mão na cabeça quando elas agirem errado. Não vou e sabe disso, mas parece que esqueceu. E além do mais, você e seu namorado deveriam se comportar quando as crianças estão em casa, elas não precisar presenciar o show que vi ontem e... — Iruka ficou vermelho ao notar o que havia dito e de como aquilo havia soado como ciúmes, o que não deixava de ser.

Kakashi não evitou o sorriso que surgiu nos lábios ao ouvir aquilo e se aproximou de Iruka que ficou ainda mais nervoso.

— Está com ciúmes, ‘Ruka? — perguntou usando o apelido das crianças apenas para provocar o outro.

— N-não, de onde tirou isso Kakashi? Apenas estou preocupado com Naru, com o Sasu e com a Saky. Não se ache, Hatake — diz Iruka afastando Kakashi — Vamos logo terminar o café, pois o senhor não pode se atrasar — falou usando as palavras do Hatake contra ele.

— Vamos, senhor Umino — respondeu com diversão.

 

[...]

 

O relacionamento de Kakashi e Yamato havia subido um status, agora eram oficialmente namorados, para tristeza do trio e de Iruka, que disfarçava o melhor que podia seus sentimentos. O que era totalmente o oposto de Naruto, Sasuke e Sakura.

O trio estava batendo recordes de pegadinha e a cada dia elas ficavam mais elaboradas e outras vezes eles apenas agiam como crianças mimadas, só para irritar Yamato. E quando isso acontecia, sempre ganhavam bronca de Kakashi e muitas vezes Iruka se segurava para não rir deles ou quem sabe até mesmo se juntar a eles.

Iruka e Yamato não haviam se dado bem e o Umino nem fez questão de se esforçar para que isso acontecesse, não tinha motivos para tal coisa, só deixou claro para o outro que se ele fizesse algum mal às crianças, aí sim eles teriam problemas. Então era comum a troca de farpas e provocações entre os dois, isso é claro sempre que Kakashi não estava por perto, pois Yamato sabia da quase veneração que o namorado tinha pelo outro. Se pudesse já teria dispensado Iruka a muito tempo.

Com o trio, eles aprontam de tudo com o pai e seu namorado. Sempre que podem inventam desculpas para não sair com eles, fingem estar doentes, sujam a roupa do pai na hora que vai sair, criavam mil maneiras de se atrasar para os compromissos. E quando saiam os cinco juntos, faziam coisas que sabem que irritam o Yamato, como falar alto demais, falar de boca cheia, correr pelos lugares, coisas que crianças normalmente fazem, mas que ele não suporta. Ou falar sobre os desenhos que assistem, filmes de super heróis e claro sobre Iruka. As crianças perceberam que sempre que comentam sobre o Umino ele fica tenso, segura as coisas com mais força e fecha a cara, principalmente quando Kakashi o elogia também. Mas mesmo assim, nada parece abalar a relação dos dois, deixando as crianças frustradas.

— A gente nunca vai separar os dois — bufou Sasuke deitado no chão do quarto, com Pakkun ao seu lado.

— O papai parece enfeitiçado — falou Sakura enquanto tentava fazer um origami simples que Iruka havia lhe ensinado.

— Não podemos desistir. Lembra do que Yamato falou? Que quando ele casar com o papai a gente vai ser internado — lembrou Naruto.

Nos últimos tempos, Naruto havia se apegado mais a Iruka, não tanto quanto Sasuke que vivia grudado no Umino, algumas vezes até dormia com ele quando estava muito chateado com o pai.

— Não é internado, dobe. É internato — corrigiu Sasuke.

— E qual a diferença? — perguntou coçando a cabeça confuso.

— Internato é um colégio que a gente estuda e mora e só volta para casa nas férias.

— Eu não quero morar no colégio, quero ficar com o papai e com o Ruka — Naruto quase gritou.

— Teremos que levar Yamato ao limite da paciência dele com a gente. 

— E já não fazemos isso? 

— Vamos ter que fazer muito mais, importunar ele onde ele mais fica nervoso. Falando do Ruka.

Com a convivência e o tempo Kakashi notou que o namorado não era muito bom com crianças, mas que se esforçava e gostava disso, pois se ele não se desse bem com os filhos eles não poderiam ter um futuro juntos. E sabia também que os filhos não colaboravam, estavam sempre aprontando, o que não facilitava o lado do ex-militar. Kakashi sabia o motivo daquilo, eles ainda tinham esperança de que ele e Iruka ficassem juntos, mas aquilo não iria acontecer. Kakashi não iria ser hipócrita e dizer que o que sente por Iruka diminuiu, ele ainda admira o Umino, tem um carinho grande por ele, adora os sorrisos e vê aos poucos ele melhorar, sabe que ainda tem um longo caminho, mas pelo menos com Pakkun ele está mais próximo, tanto que Kakashi viu ele brincando com o cachorrinho, apesar de ainda não o pegar no colo e as brincadeiras não durarem muito tempo.

Apesar de estarem juntos um tempo, Kakashi nunca havia deixado Yamato sozinho com os filhos, não que não confiasse, apenas não havia tido oportunidade. Sempre Yamato ia na sua casa quando estava em casa ou saiam juntos, mas naquele dia havia acontecido um imprevisto em sua empresa e ele precisava ir resolver, não tinha outro jeito e era o dia da consulta de Iruka e ele não pediria ao Umino que faltasse a sessão  para ficar com os filhos. Era o dia dele se cuidar e não abria mão disso. Então só lhe restava uma pessoa. Seu namorado. Sem demora ligou para Yamato que se prontificou a ficar com os três por algumas horas, até que Kakashi resolvesse seus problemas.

Yamato tinha a oportunidade perfeita de conseguir impor suas vontades às três pestinhas de Kakashi e sem ele por perto para ficar de olho em suas ações, não precisaria se controlar tanto. Ao chegar na casa dos Hatakes, Yamato foi recebido por Iruka.

— Pensei que não estaria aqui, para não precisar ver sua cara de sonso — debochou Yamato.

— E Kakashi não tinha alguém melhor para mandar? Tinha que ser justo a pessoa que os filhos não gostam? 

— Acho que eles não gostam de mim por sua causa, você deve fazer a cabeça deles contra mim, já que é louco para estar na cama do patrão. Você pode enganar Kakashi com essa sua carinha de bom moço, mas conheço muito bem tipos como você.

— Tipos como eu? Garanto que eu não sou nada parecido com as pessoas que deve estar acostumado a lidar. Olha, eu tenho uma consulta e não posso me atrasar. Cuide bem deles e não ouse fazer nada contra eles. Eles são crianças e você um homem  adulto, aja como tal.

— Não se preocupe, Ruka, cuidarei muito bem dos filhos do Kakashi — provocou o outro.

— Escute bem, Yamato. Não me chame de Ruka porque não te dei intimidade para isso, para você é Umino ou Iruka. Se não me dirigir a palavra, será melhor ainda. E vou repetir, cuide bem deles ou você vai se entender comigo — ameaçou Iruka saindo em seguida.

Assim que Yamato entrou, encontrou as crianças na sala assistindo televisão, que assim que o viram, reviraram os olhos e fizeram sons de desaprovação.

— Papai não podia ter pedido para o tio Gai, ou até mesmo a senhora Chiyo ficar com a gente? Tinha que ser você? — perguntou Sasuke.

— A senhora Chiyo está de férias, Gai tinha compromisso e a querida babá tem compromisso inadiável. Deveriam saber disso, afinal são espertos — falou Yamato encarando os três.

— Não acredito que teremos que ficar com você — reclamou Sakura do sofá que estava sentada com as pernas levantadas, bem à vontade.

— Abaixe as pernas e se sente como uma menina. Às vezes você parece um moleque Sakura. Aja como a princesa que sei que é.

— Eu sei que sou uma princesa, mas sou mais como a Merida do filme Valente. O Ruka que falou e o papai concordou com ele — Sakura começou a falar da babá, dando início a um novo plano dos três.

— Hoje como é meu dia a sós com vocês teremos algumas regras. Primeira e mais importante, não quero ouvir falar da babá, nem seu nome, ou qualquer menção a ele. Segunda, vocês vão fazer tudo o que disser e se não gostarem de algo, podem reclamar, mas não darei ouvidos. Terceira, coloquem esse pulguento para fora, não suporto cachorros. Quarta, não irão reclamar nada para seu pai depois, até porque a moral de vocês está bem baixa com o tanto que andam aprontando não é mesmo — Yamato ditou as regras e os três nem se mexeram do lugar — Agora! Ou querem que eu coloque o cachorro para fora? — O olhar que direcionou aos três e ao pequeno pug foi suficiente para que fizessem o que pediu.

Após isso, mandou que os pequenos desligasse a televisão e fossem fazer suas tarefas, as quais faziam apenas quando Kakashi chegasse em casa ou, como era naquele dia, mais tarde e era um dos dias que tinham Kakashi e Iruka os ajudando e era um dos momentos favoritos do trio. Naruto foi o que mais penou, pois tinha dificuldade em algumas coisas o que deixou Yamato irritado, o que resultou em um loirinho numa crise de choro, tentando ser consolado pelos irmão. Fora outras limitações e proibições, como não irem para fora, não ler os livros que Iruka havia deixado, nem jogar videogame. Implicar em como sentava e o que comiam. E aquilo estava deixando as crianças nervosas e ansiosas, querendo que o pai chegasse logo.

— Sabe, o Ruka ensina a gente com paciência e nos ajuda, mostra formas diferentes de resolver um problema e jamais se irrita com a gente — provocou Sasuke Sasuke.

— O que disse sobre falar dele?

— Você nunca vai superar ele, e nem vai fazer a gente gostar de você. Você é chato, e finge que gosta da gente só para ficar com o papai — Sakura ajudou o irmão.

— O Ruka é muito melhor que você, eu só não sei porque ele e o papai não ficaram juntos, porque é claro que eles se gostam — completou Naruto e naquele momento a paciência de Yamato, se esvaiu e no momento que ia responder aquilo, ou fazer algo, ouviram a voz de Kakashi ecoar pela casa e logo os três saírem em disparada até o pai.

— Pai, finalmente chegou — falaram os três juntos se jogando nos braços do Hatake.

— Tudo isso é saudade? Como foi com Yamato, se comportaram?

Os três até iam dizer alguma coisa, mas nem tiveram tempo pois Yamato chegou primeiro.

— Foi tudo tranquilo, querido. Se comportaram bem, nenhuma pegadinha. Até pediram minha ajuda com as tarefas da escola, mas não sou tão bom quanto você em explicar as coisas — falou deixando os três sem acreditar naquilo.

— Sei que Naruto tem um pouco de dificuldade em entender as coisas

— E o Ruka que sabe como ajudar ele, não é papai?— Sakura pensou rápido.

— Pai, o Ruka vai demorar ainda para vir? Tenho que terminar a tarefa para amanhã — pediu Naruto com os olhinhos marejados.

— Meu amor, ele vai demorar um pouco a mais hoje. Ele tem um problema para resolver, mas logo ele está de volta. Tenho certeza que ele te ajuda a hora que chegar, tudo bem? — Kakashi respondeu com carinho.

— Papai, podemos ir passear no parque com o Bull e o Pakkun? — pediu Sasuke para desespero do Yamato.

— Claro, será bom para eles, faz alguns dias que não saem e precisam mesmo de um pouco de exercício.

Sem demora, Kakashi foi trocar seu terno por uma roupa mais leve e confortável para um passeio no parque, deixando Yamato com fogo nos olhos e as crianças com um sorriso satisfeito no rosto. No parque as coisas estavam tranquilas até o momento, Kakashi estava dando algumas voltas correndo com Bull e Yamato estava de olho nos três, ou quase, pois em questão de segundos Sakura havia sumido, deixando Yamato desesperado.

— Cadê a irmã de vocês? — exigiu Yamato enquanto cuidava se Kakashi não aparecia, pois se visse que ele havia deixado a filha desaparecer, teria problemas.

— Ela estava até agora. Você deveria estar de olho nela, não é? Já que não está fazendo nada mesmo — disse Sasuke voltando a brincar com o irmão.

Yamato saiu andando pelo parque chamando pelo nome da pequena e quando a encontrou quase teve um infarto. Sakura estava na beira da rua com o Pakkun no colo, totalmente alheia ao movimento da rua. Yamato rapidamente foi até Sakura e a puxou para a calçada.

— Sakura! O que você tem na cabeça, menina? Não olha para onde anda? — perguntou exasperado.

— D-desculpe, eu não vi, apenas vim buscar o Pakkun e… — a pequena tentou se explicar, mas foi interrompida por Yamato.

— Olha, não importa. Vamos voltar até seus irmãos e não comente nada com Kakashi.

Assim que voltaram onde Naruto e Sasuke estavam, Kakashi já estava lá com eles e antes que Sakura dissesse algo, Yamato falou que tinham ido levar Pakkun para fazer suas necessidades e propôs que voltassem para casa, que já estava tarde e os três precisavam de um banho.

— Papai, o Ruka ainda vai demorar? Gosto quando ele canta com a gente no banho, é legal — pediu Naruto

— Quando ele faz o monstro da espuma também — completou Sakura com um sorriso ao lembrar de Iruka.

Após chegarem em casa e tomar um banho e pedirem lamen do Ichiraku, com direito a um para Iruka também. Depois de comerem, estavam na sala assistindo a um filme dos estúdios Ghibli, que era um indicação de Iruka, que apresentou Ponyo para eles e depois eles quiseram assistir aos outros. No momento estavam assistindo novamente “Meu amigo Totoro” e Yamato detestava aquele tipo de filmes, mas eram crianças e os filmes em família eram sempre escolhidos por eles. Não tinha direito de opinar.

Já era tarde da noite e as crianças não davam sinais de dormir, mesmo com a insistência do pai.

— Porque não querem ir dormir? — perguntou Kakashi aos filhos visivelmente sonolentos.

— Queremos o Ruka — respondeu Sasuke com um bocejo.

— Porque? O pai de vocês está em casa e pode colocar vocês para dormir, sem problemas. Eu até ajudo — Yamato se ofereceu.

— Queremos o Ruka — responderam o trio em sincronia.

— Porque ele tá demorando tanto? — perguntou Naruto.

— Logo ele chega, avisou que ia se atrasar mais do que planejou — respondeu Kakashi afagando o cabelo do loiro. Já que estavam os três entre o pai e o namorado.

Já estavam quase no final do filme “A viagem de Chihiro” e os três ainda estavam desperto, deixando Kakashi a beira de um colapso, porque já havia passado e muito do horário de dormir, mas antes que pudesse mandar os filhos para cama mais uma vez, escutaram a porta ser aberta e Iruka entrar. Quando Naruto, Sakura e Sasuke viram ele, rapidamente se levantaram do sofá e correram para abraçar a babá.

— Ruka, pensamos que não voltaria mais, que iria nos abandonar — Sasuke falou com a voz embargada pelo sono.

— Eu nunca vou deixar vocês, já falei isso mil vezes. Não precisam se preocupar. E porque ainda estão acordados? — pediu, ajeitando os três no abraço.

— Estávamos te esperando para dar o beijo de boa noite — respondeu Sakura.

— Agora estou aqui, então para a cama, vamos — Iruka saiu da sala levando os três pela mão para o quarto, ignorando totalmente Kakashi e Yamato.

Kakashi pediu licença para o namorado e seguiu Iruka. Yamato esperou um pouco e logo seguiu o Hatake, não confiava muito em deixá-lo a sós com o Umino. 

No quarto dos filhos, Kakashi ficou observando Iruka ajeitar cada um em sua cama, deixar um beijo na testa de cada um e ouvir Sasuke dizer um “Eu te amo” para ele que foi respondido com um “Eu também, pequeno”.

— Você é realmente perfeito, Iruka — falou Kakashi assustando Iruka um pouco — Foi um anjo que apareceu em minha vida e na deles. Eles se sentem seguros com você, sentem tanto sua falta mesmo que tenha ficado longe apenas algumas horas. 

— Porque estavam acordados ainda? Já passou da hora deles estarem dormindo — Iruka pediu olhando para os três que já dormiam serenamente e evitando contato visual com Kakashi.

— Como eles disseram, estavam à sua espera. Não pregaram os olhos, trouxe eles duas vezes até aqui, mas sempre voltavam para a sala. Aí ficamos na sala até você chegar. Acho que elas não sabem mais viver sem você…. assim como eu — Kakashi declarou se aproximando de Iruka.

— Não… diga isso

— Mas é a verdade — Kakashi colocou uma mecha do cabelo de Iruka atrás da orelha, enquanto olhava no fundo dos olhos dele.

— Atrapalho alguma coisa? — perguntou Yamato escorado na porta encarando os dois que se afastaram rapidamente.

— Eu vou para o meu quarto. É bom deixar as crianças descansarem, imagino que o dia tenha sido agitado. Com licença — falou Iruka saindo do quarto das crianças deixando os dois sozinhos com o clima tenso.

— Yamato eu…

— Não precisa explicar, eu já sei de cor seu discurso. As crianças gostam dele, ele é importante para elas e mais um monte de outras coisas. O problema aqui, na verdade, é o que você sente por ele realmente. Eu já não sei se ele ainda está aqui por causa das crianças ou por sua causa. Eu vou embora, Kakashi. Boa noite.

Kakashi nem teve tempo de responder, ele nem tinha resposta para aquilo, ou tinha, mas não queria trazer à tona os sentimentos que estavam até o momento sobre controle bem trancados em seu peito, não poderia, nem iria colocar tudo a perder.

 

[...]

 

Haviam se passado dois meses desde a discussão entre Kakashi e Yamato sobre Iruka, o que levou eles ficarem afastados por quase duas semanas, mas para tristeza dos “Time 7” voltaram e agora estavam de bem novamente. Estava tudo tão bem, que Kakashi estava pronto para dar mais um passo na relação. Sò não sabia como os filhos iriam reagir, pois muita coisa estava para mudar na vida de todos.

Tanto que Kakashi havia planejado um jantar especial para aquela ocasião, mas dessa vez não tinha pedido para os filhos se arrumarem tanto, mesmo que para ele o motivo fosse especial. 

Iruka e Kakashi não estavam se falando desde o dia que discutiram sobre Yamato e o Umino havia dito que não entendia como o Hatake poderia ficar com alguém que os filhos não gostavam e que o sentimento era recíproco, resultando num Kakashi dizendo que ele não tinha nada a ver com aquilo, que ele estava lá apenas para cuidar dos filhos dele. Infelizmente aquela situação estava afetando até mesmo as crianças, que não sabiam o que fazer, já estavam ficando conformadas de que teriam o Yamato como futuro padrasto.

— O senhor precisa de mim ainda? — perguntou Iruka sem olhar para Kakashi, aquele tom formal havia sido adquirido desde a discussão deles e o prateada odiava aquilo.

— Não, está tudo certo. Dona Chiyo vai me ajudar com o jantar e as crianças já estão arrumadas, então.

— Entendi. Vou me recolher e prometo não aparecer aqui até amanhã cedo. Peço desculpas novamente por não ter um programa para hoje e não estou com ânimo para sair sozinho — suspirou Iruka já pensando que a noite seria longa.

— Mas deveria, um rapaz bonito como você merece alguém para amar — dona Chiyo se intromete no assunto — Você é inteligente, educado,carinhoso, um pão. Azar de quem não te quer. Ou finge que não quer — a senhora olhou diretamente para Kakashi.

— Dona Chiyo a senhora não tem que olhar a comida lá na cozinha não? — perguntou Kakashi cortando o assunto antes que a senhora dissesse mais alguma coisa inconveniente que deixasse os dois ainda mais constrangidos.

— Sim, sim… A velha está deixando os jovens envergonhados, entendi. Mas que é azar de quem não quer o jovem Iruka, isso é. Vou ir para cozinha antes que alguém lance algum feitiço ou, como é mesmo o nome daquele negócio do livro que você lê para as crianças, Ruka?

— Genjutsu? — perguntou Iruka segurando o riso, porque a senhora também havia gostado dos livros.

— Isso mesmo. Queria eu fazer isso de verdade. Ia fazer alguém abrir os olhos — comentou a senhora, se retirando antes que Kakashi dissesse algo.

— Desculpe, mas sabe como a senhora Chiyo é — falou Kakashi um pouco corado.

— Não se preocupe, sei bem como ela é. Vou me retirar. E crianças — chamou um pouco alto e os três surgiram na sala — Parem com esse costume de ficar espiando as pessoas. Se comportem. Quero um abraço e um beijo.

Iruka mal terminou de falar e foi abraçado pelos três que tinham os olhos marejados, como se sentissem que aquela noite poderia ser a última que ele estaria ali com eles. Iruka se despediu dos pequenos e foi em direção ao seu quarto, aproveitar sua solidão e tentar não pensar em Kakashi.

Yamato chegou não muito tempo depois de Iruka se recolher. Sasuke, Sakura e Naruto estavam quietos, não tinham vontade de fazer brincadeiras nem nada. Apesar de tudo, de todo o sentimento que tinham por Iruka, não poderiam obrigar eles a ficar juntos e deveriam ficar felizes pelo pai estar feliz. Eram tantos sentimentos conflitantes para que crianças entendessem completamente.

Após o jantar, que ocorreu tranquilamente, para surpresa — e alegria — de Kakashi. No final, enquanto levavam as coisas até a cozinha, Kakashi foi até seu quarto pegar um objeto que havia esquecido e que daria para Yamato. 

Enquanto isso na cozinha, Yamato estava sentado em uma cadeira e olhava as crianças fazendo as coisas e pensava que pelo menos uma coisa boa Iruka havia ensinado aquelas pestes. Quando ele foi se levantar, acabou tropeçando em Pakkun que dormia tranquilamente próximo a mesa onde ele estava.

— Mas que merda de cachorro. Esse animal deveria estar lá fora, não aqui dentro, ou no quarto do dono dele. Não sei como Kakashi aceita isso, ele é muito bom e os empregados acabam se aproveitando disso. Não vejo a hora de mandar esses pulguentos para um canil — esbravejou Yamato.

— Agora chega, ele brigou com Pakkun que não fez nada e não vai nos separar do Bull e dele e nem do Ruka. Naru, pegue aqueles petiscos que o Bull adora e que deixam ele doido e dê um jeito de derrubar no Yamato — falou Sasuke baixo para os outros dois.

— Quer que aconteça o mesmo que aconteceu com o Ruka aquele dia? — Sakura perguntou um pouco nervosa com a lembrança.

— Sim, quero. É o jeito perfeito de fazer a máscara de bonzinho dele com a gente e o Bull e o Pakkun cair.

— Tudo bem, eu faço. Vamos lá atiçar o grandão. Sasuke vai lá abrir a porta dos fundos e Sakura me ajuda a pegar os petiscos do Bull.

Sem demora, cada um foi fazer sua parte da operação. Quando Naruto e Sakura encontraram a comida do Bull foram em direção a Yamato. Sakura foi na frente, correndo e passou pelo namorado do pai quase esbarrando nele, e em seguida veio Naruto e por querer trombou com ele, deixando o petisco que havia aberto antes cair na roupa de Yamato. Antes que pudesse dizer qualquer coisa, Bull pulou em cima de Yamato o derrubando no chão. Em seguida, o ex-militar começou a surtar, mandando as crianças tirarem aquele monstro de cima de si, o que é claro que seria impossível para três crianças contra um buldogue enorme que estava fora de si por causa do seu petisco favorito.

Iruka estava em seu quarto quando ouviu o barulho de algo caindo no chão e os rosnados de Bull e sabia que algo tinha acontecido. Ele ouviu apenas porque a porta do quarto estava um pouco aberta, caso contrário, não teria escutado. Desceu rapidamente as escadas e quando chegou à sala viu Bull em cima de Yamato que soltava xingamentos um atrás do outro. Sem pensar muito, foi até o Bull e com dificuldade tirou o grandalhão de cima de cima do outro e ainda ficou o acalmando, tudo sobre o olhar atento de Kakashi, que havia chegado minutos depois do Umino.

Kakashi fica impressionado com Iruka, por ele ter passado por cima do seu medo para ajudar Yamato, mesmo com todas as diferenças entre os dois. O Hatake está encantado pelo outro e muito feliz pela superação, ou quase, do seu medo e sua vontade é de ir até o Umino e o beijar naquele instante. Mas foi tirado do seu transe ao ouvir a voz irritada de Yamato.

— Isso é culpa dessas pragas sem limite, sem educação e sem nenhum pingo de respeito. Eu aguentei demais isso, mas não dá mais. Essas crianças são insuportáveis, não há como aguentar elas. Eu não gosto de crianças, nunca gostei. Nem de crianças nem de cachorros pulguentos  — gritou as palavras enquanto se levantava do chão.

Kakashi ficou chocado com o que ouviu da pessoa que namorava e que gostava muito e não iria admitir que falasse aquilo dos seus filhos.

— Escute aqui Yamato, não permito que fale assim dos meus filhos. Sei que eles gostam de aprontar e tudo mais, mas não permito que os ofenda dessa maneira, pois não está ofendendo apenas eles, mas a mim também. Eu abri a minha casa, meu coração para você, confiei meus filhos a você para descobrir que não gosta de crianças. Nem dos meus cachorros. Antes que eu perca minha paciência, vá embora daqui. Agora — mandou Kakashi com raiva.

— É sério que vai ficar contra mim, quando foram essas… essas… crianças que mandaram o cachorro me atacar? — Yamato estava incrédulo com aquela situação.

— Sim. Se você não aceita meus filhos e meus cachorros, não há espaço para você em minha vida. E pensar que eu estava prestes a… não acredito que ia pedir se queria… Suma da minha vida, antes que eu mesmo mande o Bull te colocar para fora — Kakashi estava prestes a expulsar Yamato aos pontapés se ele não tivesse saído.

O ex-militar pegou suas coisas e saiu batendo a porta com força, deixando a casa finalmente. Iruka que ainda estava com Bull ficou realmente surpreso com tudo o que aconteceu e só voltou a si quando sentiu uma lambida do Bull em seu rosto que o fez rir contido, enquanto as três crianças só faltavam dar pulos de alegria sobre o olhar nada contente do pai.

— Vocês três exageram, mesmo que tenham feito isso para mostrar o que eu não queria ver. Sabiam que podiam ter machucado Yamato de verdade, pois sabem como o grandalhão ali fica quando tem sua comida favorita envolvida. Vão para o quarto e amanhã vão arrumar essa bagunça enquanto eu levo o Bull lá para fora, isso se o Iruka permitir.

Iruka ficou sem graça ao notar que ainda acariciava o cachorro que só faltava rolar e dar a patinha para ele. O trio mesmo não gostando da bronca fez o que o pai mandou, mas ainda tinham um sorriso nos rostos arteiros, que demonstravam não estar nada arrependidos. 

O Hatake pegou Bull pela coleira e o levou até seu canil, enquanto Iruka se ajeitou no sofá, processando o que ele tinha acabado de fazer. Ele realmente havia tirado um cachorro, muito maior que Pakkun de cima de outra pessoa, esquecendo totalmente sua fobia. Iruka foi tirado dos seus pensamentos quando Kakashi se sentou ao seu lado no sofá e pegou uma de suas mãos.

— Estou feliz por você, por ter vencido seu medo de cachorros e ajudado o Yamato.

— Não sei se venci o medo totalmente, eu só agi, não pensei muito.

— Você é realmente mais forte do que pensa e eu não canso de repetir que você é um anjo que apareceu em minha vida, você é perfeito e eu te admiro muito Iruka.

Iruka fica um pouco corado com aquilo, ainda não se acostumou aos elogios que Kakashi lhe fala, nem aos toques que fazem seu corpo ser atingido por uma corrente elétrica e que o atrai para o outro.

— É… eu sinto muito pelo término do seu namoro — soltou Iruka do nado.

Kakashi não acreditou no que ouviu, talvez porque Iruka não tenha transmitido nenhuma confiança e por isso logo começou a rir, sendo seguido pelo Umino.

— Lamenta nada. Admita que ficou feliz — provocou Kakashi.

Um silêncio se formou entre eles quando as risadas finalmente cessaram e os dois ficaram se encarando por um tempo, até Iruka tomar uma decisão que mudaria de vez sua vida.

— Admito que fiquei feliz, porque não precisarei me sentir culpado pelo que farei.

— E o que fará? — perguntou Kakashi se aproximando do Umino.

Iruka havia decidido deixar toda a insegurança de lado, todo o medo de que as coisas poderiam ou não dar errado e fez o que queria a muito tempo. Beijou o homem que ama. Um beijo cheio de amor, paixão e desejo. As línguas brigavam por dominância numa dança sensual, fazendo o desejo que sentiam um pelo outro aumentar. Iruka nem percebeu quando foi parar no colo de Kakashi e também não fazia diferença.

— As crianças podem aparecer — falou Iruka no meio do beijo e sentiu Kakashi sorrir.

— E devemos nos comportar para não dar um show para elas? — perguntou usando as palavras que o mesmo havia usado a um tempo atrás.

— Não use minhas palavras contra mim — reclamou Iruka com um beicinho que foi prontamente mordido pelo Hatake.

— Não uso se puder te levar para meu quarto — pediu Kakashi enquanto deixava beijos e mordidas no pescoço de Iruka que naquela altura era incapaz de negar qualquer coisa para Kakashi.

— Me leve para seu quarto e me faça seu, senhor Hatake — sussurrou no ouvido de Kakashi e em seguida mordendo de leve a orelha do prateado.

 

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