Cúpidos Mirins

Naruto
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Cúpidos Mirins
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Summary
Ser pai solteiro de três filhos não era lá um trabalho fácil, principalmente quando se tem uma empresa para comandar. Com isso em mente, Kakashi Hatake resolveu contratar uma babá para ajudá-lo a cuidar de seus filhos, Naruto, Sasuke e Sakura; um grupo de pestinhas que adoram uma bagunça.Tudo que ele menos esperava era que os três iriam se juntar em uma operação: juntar Iruka Umino a sua babá, com o amargo e solitário papai Kakashi.Bom, nada é impossível para três corações cheios de amor.
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Cúpidos Mirins

Kakashi acordou no meio da noite, com Iruka deitado em seu peito, Naruto sobre as pernas do moreno, Sakura ao seu lado esquerdo e Sasuke abraçando a cintura do Hatake. Com cuidado se levantou e começou a levar os filhos para o quarto, redobrando atenção para não acordar o moreno. Quando terminou de levar os filhos ao quarto, voltou aos aposentos de Iruka apenas para verificar como o moreno estava, ao constatar que ele dormia tranquilamente, ajeitou a coberta sobre ele e se retirou, ignorando a vontade de deixar outro beijo no Umino.

O Hatake acordou mais cedo novamente e por incrível que pareça não se sentia cansado, parecia que sempre fazia aquilo. E era verdade, sempre acordava mais cedo para poder fazer suas atividades físicas, mas deixou de praticá-las quando se viu sozinho com três crianças. E foi o que fez naquela manhã novamente, dessa vez sem levar o Bull.

Se vestiu apropriadamente, calçou seu tênis e se dirigiu ao parque que ficava próximo a sua casa para mais uma corrida. Enquanto corria, sentindo o impacto do chão sob seus pés, ficou pensando em como conversaria com Iruka. 

Ao chegar em casa, se deparou com o Iruka na cozinha, preparando o café da manhã para os pequenos que ainda estavam dormindo. Kakashi ficou parado no batente da porta, olhando Iruka trabalhar, enquanto cantava algo acompanhando a música que tocava baixo, alheio ao que estava ao seu redor.

— Deveria estar descansando — disse Kakashi assustando o Umino que quase deixou cair no chão a xícara que tinha em mãos.

— Kakashi! Que susto, não chegue assim de repente, quer me matar do coração?

— Desculpe, não foi minha intenção. 

— Saiu para correr?

— Sim, é um hábito que tenho, mas deixei de lado. Estou tentando retomar com ele. Poderia me acompanhar um dia desse, é bom para começar o dia bem.

Iruka o olhou com uma cara desanimada com a ideia de levantar ainda mais cedo do que o habitual.

— Não me diga que é um preguiçoso que não gosta de se exercitar, Iruka? — perguntou o Hatake divertido.

— Não é isso, só não gosto de acordar ainda mais cedo. Se fosse um outro horário, até pensaria.

— Irei cobrar, e ainda te convencerei a acordar mais cedo para uma corrida. Mas voltando ao assunto principal, deveria estar descansando, o dia de ontem foi cansativo para você, tomou medicamentos fortes. Eu deveria mandar você subir e se deitar, e eu mesmo termino o café das crianças.

— Eu estou bem Kakashi. É sério. E trabalhar mantém minha mente ocupada. Prefiro assim.

— Iruka, por favor..

— Se eu ficar sozinho, com a mente desocupada, começarei a pensar demais e não será bom, e acabarei não descansando.

— Eu te entendo, mas só quero te ajudar Iruka. E para isso preciso que seja sincero e me diga o que aconteceu ontem.

— Sabe o que houve…

— Sei os fatos, não as razões que o levaram a ter aquela crise. Não irei te julgar, nem nada, se é o que está pensando. Eu só quero te ver bem. Pode confiar em mim.

Iruka suspirou cansado, se sentiu derrotado por não conseguir manter seus problemas apenas para si e agora se encontra pressionado a contar, mais uma vez, sua história. Mas ao mesmo tempo, sente que pode confiar no Hatake quando ele diz que só quer o ajudar, sente que sua intenção é boa. Iruka então puxa uma cadeira e indica para que Kakashi se sentasse, enquanto ele se sentava na outra ao seu lado, mas ficando de frente para o Hatake.

— Bem, por onde posso começar... — disse Iruka ainda com certo receio.

— Pode começar me falando sobre sua filha… — pede Kakashi deixando Iruka surpreso.

— Como… como sabe sobre minha filha? — pergunta surpreso, deixando Kakashi um pouco sem graça.

— Bem, Sasuke me falou sobre ela, mas não sei muito. Desculpe se pareci invasivo — disse Kakashi fazendo Iruka sorrir pela preocupação do outro.

— Tudo bem… Minha pequena se chamava Sayuri e apesar de eu ser casado, era somente eu e ela. A sua mãe, Anko, quase nunca parava em casa então nos tornamos muito unidos. Quando Sayuri fez cinco anos, foi diagnosticada com fibrose cística, que é uma doença genética hereditária e eu tive que me desdobrar para conseguir fazer o tratamento adequado. Eu fazia tudo pela minha filha. Infelizmente, um dia enquanto estávamos passeando no parque com nosso cachorrinho, um pug chamado Pakkun que está com Kurenai, ela… — Iruka começou a chorar, era sempre assim quando se lembrava daquele dia. Kakashi percebeu que a história não tinha um desfecho bom,por isso segurou a mão do Umino na tentativa de demonstrar apoio, o que funcionou, que mesmo com os soluços Iruka continuou — Ela saiu correndo atrás de Pakkun e eu não vi, deveria ter prestado mais atenção nela, quando percebi os dois estavam no meio da rua e…

Iruka não conseguiu terminar a frase sem desabar em lágrimas, um choro sentido, doloroso, que afetou o Kakashi, que num impulso de tentar consolar o moreno o puxou para um braço, deixando que ele chorasse em seu ombro.

— Iruka… eu sinto muito… — dizia Kakashi enquanto acariciava as costas do moreno.

Depois de alguns minutos, Iruka consegue se acalmar um pouco e controlar as lágrimas, mas Kakashi ainda mantém o Umino em seus braços. Um pouco envergonhado, Iruka se desvencilhou do abraço, mas não teve coragem de encarar Kakashi. Este por sua vez, se levanta e vai pegar um copo de água para o moreno, que aceita.

— Iruka, eu sinto muito, não queria te deixar assim. Não posso nem imaginar o que é perder um filho, não posso mensurar a dor que você deve sentir. Se soubesse que era isso que tinha acontecido, não teria pedido para me contar. Imagino também que a aproximação repentina do Bull deva ter desencadeado seu ataque de pânico ontem, te trouxe péssimas lembranças. Prometo que deixarei o Bull longe, posso até deixar ele uns dias na casa do Gai se quiser, sei que ele não vai se importar.

— Não precisa Kakashi, as crianças gostam do grandalhão, é só me manter longe dele e deixar ele longe de mim. Mas sabe, os três pestinhas, apesar das brincadeiras e das pegadinhas, me sinto muito bem na companhia deles, e isso tem me ajudado a superar um pouco a dor que tenho no peito. Posso dizer que esses dias que sorri com eles, foram os sorrisos mais sinceros que dei em meses.

— Fico contente ao ouvir isso. Mas me responda uma coisa, com sinceridade, você tem feito algum acompanhamento médico com psicólogo e psiquiatra? — pergunta Kakashi com medo de estar sendo indelicado, fazendo Iruka desviar o olhar.

— Na verdade não. Estou tendo que pagar as dívidas que fiz para o tratamento da Sayuri, depois me mudei de cidade e agora trabalhando, não tenho tempo para isso, mas ficarei bem, não se preocupe.

Kakashi pensa um pouco em uma maneira de poder ajudar o moreno e que fará bem para todos no final. Só espera que o Umino aceite.

— Iruka, vou te propor um acordo. A partir da semana que vem, todas as quartas-feiras eu te darei folga na parte da tarde e ficarei responsável pelo trio nesse dia. Levarei na escola, buscarei, passearemos e enquanto isso, você vai começar a ir ao médico.

— Kakashi, isso não é necessário. Não precisa fazer isso, sei que é ocupado com a empresa e…

— Mas não foi você mesmo que disse que eu precisava passar mais tempo com meus filhos? Acompanhar mais sua vida escolar? Só vejo benefícios para todos. 

— Tudo bem, farei isso — disse derrotado, não podia recusar e já estava adiando demais os cuidados consigo mesmo.

— Já sabe quem irá procurar? Quer que te indique alguém?

— Não é necessário, a Tsunade já me indicou uma conhecida dela e me ameaçou se não for lá.

— Tsunade Senju? A diretora da escola?

— Sim, conheço ela há um bom tempo, mas como fiquei fora por alguns anos, nos reencontramos agora.

— Então, temos um acordo? — perguntou Kakashi se levantando e estendendo a mão para Iruka, que também se levantou e apertou a mão de Kakashi.

Os dois ficaram com as mãos dadas por um tempo, enquanto se encaravam. Parecia que um tentava ler o outro, tentava se colocar no lugar do outro para entender suas dores, suas perdas. Kakashi fazia, inconsciente, um carinho nas mãos de Iruka.

— Porque vocês tão de mãos dadas? — perguntou Naruto entrando na cozinha, assustando os dois que rapidamente soltaram as mãos, seguido de Sasuke e Sakura.

Sasuke deu um tapa na nuca do irmão, pois para ele Naruto tinha atrapalhado o pai e Iruka, que pareciam estar mais próximos do que o normal e o pequeno tinha gostado de os ver daquela forma.

— Eu vou tomar um banho e já desço para tomar café com vocês — disse Kakashi deixando um beijo em cada um dos filhos.

— Ruka, você gosta do papai? — perguntou Sasuke direto, fazendo o moreno se engasgar com a água que tomava.

Quando se recuperou, olhou para o pequeno que parecia aguardar ansioso pela resposta.

— Ele é legal, está sendo um bom amigo, está me ajudando bastante.

— Vocês vão namorar? — pergunta foi feita pela Sakura, deixando o moreno vermelho de vergonha.

— Claro que não Saky. Papai não pode namorar ninguém. Pois como ele vai ficar com a mamãe quando ela voltar? — Naruto falou como se fosse uma coisa certa.

— Ela não vai voltar! — Sasuke disse sério.

— Claro que vai, e porque você não chama ela de mãe, se ela é a nossa mamãe? — perguntou Naruto irritado.

— Ei, por favor, não briguem. Acabaram de acordar e já estão discutindo? Vem me ajudar com o café que ganhamos mais. Não estão com fome?

Os três assentiram e foram ajudar Iruka com o café da manhã. Quando estava tudo pronto e Iruka acabando de servir os três, Kakashi apareceu já pronto para ir para o trabalho, mas naquele dia não tinha pressa, iria tomar café da manhã com os filhos e adotar aquele hábito novamente. Quando se sentou em seu lugar à mesa, olhou para Iruka que estava para se retirar.

— Sente-se conosco, Iruka. Não precisa tomar café sozinho — pediu o Hatake que foi seguido pelo olhar pidão dos três mini Hatake.

— Eu tomo café com vocês, só vou pegar uma xícara para mim.

O café da manhã foi repleto de risos e brincadeiras dos três pequenos, que estavam felizes pelo pai estar com eles ali antes de ir para o trabalho. Kakashi e Iruka acabaram trocando olhares durante a refeição, tentavam disfarçar as vezes, mas em alguns momentos os olhares se prendiam um no outro e esqueciam que estavam na companhia de Naruto, Sakura e Sasuke, que notou aquilo e sua mente já começou a trabalhar em teorias e maneiras de juntar o pai e Iruka.

Mais tarde, enquanto brincavam no quarto, Sasuke pensava em uma maneira de pedir a ajuda dos irmãos. Sabia que Naruto seria mais difícil de convencer, mas não desistiria antes de tentar.

— O papai está mais feliz desde que o Iruka começou a cuidar da gente — começou Sasuke.

— Sim, ele até está tomando café da manhã com a gente — disse Sakura animada.

— Eu acho que o papai está gostando do iruka — completou Sasuke.

— O que? Nunca. O papai ama a mamãe — disse Naruto

— Naruto, quando vai entender que ela não vai voltar?

— Ela vai sim e nós voltaremos a ser uma família de novo, você vai ver — disse o loiro fazendo bico.

— E se ela não voltar? Não quero que o papai fique sozinho — disse Sasuke com tristeza.

— Eu também não. Eu… estou gostando de ver o papai mais feliz, brincando com a gente, mas eu ainda quero que a mamãe volte — disse Naruto.

— A gente podia esperar dois meses e se a mamãe não voltar, aí a gente deixa ele gostar do Iruka — falou Sakura.

— E quanto tempo é dois meses? — perguntou Sasuke, ele era esperto em algumas coisas, mas calcular o tempo era complicado ainda.

— A gente pede ajuda para a tia Sun, ela vai nos dizer quanto tempo é. E quanto falta para chegar.

— Tá, eu concordo. Mas como vamos saber se o papai e o Iruka vão namorar? — perguntou Naruto, confuso.

— Bem, a gente podia fazer como no filme que a gente viu, em que as irmãs fazem as coisas para juntar seus pais de volta.

— Vamos ser cupidos? — perguntou Sakura com os olhos brilhando.

— Acho que sim,mas… o que é cupido? Parece coisa de menina — disse Sasuke.

— É um anjinho que atira flechas de amor para fazer as pessoas se apaixonarem.

— Então vamos ser os Irmãos Cupidos — falou Naruto animado.

— Não gostei desse nome — disse Sakura com cara de nojo.

— Já sei… Seremos os “Cupidos Mirins” — falou Sasuke se levantando, sendo imitado pelos outros dois.

Aqueles três quando colocavam uma ideia na cabeça, era difícil de tirar. Então, se eles decidiram que iriam juntar o pai e o Iruka, eles fariam. Ou tentariam. Mas talvez o destino estivesse a favor deles e os ajudasse nessa árdua missão.

 

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