Tarde Demais

Naruto
M/M
G
Tarde Demais
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Summary
Quando o orgulho é maior que o sentimentos, perdemos oportunidades de sermos felizes.
Note
Fic feita quando estava triste, então. Autora triste igual história tristeP.S. Hayashi Hyuuga - personagem criado por mim.Agradecer a Luana, a Julia e Anna por terem me ajudado e decidir o casal. Amo vcs Boa leitura!
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Um

Eu sempre fui reservado, nunca falava dos meus sentimentos, do que sentia ou como me sentia e aquilo não era bom, principalmente agora, nesse exato momento. Sempre fui orgulhoso e jamais iria admitir que sentia alguma coisa por ele, justamente por aquele Uchiha, mas agora vejo que deveria ter feito, deveria ter dito. Porque sempre nos arrependemos de algo quando não há mais como voltar atrás?

— Então, o que me diz, aceita? — pediu novamente com a voz suave, me trazendo a realidade novamente.

— Eu… eu… — não sabia o que responder, na verdade sabia, queria gritar que não, que não aceitava aquilo, que o queria para mim.

— Você é meu melhor amigo Tobi, a pessoa que mais admiro, que sempre esteve ao meu lado, me ajudou nos melhores e piores momentos. Sabe que eu te amo…

Se ele soubesse o quanto o ouvir falar essas coisas me machucam, fazem meu coração sangrar, ele ficaria quieto e não abriria mais a boca, acho que nunca mais falaria comigo. E que aquele "eu te amo" não era o "eu te amo" que gostaria de ouvir. O que ele sentia era amor de amigo, enquanto eu o amava muito mais do que um simples amigo.

— Se isso te faz feliz, eu aceito passar essa vergonha — respondi forçando um sorriso.

Ele pulou em meus braços e me abraçou e senti seu corpo tão perto do meu, o cheiro dos seus longos cabelos negros, o calor do seu corpo me fazia quase perder a razão, mas não podia e nem iria fazer nada.

— Depois a gente marca uma hora para acertar todos os detalhes, agora tenho que ir me encontrar com meu noivo, até mais.

Eu não o respondi, pois se abrisse a boca para falar, com certeza sairia algum insulto para aquele ser de sorriso fácil, cabelos claros como o seu, olhos verde-água que ele chama de noivo e que em breve se tornaria seu marido. Hayashi Hyuuga.

Como sou idiota, pensei e me joguei no sofá e apoiei a cabeça em minhas mãos, minha vontade era de gritar, chorar até não aguentar mais, para ver se aquele peso, se aquela angústia que me consumia aos poucos, desaparecia. Mas não faria, era orgulhoso demais, mesmo nesses momentos, o orgulho prevalecia.

— Você é algum tipo de masoquista? — me assustei ao ouvir meu irmão Hashirama falar comigo, nem percebi sua aproximação.

— Do que está falando?

— Dele… você gosta dele. Não, gostar é vago, você o ama e não é como amigo. Ele sempre foi muito inocente para perceber o jeito que você olha para ele.

— Não fale bobeiras…

— Dá para pelo menos uma vez na vida, assumir o que sente, deixe esse orgulho idiota de lado e confesse que o ama, mesmo que seja para mim e não para ele.

— Eu… que droga… porque é tão difícil dizer o que sinto… — falei quase como um sussurro.

— Você sempre foi o mais fechado, seguia à risca o que o pai dizia, que homens não devem demonstrar sentimentos ou chorar e aquele monte de besteiras, mas ele não está mais aqui, então  seja você mesmo.

— Eu o amo, a muito tempo. No começo eu o odiava, mas não era ódio dele e sim de como ele me fazia ficar ao seu lado. Demorei para entender e mais tempo ainda para aceitar. Quando decidi me abrir, dizer a ele o que sentia, ele me contou que estava namorando e eu o parabenizei, disse que estava feliz por ele. Mas todas as vezes que discutia, por motivos bobos ou pelo ciúmes dele, era eu que o ouvia, que o consolava e secava suas lágrimas, que dizia que tudo ia ficar bem, que às vezes o mandava procurar Hayashi e pedir desculpas. E me doía todas as vezes que ele saia daqui correndo para falar com ele e depois me ligava me agradecendo por ser seu amigo e por o ajudar, por o aconselhar. Eu não queria ser apenas seu amigo, mas não tinha coragem, tive medo de perder o que tinha com ele, uma parte minha se contentava em apenas ter sua amizade, nunca foi o bastante e nunca será, mas não é a mim que ele ama, não é por mim que seus olhos brilham, não sou o motivo dos seus sorrisos bobos. Eu queria, mas sou só o melhor amigo.

Meu irmão que sempre foi um tagarela, dessa vez ficou em silêncio, acho que estava em choque por eu ter dito tanto sobre o que sentia, se bem que eu também estou. Me surpreendi quando ele me abraçou forte e vi que estava chorando.

— Porque aceitou então? Eu não entendo.. se amar dessa forma só te faz sofrer, porque não se afasta, porque aceita fazer coisas que o machucam tanto?

— Porque não quero vê-lo sofrer.

— Mas e você? Você pode sofrer? Acabar com seu emocional, com seu psicológico pode? VOCÊ NÃO VAI SER A PORRA DO PADRINHO DE CASAMENTO DELE — meu irmão gritou, e Hashirama nunca grita.

— Mas..

— Mas nada Tobirama… me escute, pense um pouco em você, se afaste, fique longe um pouco, se coloque em primeiro lugar, cuide de você. Aproveite para pensar em tudo e depois se ainda quiser ir no casamento dele, você vai, não irei te impedir. Só peço que faça isso, por favor.

Talvez ele estivesse certo, talvez devesse me afastar, mas estou tão acostumado a ver ele todo dia, a ouvir sua doce voz, que não sei se aguentaria me afastar. Mas precisava tentar.

— Tudo bem, eu vou, mas com uma condição.

— Lá vem…

— Me deixe me despedir do Izuna.

Ouvi meu irmão bufar em desagrado, mas acabou concordando, se eu partisse no dia seguinte. 

No dia seguinte, chamei Izuna para vir até minha casa, disse que estaria indo viajar e que voltaria para o casamento dele. Para minha surpresa, e decepção, ele pareceu não se incomodar ou se importar, talvez só eu me importasse com aquela amizade, com aquela migalha de atenção que recebia dele, ou talvez ele não queria dizer nada e me deixar chateado. Não sei o que pensar. Nos despedimos com um abraço e notei que ele estava com os olhos marejados.

— Não chore por mim, eu sei que sou insubstituível, mas voltaria logo — brinquei para tentar quebrar aquele clima.

— Volte mesmo. Eu te amo — de novo aquele "eu te amo" que quebrava meu coração, que nem sabia mais se ainda estava inteiro.

— Eu também te amo — o meu era de amor, não de amizade, pena que Izuna não sabia ou não percebia.

O casamento seria daqui a seis meses, e esse era o tempo que ficaria fora. O evitei o máximo que pude, não respondia suas mensagens, ligações, e-mails. 

Nada. 

Só retornei uma vez, pois ele havia me ligado nem sei quantas vezes numa noite e madrugada e me deixou preocupado, principalmente depois do seu irmão Madara me ligar e pedir para falar com ele, pois não conseguia falar com o mesmo e estava preocupado. E para Madara me ligar, Izuna estava realmente desaparecido, provavelmente trancado em casa e ignorando todas as ligações, chateado por provavelmente ter discutido com Hayashi. Só não sabia o motivo.

Não deveria ter ligado. Assim não teria ouvido o que ouvi.

— Porque você me deixou Tobi? Porque me abandonou? Você prometeu sempre estar ao meu lado — dizia meu amado com a voz embargada, parecia estar bêbado e ele não era de beber.

— Você está bêbado? — perguntei sério.

— E daí? Você não se importaria se eu estivesse. Você me deixou.

Aquelas palavras só me machucavam ainda mais, eu não o deixei. Eu apenas escolhi a mim, estava tão errado assim?

— Seu irmão está preocupado, ligue para ele, peça para ele ir te ajudar — disse ignorando o que sentia, a vontade de dizer a ele que estava voltando, estava em um confronto interno entre a minha sanidade e o desejo de estar com ele. 

Hashirama tem razão, sou um masoquista.

— Eu quero você aqui, não ele, eu te amo — aquele "eu te amo" foi diferente e eu sabia, ou talvez tenha sido a saudade que sentia falando mais alto ou apenas a bebida.

— Também te amo, é meu melhor amigo Izu — respondi tentando não me deixar abalar.

— Não idiota, eu te amo amo mesmo, não apenas como meu amigo. Eu sempre te amei, mas não falei, tinha medo de você me deixar.

Ouvir aquilo levou embora o meu senso e o cuidado que tinha ao falar sobre meus sentimentos.

— Você está bêbado, então provavelmente não irá lembrar disso amanhã. No dia que eu ia me declarar você veio todo feliz me contar que estava namorando com aquele Hyuuga e aquilo acabou comigo, mas mesmo assim fiquei ao teu lado, te parabenizar mesmo querendo que fosse mentira, me contentei em ser apenas seu amigo, se você realmente me amasse e quisesse algo comigo, falaria alguma coisa, você nunca foi de esconder nada de mim. Todas  as vezes que brigavam e me procurava, eu desejei que terminassem e eu pudesse ter uma chance contigo, que me desse uma chance de te amar e te fazer feliz, mas isso nunca aconteceu, um pouco por minha culpa por sempre te dizer para conversar com ele e se entenderem. Mas agora é tarde demais. Me diga a verdade Izuna, me ligou apenas porque brigou com seu noivo de novo?

— Talvez.

Suspirei. Claro que ele não me ligaria em sã consciência para dizer que me amava não como amigo. Isso era apenas o efeito da bebida em seu corpo, o fazendo falar besteiras. Não poderia criar esperanças e não iria. Não mais.

— Ligue para ele, peça desculpas por seja lá o que aconteceu, se acertem e me deixem em paz — acabei falando mais grosso do que pretendia.

— Você ainda vai ser meu padrinho? — pediu Izuna com a voz chorosa.

— Não sei. Eu ainda te amo e te ver casando é muito para mim — admiti sabendo que Izuna não se lembraria.

— Porque aceitou então?

— Porque não queria te magoar. Olha não é hora para termos essa conversa, você está bêbado, longe e falar sobre isso só irá machucar a nós dois, principalmente a mim. Por isso me afastei, não aguentava mais sofrer por você.

— Desculpe.

Izuna desligou o telefone, enquanto eu ficava encarando a tela, sem saber o que fazer. Dias depois falei com meu irmão e contei o que aconteceu, ele me deu um sermão e disse que nada tinha mudado, ele ainda iria se casar. Eu já imaginava, não iria me iludir.

— Vai vir para o casamento? — perguntou Hashirama com certo receio

— Não. Não preciso ver ele feliz e esfregando isso na minha cara.

— Se afastar fez bem pra ti irmão.

— Pode ser que sim, mas não quer dizer que eu esteja bem. Ainda é difícil.

— Eu não posso dizer que sei como se sente, mas estarei ao teu lado para qualquer coisa. Te amo

— Eu sei, baka. Até — poderia ter mudado um pouco, mas nunca seria tão meloso como ele.

No casamento eu não iria, mas não consegui não o ver antes disso. Nem falei para meu irmão que estava voltando, ele com certeza surtaria e tentaria me impedir. Sabia que ele estaria em sua casa se arrumando para o grande evento e sabia também que ele ficaria sozinho um tempo, não muito, mas seria o suficiente. Eu espero. 

Entrei na casa que conhecia muito bem e estava em silêncio, provavelmente todos já estavam no local onde aconteceria a cerimônia. Rapidamente fui em direção ao quarto que sabia ser o dele. Parei diante da porta e respirei profundamente antes de abrir a porta e tive a visão mais linda do mundo. As minhas memórias não faziam jus a sua beleza, estava usando um lindo conjunto de terno branco, com uma flor vermelha no bolso contrastando com o branco. Seu cabelo estava trançado lindamente de lado, estava perfeito. Como desejei que fosse para mim tudo aquilo, como queria estar no lugar de Hayashi.

Quando ele percebeu minha presença, veio correndo me abraçar, e como senti falta do seu cheiro, do calor do seu corpo, de tudo. Me odiei por isso, porque ainda tenho que amá-lo tão intensamente? Seis meses não foram o suficiente para diminuir o que sentia, acho que nem uma vida inteira seria capaz de diminuir o meu amor.

— Você está lindo — disse quando nos afastamos.

— Você veio, achei que não viria — ele me falou me analisando de cima a baixo e ficando um pouco decepcionado por eu não estar vestido para o evento — Você não vai ir no meu casamento? — perguntou com tristeza.

— Me desculpe, mas não posso.

— Porque? — perguntou um pouco hesitante

— Não consigo ver a pessoa que amo se casando com outra — senti meus olhos ficarem úmidos.

Me aproximei de Izuna e fiz um leve carinho em sua bochecha e limpei uma lágrima que descia por seus lindos olhos escuros como a noite, com uma única estrela brilhando. Fiquei encarando seu rosto levemente corado e por um ímpeto, me aproximei ainda mais, sentido meu amado ficar tenso com a minha aproximação repentina, mas não se afastou. Estar tão perto dele, sentir sua respiração contra a minha foi demais para conseguir me conter e por impulso encurtei ainda mais o espaço entre nós e beijei sua boca.

Pensei que ele ia me afastar, me bater ou me xingar, mas ele apenas agarrou a minha camisa enquanto eu passei a mão por sua cintura, juntando ainda mais nossos corpos. A sua boca era macia, com sabor de menta deliciosa, viciante, perfeita.

Mas a consciência voltou e me afastei com cuidado e o encarei, ele estava ofegante, corado, com os lábios um pouco inchados, aquilo era errado, muito errado, ele estava indo se casar e eu não tinha o direito de fazer aquilo.

— Me desculpe, eu não deveria ter te beijado — disse virando de costas para ele — Eu vou embora, para sempre dessa vez, só queria me despedir, queria te ver uma última vez — falei sem o encarar.

— Não vá embora, por favor, eu… preciso de você — pediu Izuna quase como uma súplica.

— Você terá seu marido, ele te ama e você também o ama. Me prometa que será feliz e que o fará feliz — disse ainda sem olhar, não conseguia.

— Tobirama — Izuna me chamou e involuntariamente me virei para ele — Eu lembro do que me falou aquele dia que te liguei, não estava bêbado, havia bebido um pouco, apenas o suficiente para te ligar e falar o que sentia.

— Esqueça isso Izuna, esqueça o que falei e o que me falou. É...

— É tarde demais para nós — ele completou minha frase.

— Sim — concordei e me aproximei novamente para secar as lágrimas que caiam, o deixando abatido — Não chore, você vai casar, não pode parecer que vai a um funeral — disse calmamente e vi um pequeno sorriso se formar.

— Você vai me esquecer?

— Nunca. Agora eu tenho que ir — falei e deixei um leve beijo em sua bochecha.

Sai do quarto e fechei a porta atrás de mim, antes que fizesse uma loucura e encostei minha testa nela, por algum motivo, sabia que ele estava do outro lado da porta, provavelmente na mesma posição que eu, e estava certo, pois o ouvi dizer.

— Eu te amo…

— Também te amo, mas é tarde para nós.

Me afastei da porta e saí rapidamente dali. na porta encontrei seu Madara que me olhou surpreso e um pouco irritado, mas levantei a mão em sinal para que não dissesse nada. Ao sair da casa, encontrei Hashirama encostado no carro, aguardando os irmãos Uchiha, fui até ele e o abracei. Ele ficou surpreso mas retribuiu meu abraço.

— Eu vou embora, definitivamente — disse ainda abraçado a ele.

— Quando vai?

— Agora.

— Volta?

— Não. Posso te pedir um favor?

— Claro, o que quiser.

— Nunca mais fale dele para mim, não quero saber nada a seu respeito e não diga para onde vou a ninguém. Sei que ele é irmão do seu namorado, mas quanto menos souber dele, melhor.

— Quer que te acompanhe?

— Não precisa, seu namorado está te esperando lá dentro. Se divirta. Eu te ligo depois. Adeus meu irmão. 

 

Pode ser tarde demais para nós, mas não é para você, seja feliz. Viva intensamente sua vida como eu tentarei viver a minha e em algum momento, você se tornará apenas uma vaga lembrança…

 

Assim eu espero. 

 

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