
Início da Contagem Regressiva
Naquela mesma semana, na escola, o trio resolveu pedir ajuda da professora Sun para poder marcar o tempo, poder marcar os dois meses, aproveitaram que estava no final da aula e logo Iruka os buscar para irem embora.
— O que vocês irão aprontar daqui a dois meses? — perguntou a professora desconfiada.
— É que o papai falou que daqui a dois meses teremos uma surpresa e queremos contar os dias até lá — respondeu Sakura antes que os irmãos falassem besteira.
— Uhum, sei. Farei um calendário para vocês e vocês vão marcar cada dia que passar. Antes de dormir vocês fazem um ‘X’ no dia que passou, aí saberão quando passar os dois meses. Entenderam?
— Sim! — responderam os três juntos.
Mesmo com certa desconfiança, Sun montou um calendário para eles e a partir daquele dia começaram a marcar os dias até o final do prazo. Estavam ansiosos e nervosos porque por um lado queriam que seu pai voltasse a sorrir e ser feliz de novo, enquanto outro lado queria que a mãe voltasse para serem uma família feliz novamente.
Enquanto os três planejavam o que fazer naquele tempo, Iruka apareceu na porta da sala chamando os três para irem para casa. No caminho para casa os três pediam cada um uma coisa diferente para o jantar, deixando Iruka um pouco nervoso.
— O jantar já está planejado com meu cardápio da semana e sabem disso. Final de semana vocês escolhem o que iremos comer, sabem as regras.
— Você é cheio de regras, Ruka. Parece a tia Sun — reclamou Naruto.
— Pare de reclamar dobe.
— Papai vai estar em casa hoje de novo? — pediu Sakura, pois ainda estavam meio receosos em se animar com a presença do pai, apesar dele estar em casa nos últimos dois dias para jantar.
— Falei com ele mais cedo e me disse que estaria sim e que traria sobremesa.
— Sorvete?! — pediram os três juntos.
— Não sei, ele não me falou.
[...]
No final daquela noite, após Iruka ter ajudado Kakashi a colocar os três seres agitados na cama, pois no dia seguinte eles teriam a companhia do pai por uma tarde, pois Iruka teria sua primeira consulta com a psicóloga, os dois estavam conversando na cozinha, enquanto o Umino terminava de guardar as louças usadas no jantar.
— Está se sentindo confortável em ir a psicóloga Iruka? Não quero que faça nada contra sua vontade e nem que faça isso por obrigação — perguntou Kakashi escorado no balcão.
— Estou sim, Kakashi, com um pouco de medo, mas não estou indo contra minha vontade muito menos por obrigação, não se preocupe — Iruka falou e deu um sorriso que deixou Kakashi ainda mais encantado por ele.
Kakashi não queria admitir para ninguém, nem para si mesmo, mas adorava os sorrisos de Iruka, principalmente os sinceros como era aquele, que fazia seu coração acelerar e ele se perguntar o porquê se sentir daquele jeito ou talvez ele saiba muito bem o porque, pois se sentia da mesma forma quando conheceu Rin, quando se apaixonou por ela.
— Fico contente em ouvir isso, Iruka — falou Kakashi segurando a mão do Umino.
Iruka sentiu como se uma eletricidade estivesse passando pelo corpo e ficou ruborizado com aquela atitude do outro e delicadamente puxou sua mão, se levantando em seguida.
— A-acho que já está tarde, vou dormir... Boa noite, Kakashi — Iruka praticamente saiu correndo fazendo o Hatake rir da sua atitude envergonhada.
— Desse jeito você complica as coisas para mim, Umino — Kakashi falou com a voz baixa.
[...]
Nos dias que se passaram, Iruka e Kakashi adotaram uma rotina de manhã que agrava o trio que se divertiam ao chegar na cozinha e encontrar os dois tão perto, conversando e trocando sorrisos enquanto a babá tentava ensinar ao pai alguma nova receita ou mostrando o ponto certo da massa de panquecas ou de cookies e como ficavam sem graça quando eram pegos nessas situações.
Além disso, Kakashi havia descoberto que organizar sua rotina no trabalho para poder ficar um dia durante a semana com seus filhos enquanto Iruka ia na psicóloga não foi tão difícil quanto imaginava e se culpou por ter colocado tantas coisas na frente dos seus filhos e ganhou uma bronca de Iruka, que havia entendido que aquilo foi a maneira de Kakashi lidar com o abandono, mas que estava feliz por estar se esforçando para recuperar aos poucos o relacionamento que tinha com seus filhos.
Com a convivência, os dois descobriram algumas coisas em comum e estavam cada vez mais próximos, para que os via de fora era notável que sentiam algo a mais do que admiração. Até Naruto estava começando a ceder a ideia de que seu pai poderia ter outra pessoa além de sua mãe, apesar de em certos momentos, quando via o pai e a babá juntos se lembrar de que seus pais agiam da mesma forma.
Certo dia, quando estavam somente a família Hatake reunida, já que a babá estava na consulta, Naruto resolveu fazer uma pergunta que estava em sua mente há dias.
— Papai — o loiro chamou a atenção do pai enquanto estavam brincando no quarto das crianças.
— Diga filho.
— O senhor sente falta da mamãe?
Kakashi ficou surpreso com a pergunta e um pouco sem graça, mas uma coisa que sempre prezou com os filhos foi a sinceridade.
— Senti muita falta da Rin quando ela foi embora, sua mãe foi muito importante para mim, meu querido e eu a amei muito.
— O senhor não ama mais a mamãe? — perguntou Sakura se aproximando do pai e do irmão junto com Sasuke.
Kakashi ficou pensando naquilo por um tempo. Rin foi seu primeiro amor e ele a amou intensamente, mas agora, depois de tudo o que aconteceu, depois de sua partida, ele não sabia o que responder além de ter medo de falar algo para seus filhos e eles acabarem ficando chateados consigo.
— Porque esse interesse todo agora? — Kakashi desviou o assunto.
— Se ela voltasse, vocês ficariam juntos de novo? — dessa vez o questionamento veio de Sasuke.
— Olha meu amores, eu sei que vocês amam a mãe de vocês e sei também que ela ama vocês, mas se ela voltasse hoje não sei se voltaríamos a ficar juntos.
— Nem daqui a dois meses? — pediu Sasuke.
— Bem específico, não? Sinceramente, meus queridos, não. Espero que entendam — disse Kakashi e em seguida abraçou o três.
— O que acham de nós quatro irmos preparar um lanche para nós e para o Ruka, que deve estar chegando daqui a pouco? — perguntou Kakashi e viu três pares de olhos o encarando com surpresa.
— Você chamou ele de Ruka!!! — Naruto, Sasuke e Sakura gritaram juntos, quase deixando o prateado surdo.
O Hatake mais velho nem havia percebido sua fala e por um momento se perdeu nas lembranças de Iruka, nos momentos que faziam café da manhã juntos, nas conversas durante a noite, mas logo foi tirado dos pensamentos pelos três pequenos animados que praticamente o arrastaram para cozinha.
Os quatro Hatakes foram para a cozinha e estavam preparando, ou tentando, o lanche quando Iruka chegou.
— Oi.. o que estão aprontando? — a babá perguntou vendo a bagunça na cozinha.
— Ah, desculpe Iruka. Mas as crianças insistiram em fazer cookies, e eu realmente não sei o que estou fazendo — Kakashi disse rindo, com um avental todo sujo de farinha. Até seus cabelos brancos tinham farinha, e as crianças também estavam bem sujinhas, assim como a cozinha estava um caos.
Iruka tentou reprimir a risada, inutilmente é claro. Aquela visão quase apocalíptica que era a cozinha era engraçada demais para não rir.
— Eu vou ajudar vocês — Iruka disse enquanto vestia um avental
— EBA!!! — As crianças gritaram em uníssono, arrancando risadas de Iruka, e um sorriso aliviado de Kakashi, que já não sabia mais o que fazer.
Iruka rapidamente tomou as rédeas da situação, e em 15 minutos os biscoitos já estavam no forno.
— Bem, acho que vocês deviam tomar um banho — Iruka disse olhando para a crianças.
— Mas e os nossos biscoitos? — Naruto perguntou emburrado
— Não vão comer nenhum biscoito assim, cobertos de farinha — Iruka respondeu
— Vamos… — Sakura disse puxando o loirinho para o banheiro
— Espera, vocês vão tomar banho sozinhos?! — Kakashi perguntou.
— Sim pai. O Ruka ensinou pra gente — Sasuke respondeu — Vamos logo, eu quero meus biscoitos… — o menino moreno disse empurrando os dois irmãos para fora da cozinha.
Quando estavam sozinhos na cozinha, Iruka começou a colocar os pratos na lava louças e Kakashi ficou o observando.
— Ensinou meus filhos a tomarem banho sozinhos?
— Sim. Eles precisam começar a ser independentes. Eles já sabem tomar banho sozinhos, arrumar os próprios brinquedos, a cama, colocar os pratos na lava louças… — Iruka dizia como se não fosse nada
— Estou impressionado. Não achei que eles já tivessem idade pra essas coisas.
— Na verdade não tem. Mas são crianças muito espertas — Iruka disse com um sorriso meigo pensando nos pequenos — Bem… e quanto a você Kakashi?! Vai tomar banho sozinho ou espera que eu te dê banho também? — perguntou debochado com a mão na cintura.
O que Iruka não esperava era a reação do Hatake, que automaticamente ficou com as bochechas vermelhas e um olhar envergonhado.
— Iruka eu… — Kakashi ria contido e Iruka logo se corrigiu ao notar o que havia dito
— Kakashi, me desculpe! — Iruka pediu ruborizado ao notar o como aquilo havia soado — Eu não achei que isso fosse soar tão estranho — Iruka dizia com as bochechas vermelhas tapando o rosto de vergonha
Kakashi não resistiu e soltou uma sonora gargalhada.
— Tudo bem Iruka. Eu já sou crescidinho para tomar banho sozinho. Se bem que… uma companhia não cairia mal — disse apenas para ver Iruka ainda mais envergonhado, e funcionou
— Kakashi!! — Iruka o repreendeu, rindo envergonhado, mal conseguindo olhar nos olhos do albino.
Kakashi apenas riu e tirou o avental indo pro banho.
— Deixa essa bagunça aí que mais tarde eu limpo. Vai descansar um pouco, e escolhe um filme para gente assistir com as crianças.
Kakashi saiu para seu banho, e Iruka ficou na cozinha ruborizado. Essas brincadeirinhas com Kakashi estavam se tornando cada dia mais comuns. Uma relação de amizade crescia aos poucos entre babá e patrão. Mas lá no fundo do coração de Iruka, aquilo era mais do que amizade. O que Iruka não sabia, é que Kakashi considerava o mesmo.
Enquanto isso no banheiro, enquanto se secavam, os três pequenos discutiam.
— Gente, vocês acham mesmo que devemos esperar os dois meses para juntar o papai e o Ruka? — Sasuke perguntou.
— Ah, isso de novo?! — Naruto disse emburrado
— Naruto, você ouviu o papai… ele disse que mesmo que a mamãe volte, eles não vão ficar juntos!
— Tá, mas e se ele mudar de ideia? Dois meses parece muito tempo pra mim! — Naruto disse.
— É Sasuke, nós combinamos! Vamos esperar os dois meses — Sakura veio como mediadora entre a briga — Além do mais, não custa nada esperar. Não é como se o papai fosse arrumar outra namorada do nada.
Sasuke, mesmo a contragosto, concordou. Tudo o que o pequeno mais queria era ver Ruka e o pai juntos. Mas, esperaria como os irmãos pediram.
As crianças saíram do banho assim como o pai, e logo os cinco estavam na sala comendo biscoitos e assistindo o live action do Rei Leão, aproveitando seu resto de noite. Ao final do filme os pequenos já estavam adormecidos. Um monte de biscoitos e leite morno os fez dormir rápido. Iruka e Kakashi se entreolharam, sabendo o que deviam fazer. Kakashi conseguiu segurar Naruto e Sakura um em cada braço, com cuidado para não acordarem, enquanto Iruka segurou Sasuke, que sabia ter um sono mais leve. Eles levaram os pequenos até o quarto, onde os deitaram na cama. Primeiro Iruka deitou Sasuke e depois ajudou Kakashi com os outros dois.
— Ruka… — Sasuke o chamou sonolento.
— Oi Sasu — ele respondeu passando as mãos pelos cabelos do pequeno.
— Obrigado pelos biscoitos… — disse praticamente dormindo.
— De nada… — Iruka sorriu e lhe deu um beijinho doce na testa.
Kakashi olhava admirado o como Iruka tratava bem seus filhos, o que de certa forma, só fazia ele admirá-lo ainda mais.
Os dois adultos saíram do quarto e voltaram para a sala onde começaram a arrumar as cobertas espelhadas e os copos sujos. Depois, Iruka se jogou cansado no sofá, e Kakashi sentou-se ao lado dele.
— Está cansado? — perguntou o Hatake.
— Exausto. Tive um dia cheio hoje.
— Como foi a consulta? Você está gostando do médico? — Kakashi perguntava realmente preocupado.
— Sim. Tem me ajudado bastante. Estamos evoluindo rápido. Estou pensando em trazer Pakkun para cá, se não se importar é claro. Afinal de contas ele é meu cachorro e uma lembrança da minha filha.
— Fico feliz por isso, Iruka. E pode trazê-lo sim, o Bull não irá devorá-lo e se eles não se darem bem, ele pode ficar dentro de casa. Mas sabe… — o prateado dizia um pouco envergonhado — Você é muito especial pra nós. As crianças te adoram e eu… — interrompeu a fala quando olhou fundo nos olhos do Umino — Eu… não sei o que faria sem você… — sussurrou.
— Kakashi… — Iruka ruborizou e desviou o olhar — Tenho certeza que se eu fosse embora, você conseguiria outra babá facilmente
— Não como você! — Kakashi disse segurando seu queixo e fazendo Iruka olhá-lo nos olhos — Você é único, Umino… — sussurrou enquanto aproximava seu rosto do dele.
Iruka sentiu o coração bater forte enquanto olhava nos olhos de Kakashi. Olhos que o hipnotizavam. Kakashi desviou o olhar rapidamente para sua boca e mordeu de leve os próprios lábios. Iruka sentia a respiração pesada e sentiu todo seu corpo estremecer quando o Hatake acariciou de leve seu rosto. Kakashi aproximou ainda mais seu rosto do dele e Iruka fechou os olhos sentindo a respiração dele tocar sua pele, e logo, sentiu os lábios de Kakashi nos seus, num selar calmo, macio e delicado. Iruka arfava com aquele toque e sentia seu coração acelerado. Queria continuar com aquilo. Queria desesperadamente continuar com aquilo, mas sabia que era errado. Kakashi era seu patrão. Iruka então se afastou rápido como um susto, deixando o Hatake confuso.
— Kakashi eu… eu…
— O que houve Iruka? — o de cabelos brancos perguntou acariciando seu rosto. Mas Iruka segurou sua mão para impedi-lo.
— Kakashi, não devemos fazer isso — o moreno disse olhando em seus olhos.
— Por quê? — perguntou Kakashi.
— É que… você é meu patrão… não é certo — disse encolhendo os ombros.
— E daí?! Iruka, isso não faz diferença pra mim…
Mas Iruka sabia que não devia. Sua vida já era complicada demais. E a de Kakashi então… nem se fala. Era complicadíssima. Iruka não queria se envolver e acabar sofrendo ou causando sofrimento aos pequenos, que sabia que aguardavam ansiosos um possível retorno da mãe. Iruka então tomou sua decisão.
— Kakashi, me desculpa mas… eu não quero isso.
— Ah… Tudo bem, eu entendo.. — Kakashi disse frustrado, mas forçava um sorriso amigável.
— Sabe, é muito complicado…
— Tudo bem Iruka… você tem razão — Kakashi dizia envergonhado, forçando um sorriso, mas por dentro estava arrasado — Nós dois… isso foi um erro. Me desculpa.
— Tá tudo bem… — agora era Iruka quem sorria envergonhado.
— Não, eu sinto como se…. eu tivesse forçado a barra…
— Não, Kakashi, por favor, não pense isso. Vamos só esquecer que isso aconteceu, tá bom?!
— Ok, parece ótimo. Eu espero que isso não afete a nossa relação… sabe, as crianças te adoram…
— Não se preocupe com isso Kakashi. Não significou nada. Vamos fingir que nunca aconteceu, tudo bem?! — o Umino dizia com um sorriso.
— É claro… não significou nada… — Kakashi disse triste ao ouvir essas palavras da boca de Iruka.
— Ótimo, então boa noite — Iruka disse apressando se levantando do sofá e indo para seu quarto.
— Boa noite… — murmurou para si próprio quando o Umino já havia saído.
Kakashi deitou no sofá da sala e respirou profundamente pensando naquele beijo, ou quase beijo… Iruka era tão lindo… seu olhar era tão brilhante e inocente, sua pele era macia, e seus lábios… nossa, que lábios… Kakashi sonhava acordado com eles. Mas seu peito se encheu de pesar ao lembrar das palavras de Iruka. “Não significou nada”. O Hatake suspirou triste.
— Então é isso… ele não sente nada por mim… Acho melhor esquecer esse sentimento que nem deveria existir — Kakashi disse a si próprio, indo em direção ao seu quarto para dormir.
Enquanto isso em seu quarto, Iruka se jogou na cama e abraçou com força seu travesseiro controlando o impulso de gritar. Mal acreditava no que havia acontecido. Kakashi ia mesmo o beijar?! Iruka pensava no prateado, em como ele o olhava com aquele olhar galanteador, o como seu toque era delicado… Estava caidinho por ele. Mas por mais que quisesse, precisava dizer que não. Era complicado demais… Kakashi ainda tinha problemas com a ex esposa, tinha três filhos pequenos pra criar, uma empresa para gerir, e ainda por cima era seu patrão. Iruka gostava daquele emprego, adorava aquelas crianças. Pela primeira vez em muito tempo, sentiu que poderia ser feliz de novo, e não iria arriscar aquilo por uma aventura com o patrão. Iruka deitou em sua cama, convencendo a si mesmo de que aquilo não ia rolar e que era melhor assim. Bem, ele convencia sua mente, porque seu coração era difícil de convencer.
[...]
No dia seguinte acordou de manhã para preparar o café das crianças e deu de cara com Kakashi saindo de mansinho, muito mais cedo que o de costume.
— Kakashi, já vai trabalhar? — perguntou Iruka.
— Sim… Eu pensei em chegar cedo hoje — Kakashi disse com um sorriso amarelo, ainda estava envergonhado pelos eventos da noite anterior.
— Entendo… eu achei que ia tomar café com as crianças. Elas já se acostumaram a tomar café com você — Iruka disse triste, já prevendo a reação dos pequenos,
— Eu sei, é que hoje realmente não dá.
— Não é por causa do que houve ontem é?! — Iruka perguntou — Não está fugindo de mim, ou está?!
— O que?! Não… — Kakashi forçava seu sorriso — Nada disso. O que houve ontem? Não houve nada… Achei que já tínhamos resolvido tudo.
— Sim, é claro — Iruka respondeu prontamente — Bem, então… ok, sem problemas. Não houve nada ontem! — Iruka disse com um sorriso — Vou dizer às crianças que você teve uma emergência no trabalho então.
— Obrigado Iruka… Não sei o que faria sem você… — Kakashi disse com um olhar aliviado e saiu, deixando na cozinha um Iruka ainda mais apaixonado.
Kakashi chegou bem mais cedo na empresa, não havia muitos funcionários ainda, somente os seguranças. Sem pressa se dirigiu a sua sala e tentou focar em seu trabalho, mas a cada minuto sua mente o levava até Iruka, até o quase beijo e o quão boa fora a sensação de sentir seus lábios nos do Umino, mesmo que de leve. O Hatake estava realmente apaixonado, mas deveria esquecer aquele sentimento, pois Iruka havia deixado bem claro que não queria nada com ele.
Quando estava se preparando para sair para almoçar no restaurante próximo ao trabalho, foi avisado por Kurenai que tinha uma visita. Kakashi estranhou pois não havia marcado nada com ninguém e a pessoa só havia dito que era um amigo de longa data, mas mesmo assim permitiu a entrada da pessoa. Assim que a pessoa entrou em seu escritório, o prateado ficou surpreso, de todas as pessoas que imaginou encontrar naquele dia, aquela era a mais inesperada.
— Yamato?! — exclamou Kakashi realmente surpreso.
— Kakashi — disse Yamato abrindo os braços num convite para um abraço, mesmo sabendo que o homem à sua frente não era muito de contato físico — Vamos lá Hatake, não me deixe no vácuo aqui, são quase dez anos que não nos vemos.
Mesmo a contragosto, Kakashi se levantou e abraçou o amigo. Os dois eram amigos desde a infância e adolescência, até que Yamato teve que se mudar e acabaram perdendo o contato depois de algum tempo. Quando finalizaram o abraço, Kakashi falou que estava saindo para almoçar e pediu se Yamato não o acompanharia, assim aproveitaria para conversar um pouco com o amigo.
Durante o almoço, Yamato perguntou sobre a vida do amigo, sobre a Rin e só então soube do que aconteceu, que ela havia deixado Kakashi a mais de um ano.
— Deve ter sido um barra ficar sozinho com três filhos pequenos.
— Não foi, principalmente pelo fato deles nunca se entenderem com uma babá, elas nunca duravam mais de uma semana — disse Kakashi rindo um pouco ao se lembrar das brincadeiras dos filhos com as mulheres.
— Mas agora, como as coisas estão? Melhores?
— Estão se ajeitando, eles gostam da nova babá e ele também gosta muito das crianças.
— Peraí, como assim ‘ele’? — perguntou Yamato para confirmar o que tinha ouvido.
— É um rapaz, ele se chama Iruka.
— Um homem? Isso é novidade.
— Para mim também foi, mas já me acostumei.
— E a vida amorosa? Como está?
Naquele momento, Kakashi ficou pensativo e por um segundo, novamente seus pensamentos voltaram a Iruka, mas logo tratou de dissipá-los, mas não a tempo de Yamato não perceber que ficou um pouco distante.
— Essa cara é de alguém apaixonado — brincou o amigo.
— Quem me dera… — desconversou Kakashi — Mas e você, está casado?
— Não… até hoje não encontrei quem valha a pena. Na verdade eu encontrei, mas essa pessoa nunca me deu moral — falou Yamato olhando nos olhos de Kakashi que acabou ficando um pouco sem graça com a fala.
Após passar o pequeno constrangimento de Kakashi, o prateado tomou uma decisão que talvez tenha sido tomada por impulso, mas não voltaria atrás.
— Ficará quanto tempo aqui? — perguntou Kakashi.
— Se tudo der certo, me mudarei de vez para cá.
— Fico feliz em ouvir isso e Tenzou — Kakashi o chamou pelo apelido de quando eram adolescentes e viu o outro corar — Gostaria de sair comigo hoje a noite?
— Como um encontro? — retrucou Yamato com a sobrancelha arqueada.
— Sim, como um encontro.