Cúpidos Mirins

Naruto
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Cúpidos Mirins
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Summary
Ser pai solteiro de três filhos não era lá um trabalho fácil, principalmente quando se tem uma empresa para comandar. Com isso em mente, Kakashi Hatake resolveu contratar uma babá para ajudá-lo a cuidar de seus filhos, Naruto, Sasuke e Sakura; um grupo de pestinhas que adoram uma bagunça.Tudo que ele menos esperava era que os três iriam se juntar em uma operação: juntar Iruka Umino a sua babá, com o amargo e solitário papai Kakashi.Bom, nada é impossível para três corações cheios de amor.
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Estrela no céu

Naquela noite, Iruka tinha decidido falar com Kakashi sobre a escola e o que a professora dos pequenos havia lhe pedido. Depois de dar banho nos três, ficar com a mão presa na maçaneta da porta depois de contar mais da história “O Conto do Jiraya” pois de alguma maneira tinham encontrado tempo de passar um tipo de cola no local. O Umino nem estranhou pois já esperava alguma brincadeira desse tipo, já que estava em fase de testes, segundo Naruto.

Depois de se soltar e ficar com a mão vermelha, Iruka estava na sala, sentado no sofá lendo um livro enquanto aguardava Kakashi chegar. O Hatake chegou em casa tarde da noite novamente e Iruka estava quase dormindo no sofá. Rapidamente o Umino se ajeitou e ficou aguardando o outro entrar. 

Kakashi chegou exausto do trabalho, sabia que estava ficando muito tempo fora e deixando os filhos somente com os empregados, mas no momento ele não tinha muito o que fazer. Se assustou ao entrar na sala e se deparar com Iruka sentado, parecendo lhe aguardar. Uma cena que lhe trouxe algumas memórias, de quando a Rin ficava o esperando.

— O que faz acordado Iruka? — perguntou Kakashi.

— Estava à sua espera — respondo o outro um pouco corado, devido ao fato de estar sendo encarado tão fixamente — Precisava falar contigo sobre a escola dos três.

— Não podia esperar até amanhã? Não precisava ficar acordado até tarde.

— É que de manhã você sai apressado e tive medo de não conseguir falar com o senhor.

— Não me chame de senhor, Iruka, me sinto velho — disse rindo um pouco — Mas tem razão, minhas manhãs são sempre agitadas e normalmente saio cedo e volto sempre tarde.

— As crianças sentem ssua falta — disse Iruka sem pensar, se arrependendo logo em seguida pelo olhar sério que recebeu.

— Estou tendo alguns problemas na empresa e até que eu os resolva, meus dias estão corridos — falou Kakashi, mesmo que pensasse que não devia explicar ao moreno — Mas o que queria me dizer sobre a escola dos meus filhos, algum problema?

— A Sun, professora deles, quer conversar contigo sobre eles.

— Ela te disse o que eles fizeram? Ou sobre o que é o assunto?

— Não senhor, ela apenas disse que precisava conversar sobre eles.

— Eu não tenho tempo para ir lá, você não poderia falar com ela? Tentar ver o que é e depois me passar?

Iruka ficou perplexo pela fala de Kakashi, como assim ele não tinha tempo para ver como os filhos estão? Kakashi que o desculpasse, mas ele não ia ser pai daquelas crianças.

— Me desculpe Kakashi, mas eu não sou o pai delas, sou apenas a babá, minha função é apenas levar elas na escola, ajudar nas lições de casa um pouco, as manter limpas e alimentadas. Educação, respeito e valores são responsabilidade sua, não pode simplesmente delegar isso a outras pessoas. Seus filhos precisam de você.

— Não é porque você está sabendo lidar com meus filhos, que pode me dizer como agir ou não como pai. 

— Eu sei e não estou tentando te dizer como agir (talvez sim) com eles. Só estou dizendo que é com você que a professora quer falar. Só me diga quando poderá ir até a escola e passarei para ela.

— Consigo arrumar uma hora na semana que vem — respondeu seco.

— Tudo bem, verei o dia certo com ela e te passo depois o horário.

— Ok.

— Sobrou um pouco do jantar, deixei na geladeira, quer que eu esquente para o senhor? — perguntou Iruka com certa ironia.

— Não precisa, senhor Umino, eu sei como funciona um micro-ondas.

— Eu vou me retirar então, senhor Hatake. Só mais uma coisa.

— Diga Iruka.

— Domingo é minha folga e eu ficarei fora o dia todo — falou Iruka como se tivesse questionando se Kakashi ficaria com os filhos.

— Eu sei, e não se preocupe, eu sei cuidar dos meus filhos sem ajuda.

— Não é o que parece — falou Iruka para si mesmo e por sorte o outro não ouviu.

— Disse algo?

— Não senhor, boa noite.

— Boa noite, Umino.

Assim que Iruka se retirou, Kakashi ainda estava tenso, pensando no que o outro havia dito, reclamando sozinho pela intromissão do moreno, sabe que tem que dar mais atenção aos filhos e que está trabalhando demais, não precisa de alguém que conheceu a menos de dois dias lhe dizendo isso. Mas o que ninguém sabia era que aquilo, trabalhar tanto, era uma fuga para Kakashi, sabia que era errado o que fazia, mas ficar em casa com os três o fazia lembrar de Rin e de tudo o que aconteceu. Sabia que tinha que mudar suas ações, só não sabia como.

O resto daquela semana passou tranquila, na medida do possível claro, com pegadinhas ainda acontecendo, como troca de sal por açúcar, prender o calçado no chão por fita e outras coisas. Sábado foi um dia ainda pior, Iruka acordou com o rosto marcado com caneta permanente, depois o Umino passou uma mistura de farinha com água e corante alimentício no pão dos três e colocou chiclete na cadeira onde os três iriam se sentar para comer. Parecia que aquela guerra infantil deles não iria ter fim. Eram quatro crianças em uma disputa. 

O que Iruka não sabia era que era que dois, dos três irmãos, já haviam aceitado Iruka como babá em poucos dias, deixando o outro um pouco chateado e se sentindo abandonado.

— Não acredito que vocês dois já caíram naquele papo de bom moço do Iruka — reclamou Naruto.

— Ele é legal, é um pouco bravo, mas trata a gente bem, brinca, nos ajuda com as lições. Não se importa com nossas pegadinhas… — argumentou Sasuke

— Que acho que devem acabar, ele passou no teste e não quero mudar de babá de novo, gostei bastante do Iruka e não quero que ele vá embora — completou Sakura.

— Vocês se deixam levar muito fácil — teimou Naruto.

— Porque você não gosta dele, dobe? — perguntou Sasuke

— Porque não quero gostar dele e depois ele ir embora, todas as pessoas que eu gosto vão embora, primeiro a mamãe, o papai quase não fica mais com gente, mal a gente vê ele em casa e se eu gostar do Iruka e ele também for embora?

Os três ficaram em silêncio, pensativos, apesar das brincadeiras, eles tinham se apegado a Iruka em poucos dias e nenhum deles queria que o moreno fosse embora. Mesmo que ainda não soubessem, ou não quisessem admitir, gostavam de Iruka.

Iruka aproveitou que os três estavam entretidos na televisão e mandou uma mensagem para Tsunade, queria conversar mais com a mulher que sempre esteve ao teu lado e marcaram de se encontrar no dia seguinte, folga do Iruka, em uma cafeteria no centro da cidade. Depois de marcar o encontro com Tsunade, o Umino colocou as crianças para tomar banho, dessa vez sem pegadinhas para surpresa dele, apenas fizeram uma bagunça enorme no banheiro, a qual sobrou para ele limpar depois.

Como de costume, Iruka contou mais da história que as crianças estavam adorando, depois deu beijo na testa de cada um e foi para o quarto. Não precisava esperar por Kakashi, não era seu dever, mesmo que tivesse vontade de perguntar a ele se a empresa valia mais do que seus filhos, mas não tinha intimidade para isso, quem sabe num futuro.

No manhã seguinte, mesmo sendo seu dia de folga, deixou o café da manhã preparado e estava saindo pela porta dos fundos  quando viu o bulldog da família, Bull na porta e por um momento tudo o que aconteceu passou como uma filme e antes que surtasse uma outra vez, se virou e saiu o mais rápido que pode.

O moreno caminhou por quase meia hora, o clima naquela manhã de domingo estava fresco, sem sol, uma leve brisa balançava o rabo de cavalo do Umino. Sorriu quando avistou a cafeteria e viu Tsunade sentada em uma das mesas do lado de fora, aproveitando o frescor do vento, que quando avistou o jovem se levantou e ficou aguardando ele se aproximar para o abraçar com força.

— Iruka, bom dia, como você está querido?

— Estou bem, senhora Tsunade e você?

— Bem, olha eu já pedi um chá de maracujá e alguns bolinhos para você e para mim um café forte. Só para não perder tempo. Está de folga do trio?

— Sim, domingo é meu dia de folga.

— Então teremos tempo para conversar — Tsunade indicou a cadeira para Iruka se sentar e quando fizeram, continuou — Agora pode continuar a me contar o que houve com sua pequena Sayuri, o que houve com a sua filha?

— Bem, eu ia começar a contar o que aconteceu com ela..

Iruka começou a falar, mas logo apareceu uma garçonete com os pedidos. Quando terminou de servir os dois e se retirou, o moreno continuou.

— Quando ela fez cinco anos ela foi diagnosticada com fibrose cística, que é uma doença genética hereditária, a Anko teve e Sayuri acabou herdando isso.

— Eu não sabia disso, mas o que aconteceu?

— O tratamento para fibrose cística é multidisciplinar, e envolve médicos de diversas especialidades, diversos médicos. O principal objetivo do tratamento é melhorar a qualidade de vida do paciente. Em crianças pequenas, como era o caso dela, o foco é na nutrição adequada. Onde eu trabalhava não era o melhor lugar do mundo e eu comecei a faltar demais para poder levar minha filha ao médico e acabei sendo demitido. E com isso o tratamento dela começou a decair. Para ajudar ela a não ficar tão triste eu consegui um cachorrinho para ela, um pug de nome Pakkun, eles eram inseparáveis, estavam o tempo todo juntos, o pequeno até dormia na cama. Anko não gostou nada da ideia, mas não era como se tivesse alguma moral para opinar em algo. Um dia, a quase um ano atrás, estávamos passeando no parque quando o Pakkun saiu correndo e Sayuri foi atrás dele. Por um minuto… por um minuto que desviei o olho da minha filha….

— Iruka… não precisa contar, eu acho que já entendi — disse Tsunade carinhosamente, vendo como ele estava.

— Eu… eu preciso… Nunca falei disso com ninguém… Eu desviei os olhos dela e quando vi ela estava correndo atrás do cachorrinho e eu não consegui chegar a tempo, não pude evitar a colisão. O carro a acertou, e quando me aproximei ela estava agarrada ao pequeno cachorro que estava assustado, mas bem. Infelizmente, Sayuri não resistiu. E perder a minha filha foi a pior coisa que me aconteceu. Eu sei que o pequeno animal não teve culpa de nada, mas desde aquele dia, toda vez que eu o via ou qualquer outro cachorro eu via a Sayuri correndo e o acidente e criei uma fobia de qualquer cachorro.

— Por isso voltou?

— Sim, a Anko, seus pais e os meus me culpam até hoje pelo ocorrido, dizem que eu não cuidei bem da minha filha. Meus pais não me ajudaram em nada, nem para me estabelecer nem nada. Fiz muitas dívidas para pagar o tratamento da minha pequena e não consegui pagar. Voltei para Konoha a pouco mais de um mês e se não fosse por Kurenai eu não teria um teto e agora um emprego.

— Tinha a mim também, porque não me ligou? Não me procurou quando sua filha foi diagnosticada, sabe que poderia ter te ajudado, apesar de não estar mais atuando como médica eu poderia ter te indicado bons médicos e você não teria que se preocupar com os custos — disse Tsunade em repreensão mas também com preocupação.

— Sinceramente, naquela época eu só conseguia pensar na saúde da minha filha, nem me lembrei de nada e também estava tão acostumado a meus pais e sogros não me ajudarem que pensava que todos fariam o mesmo.

— Entendo, e sinto muito pela sua filha, vocês deviam ter uma ligação muito forte e eu percebo que apesar de você sorrir, você está abalado emocionalmente e precisa de ajuda.

— Tsunade, eu sei disso, mas não tenho como me preocupar comigo agora, tenho contas a pagar, preciso ajeitar minha vida…

— Você não conseguirá nada disso se não estiver bem.  Você irá fazer um acompanhamento com um psiquiatra, uma amiga minha, muito competente chamada Shizune. 

— Eu agradeço, mas terei que recusar. Não tenho como pagar qualquer coisa agora.

— Nem irei te responder, considere como um presente, e em troca eu só quero que você se cuide e nunca mais suma desse jeito. Eu te amo como um filho e me preocupo com você. Então aceite, será bom para você, e se puder também, volte a estudar, faça a faculdade que tanto desejava, cuide de você.

— Tentarei, prometo.

— Assim espero. Fale com Kakashi e diga que precisa de um ou dois dia na semana para ir ao médico, se não quiser falar o motivo por enquanto, não diga, diga só que precisa. Ele entenderá.

Os dois ficaram conversando por quase toda a manhã, quando se despediram Tsunade passou o contato de Shizune e falou que ia ligar para ela confirmando se ele tinha a procurado. Depois, Iruka foi almoçar com Kurenai, que queria saber como o amigo estava, se estava se dando bem com os filhos de Kakashi e se queria ver Pakkun, que Iruka havia deixado com a amiga, apesar das lembranças não queria e nem poderia se desfazer do cachorrinho. Ele era uma parte da sua filha, uma lembrança dela.

Kurenai contou a Iruka um pouco sobre a vida do Hatake, sobre a esposa dele e o porquê dela ter ido embora. Não se aprofundou porque não sabia muito a fundo o que havia acontecido, já que Kakashi sempre fora bem reservado com sua vida pessoal. Perguntou também como estava, depois de tudo o que aconteceu, já que era uma das poucos que sabia de tudo o que aconteceu e Iruka contou que reencontrou Tsunade, que conversaram, que ganhou uma bronca por ficar tempo sem notícias e sobre a psiquiatra, a qual Kurenai concordou que faria bem a Iruka e que ele deveria ir sim.

Os amigos passaram o  resto do dia conversando, relembrando os velhos tempos, rindo, que por um alguns momentos Iruka esqueceu como sua vida estava uma bagunça e parecia que ia demorar a voltar nos eixos.

O Umino voltou para casa dos Hatake já era um pouco tarde, pois decidiu ficar um pouco sozinho antes de retornar. Apesar de ter passado o dia rindo e se divertindo, seu coração ainda estava quebrado, sua alma estava em um estado de morbidade e não sabia se um dia se recuperaria. Entrou com cuidado, tentando não fazer barulho e foi direto ao seu quarto. Ao entrar, se sentou na cama e pegou um porta retrato onde tinha uma foto sua com sua filha e a apertou contra o peito e nem percebeu quando as lágrimas começaram a rolar.

— Iruka, tá tudo bem? Porque está chorando? — uma voz infantil e sonolenta o assustou e inutilmente tentou secar as lágrimas com as costas das mãos.

— Sasuke?! O que faz acordado, pequeno? 

— Tinha ido ao banheiro e vi você chegando e queria te dar boa noite — respondeu se aproximando mais de Iruka — Quem é essa com você? — perguntou apontando para a fotografia.

— É minha filha.

— Você tem uma filha? Onde ela está? Porque não está com ela?

— Bem… ela não..  — Iruka não sabia como explicar para uma criança algo complexo como a morte.

O que ele não sabia é que os pequenos já entendiam um pouco sobre o assunto, pois a quase dois anos haviam perdido o avô Sakumo, pai de Kakashi.

— Ela virou estrela no céu, como meu vovô? — perguntou o pequeno surpreendendo Iruka.

— Sim, meu amor — respondeu Iruka — Mas uma outra hora te conto sobre ela, já está tarde e precisa dormir, vou te levar para cama — disse Iruka deixando a foto no lugar e pegando Sasuke no colo que logo se aconchegou no mais velho. 

Naquele momento Iruka soube que o destino havia colocado em seu caminho três pessoas que poderiam o retirar daquela solidão e ele só precisaria se permitir amar novamente, pois aquelas crianças precisavam dele tanto quanto ele precisava delas. Na verdade, não era só as crianças que precisavam de alguém em suas vidas, e Iruka iria descobrir isso.

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