Cúpidos Mirins

Naruto
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Cúpidos Mirins
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Summary
Ser pai solteiro de três filhos não era lá um trabalho fácil, principalmente quando se tem uma empresa para comandar. Com isso em mente, Kakashi Hatake resolveu contratar uma babá para ajudá-lo a cuidar de seus filhos, Naruto, Sasuke e Sakura; um grupo de pestinhas que adoram uma bagunça.Tudo que ele menos esperava era que os três iriam se juntar em uma operação: juntar Iruka Umino a sua babá, com o amargo e solitário papai Kakashi.Bom, nada é impossível para três corações cheios de amor.
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Tensão

Na manhã seguinte, Iruka acordou mais disposto, parecia que conversar com Tsunade e Kurenai tirou um pouco do peso de suas costas e seu humor melhorou um pouco pelo fato de não ter tido nenhuma surpresa dos três pestinhas, mas ainda tinha toda a manhã, não iria comemorar antes do tempo.

Saiu do seu quarto e foi em direção ao quarto dos três e mais uma vez foi surpreendido naquele dia, que mal havia começado. Os três já estavam acordados, ou quase isso, estavam sentados na cama, se espreguiçando.

— Bom dia, meus queridos. Já acordados? O que houve com vocês? — perguntou desconfiado.

— Bom dia Iruka — disseram os três juntos.

— O que estão aprontando? — perguntou Iruka com a sobrancelha arqueada, encarando os três.

— Não estamos aprontando nada, 'ttebayo — disse Naruto.

— É que nós queríamos te fazer uma surpresa, mas era para ter acordado mais cedo, mas tava tão bom dormindo — disse Sakura com a voz um pouco sonolenta.

— E que surpresa seria essa? — perguntou Iruka.

— Você passou no nosso teste para ser nossa babá — respondeu Naruto um pouco descontente.

— E não iremos mais fazer nenhuma pegadinha com você — disse Sasuke.

— Sério? Sem mais brincadeiras e pegadinhas? Prometem? — perguntou Iruka estendo o mindinho para os três, um acordo entre eles.

— Prometemos! — falaram em uníssono, estendendo os dedinhos para o Umino.

— Então, para comemorar, o que acham de fazermos um bolo de chocolate com cobertura de brigadeiro? — pediu vendo os três ficarem animados e praticamente o arrastarem até a cozinha.

Na cozinha, Iruka dividiu as tarefas entre os três, ficando para si a função de fazer a cobertura, não era louco em deixar eles mexerem com fogo e coisas quentes. Quando o bolo estava pronto, entraram em uma discussão sobre o que colocar em cima do bolo para enfeitar, se seriam morangos ou cerejas.

— Morango é melhor, Sakura — dizia Naruto e Sasuke concordou.

— Cerejas são melhores — retrucou a rosada.

— Só porque é o seu nome — provocou Naruto.

Iruka vendo aquela pequena discussão, não conseguiu evitar de lembrar de sua filha, pois quando fazia bolo era a mesma coisa, a pequena Sayuri preferia morangos e ele cerejas, e no fim o bolo acaba com os dois, mesmo que sua filha ainda dissesse que morangos eram melhores. Nem percebeu que estava chorando, só percebeu quando ouviu Sakura.

— Iruka, porque está chorando? É porque nós estamos brigando? — perguntou a pequena preocupada.

— Não, minha linda, não é por isso, é que lembrei de uma coisa apenas — respondeu secando as lágrimas.

— Lembrou de algo triste?— perguntou Naruto com os olhinhos marejados, não gostava de ver ninguém chorando.

— Na verdade não, é uma lembrança boa — respondeu Iruka fazendo carinho nos cabelos do loiro.

— Lembrou da sua filhinha? — perguntou Sasuke deixando os irmão surpresos com aquela informação.

— Você tem uma filha? — perguntou Naruto um pouco alto.

— Posso conhecer ela? Ela é da nossa idade? Pode ser minha amiga?— Sakura perguntava rápido.

— Não pode — respondeu Sasuke olhando para a irmã.

— Porque não? Eu vou ser a melhor amiga dela — disse Sakura com convicção.

— Porque ela é uma estrela no céu, igual o vovô Sakumo. Não é verdade Ruka? — respondeu Sasuke olhando para Iruka.

Iruka estava sem saída diante daquela situação, os pequenos não iam aceitar algo vago e sabia disso apenas pelos olhares curiosos que demonstraram e também um pouco tristes.

— É verdade. Eu tinha uma filha chamada Sayuri e agora ela é uma linda estrela no céu.

— O vovô deve estar cuidando dela, igual ele cuidava da gente — disse Naruto com um sorriso.

— Como ela era, Ruka? — perguntou Sakura

— Porque estão chamando ele de Ruka? — se intrometeu Naruto.

— É um apelido que eu inventei para ele — respondeu Sasuke orgulhoso.

— A gente pode te chamar assim? — perguntou Naruto.

— Pode sim, não me importo, se eu puder chamar vocês de Naru, Sasu e Saky — sugeriu e viu os três assentem.

— Pode nos contar um pouco sobre a Sayuri? — Sakura pediu novamente.

Iruka suspirou, mas decidiu falar um pouco sobre sua filha.

— Bem, ela era um pouco mais nova que vocês, tinha os cabelos da mesma cor dos meus, só que mais curtos, era muito animada, gostava de correr pelo parque, desenhar, contar histórias, tinha sua própria versão do Conto do Jiraya. Ela era meu raio de sol nos dias nublados e a brisa fresca nos dias quentes. E a gente sempre brigava para ver se em cima do bolo teriam morangos ou cerejas. Infelizmente ela gostava de morangos e eu de cerejas, assim como você — disse Iruka emocionado.

— Ela devia ser linda — disse Sakura — Depois me mostra uma foto dela? — perguntou.

— Claro, mas agora vamos terminar o nosso bolo, que terá morangos e cerejas, o que acham?

Os três concordaram e rapidamente foram até a geladeira pegar as frutas e lavar como Iruka havia ensinado antes de colocar em cima do bolo. Iruka podia não ter notado, mas os três ficaram um pouco tristes por causa de sua filha e por ela não estar mais ali, pois tinham certeza de que seriam ótimos amigos e perceberam que Iruka tinha paciência com eles por já ter tido uma filha e decidiram, sem nem mesmo combinar ou talvez tenham feito isso telepaticamente com aquele lance de ligação que os gemeos, ou trigemeos no caso, que iriam colaborar mais com a babá e que não queriam o ver triste.

Enquanto terminavam de decorar o bolo, Kakashi desceu as escadas e passou rapidamente pela cozinha onde os filhos estavam, deu um beijo rápido em cada um e disse que estava atrasado para o trabalho, deixando o trio triste e Iruka um pouco decepcionado pela falta de atenção do prateado com os filhos.

— Senhor Kakashi — chamou Iruka, ganhando um revirar de olhos por causa do senhor — Posso marcar a reunião com a professora deles para hoje? — perguntou o moreno.

— Hoje não consigo — disse Kakashi parando um pouco para pensar quando estaria livre — Mas depois de amanhã terei um tempo, se puder marcar para o final do dia, agradeço. Agora eu preciso ir. Tchau para vocês, se comportem.

Antes que Kakashi saísse de casa, os três foram correndo até ele com um potinho em mãos, com um pedaço do bolo que haviam colocado para que ele levasse junto.

— Papai, leve pedaço do bolo que nós fizemos com o Ruka, está muito bom — disse Sakura para Kakashi que apenas pegou o pote e saiu deixando os três com um semblante um pouco decepcionado para trás.

— Ele não agradece mais a gente — disse Sakura olhando para o chão.

— Nem toma café da manhã, nem janta com a gente — adicionou Naruto

— Não brinca mais, nem leva a gente para passear, só trabalha. Eu queria que o papai voltasse a ser como era antes da mamãe ir embora, agora ela está sempre sério, carrancudo, nem sorri mais — completou Sasuke.

— Ei, não fiquem assim — Iruka chamou a atenção do trio — Aposto que quando ele comer o bolo vai lembrar de vocês e logo ele vai ajeitar as coisas no trabalho e terá mais tempo para ficar com vocês.

— Você promete? — perguntou Naruto, deixando Iruka sem graça.

— Prometo meu querido. Agora vamos terminar de comer.

A partir dali, a relação dos três com o Ruka melhorou consideravelmente, estavam sempre perto, ajudando. Até Naruto estava mais amigável com Iruka, mesmo que vez ou outra provocasse o moreno.

O dia da reunião chegou e Iruka foi buscar as crianças como de costume, fez um lanche para eles para garantir, pois imaginava que as crianças fossem querer esperar o pai e quem sabe ter um tempo com ele, quem sabe irem comer pizza mais tarde. Iruka não queria estragar os planos dos três, mas algo lhe dizia que eles ficariam mais uma vez decepcionados com o pai.

Iruka chegou na escola, passou comprimentar Tsunade, que lhe deu um puxão de orelha por não ter ido falar com Shizune e depois foi até a sala do trio. Esperou todos saírem e entrou na sala, com a permissão de Sun. Os dois ficaram conversando um tempo, Iruka soube que os três estavam tendo dificuldades nesse último ano, principalmente Naruto, que estava mais agressivo, enquanto Sasuke estava mais fechado e Sakura tinha variações entre o bom humor, agressão e choro. Mas ficou feliz em saber que os últimos dias, eles estavam melhores, podia-se dizer que estavam mais felizes e quase as mesmas de antes da Rin os deixar.

— Você está fazendo muito bem para eles. Mas eu me preocupo se acontecer algo e você os deixar, não puder mais ficar com eles. Será uma perda muito grande e eles poderão regredir no pequeno avanço que tiveram — disse Sun com preocupação.

— Eu não pretendo os deixar, não tenho motivos para isso. Mas isso não era algo para falar para o senhor Hatake, pai deles? — questionou Iruka.

— Era, mas ele está atrasado, não reparou que já estamos conversando a quase uma hora? — perguntou Sun, sorrindo para Iruka, que ficou um pouco sem graça.

— Nem notei o tempo passar. Na verdade, tem mais alguma coisa que precisa dizer ao Kakashi, já que pelo visto ele não virá.

— Peça para ele colocar os três em alguma atividade extra, algo que eles gostem e que se identifiquem, será bom para que eles não pensem tanto na mãe e no pai ausente. Sei que poderei estar pedindo muito, mas tente encaixar o pai deles em alguma atividade com eles. Eles sentem falta do pai e precisam dele, não pode apenas delegar isso para os outros e achar que os filhos não sentirão falta — disse Sun séria.

— Tudo bem, verei o que posso fazer, mas não posso te garantir nada. Agora eu vou indo, se não tem mais nada para dizer sobre eles, nós vamos para casa — disse Iruka chamando Naruto, Sakura e Sasuke.

Os quatro se despediram da professora e enquanto iam até o carro, Iruka notou que os três estavam cabisbaixos, sentidos pelo fato do pai não ter aparecido, sentiam como se eles não fossem importantes.

— O papai não gosta mais de nós? — perguntou Naruto assim que o moreno terminou de colocá-los em seus lugares.

— Não diga isso Naruto, seu pai ama você. Ele só deve ter tido algum problema no trabalho — disse o Umino tentando não deixá-los tristes.

— Ele sempre tem problema então — disse Sakura.

— Querem comer uma pizza no jantar? — perguntou Iruka e viu os olhinhos dos tres brilharem — Em casa ou na pizzaria?

— Pizzaria — respondeu em coro.

— Vamos lá então — falou Iruka saindo em direção a uma pizzaria que tinha um espaço exclusivo para crianças.

Depois da farra na pizzaria com Iruka gastando o que não tinha, mas não se arrependia pois pela primeira vez viu um sorriso sincero nos três, mesmo que soubesse que sentiam e queriam que o pai tivesse junto. Já em casa, os três foram tomar um banho sob muitos protestos, pois estavam quase dormindo em pé. Naquela noite nem foi preciso uma história para dormir.

Após ajeitar os pequenos em suas camas, Iruka foi tomar seu banho e esperar Kakashi, de novo, para conversar. Sentia que aquela conversa seria tensa e estava com medo de ser intrometido ou do Hatake pensar que estava querendo ocupar seu lugar.

Iruka estava sentado no sofá, lendo um livro quando escutou Kakashi chegar, que assim que viu o Umino, levou a mão ao rosto, se lembrando apenas naquele momento da bendita reunião com a professora de seus filhos.

— Iruka, eu sinto muito… 

— Kakashi, me poupe de suas desculpas.

Kakashi ficou surpreso pela audácia de Iruka, tanto que praticamente jogou sua pasta no sofá e se aproximou de Iruka, pisando duro.

— Quem pensa que é para falar assim comigo?

— Eu não sou ninguém, mas acho que você pensa que sou o pai dos seus filhos, ou a mãe, sei lá, pois eu que estou exercendo uma função que não é minha — respondeu Iruka se levantando para falar com o Hatake.

— Eu só não fui a porra de uma reunião com a professora dos meu filhos, isso é algum crime por acaso? — perguntou Kakashi elevando um pouco a voz.

— Não é nenhum crime, mas é uma falta de consideração com seus filhos, que sentem a sua falta, que ficaram te esperando pensando que passariam um tempo com você. É um crime não agradecer o bolo que eles ajudaram a fazer e separou para você, que imagino que nem chegou a experimentar. É um crime não dar atenção, não brincar com eles a ponto de pensarem que você não gosta deles. É um crime os deixar de lado depois de serem abandonados pela mãe, pois eles sentem como se você fosse os abandonar também — falou Iruka também com a voz elevada, pois estava cansado do descaso de Kakashi em relação aos filhos. 

— Você não sabe nada da minha vida Iruka, acabou de chegar aqui e está querendo colocar banca, justo para mim? Acha que está sendo fácil lidar com o abandono da mulher que amava, ficar com três crianças que choravam desesperadas sentindo falta da mãe, que não queriam nenhuma babá por perto? 

— Imagino que não tenha sido fácil, mas eles são seus filhos, deveriam ser sua prioridade, não sua empresa. Você não terá outra chance de passar momentos maravilhosos ao lado deles, de ver suas primeiras conquistas.

— Para você é fácil falar, nunca deve ter passado por isso, nunca deve ter tido um filho que dependesse de você para tudo, que era sua prioridade, que fosse a razão da sua vida — Kakashi cuspiu as palavras, que acertaram em cheio Iruka, que não conseguiu evitar as lágrimas.

— Você… não sabe nada sobre mim e por isso não tem o direito de falar dessa maneira. Você é um arrogante, prepotente que acha que tudo gira ao seu redor, que tudo que acontece é por sua causa. Deve pensar melhor no que fala, senhor Hatake, pois palavras machucam mais do que uma arma — falou Iruka dando as costas para Kakashi.

Kakashi ficou de boca aberta com a fala de Iruka, sua vontade era de pegar o moreno pelo colarinho e o fazer explicar o que quis dizer com aquilo. Irritado, o Hatake foi atrás de algo para beber em seu bar, pegou um whisky, serviu um copo e sentou no sofá, tomando um gole e deitou sua cabeça no encosto do mesmo, fechando os olhos para tentar controlar sua fúria, mesmo que não entendesse bem a razão de ter ficado irritado pois Iruka estava certo em alguns pontos. Estava distraído em seus pensamentos que não percebeu Sasuke se aproximar,só quando voltou a cabeça para a posição normal e viu o filho na sua frente.

— Filho, o que faz acordado? — perguntou Kakashi depositando o copo na mesinha de centro e puxando o filho para seu colo.

— Papai, o Ruka vai embora? — perguntou Sasuke com receio.

— Bem, acho que não, porque acha que ele vai embora? 

— É que vocês estavam discutindo..

— Estava ouvindo minha conversa de novo filho, o que falei sobre isso?

— Desculpe, papai. Eu ia tomar água, mas aí escutei vocês e ouvi o que falou para o Ruka.

Kakashi não iria dizer nada, mas tinha achado fofo a maneira como o filho chamava Iruka, pelo visto estavam se dando bem.

— Meu amor, me diga uma coisa, estão gostando mesmo do Iruka?

— Sim, ele é legal e passou no nosso teste. E não queremos que ele vá embora, queremos que ele fique.

— Eu também quero, se vocês estão gostando dele, não vejo motivos para que ele não fique.

— Será que ele vai ficar depois do que o senhor falou para ele? — perguntou Sasuke com um pouco de medo.

— O que eu falei para ele? — quis saber Kakashi, pois não estava entendendo onde o filho queria chegar.

— Você disse que ele não sabe o que é ter um filho, mas ele teve sim, a Sayuri, mas ela agora é uma estrela no céu, como o vovô — disse Sasuke com simplicidade.

— Está me dizendo que o Iruka tinha uma filha? Como sabe disso?

— Eu vi uma foto dela no quarto dele e pedi quem era, aí ele falou que era sua filha e também contou um pouco sobre enquanto fazíamos bolo. Papai, acho que ele sente saudade dela, porque ele sempre chora quando lembra dela.

Aquela informação deixou Kakashi sem ação. Agora entendi o que quis dizer sobre pensar antes de falar alguma coisa, havia sido insensível, mesmo que não soubesse da existência da filha do Iruka, havia sido mal-educado, grosso e rude com o moreno que estava apenas tentando o ajudar.

— Depois eu converso com Iruka e peço desculpas a ele, agora vamos dormir — disse Kakashi levantando do sofá com o filho nos braços e indo até o quarto do mesmo.

Com cuidado o colocou na cama, o cobriu e deu um beijo em sua testa, repetindo o gesto com os outros dois. A caminho do seu quarto, passou em frente ao do Umino e pensou em bater na porta, mas temeu estar sendo invasivo ou acabar discutindo novamente com Iruka, e isso era o que menos queria. Parou um pouco e pode ouvir um som que com certeza era um choro abafado, havia realmente magoado o outro.

Saiu dali antes que resolvesse bater na porta para tentar se redimir, não era o momento. Assim que entrou no seu quarto, se jogou na cama e ficou pensando em como sua mente se tornou uma bagunça em tão pouco tempo, na verdade desde que Iruka chegou.

O Hatake não admitiria a  ninguém, mas desde que botou os olhos em Iruka, sentiu algo diferente e toda vez que via a interação dele com os filhos, aquela sensação aumentava, não sabe definir o que é, só sabe que está cada vez mais confuso as coisas em sua cabeça. 

Mas de uma coisa tem certeza, não quer que Iruka vá embora.

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