
Novos Sentimentos
— Por favor, fique aqui comigo...
Kakashi ficou surpreso com a fala do moreno, pois pensava que Iruka já estaria dormindo devido a medicação que o doutor Hiruzen havia lhe dado, mas o outro lhe encarava com os olhos marejados.
— Você precisa descansar Iruka, não queria te acordar, apenas vim verificar se estava bem. Me desculpe — disse Kakashi se levantando da cama.
— Fique, pelo menos até eu voltar a dormir — pediu Iruka envergonhado, evitando olhar para Kakashi.
— Eu fico, mas com uma condição — falou Kakashi.
— Que condição?
— Quando acordar, irá me contar tudo sobre o que desencadeou essa crise de pânico, tudo bem?
— Eu… eu não sei se devo, afinal são meus problemas pessoas e não quero envolver nisso, nem as crianças… — falou Iruka com a voz baixa, realmente não queria dar trabalho ao Hatake e nem preocupar os pequenos, que com certeza haviam ficado abalados com a sua reação.
— Me desculpe, mas já estamos envolvidos, mesmo que involuntariamente. Agora, descanse. Prometo ficar aqui até você dormir — disse Kakashi e inconscientemente levou sua mão aos fios castanhos de Iruka fazendo um leve carinho.
Iruka ficou um pouco corado com o carinho, mas não o impediu e logo estava dormindo novamente, dessa vez um sono mais tranquilo. Kakashi ficou um tempo admirando o mais novo dormir serenamente, sem interromper o carinho que fazia, apenas mudou a mão dos cabelos para o rosto, o contornando delicadamente para não o acordar, passando seus dedo pela bochecha e em seguida pela cicatriz que cruzava o nariz indo até a outra, o que para o prateado dava um charme a mais ao moreno. Quando deu por si, estava acariciando de leve os lábios rosados de Iruka, sentindo a maciez e sem perceber começou a imaginar como seria o gosto daquela boca, pensou que seria doce com gosto de cerejas. Ao perceber os rumos de seus pensamentos, afastou rapidamente a mão dos lábios de Iruka.
— O que eu estou pensando? Não posso pensar nisso. Isso é culpa da dona Chiyo e suas ideias mirabolantes que agora ficam rondando minha mente. Não posso estar me interessando por você. Não que você não seja interessante, bonito, educado, gentil, amoroso com meus filhos. Droga Iruka, o que está acontecendo comigo? O que você está fazendo comigo? Eu deveria me afastar, ter uma relação estritamente profissional contigo, como era com as outras babás. Mas porque sinto que isso não será possível? Por sinto que não quero que seja como as outras? — Kakashi dizia para si mesmo
Kakashi se levantou da cama de Iruka, mas antes de sair se aproximou novamente do moreno e deixou um leve beijo no topo da cabeça de Iruka, e depois finalmente saiu do quarto do mesmo e não pode ouvir o outro.
— Eu também não sei o que você está fazendo comigo, Kakashi, mas será melhor se mantivermos nossa relação somente como empregado e patrão, nada além disso — falou Iruka com pesar, para só então se entregar ao sono profundo.
Kakashi entrou no seu quarto e foi direto ao seu banheiro precisava tomar um bom banho de banheira para relaxar e tentar organizar seus pensamentos que a cada dia ficavam mais confusos em relação a Iruka, não poderia deixar aquela admiração, aquela atração se tornar outra coisa, não seria bom para ninguém.. Após o longo banho, saiu do quarto e foi em busca dos filhos, que imaginou que estivessem na pequena biblioteca fazendo suas tarefas, era o que esperava.
Assim que abriu a porta do cômodo, viu Sasuke e Sakura quase em cima de Naruto, falando ao mesmo tempo, enquanto o loiro tinha a cabeça apoiada na mesa e as mãos em cima da mesma.
— O que está acontecendo aqui? Sasu e Saky, saiam de cima do Naruto — disse Kakashi se aproximando do trio, que fez o que foi pedido.
— Nós estávamos tentando ajudar o Naru na tarefa de matemática, mas ele é muito burro — disse Sakura irritada.
— O que falei sobre chamar seu irmão de burro, minha princesa?
— Que não é para chamá-lo assim — respondeu a rosada.
— Papá, o Naruto não entende uma coisa tão fácil e a gente explica para ele um monte de vezes, mas ele continua sem entender — disse Sasuke.
— Mas esse negócio é difícil demais papai, não entra na minha cabeça — choramingou o loirinho
Kakashi sabia que o filho tinha certa dificuldade para entender as coisas e precisava de uma outra abordagem, mesmo que não estivesse mais tão presente na vida dos filhos, recebia alguns relatórios da escola, mesmo que parecesse não se importar, ainda sabia do que acontecia com eles.
— Quer que eu te ajude? Sasuke e Sakura se já terminaram, guardem suas coisas e podem ir assistir um pouco de televisão, enquanto eu ajudo o Naruto a terminar a lição dele.
Mal Kakashi acabou de falar e os dois saíram correndo, enquanto Naruto ficou encarando o pai com um sorriso, gostava quando ele o ajudava, pois ele explicava as coisas ao loiro de uma maneira que ele conseguia entender e aprender e o Hatake se sentia orgulhoso por ver o filho aprender as coisas.
Em menos de uma hora Naruto e Kakashi saíram da biblioteca e o loiro estava mais do que feliz por ter finalmente entendido aquela coisa complexa chamada matemática e que ele ainda não entendia para que servia aquilo tudo, mas aquilo não importava no momento.
— Então, o que vocês querem comer hoje? — perguntou Kakashi aos filhos, se sentando ao lado deles no sofá.
— Ramen lá do Ichiraku — falou Naruto animado.
— Sim, e podia pedir uma torta de tomate — falou Sasuke.
— E também um shiratama anmitsu (que é um bolinho com cobertura de xarope) para sobremesa — disse a rosada.
— E para o Iruka? Pedimos o que? — perguntou Kakashi.
— Ramen também — responderam os três juntos, deixando Kakashi surpreso.
— Ok então, vou pedir e enquanto esperamos podemos assistir um filme, o que acham de Soul? Dizem que é legal.
— Sim, o Ruka ia assistir com a gente, mas queríamos assistir com o senhor também — disse Sasuke um pouco envergonhado.
— Sem problemas, assistimos juntos quando ele estiver melhor, combinado? — perguntou Kakashi e os três assentiram.
No fim ficaram assistindo um desenho qualquer até a comida chegar. Quando finalmente chegou, com direito a reclamação de Naruto alegando que estava quase morrendo de fome. Kakashi pegou a comida, arrumou a mesa e serviu os filhos que estavam felizes naquele dia, apesar do susto com Iruka, estavam tendo um tempo com o pai, como a muito não tinham. Na hora da sobremesa, que cada um tinha pedido, o Hatake ficou surpreso ao ver os pequenos separando uma porção para o Iruka, como uma maneira de se desculpar. Depois do jantar, Kakashi pediu para um dos três ir ver se Iruka estava acordado, pois seria bom ele comer algo para não ficar quase um dia inteiro sem comer nada.
— Enquanto eu e outros arrumamos as coisas aqui, um de vocês poderia ir ver se Iruka está acordado, para ele poder comer?
— Eu vou — falou Sasuke correndo para fora da cozinha.
O pequeno foi até o quarto do Iruka, bateu na porta e ouviu um "entra" baixinho. Entrou no quarto em silêncio, um pouco envergonhado por mais cedo, mesmo que nenhum dos três tivesse tido culpa.
— Está tudo bem Sasu? — perguntou Iruka, sentado na cama.
O pequeno se aproximou da cama e abraçou Iruka, deixando o moreno surpreso com a atitude, mas logo correspondeu ao abraço, puxando Sasuke para que ficasse em seu colo.
— Você tá bem, Ruka?
— Estou sim pequeno, apenas um pouco cansado e com fome — disse com um sorriso.
Sasuke o olhou com um olhar sapeca e saiu correndo do quarto deixando Iruka sem entender nada. O pequeno de cabelos negros entrou correndo na cozinha, um pouco ofegante e ignorou o olhar zangado que o pai lhe deu, precisava dizer sua ideia.
— Pai, podemos levar o jantar do Ruka numa bandeja, como o senhor fazia para a… — Sasuke se interrompeu mas Kakashi entendeu, sabia que para o pequeno ainda era difícil falar da mãe.
— Podemos arrumar bem bonito, com as sobremesas também e assim os três levam para ele. Mas o Iruka já estava acordado?
— Sim, aí ele disse que estava com fome e cansado, aí para ele não descer pensei em levar e ele come lá — disse Sasuke.
Kakashi sorriu para o filho e bagunçou seus cabelos e logo foi em busca da bandeja para arrumar as coisas para levar ao Umino, claro que os três ajudaram, estavam empenhados em agradar a babá que para eles era mais do que isso, só não sabiam definir o que era. Colocaram o ramen em uma tigela bonita, pegaram os hashis e colocaram ao lado, o pedaço da torta de Sasuke em um prato junto com um garfo e a sobremesa de Sakura em uma pequena taça de sobremesa, junto com um copo de suco de laranja.
Quando terminaram, Kakashi levou a bandeja, mesmo sob protestos do trio, pois não queria correr o risco de tudo cair e as crianças ficarem tristes por ter perdido seu trabalho. Assim que chegaram no quarto, deram de cara com Iruka que estava saindo do mesmo.
— Ruka, pode voltar para sua cama, trouxemos o seu jantar — disse Sakura praticamente empurrando Iruka de volta para a cama.
— Sim, nós pedimos ramen do Ichiraku, torta de tomate e de sobremesa, temos shiratama anmitsu — disse Naruto animado.
— Nossa, faz anos que não como o ramen do Ichiraku — falou o Umino com os olhos brilhando para a comida.
— Foram eles que disseram que era sua comida favorita, então como pedimos para todos, não poderíamos deixar você de fora — disse Kakashi com um sorriso discreto.
— Mas não precisavam ter trazido aqui, eu já ia descer — falou Iruka.
— Você falou que tava cansado, e o papá disse que era para deixar você descansar, então trouxemos sua comida, agora coma — Sasuke praticamente mandou e Kakashi levantou as mãos em sinal de inocência, não tinha nada a ver com aquilo, exceto a parte do moreno descansar.
— Ok, entendido senhor Sasuke. Vou ficar na cama, comendo e depois voltarei a descansar. Mas se eu ficar mal acostumado e querer todas as minhas refeições na cama, a culpa será toda de vocês — disse Iruka rindo e aquele som fez o coração do Hatake errar uma batida.
— Pai, nós podemos assistir Soul aqui com o Ruka, enquanto ele come? — perguntou Naruto.
— Se o Iruka não se importar e vocês não o atrapalharem enquanto ele estiver jantando.
O moreno que já havia começado a comer, ficou corado ao notar quatro pares de olhos em si.
— Por mim tudo bem, faz dias que eles querem assistir e disseram que o filme é ótimo — respondeu o Umino, se ajeitando na cama para que os três pudessem se acomodar melhor.
Kakashi se sentou na beira da cama, observando seus filhos concentrados na tela da televisão, enquanto Iruka comia tranquilamente. Quando Kakashi notou que ele já havia terminado, pediu licença e retirou a bandeja do seu colo, a colocando em cima da cômoda que havia no quarto, depois a levaria para a cozinha e voltou para a cama.
O Hatake sentou da mesma maneira que estava antes, com as pernas pendidas para o lado de fora, até Iruka notar.
— Kakashi, sente-se mais confortável, estique as pernas, apoie as costas na cabeceira, não precisa ficar tão tenso — disse o Umino com um sorriso meigo.
— Mas como ficaremos os cinco aqui na cama? — perguntou Kakashi.
— Ué, eu e a Saky ficamos no colo do Ruka e o Naruto no seu — respondeu Sasuke como se fosse a coisa mais óbvia do mundo.
Logo os três estavam ajeitados conforme Sasuke havia dito, com Kakashi melhor posicionado na cama e tomando uma certa distância para não ficar tão perto do Iruka, mas no decorrer do filme, como se fosse um imã, o corpo de Kakashi estava mais perto do outro. No final do filme, todos estavam dormindo, exceto Kakashi, que além de Naruto dormindo apoiado em seu corpo, também tinha a cabeça de Iruka deitada em seu ombro.
Kakashi não queria admitir mas a sensação era boa, mesmo que o moreno estivesse dormindo tranquilamente, ter ele tão perto, sentindo seu perfume era inebriante e mais uma vez naquele dia, o prateado levou a mão ao rosto de Iruka, fazendo carinho em suas bochecha e afastando algumas mexas do cabelo que haviam se soltado, tomando cuidado para não acordar nenhum dos quatro.
O que não sabia era que um dos filhos estava acordado e observando com certa admiração o carinho do pai com a babá e naquele momento, o pequeno Sasuke teve a mais brilhante ideia de todas, mas teria que segurar sua empolgação até o dia seguinte para poder falar com os irmãos e esperava que eles concordassem, pois o pequeno havia visto no pai um olhar que a muito tempo não via.
E o jovem Hatake estava disposto a fazer de tudo para que aquele olhar não sumisse de novo.