
Yamato e o "Time 7"
Kakashi e Yamato levavam as coisas devagar, pois o Hatake não queria atrapalhar a evolução que havia tido com os filhos, por isso entrou em um acordo com Yamato, saiam apenas uma vez por semana, sempre com uma conversa franca com o trio, apesar de não dizer que estava saindo de forma romântica com o outro. Uma coisa de cada vez. Já a relação com Iruka nunca foi tão profissional, ainda faziam café da manhã juntos, algumas atividades com as crianças, Iruka ia nas sessões com a psiquiatra e Kakashi ficava com os filhos, aquele dia era sagrado, nada atrapalhava. Mas infelizmente, Kakashi e Iruka pareciam dois estranhos, até mesmo Sasuke, Naruto e Sakura haviam percebido que o pai e a babá estavam distantes, eles mal se olhavam falavam o mínimo possível.
— Vocês viram que o papai e o Ruka não estão mais como antes? — perguntou Sasuke enquanto brincavam no jardim de casa, junto com Bull.
— Como assim, Sasu? — Naruto pediu sem entender, pois para ele estava tudo normal.
— Mas é um tapado mesmo — falou Sakura irritada — Os dois estão afastados e o nosso plano Cupidos Mirins foi por água abaixo — reclamou a rosada.
— Ou você acha que o papai e o Yamato são apenas amigos? Ele sai com ele direto e nunca chamou o Ruka para sair e já estamos no final dos dois meses. Se ele ficar com esse cara, nunca ficará com o Ruka, é isso que querem? — perguntou Sasuke exaltado.
— Acabei de ter a melhor ideia do mundo! — gritou Naruto assustando os irmãos e até mesmo o Bull que levantou rapidamente derrubando Sakura, que só não chorou porque Sasuke a acalmou antes que Iruka aparecesse.
— Não grite teme, quer que o Ruka nos escute? — repreendeu Sasuke dando um tapa na cabeça do irmão.
— Sasu, não bata nesse idiota — pediu Sakura
— Ei....
— Não fale nada Naru, alias fale, qual é a sua grande ideia?
— Vamos virar ninjas, igual no livro que o Ruka lê para nós. Lá tem o Time 7 e eles sempre fazem várias coisas, várias missões, tudo sem ninguém saber! — propôs o loiro super empolgado como sempre.
— E nós lá somos discretos? Somos crianças, não sabemos ser discretos — Sakura falou desanimada
— Saky, nós vivíamos aprontando com as babás e elas nem percebiam, aprontamos até com o Ruka. Naru, você quer que a gente apronte com o Yamato? — perguntou Sasuke com um leve sorriso, gostando da ideia do irmão.
— Verdade… mas como faremos isso se nunca vimos ele? Se ele nunca veio aqui e nem sei se o papai vai trazer ele alguma vez — concordou Sakura.
Os três voltaram a sentar no chão após a fala de Sakura, desanimados pois ela tinha razão, só restava aos três esperar até conhecer finalmente o amigo do papai, mal sabendo eles que isso estava mais perto de acontecer do que imaginavam.
Naquela noite durante o jantar Kakashi tinha um comunicado a fazer aos filhos e a Iruka. Ele estaria dando um grande passo e conforme as coisas acontecessem no dia seguinte, muitas coisas poderiam mudar.
Naruto, Sakura e Sasuke estavam quietos, cabisbaixo, o que não passou despercebido pelo pai. Além é claro de Iruka, que estava concentrado demais em mexer na sua comida.
— Hei, aprontaram algo hoje ou ficaram de castigo? Estão com uma carinha tão tristes — perguntou Kakashi em tom de brincadeira, atraindo a atenção dos filhos.
— Está tudo bem, papai — respondeu Sasuke sem olhar para ele.
— Eu também não sei o que houve, passaram a maior parte do dia assim nem levaram bronca hoje, estavam quietos até demais — Iruka informou sem olhar para o Hatake mais velho.
— E você Iruka, está tudo bem? Estou te achando abatido, algum problema com a psicóloga, quer conversar? — perguntou Kakashi enquanto inconscientemente pegou a mão do Umino, que quando percebeu ficou envergonhado e puxou sua mão.
— Está tudo bem, não precisa se preocupar. Na verdade eu queria te fazer uma pergunta, é mais um pedido na realidade — começou Iruka com certa timidez.
— Claro, o que precisa?
— Conversei com a psicóloga e ela me disse que seria bom, se eu conseguir, sem pressão ter Pakkun comigo, tentar uma aproximação. Sei que você já me falou que não teria problemas, mas preciso confirmar, afinal é a sua casa.
— Pode trazê-lo sim. Como não comentou mais sobre isso, pensei que havia desistido. Amanhã peço para o Gai arrumar o que precisa ou o que faltar. Me falou que ele é acostumado a ficar dentro de casa, por ser um cachorrinho pequeno e..
— Teremos um outro cachorrinho? — pediu Sakura com os olhos brilhando — Ele poderá dormir com a gente, já que ele é pequeno?
— Vamos com calma aí, sem dormir na cama com vocês. Mas sim, teremos outro cachorro e vocês terão que ajudar o Iruka a cuidar dele. Posso contar com vocês?
— Sim — responderam os trigêmeos animados.
— Obrigado — Iruka agradeceu com seu típico sorriso, fazendo Kakashi se perder por um momento, mas logo voltou a si quando lembrou que tinha algo para falar aos filhos.
— Quando pretende ir buscar o Pakkun?
— Se possível amanhã a noite, depois que você chegar do trabalho. Já abusei demais da Kurenai com isso. Se você me emprestar o carro que uso para levar as crianças, é claro.
— Por mim, sem problemas. Eu já ia te dar folga amanhã à noite — Kakashi soltou e Iruka ficou surpreso, mas não cabia a ele questionar, mesmo que dividissem a maioria das refeições juntos, cuidassem do trio juntos, ainda eram patrão e empregado.
— O que terá amanhã à noite? — perguntou Naruto, curioso como sempre.
— Bem, lembram do meu amigo Yamato? Eu o convidei para jantar conosco amanhã à noite.
Ao ouvir aquilo, Iruka sentiu um bolo em sua garganta, que custou a descer, sentiu seus olhos começarem a marejar, um aperto em seu peito, por sorte ele conseguiu controlar suas emoções.
— Papai, pode comprar para nós umas shurikens, kunais, bandanas e roupas ninjas? — perguntou Sasuke fazendo o mais velho arregalar os olhos e Iruka começar a rir.
— Como assim, Sasuke? Para que isso? O que irão fazer com isso? — perguntou Kakashi preocupado e olhando para Iruka sem entender as risadas.
— Peço desculpas por isso, mas acho que tenho parcela de culpa. Eu leio para eles uma história chamada “O Conto do Jiraya” que fala sobre a lenda de um ninja determinado e destemido. A história segue as aventuras de um ninja chamado Nagato, junto a seus colegas Yahiko e Konan, conhecidos como Time 7. O personagem principal nunca desiste e promete quebrar a "maldição", que é representa os "ciclos viciosos" de guerra, conflito e ódio, que ocupa o mundo ninja. Tem ninjas, batalhas, senseis, armas e jutsus. Eles gostam bastante, peço desculpa se os deixei levar demais pela imaginação, mas sempre deixei claro que tudo aquilo só acontece no livro e que não devem reproduzir nada daquilo — Iruka contou um pouco da história e o final foi um reforço ao que sempre dizia aos pequenos.
— Quase morri de preocupação pensando que estavam assistindo o que não deviam. Mas acho que posso encontrar algo parecido, não reais é claro, mas de brinquedos, pois não quero que se machuquem.
— Eba! — Naruto comemorou e Sasuke aproveitou a deixa para um novo pedido.
— Papai, você pode ser o nosso sensei e o… Yamato — Sasuke disse o nome com certa dificuldade — Também, pois lá fala que quando o sensei não tá, quando ele tá ferido, o Capitão Tenzou o substitui. Será legal, por favor — pediu com os olhinhos pidões que não havia como resistir ou negar alguma coisa.
Iruka olhou para as crianças com desconfiança e como já as conhecia o suficiente, sabia que elas estavam aprontando algo e que acabaria sobrando para o amigo de Kakashi. Amigo não, o Umino não era ingênuo a esse ponto, sabia que tinha algo a mais entre eles.
[..]
No dia seguinte, já era noite e Iruka estava arrumando Sasuke, Sakura e Naruto para o jantar. Kakashi havia pedido para os três estarem bem arrumados, o que significava Sasuke e Naruto usando roupas formais, que consistia em calça e camisa sociais nas cores branca e preta respectivamente e sapatos sociais e Sakura de vestido rodado vermelho, com detalhes de renda branca na banha e nas mangas curtas e na parte de cima com algumas pedras bordadas. Estavam lindos, mas o Umino achava um exagero tudo aquilo, mesmo que os três estivessem lindos e fofos que dava vontade de apertar, o que ele fez sobre muitos protestos.
— Porque temos que usar essas roupas? Odeio esse sapato, aperta meu pé — reclamou Naruto, enquanto Sasuke parecia muito à vontade.
— Ruka, porque não posso usar calça como eles? Não gosto de usar vestidos — disse Sakura com a voz triste e Iruka sabia o motivo, a pequena havia deixado os vestidos de lado desde que a mãe foi embora, pois as duas sempre estavam parecidas e as lembranças deixavam Saky cabisbaixa.
— Vocês estão lindos, apesar de não entender para que tudo isso, até parece que seu pai vai casar — brincou Iruka.
— Ele não pode casar, só com você! — exclamou Sasuke emburrado.
— Sasu, nós já conversamos sobre isso, várias vezes — Iruka tentou se aproximar do pequeno que se afastou.
— Eu pensei que você gostasse do papai, que iam ficar juntos e nós cinco seríamos uma família feliz de novo — murmurou Sasuke com tristeza.
Aquelas palavras quebraram um pouco mais o coração de Iruka, fez ele pensar se não estava agindo errado ao ignorar os sentimentos que sente pelo pai dos três pequenos à sua frente. Nem percebeu que seus olhos estavam marejados, só se deu conta ao ouvir a voz preocupada de Naruto.
— Viu o que você fez, teme. O Ruka tá chorando — o loiro brigou com o irmão que começou a chorar pensando que tinha magoado a babá.
— Ei, Sasuke, se acalme. Não precisa chorar meu amor. Eu apenas me emocionei com o que falou, sinto que vocês gostam de mim da mesma forma que eu. Porque eu amo muito vocês três.
Ao dizer aquilo, três pares de olhos focaram no Umino, brilhando como estrelas e sem pedido ou nada, o trio pulou em cima de Iruka, praticamente gritando.
— Nós também te amamos Ruka!
Depois de acalmar os ânimos, os sorrisos voltaram ao rosto das crianças e antes de sair, Iruka decidiu dar um aviso aos três.
— Eu conheço muito bem vocês e sei que estão planejando aprontar alguma coisa com o Yamato. Só peço que não façam nada. Dêem uma chance a ele, ele pode ser muito legal, vocês podem se surpreender.
— Mas não queremos que ele namore o papai, queremos que você namore — argumentou Sakura.
— Sakura, já expliquei isso, não insistam nisso. Por favor. Me prometam que vão se comportar? Se aprontarem eu fico uma semana sem contar a história dos ninjas, ficarão sem saber se Nagato conseguiu trazer Yahiko de volta para a Vila deles.
— Não, isso não. Por favor, Ruka — implorou Naruto.
— Vão se comportar? — perguntou sério e viu os três assentiram, mas algo dizia que aquilo não era verdade e que ainda teria muita dor de cabeça no dia seguinte.
Logo Iruka saiu do quarto dos pequenos Hatake e foi em direção a sala pegar sua mochila e ir até a casa de Kurenai buscar o Pakkun. Ao chegar encontrou Kakashi, sentado na poltrona, tomando uma bebida que julgou ser whisky, fazendo Iruka pensar que aquele homem não podia ser mais sexy. Foi tirado do seus pensamentos nada castos, ao ouvir Kakashi o chamar.
— As crianças já estão prontas?
— Sim… só não sei porque pediu para que se arrumassem tanto, não é apenas um jantar em casa? Naru odeia aquelas roupas e com certeza vai aparecer com o cabelo todo bagunçado, mesmo eu tendo o arrumado e a Saky não gosta de usar vestidos e…
— Conheço meus filhos Iruka, sei como são teimosos.
— Não acho que seja teimosia, Kakashi. Não nessa situação. Mas não irei me intrometer, sei quando estou passando dos limites. Só fique preparado porque talvez o jantar fique mais animado do que espera. E antes que pergunte, não, não sei de nada, é apenas um palpite e se conhece seus filhos, então deve imaginar que alguma coisa eles irão aprontar. Boa noite, senhor Hatake, tenha um ótimo jantar — desejou Iruka e logo se retirou.
Não demorou muito e logo três figuras nada animadas surgiram no campo de visão de Kakashi, que as olhou admirado, estavam lindas. Mesmo com Naruto com o cabelo bagunçado, como Iruka havia dito, Sakura de braços cruzados com um bico e reclamando do vestido que ela não poderia brincar com os irmãos e Sasuke sério, não se importando com nada.
— Vocês estão muito bonitos. Venham aqui — pediu Kakashi e os três se aproximaram — A pessoa que virá aqui jantar é o Yamato e ele é muito especial para mim, alguém muito querido e quero que vocês o tratem bem. É importante para mim — pediu Kakashi e os três, mesmo a contragosto, concordaram. Em partes.
Não demorou muito e os Hatake ouviram a campainha. Kakashi se levantou rapidamente, deu uma ajeitada na roupa, tirando um pó invisível, ajeitou os filhos no sofá, para que ficassem com a postura ereta, comportados e foi enfim abrir a porta. Ao abrir se deparou com Yamato arrumado para a ocasião e em suas mãos, uma torta de frutas, provavelmente para agradar as crianças, o que fez Kakashi rir sozinho porque os filhos preferiam o bom e velho chocolate. Os dois se cumprimentaram com um selinho discreto para que os filhos não vissem e cedeu passagem para Yamato entrar.
Assim que o homem entrou, Naruto, Sakura e Sasuke o olharam de cima a baixo, não fazendo questão de disfarçar a inspeção, muito menos a cara de desaprovação, fazendo Kakashi suspirar e pensar que a noite seria longa.
— Naruto, Sasuke, Sakura, esse é Yamato, a pessoa que falei. Yamato, esses são meus filhos.
— Oi — disseram os três sem muito ânimo.
Um clima estranho se instalou ali, pois o trio não demonstrou nenhuma empolgação ou vontade de interagir, quem não os conhecesse podiam dizer que estavam envergonhados ou tímidos, mas para quem conhecia as peças, aquilo era estranho, algo totalmente incomum.
— Crianças, vocês prometeram — Kakashi chamou atenção dos filhos.
— Você é namorado do nosso papai? — perguntou Sakura, deixando o outro um pouco desconcertado.
— Bem, nós estamos… nos conhecendo, indo devagar.
— Hum, legal. O que você faz? Quando conheceu nosso pai? — Sasuke começou o interrogatório.
— Filho, devagar ai…
— Tudo bem, Kakashi, são crianças, é normal ter curiosidade — Yamato interveio e começou a responder o moreno — Conheci seu pai quando éramos adolescentes, estudamos juntos. Quando terminamos o colégio, fui para outra cidade, entrei para o exército e agora estou de volta.
— Você deixou o exército porque? — Naruto perguntou.
— Vi muitas coisas ruins e precisei deixar tudo aquilo para trás e recomeçar.
— Senhor Yamato, você quer brincar com a gente? — perguntou Sakura com um sorriso meigo.
— Do que querem brincar? Algum jogo de tabuleiro, videogame?
— Ninjas — falaram em uníssono.
— Ninjas? — repetiu Yamato em dúvida.
— Sim, queremos que você nos encontre. Vamos nos esconder e você tem que nos achar, mas tem que ter cuidado, pode ter algumas armadilhas no caminho — disse Sasuke com um sorriso travesso.
Yamato olhou para Kakashi que voltava da cozinha onde tinha ido deixar a torta, mas conseguiu ouvir a conversa e a proposta dos filhos.
— Yamato, não precisa aceitar, conheço as figurinhas e eles não vão pegar leve — Kakashi estava na verdade querendo ver o que iam aprontar e como o pseudo-namorado ia se sair com o trio.
— Eu era do exército, enfrentei terroristas e os piores tipos de pessoas. Acha que não dou conta de encontrar três crianças? — desafiou Yamato e recebeu um dar de ombros do Hatake.
— Você não venha reclamar depois que levar uma surra do “Time 7”. Precisam de mim também? — perguntou aos filhos.
— Não papai, só o Yamato, depois o senhor, tudo bem? — falou Naruto já de pé junto aos irmãos e logo sumiram pela casa dizendo que ele tinha 20 minutos para os encontrar.
No final do tempo, tinham três crianças emburradas no sofá, bufando e frustradas porque Yamato as encontrou em menos de dez minutos e ainda desviou de todas as armadilhas — leia-se pegadinhas — que eles tinham armado. O acastanhado tinha apenas um pouco de farinha nas calças e a camisa estava um pouco molhada.
— Não é justo, você trapaceou — acusou Sasuke, com um bico enorme e braços cruzados.
— Não trapaceei, apenas sou bom em encontrar pessoas, fui treinado para isso, e não seria um bando de pesti… digo, algumas crianças de cinco anos que iriam me enganar.
— Ei, nós temos seis, quase sete — reclamou Sakura.
— Ok, ninjas, sem brigas, vamos jantar — Kakashi falou com um sorriso, as coisas estavam sob controle e o aviso de Iruka foi um alarme falso, não tinha nada dado errado, até aquele momento.
Na mesa de jantar, que estava muito bem organizada pela senhora Chyo. O jantar não era nada muito requintado. Algo mais tradicional que esperava agradar a visita e que Kakashi sabia que os filhos gostavam. Foi servido ukitake, que é uma mistura de carne, vegetais, tofu e cogumelos cozidos em um molho doce e também Unagi Donburi que consiste em um filé de enguia ou carne de porco frito a milanesa ou frango frito a milanesa , temperado com molho doce.
Tudo estava correndo bem, até que durante o jantar Sasuke chamou a atenção de Yamato, e do pai também, com uma série de perguntas, tirando a atenção da sua comida para que Sakura colocasse algo na comida, que nem mesmo Kakashi percebeu. Só percebeu que tinha algo errado quando Yamato começou a ficar vermelho e a suar frio e os três começaram a rir.
— Água, por favor… queimando..
— Droga, o que vocês colocaram na comida dele? Pimenta? Água não vai ajudar, preciso de leite — Kakashi falou apressado indo buscar o leite.
Quando Yamato foi tentar levantar da cadeira para ir até Kakashi, não conseguiu pois o mesmo estava grudado, haviam passado cola na mesma, não sabia em que hora havia feito aquilo, mas aquilo irritou-o profundamente. Antes que pudesse dizer algo, o platinado surgiu com um copo de leite e entregou ao outro, que bebeu em um gole só.
— Não deveriam ter feito isso, poderiam ter feito Yamato ir parar no hospital — repreendeu o mais velho.
— Era só um pouco de pimenta, pensamos que ele fosse aguentar — disse Sasuke com um arrependimento fingido.
— Kakashi, tudo bem, são apenas crianças — Yamato interveio — Poderia buscar a torta que trouxe, assim acalmar os ânimos com um doce — sugeriu.
— Você está sendo muito paciente, se fosse outra pessoa já teria ido embora. Crianças, me ajudem a tirar as coisas da mesa e pegar os pratos para sobremesa.
— Pede para o Yamato te ajudar — respondeu Naruto cruzando os braços e encarando o pai em desafio, que parecia estar se segurando para não perder a pouca paciência que lhe restava.
— Ele é convidado. Andem logo, sem reclamar — Kakashi falou se levantando e começando a retirar os pratos da mesa, lembrando de Iruka e como os três o obedeciam sem reclamar, precisava descobrir como fazer aquilo.
Assim que Kakashi saiu com uma parte da louça e os três ficaram juntando o restante, ouviram Yamato, que naquele momento não tinha mais a feição amena, calma. Olhava para os três de maneira assustadora, o que deixou os três com um pouco de medo.
— Vocês são umas pestes, agora entendo porque nenhuma babá ficou aqui. Mas isso vai mudar em breve, pois começarei a vir aqui mais vezes e ensinarei vocês a terem respeito pelos mais velhos, a seguir ordens sem reclamar, igual eu aprendi.
— Você não vai mandar na gente. Só o papai pode — disse Sakura saindo dali na companhia dos irmãos.
— É o que veremos! — afirmou Yamato.
Logo estavam de volta à mesa, com a sobremesa disposta e entregue a todos. Sasuke, Naruto e Sakura olhavam aquela torta com uma cara de nojo e que não estavam dispostos a experimentar aquilo.
— Eu não vou comer isso, nem sei o que é — reclamou Naruto mexendo com o garfo as frutas.
— É uma torta de abacaxi. Muito boa, deveriam experimentar. É saudável, vai gostar — falou Yamato para os trigêmeos que o olharam com raiva.
E então ouviram o som de algo caindo no chão e se quebrando.. Caindo não, jogado com raiva. Sasuke havia jogado seu prato no chão, depois da fala do outro, longe do seu pai.
— Não vou comer essa coisa, que com certeza deve ter algo a mais dentro — vozifrou o de cabelos pretos, que teve seu gesto imitado pelos irmãos, fazendo Kakashi perder a calma.
— Chega! Os três, pro quarto agora! Passaram todos os limites essa noite. Acham que não sei que foi tudo de propósito, todas as pegadinhas, as brincadeiras, os olhares tortos. Se isso era uma intenção de fazer eu me afastar do Yamato ou ele de mim, sinto informar que isso não vai acontecer. Pois nós dois estamos juntos, queiram vocês ou não. Não vou permitir que interfiram na minha vida amorosa, são meus filhos e amo muito vocês, mas não irão atrapalhar meu relacionamento. Agora, subam — ordenou Kakashi de pé.
Os três saíram de suas cadeiras cabisbaixo, pois seu pai quase nunca se exaltava daquela maneira, nem mesmo quando aprontavam com as empregadas. Se sentiram tocados pelo homem que tinha um sorriso discreto nos lábios.
— Cuidado ao se levantar, Yamato, para que suas calças não fiquem presas na cadeira — avisou Sasuke rindo e saindo correndo para o quarto com os outros dois ao seu encalço, deixando Kakashi perdido.
— O que eles quiseram dizer com isso? — perguntou preocupado.
— Aparentemente estou preso à cadeira, literalmente. Passaram cola em algum momento — respondeu Yamato divertido, mesmo que por dentro quisesse ensinar uma lição àqueles pestinhas.
Nunca gostou muito de crianças, sempre as achou choronas, bagunceiras e birrentas, mas se quisesse ficar ao lado de Kakashi teria que as suportar, pelo menos por enquanto.
— Consegue se levantar sem rasgá-las?
— Acho que não, mas não tem problemas, é apenas uma calça. Só não poderei ir para casa sem elas, porque se for parado pela polícia, aí sim terei problemas.
— Eu te arrumo outra e depois prometo que eu compro outra igual.
— Não precisa se preocupar, já falei. Só me ajude a levantar sim — pediu Yamato.
Após conseguir tirar Yamato da cadeira, o que resultou em algumas risadas, principalmente ao ouvirem a calça do mais novo rasgar. Kakashi já havia pedido desculpas pelo comportamento dos filhos pela décima vez, a bagunça dos pratos quebrados no chão já havia sido limpa então podiam aproveitar. Os dois estavam no sofá da sala trocando carícias e alguns beijos, devidamente vestidos, claro. O Hatake estava um pouco distraído que se surpreendeu com um beijo de Yamato de repente, não um simples beijo, mas um cheio de desejo e luxúria. De começo ele não entendeu o porquê do beijo, não que tivesse gostado, mas retribuiu e quando se afastaram para recuperar o fôlego, o mais velho viu Iruka passar por eles de cabeça baixa e apressado, talvez por não querer atrapalhar os dois.
[...]
Iruka chegou em casa já era tarde, ficou conversando demais com Kurenai e acabou perdendo a noção do tempo. Entrou em casa em silêncio, não queria acordar ninguém. Deixou Pakkun na cozinha, junto a caminha e as demais coisas que já havia deixado arrumadas antes de sair. Viu o pug sair da caixa de transportes e se aconchegar na cama e dormir, como se estivesse acostumado com ela já. Fez um carinho no cachorro e se dirigiu para o quarto, mas ao passar pela sala, seus pés travaram no lugar. Sentados no sofá viu Yamato e Kakashi conversando baixo. De repente viu os olhos do ‘amigo’ de Kakashi sobre si e um sorriso sínico nos lábios dele antes de puxar o prateado para um beijo intenso, deixando o Umino desconcertado com a cena.
Quando se lembrou de como andava, abaixou a cabeça e saiu dali apressado, não precisava ficar vendo aquilo. Ao entrar no quarto, fechou a porta atrás de si e escorou nela e deslizou até o chão. Ficou tentando controlar o coração que parecia que iria sair pela boca, se sentia estranho, tinha vontade de ir até lá e separar aqueles dois. Na realidade Iruka estava com ciúmes, inveja, querendo ser ele no lugar do outro, queria ser ele a beijar o Hatake daquela maneira, sentir aqueles toques
— Você que escolhe isso, se conforme — falava para si mesmo repetidas vezes, como um mantra.
Queria se convencer de que o outro não o beijou daquela forma para que visse, foi apenas uma coincidência, mas o olhar que recebeu fez as palavras da amiga voltarem a sua mente. “Tenha cuidado com Yamato, ele não desiste fácil do que quer. Conheço ele desde a adolescência e ele sempre foi muito determinado, às vezes até demais, podia-se dizer obcecado. Qualquer coisa, não hesite em me ligar.”
Iruka preferia acreditar que a amiga estava exagerando e queria ainda mais deixar de amar Kakashi e quando percebeu tinha uma lágrima escorrendo pela sua bochecha, que foi seguida de outra e mais outra.