Cúpidos Mirins

Naruto
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Cúpidos Mirins
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Summary
Ser pai solteiro de três filhos não era lá um trabalho fácil, principalmente quando se tem uma empresa para comandar. Com isso em mente, Kakashi Hatake resolveu contratar uma babá para ajudá-lo a cuidar de seus filhos, Naruto, Sasuke e Sakura; um grupo de pestinhas que adoram uma bagunça.Tudo que ele menos esperava era que os três iriam se juntar em uma operação: juntar Iruka Umino a sua babá, com o amargo e solitário papai Kakashi.Bom, nada é impossível para três corações cheios de amor.
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O "ataque" de Bull

Na manhã seguinte, Kakashi acordou mais cedo que o normal, pelo menos naquele último ano, já que antes de Rin ir embora, ele costuma acordar cedo e ir fazer sua corrida, às vezes levando o Bull junto para que o grandalhão se exercitasse um pouco também, e foi isso que fez, aproveitando para colocar a cabeça no lugar. Não queria admitir, mas Iruka estava certo, estava deixando os filhos de lado e tentaria de alguma maneira, ser mais presente na vida e precisaria da ajuda do Umino, isso se ele ainda fosse trabalhar com ele depois da discussão da noite anterior.

Quando voltou para casa, dona Chiyo estava acordada já e arrumava algumas coisas na cozinha quando viu o Hatake entrar pela porta dos fundos usando a típica roupa de corrida, que a tempos ela não o via usar.

 — Voltando a correr, Kakashi? — perguntou a senhora.

— Sim, precisava pensar e isso me ajuda.

— O que tanto te aflige meu querido? — pediu com carinho.

— Tantas coisas dona Chiyo, mas uma em especial me tirou o sono.

— E tem nome essa coisa em especial? — perguntou a senhora sugestivamente.

— Tem e acho que o magoei profundamente ontem e agora não sei se ele continuará a trabalhar conosco.

— O que houve entre você e o jovem Iruka?

— Ontem eu esqueci da reunião com a professora das crianças e quando cheguei nos discutimos, ele me disse umas verdades que na hora não gostei, e eu acabei falando coisas que deveria, falei coisas que não sabia e o magoei. Ele é tão gentil, cuidadoso com as crianças, não se importou com as pegadinhas, se preocupa com elas e eu o admiro por isso — falou Kakashi pensativo.

— E só admiração mesmo? Você falou dele da mesma maneira que falava daquela lá — disse Chiyo.

— Dona Chiyo, não diga besteiras. Eu apenas admiro a maneira como ele trata meus filhos. Nada além disso.

Antes que Chiyo pudesse dizer alguma coisa, foram interrompidos pelo Umino entrando na cozinha apressado e cumprimentando dona Chiyo com um beijo na bochecha e quando notou a presença de Kakashi, sua expressão ficou séria. 

— Bom dia senhor Hatake, me desculpe pelo atraso, não dormi muito bem a noite. Prometo que não irá se repetir.

— Iruka, nós podemos conversar um minuto? — perguntou Kakashi. 

— Me desculpe senhor Hatake, mas tenho que preparar o café dos três, que já estão se arrumando para descer — disse Iruka sério.

Antes que Kakashi pudesse dizer qualquer coisa, Sasuke, Naruto e Sakura apareceram correndo até o pai.

— Papai, o Ruka falou que não vai embora, que vai ficar com a gente — disseram juntos, fazendo Iruka sorrir.

Dona Chiyo apenas balançou a cabeça em negação, parecia ver o que os dois não queriam ver e iriam negar até o fim. E aquilo não seria bom nem para os dois, nem para as crianças que estavam se apegando cada dia mais ao jovem de cabelos longos e sorriso fácil.

— O que querem para o café da manhã? Panquecas? Bolo? Biscoitos? — pediu Iruka encarando os três que ainda estavam ao lado de Kakashi.

— Bolo — pediu Sakura.

— Panquecas — falou Naruto.

— Biscoitos — disse Sasuke.

— Não tem um consenso não? — brincou Iruka.

— Porque não os três? — perguntou Kakashi, fazendo Iruka arregalar os olhos.

— Quer que eu prepare tudo isso, sozinho?

— Eu ajudarei — disse o Hatake fazendo os pequenos gritarem empolgados, pois fazia tempo que o pai não fazia uma refeição com eles.

— Você sabe cozinhar algo que não precise de um micro-ondas? — perguntou Iruka com certo deboche.

— Tem muitas coisas que não sabe sobre mim ainda Iruka, assim como eu não sei de você, mas podemos aprender mais um sobre o outro com o tempo — disse Kakashi com um sorriso de lado, que deixou Iruka um pouco desconcertado.

— E quem sabe não falar o que não sabemos, palavras podem machucar — falou Iruka encarando Kakashi.

Os três ficaram perdidos naquela conversa de adultos,  e como eram crianças logo interromperam os dois.

— Eu tô com fome, pai, quero comer — falou Naruto, fazendo Kakashi desviar o olhar de Iruka e dar atenção ao filho.

— Tudo bem, vamos começar o café da manhã, antes que morram de fome — disse Kakashi fazendo cócegas no loiro, arrancando risadas tanto dos filhos quanto do Iruka.

E aquele som, aquele sorriso que fazia o moreno fechar os olhos, o deixando ainda mais bonito fez Kakashi o encarar por um bom tempo, até ouvir a senhora Chiyo falar baixo para que somente ele ouvisse e ficar sem graça pelo comentário.

— Só admiração… sei… enquanto negar, será pior, você ainda é jovem, pode encontrar um novo amor, se bem que acho que ele está bem na sua frente.

Kakashi chegou a pensar que talvez, apenas talvez, a senhora estivesse certa, mas ele não poderia se dar ao luxo de se permitir amar novamente, não precisava de outra desilusão.

— Vai ficar ai parado ou vai me ajudar? — perguntou Iruka o tirando dos seus pensamentos e lhe dando uma vasilha para que começasse a fazer as panquecas — Ou foi só da boca para fora que disse que me ajudaria?

Aquele café da manhã, aquele dia havia começado melhor do que qualquer um do último ano, tanto para Naruto, Sasuke e Sakura tanto para o pai dos três, que pela primeira vez em muito tempo estava sorrindo verdadeiramente.

Naquele dia, após o café da manhã, ou bagunça generalizada, na qual Iruka obrigou o Hatake a  ajudar a limpar, resultando em atraso de Kakashi para o trabalho, mesmo assim, o sorriso continuava em seu rosto. Aquela atitude surpreendeu a todos quando o Hatake chegou a empresa, principalmente Kurenai.

— O que aconteceu, senhor Hatake? Está… diferente… — disse a mulher.

— Nada Kurenai, apenas tive um começo de manhã, digamos, maravilhoso. E tenho que te agradecer por ter indicado Iruka para o trabalho, ele é…

— Perfeito? — perguntou sugestiva..

— Pode-se dizer que sim. Kurenai, me diga, o que houve com Iruka e com sua filha?

Kurenai ficou tensa com aquela pergunta e Kakashi notou, percebendo que aquele assunto era muito mais delicado do que pensou.

— Acho que isso é algo que somente ele pode te dizer, por mais que eu saiba, não cabe a mim falar. E não tente perguntar a ele. Se quiser saber, deixe que ele mesmo dizer, quando ele se sentir confortável, te falará.

Kakashi não negaria que ficou curioso com o que aconteceu com o Umino, mas saberia esperar o tempo que fosse, até ele se sentir confortável, se é que um dia ficaria, pois depois da noite anterior, não sabia se conseguiria se aproximar do moreno novamente, apesar de ter conseguindo uma nova aproximação com ele durante a manhã.

— Kakashi, Kakashi — chamou Kurenai estalando os dedos na frente do prateado — Está com um sorriso bobo na cara, aconteceu algo entre você e o Iruka? Olha aqui, ele não é qualquer um, não ouse brincar com os sentimentos deles e..

— Ei, calma… Não aconteceu nada entre nós dois. Discutimos, falei coisas que o magoaram e agora terei que consertar, só não sei como.

— Te conhecendo, imagino que tenha dito algo bem pesado. Mas dê um tempo a ele, conheço meu amigo melhor do que ninguém, ele é incapaz de guardar mágoa de alguém, ficará uns dias arredio, mas aos poucos ele vai cedendo, se você fizer por merecer. Cuide bem dele, ele já sofreu demais, e precisa apenas um pouco de carinho.

O restante do dia de Kakashi passou que ele nem passou, ficou focado no seu trabalho, que só foi retirado ao receber uma ligação de Chiyo e ela nunca ligava, algo muito sério havia acontecido, talvez Iruka estivesse pedido para ir embora ou quem sabe as crianças tivessem aprontando algo de novo.

— O que houve dona Chiyo? Aconteceu algo com os meninos ou com Iruka? — perguntou preocupado.

— É o Iruka, por favor, venha para casa rápido, por favor, eu não sei o que fazer…

— O que houve com ele, me explique.

— Eu não sei querido, só venha, rápido — disse a senhora e desligou o telefone.

Kakashi saiu apressado de sua sala, passou por Kurenai dizendo vagamente que precisava ir embora pois tinha acontecido algo com Iruka. No caminho para casa, a cada minuto o Hatake ficava mais angustiado e preocupado, pelo pouco que conviveu com o Umino sabia que não seria uma das brincadeiras dos seus filhos que o abalaria o que o deixava sem muitas opções para pensar no que poderia ter acontecido.

Ao entrar em casa, Chiyo logo o recebeu e pediu para que o acompanhasse até o jardim, onde viu uma cena que o deixou sem saber como agir. Bull, seu buldogue estava em cima de Iruka o farejando como se procurasse algo, enquanto ele estava encolhido e chorava desesperado. 

— Alguém tire o Bull de cima do Iruka, alias porque não fizeram isso ainda? — perguntou o Hatake visivelmente irritado.

— Não conseguimos e como só estamos nós e ele é teimoso quando quer, é difícil — disse Chiyo.

Kakashi rapidamente foi até os dois e com certa dificuldade conseguiu tirar o Bull de cima do Iruka e o levou até o canil onde ele ficava e depois voltou a Iruka que ainda chorava e parecia estar em estado catatonico. 

— Iruka — chamou Kakashi — O que houve? — Kakashi tentou falar com Iruka, mas totalmente em vão.

Não vendo outra opção, com cuidado pegou o moreno em seus braços e o levou para dentro, passando pelos filhos no caminho, que só então percebeu que Sasuke e Sakura tentavam acalmar Naruto, que dizia que não teve culpa, que não fez por querer. As coisas apenas se complicam e deixam Kakashi mais confuso, mas no momento a sua tarefa era acalmar Iruka. Assim que entrou no quarto do Umino,o colocou em sua cama e tratou de ligar para seu médico de confiança, pois estava realmente preocupado com o moreno. Meia hora depois, o doutor Sarutobi Hiruzen estava em sua casa, examinando o Iruka

— Então, o que houve com ele? — perguntou Kakashi.

— Ele teve uma crise de ansiedade grave, algo desencadeou isso. Sabe o que pode ter sido? — perguntou Sarutobi

— Infelizmente não. Ele está trabalhando para mim a pouco tempo e não faria um questionário sobre sua vida pessoal — respondeu Kakashi sem graça.

— Entendo. Mas fisicamente ele está  bem, apenas ficou muito agitado. Eu lhe dei um calmante para poder descansar. Irá acordar daqui a algumas horas. Aconselho a ver com ele se faz algum tipo de acompanhamento psicológico e psiquiátrico, pois pelo estado quase catatonico em que se encontrava, seria bom para ele.

— Obrigado. Falarei com ele quando acordar.

Kakashi acompanhou o doutor até a saída e depois foi em direção ao quarto dos filhos para poder entender o que havia acontecido. Assim que entrou, viu Naruto cabisbaixo, Sasuke deitado em sua cama e Sakura ao lado do loiro.

— Como tá o Ruka? — perguntou Naruto com a voz baixa.

— Está descansando, mas está bem. Agora, podem me dizer o que aconteceu?

— Foi um acidente papai, eu juro, não fiz por mal — falou Naruto com os olhinhos marejados.

— Tá tudo bem meu amor, eu só preciso que me digam o que houve — perguntou Kakashi novamente, se abaixando na frente do filho. 

— Eu… eu estava indo pegar os petiscos do Bull, aqueles que ele mais gosta, que fica doido quando sente o cheiro, eu estava com pressa, correndo porque queria ir brincar logo, mas aí eu acabei trombando do Ruka e derrubei nele e aquele negocio é quase uma meleca e grudou nele e quando o Bull sentiu o cheiro ficou doido e pulou no Ruka, eu não sei o que houve com ele, mas ele ficou assustado e pedia quase gritando para gente tirar o Bull de cima dele, mas ele não obedecia, nem a senhora Chiyo conseguiu tirá-lo de cima do Iruka, e como o tio Guy não tava pedimos para a ligar para o senhor, já que o grandão só escuta você. Eu juro papai, não foi nenhuma pegadinha, foi apenas um acidente, eu gosto do Ruka ele é legal e não quero que ele vá embora. Por favor papai, diga para ele que não fiz por querer — pediu Naruto se jogando nos braços do pai.

— Tudo bem meu amor, se acalme, eu falarei com ele quando acordar e explicarei tudo o que aconteceu. Tenho certeza que ele irá te perdoar e te entenderá, não se preocupe. Agora porque não vão tomar banho, fazer as lições de casa e depois pedirmos alguma coisa para comermos? — pediu Kakashi olhando para os três, que apenas assentiu.

— Papai, depois podemos ver como o Ruka está? Estamos preocupados com ele, nunca vi ele ficar daquele jeito, parecia tão assustado e com medo… — falou Sakura.

— Quando ele acordar, poderão falar com ele, mas até lá, deixem ele descansar, tudo bem?

Os pequenos assentiram e foram fazer o que pai pediu, enquanto o Hatake foi até o quarto de Iruka ver como o moreno estava e o encontrou encolhido na cama, parecia estar dormindo ainda, mas estava agitado, como se estivesse em um pesadelo. Kakashi se aproximou devagar da cama de Iruka e sentou-se ao seu lado, em um ímpeto levou sua mão ao rosto do outro e fez um leve carinho, aproveitando para tirar uma mecha de cabelo do rosto do outro.

— Sayuri… me desculpe minha querida.. papai te ama… — dizia Iruka ainda de olhos fechados.

Kakashi não precisava ser um gênio para ligar os pontos e entender que Sayuri devia ser a filha de Iruka que Sasuke havia falado. 

— Calma Iruka, está tudo bem. Vai ficar tudo bem — disse Kakashi com calma e sentiu Iruka se aproximar mais dele.

Kakashi ficou surpreso com a aproximação do outro e tentou se afastar com calma, para não acordar o moreno, mas sentiu Iruka o segurar e ainda dormindo, pelo menos era o que o Hatake pensava, pediu para que não se afastasse.

— Por favor, fique aqui comigo...

 

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