Ainda existe nós?

Naruto
M/M
G
Ainda existe nós?
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Summary
Um casamento em crise, afetado pelo desejo reprimido ou talvez esquecido. Ou quem sabe até sem ter o conhecimento que o tinha.Filhos.Uma aproximação por causa de uma criança que sente falta do pai pode colocar a perder toda uma vida construída ao longo dos anos.Afastar é necessário.Os laços que os unem aguentaram? Escrita em parceria com Kendra, que não utiliza a plataforma, mas me deu permissão de postar aqui.
Note
Tenho fics para atualizar? Tenho.Vou começar outra com essa pessoa maravilhosa? Com certeza.Quem viu as tags, viu as menções que terão e aquele que vier falar que odeio qualquer casal citado, vou dar chilique, ninguém merece virem falando que odeio tal shipp e queriam outro, quem escreveu fui e a @k_Vanderpool e estamos felizes com o resultado.A Fic terá 8 capítulos, mas não irei postar todos os dias por detalhes técnicos (cof cof cof falta finalizar cof cof cof)Espero que gostem dessa nova fic, cheia de dramas bem ao estilo Banshee de ser.Boa leitura!
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Toda ação tem sua consequência

Você é livre para fazer suas escolhas, mas é prisioneiro das consequências.

 

 

Iruka chegou cedo na Academia, não encontrando quase ninguém pelo caminho e agradeceu por isso. A única pessoa que se partiu foi Anko, que parecia ter sido obrigada a se levantar e ir trabalhar, o que não duvidava. Entrou em sua sala e a mulher logo o seguiu e colocou à sua frente um copo de café forte, mesmo que soubesse que o amigo não gostava muito da bebida. Iruka encarou o questionador e ganhou um balançar de ombros.

— Sei que não gosta, mas acredita que precisa. Afinal, tem encontro com uma certa rosada causadora de problemas em sua vida perfeita ao lado do jounnin mais cobiçado de Konoha — testificou Anko.

— Não comece, não estou com paciência hoje — rebateu irritado.

— Pelo visto está de mau-humor. Seu novo amigo Cee de Kumo não está lhe fazendo bem? — Sugeriu maliciosa.

— Aprendiz da Cobra, pare. Ele é apenas um amigo e está aqui para falar sobre Sora e Kasuaki, nada além disso. E como você mesmo disse, ele tem um sinal luminoso sobre a cabeça dizendo “problema”.

— Não me chame assim, já pedi. Achei que gostasse de ninjas-problemas — debochou e desviou de uma caneta lançada em sua direção. — Ok, senhor diretor, vou te deixar em paz para que não tente matar ninguém hoje. Até porque Sakura deve estar quase chegando — constatou Anko ao verificar a hora no relógio na parede e se retirar da sala.

A mulher de cabelos roxos estava certa, pois assim que saiu da sala de Iruka, se deparou com Sakura parada do lado de fora, balançando o corpo nervosamente e com a filha ao seu lado.

— Sarada, vá para sua sala, sua mãe irá conversar com o diretor e se for preciso eu te chamo — disse a mais velha e a pequena Uchiha se despediu de sua mãe com um beijo e um aceno.

— Iruka está te esperando, por entrar — informou Anko com certa rispidez, não afetando a Haruno que já conhecia o jeito da outra.

Acenou em concordância e se dirigiu até a porta, parecendo bater hesitar antes de dar duas e aguardar autorização para entrar, adentrando logo depois de uma possível autorização.

Sakura entrou na sala do diretor e sentou-se na cadeira indicada por ele. O silêncio era desconfortável. Para Iruka era impossível não olhar para a mulher na sua frente e não se lembrar daquele dia, daquele jantar, onde viu ela e o marido em uma sincronia quase perfeita, conversando como se eles fossem casados e por um instante esqueceu que estava ali como diretor. 

— Sinto muito, Iruka-sama. Não queria ter causado tantos problemas entre você e o Kakashi…

— Te chamei aqui não para ouvir suas queixas sobre acontecimentos que nada tem a ver com sua filha. Ou tem, de maneira indireta, mas quero conversar sobre ações da Sarada dentro da Academia — declaradamente contendo suas emoções.

— Claro, desculpe. Me falaram que a Sarada agrediu um colega, foi isso?

— Sim, alguns alunos a provocaram dizendo que sua mãe, você, vivia atrás de homem casado e por isso que o pai, Sasuke, havia ido embora — informou os acontecimentos do dia anterior.

— Isso é um absurdo! As pessoas deveriam se preocupar com as próprias vidas ao invés de ficar cuidando da vida dos outros — esbravejou a rosada. — Mas isso não justifica a minha filha agredir um colega, sei disso. Pessoas são fofoqueiras e intrometidas. Sem saber o quanto esses barcos viviam a vida de todos, especialmente de crianças. 

— Infelizmente alguns não sabem, ou ignoram o que está diante dos seus olhos. Prefira falar e fazer coisas pensando no próprio benefício. Pessoas são egoístas — acrescentou Iruka. 

— Está querendo insinuar alguma coisa, sensei? — Questionou Sakura incomodada com o que ouviu.

— Não estou insinuando coisa alguma. Se quisesse falar algo, diria com todas as letras. Não tenho mais idade para brincar de joguinhos e fazer charadas para que outros decifrem o que quero dizer.

— Mas tem tempo sobrando para passar o dia todo andando com um certo ninja de Kumo, cheio de sorrisos — falou Sakura.

— O que eu faço fora daqui, não diz respeito a ninguém — Iruka respondeu sério, não gostando do rumo que aquela conversa estava tomando.

— Eu digo o mesmo, diretor Umino. A minha vida pessoal não é de interesse de ninguém de Konoha. As pessoas infelizmente sempre vão buscar assunto para fofocar e criar barcos sobre o que não sabem. Falam de mim pelas minhas costas, que traio o meu marido com o Rokudaime da mesma maneira que falam que você está treinando Kakashi com aquele homem que conheceu dias atrás — acusou Sakura.

Iruka respirou fundo algumas vezes, as mãos apertadas em punhos tão fortemente que os nós dos dedos chegavam a ficar brancos. Não queria discutir com a mulher a sua frente como se havia quinze anos e brigassem pelo primeiro amor, já havia passado essa fase há muito tempo. Mas não tinha sangue de barata para aguentar certas coisas.  

— Interessante você falar isso, é até mesmo engraçado, quase impossível encontrar a diferença. Sua vida não é de interesse de ninguém, porém envolveu homem que sabia ser casado nela. Claro, foi simplesmente sem intenção, ainda assim, a vida que não interessa a ninguém, levou Sarada a passar por isso tudo. E ainda acha que tem o direito de falar se estou ou não de sorrisos com certo ninja de Kumo? Rokudaime, meu marido, sabe onde e com que estou, não precisa se preocupar com isso. E todos sabem que nunca trairia o Hatake. Somos adultos e quando estamos com algum problema, sentamos e conversamos, não precisamos envolver ninguém na nossa vida, já que ela não interessa a ninguém. As pessoas de Konoha falam mal de você, do meu marido, de mim e até mesmo da sua filha, que não precisaria estar envolvida nessa história. Sabe a grande diferença entre mim e sua filha e vocês dois sobre os barcos? — Iruka perguntou exasperado. 

Sakura se trancava bruscamente da cadeira, cansada de toda aquela discussão que não levaria a algum lugar. Não adiantaria nada ficar jogando na cara um do outro tudo o que aconteceu, serviria apenas para passar sal nas feridas e como deixar ainda pior. Saiu da sala do diretor e bateu a porta com força, não notando os olhares assustados de alguns funcionários da Academia.

Anko entrou rapidamente na sala do amigo, preocupada com o estado em que ele estaria. Sabia que a conversa com a Haruno, mesmo que o foco fosse Sarada, ainda estava ligada. A de cabelos roxos não falou nada, apenas abraçou Iruka e fez carinhos em seus cabelos até se acalmar. Naquele momento sentiu raiva de todos os envolvidos naquela situação, seu amigo não merecia passar por nada daquilo.

Tão logo se sentiu melhor, o Umino pediu para ficar sozinho e que não fosse incomodado, apenas se fosse algo urgente ou relacionado aos irmãos Yotsuki. Pedido atendido pela Mitarashi, que até mesmo colocou alguns senseis que estavam por perto para descobrir algum fofoca para correr. Não precisava de mais ninguém se intrometendo em toda aquela confusão.

Perto da hora do almoço, Anko estava se preparando para ir chamar Iruka para almoçar quando avistou Cee se aproximando com duas sacolas do Ichiraku. Não sabia se aquele era o melhor momento para o homem falar com o Umino, ele já estava confuso e afetado o suficiente sem mais outra pessoa o cercando e despejando seu charme sem a cerimônia menor.

— Acho que não é um bom momento para você ficar flertando com meu amigo. Hoje o dia está sendo estressante o suficiente para ele. Vou pedir que se retire e deixe em paz por um tempo — advertiu Anko.

— Problemas com o casamento que está fadado ao fracasso e ao extremo? — O loiro perguntou debochado e se assustou quando a mulher o pegou pelo uniforme e o puxou.

— Escute bem, Cee. Sei o que está fazendo e apesar desse rostinho bonito, você alimentou a problemas e isso é o que Iruka menos precisa. O deixe respirar ou eu espero garantir que nunca mais respire o mesmo ar que ele — ameaçou a kunouchi fazendo uma de suas cobras se enrolar em seu braço e ficar bem próximo do rosto de Cee.

— Tudo bem, entendi o recado. Posso apenas deixar o almoço que trouxe para ele? Juro que não vou demorar e nem o importunar. Quero apenas confirmar que ele está bem, apesar de não me parecer preocupado com Iruka e realmente gosto dele. Acredite — afirmou o loiro.

— Cinco minutos. Se soube que ficou mais do que isso, já sabe — concluído Anko e soltou o homem, saindo para seu intervalo e confiando que o outro não incomodaria o amigo.

O ninja de Kumo nem se deu ao trabalho de bater na porta, simplesmente abriu devagar, analisando o clima em seu interior. Encontrou Iruka com a cabeça apoiada em uma das mãos, olhar distante e pensativa, olhos um pouco avermelhados. Não gostei do que viu, preferia o homem alegre e falante.

— Quando me disse que não estava bem, não imaginava que estaria dessa forma — Cee chamou a atenção de Iruka.

— Olá Cee, desculpe, mas não é um bom momento. Preciso ficar sozinho — respondeu sem emoção.

— Então fiz bem em lhe trazer comida — mostrou as sacolas do Ichiraku e não recebeu um sorriso em agradecimento.

— Obrigado, mas não estou com fome.

— Deveria comer, pelo menos um pouco — insistiu o loiro, se aproximando do outro e parando atrás da sua cadeira e levando as mãos até os ombros do Umino, fazendo uma leve massagem.

— Cee…

— Relaxe, está tenso demais. Sei que teve uma manhã difícil, não sei o motivo e não me interessa, podem ser problemas da Academia ou pessoal e não vou me intrometer. Quero apenas garantir que fique bem e se puder ajudar, nem que por um pouco — contínua a massagem que fazia e Iruka relaxou, ou tentou.

Deixou seus pensamentos embaralhados de lado, se concentrando apenas nas mãos do jounnin, sem saber ou perceber que do lado de fora da sala outro jounnin estava hesitante em abrir a porta, pois sabia que o diretor não estava sozinho no local. Não escute até a porta ser aberta e ouça seu nome.

— Iruka, eu e as crianças… — a fala foi interrompida propositalmente, esperando que os ocupantes olhassem para a pessoa que falava. 

— Kakashi, o que faz aqui? — Iruka se move rapidamente, se afastando de Cee.

— Eu... eu, a Sora e o Kasuaki que gostaríamos de te chamar para almoçar conosco em um novo restaurante que inaugurou, mas, parece que está ocupado — explicouu Kakashi, segurando a maçaneta com força.

— Eu já estava de saída, vim apenas dizer “oi” para Iruka — Cee afirmou, não passando nenhuma competência.

— Não precisa se preocupar, Cee, falo para os dois que você estava ocupado Iruka e que mandou um beijo para eles. Vejo você mais tarde — Kakashi não aguardou resposta, virou as costas e saiu, fechando a porta atrás de sie indo até onde as crianças estavam o esperando, na companhia de Bisuke e Pakkun.

— Cade Iruka-sama? — Kasuaki perguntou não vendo o Umino com Kakashi.

— Ele está com muito trabalho e não poderá ir conosco. Pediu desculpas e mandou um grande beijo para vocês — informou Kakashi com um nó na garganta e notou que os pequenos ficaram chateados. — Ei, não avançou assim, é só hoje. Nós ainda podemos ir almoçar e quem sabe, mais tarde, convoco o resto do bando para vocês, o que me dizem? — Tentou animar os pequenos e para sua sorte um sorriso surgiu no rosto deles.

Infelizmente Kakashi não conseguiu sorrir com os dois.

 

[...]

 

Durante toda a tarde, Iruka ficou pensando em sua vida, em seu relacionamento com Kakashi, em tudo o que aconteceu. Pensava que o tempo que passou fora deixaria sua mente mais calma para poder decidir em relação ao seu futuro ao lado daquele que conviveu nos últimos anos. Porém, desde que voltou para Konoha com os gêmeos, tudo parece uma grande confusão e um rolo de barbante que não encontra uma ponta para poder desenrolar. 

Jamais culparia Sora e Kasuaki, eles foram um bálsamo em seu coração e trouxeram alegrias para sua vida. Mas sabia que Cee, desde a sua chegada, havia o deixado confuso e com sentimentos conflitantes. Ele nem conseguiu pensar no que sentia por Kakashi, não saberia dizer, se alguém perguntasse, se ainda o amava e se quer dar uma chance para aquele amor. Se odiava por isso.

Contudo, desde a conversa com Sakura, decidiu que iria afastar Cee e seus avanços. Não era tolo e sabia quando alguém estava dando em cima de si, quando atitudes e palavras têm outras intenções além de criar amizade. Ele era casado com Kakashi, não é? 

E o principal, iria conversar com Kakashi, precisava e não poderia mais adiar, se fizesse, talvez nunca encontrasse coragem para tê-la. 

Por coincidência, ou obra do destino, não sabia dizer, recebi um comunicado de Kakashi dizendo que os gêmeos estariam com Naruto e que sabia que estava abusando um pouco do Uzumaki e de sua família, mas era preciso.

Não foi preciso Iruka pensar muito para entender que Kakashi também queria conversar. 

 

[...]

 

Kakashi olhou para os papéis sobre sua mesa como se fosse um papel bomba prestes a explodir e não havia nada que pudesse fazer para impedir. 

— Tem certeza disso? — A voz de Yamato se fez presente.

— Não. Queria dizer que tenho certeza absoluta da minha decisão. Mas existe diferença entre o que quero e o que é preciso. E isso é preciso — afirmou Kakashi enrolando o pergaminho e guardando em um dos bolsos do uniforme.

— Existe algo que possa fazer para mudar de ideia? 

— Não, meu amigo, não há. Pode se retirar, por favor? — Pediu o Hatake e Yamato obedeceu, reticente e se preparando mentalmente para lidar e ajudar o melhor amigo nos próximos dias. 

 

[...]

 

Iruka saiu da Academia ao entardecer, os últimos raios de sol brigavam com a escuridão da noite que surgia lentamente. Caminhou tranquilamente pelas ruas de Konoha, cumprimentando aqueles que lhe acenavam ou que o paravam na rua para conversar. Era querido por todos na Vila da Folha e seu caráter era inquestionável. Por isso, apesar de todos os boatos e fofocas, poucos ousavam criticar sua conduta e muitos sabiam que seus envolvimentos com Cee eram apenas pelos gêmeos e nunca tinham nada além de amizade.

Talvez Iruka estivesse mais aberto aos cidadãos de Konoha por querer adiar o encontro com Kakashi, adiar a conversa que precisavam ter. Logo não teve mais como adiar, pois se encontrava fora do centro da Vila e a quantidade de pessoas havia diminuído.

O caminho tão familiar dos últimos dias que o levava ao Complexo Hatake parecia menor quando chegava à estrada que o levava à casa. Olhou para o céu e viu as primeiras estrelas estamparem no céu. 

Estava um pouco distraído e não notou a aproximação de uma pessoa, mas seus instintos shinobis fizeram ele sacar uma kunai e apontar para o pescoço da pessoa que estava atrás de si.

Assustou-se quando viu Cee defendendo seu ataque com sua própria arma, impedindo que seu pescoço fosse cortado.

— Me lembre de nunca mais te assustar ou tentar te pegar de surpresa — brincou o loiro abaixando a mão de Iruka. — Antes que me repreenda por aparecer depois de você me pedir para ficar afastado, precisava me despedir.

— Despedir? Como assim?

— Estou voltando para Kumo amanhã. Seu pergaminho não foi o único que recebi. O Raikage monitora meu retorno quanto antes, afinal tenho obrigações com minha Vila e passei tempo demais longe. Tentei argumentar dizendo que tinha assuntos pendentes e pediram, não tão gentilmente, para deixar para depois. Se eu estiver certo, não terei uma próxima vez. 

O jounnin de Kumo se aproximou de Iruka e parou a centímetros do outro.

— Sei que tudo o que falei, a forma como agi contigo não foram normais para alguém que deveria ter interesse em tratar sobre um assunto de interesse político, mas a verdade é que desde a primeira vez que te vi, me chamou a atenção. Não apenas por sua beleza, mas sua bondade, sua doçura e carinho. Seu amor por todos a sua volta e forma como acolheu Sora e Kasuaki sem pensar nas consequências, principalmente em Maibotsu. Eles te adoram. Isso é de se esperar, Iruka, você é apaixonante — declarou o loiro olhando no fundo dos olhos castanhos do Umino.

Cee levou a mão ao rosto do Umino e fez um leve carinho em sua vitória, no início da sua cicatriz, em seguida a deslizou chegar até na nuca do outro, o prendendo de uma forma que poderia sair caso quisesse. Esperou alguns segundos e Iruka não se moveu, talvez estivesse ouvindo sem reação pelas palavras do ninja ou pela maneira que era segurado. Sentia o olhar sobre seus lábios e a distância entre eles aos poucos ser diminuída ainda mais. Sabia que deveria afastar Cee, mas não tinha forças, ou, no fundo, queria o que estava prestes a acontecer. Fechou os olhos quando sentiu a boca contra a sua e levou alguns segundos para corresponder ao beijo. Era calmo, singelo, afetuoso. Cee aproveitou que não foi rejeitado e levou a outra mão para a base das costas de Iruka, os aproximando ainda mais. As mãos de Iruka permaneciam firmes nos ombros do loiro. 

Quando se deu conta do que estava fazendo, colocou a mão no peito do jounnin e levou.

— Isso não deveria ter sentido, Cee. Sabe que sou casado e com quem — Iruka baixou e sentiu quando o outro o soltou, mas registrou próximo.

— Eu sei disso, sei de tudo o que aconteceu. As pessoas falam e fiz meu trabalho para descobrir o que era verdade e que eram barcos. Me responda Iruka, com toda sinceridade, ainda o ama? Ainda vê um futuro ao lado dele? — Quis saber o homem.

— Sim, pode me chamar de ingênuo, idiota e tolo por ainda acreditar em nós dois e no nosso amor — declarou o chunnin e se distância.

Não esperava uma resposta ou qualquer atitude de Cee e seguia seu rumo para casa, sem imaginar que aquele com quem iria conversar viu o que não queria.

 

[...] 

 

Kakashi saltava pelos telhados sem realmente ver para onde estava indo. Seus olhos estavam embaçados, não se lembrava quando chorou pela última vez. Mas agora ele simplesmente não poderia evitar. A cena que acabara de presenciar se repetindo em sua mente sem parar. 

Ele queria sentir ódio do marido e de Cee, queria arrancar a cabeça do ninja de Kumo, mas não poderia fazê-lo. Se era aquilo que Iruka desejava para sua vida a partir dali, deveria ser seguido. Fora ele quem causou tudo aquilo quando se deixou envolver demais com Sakura e sua filha.

Mas antes de voltar para casa e falar Iruka, precisava acalmar sua mente e corpo, tirar toda aquela adrenalina e queixas e foi atrás da única pessoa capaz de dar aquilo que queria.

Por sorte, a pessoa que procurava morava um pouco mais afastada do centro de Konoha e não corria o risco de encontrar alguém. Quando chegou a casa, bateu na porta com força, se não cuidasse a colocaria abaixo.

— Tenzou! Sei que está aqui — Gritou o mascarado impaciente e logo a porta foi aberta por um Yamato um pouco descabelado, com o rosto vermelho, apenas uma regata preta e calças ninjas.

Ignorou que atrás dele, sentado no sofá, estava um Gai um pouco menos vestido.

— Lute comigo, agora! Vamos — disse o prateado e desapareceu, sabendo que seria seguido em breve.

— O que houve? — Gai perguntou ao fundo.

— Algo sério pelo visto. Preciso ir atrás dele, me desculpe — respondeu Yamato e deixou um selar nos lábios do outro e calçou suas sandálias antes de seguir Kakashi.

Não gostei muito de que Yamato encontrasse o Hatake em um dos campos que treinamentos abandonados da Anbu. Distante dos demais, afastado o suficiente para não precisarem se controlar e acabar assustando quem estiver por perto.

Avistou o mascarado parado no meio do campo, os alvos que ficaram ali, totalmente destruídos. Em sua mão brilhando intensamente, se encontra o chidori.

— O que aconteceu, senpai? — Perguntou com calma, mas atento, sabendo que poderia ser atacado a qualquer instante.

— Sem perguntas, Tenzou — respondeu tolerantemente e como o Anbu esperava, fora golpeado.

O acastanhado apenas se defendia, não queria brigar com o amigo, mesmo que ele estivesse disposto a fazer.

— Pare de apenas se defender e revide — gritou Kakashi ao ser afastado mais uma vez.

— Não até que me diga o que aconteceu para estar tão transtornado.

— Se não for lutar sério, encontrarei alguém disposto a isso — declarou Kakashi e se preparou para sair, mas foi preso pelo Mokuton de Yamato.

— Se é isso que quer, é o terá! — Concordou por final, pois conhecia bem o mais velho para saber que cumpriria sua fala e que alguém poderia sair muito machucado no final.

Em meio a luta, Yamato conseguiu entender um pouco o que estava transitório, pois o prateado acabou soltando algumas frases soltas e sem nexo, mas devido aos últimos acontecimentos, associados aos fatos. 

Após algumas horas permanecendo, levando ambos ao extremo do cansaço, Yamato conseguiu segurar Kakashi com sua kekkei-genkai e acabou com aquilo.

— Tudo isso foi porque viu Iruka e Cee juntos? — Perguntou ofegante.

O Hatake gostou um pouco para responder, a lembrança do que ainda viu vividas em sua mente doíam mais que qualquer ferimento. 

— Mais do que isso. Vi algo que me fez perceber que a minh decisão está mais do que certa. Mais uma vez eu perdi aquilo que amava e a culpa é totalmente minha.

— Kakashi… te dizer que foi avisado servir apenas para jogar álcool numa ferida aberta. Mas antes de colocar um ponto final, converse com ele, nem que seja uma última vez — garantiu o mais novo, libertando o outro dos galhos que o prendiam.

O prateado se conduzido lentamente, sentindo todo o corpo doer e seu chakra mais baixo que o recomendado, não chegando um nível preocupante, necessário apenas de um bom descanso, uma boa noite de sono. Suas roupas estavam rasgadas em alguns pontos, até sua máscara havia sido danificada, confirmando que nenhum dos ninjas pegou leve.

— Se não aparecer na Torre amanhã, não se preocupe. Shikamaru e Shizune podem dar conta das coisas se me atrasar — informou Kakashi sem muito ânimo. — Se preocupem se meu sumiço durar mais de dois dias.

Yamato observou o Hokage se afastar a passos lentos, exausto não apenas pela luta, mas também mental e emocionalmente, notou ainda que ele conferiu seu bolso no colete se o pergaminho ainda estava lá. Parecia que sim. Deixaria para lidar com o que viesse depois, agora precisava ir para casa, onde Gai estaria o esperando, preocupado e ansioso.

“Que merda, Hatake. Acabou com a minha noite”, reclamou mentalmente, e finalmente se pôs a caminho do seu lar. Desejando um bom banho e uma massagem, ou pelo menos, um carinho.

 

[...]

 

Iruka nunca chegou em casa tão rápido como naquele dia. A sensação dos lábios de Cee ainda estava presente, mas parecia tão errado. Não era aquela boca que desejava beijar, não era a que queria. Ficou contente por não ter ninguém em casa, não precisaria explicar o estado em que se encontrava.

Acalmando suas emoções, foi tomar um banho e esperar Kakashi. Aquela conversa seria ainda mais tensa do que imaginava. Teria que colocar todas as cartas na mesa, abrir seu coração e expor tudo o que lhe aflige.

Após o banho e com a mente mais clara, sent-se no sofá e esperou pelo mascarado, que deveria estar chegando a qualquer momento. E sem atrasos, esperando.

A hora que Kakashi deveria chegar, veio e passou. E horas a seguir também. Pensou em fazer algo para comer, mas o embrulho em seu estômago não permitiu sequer pensar em comida. Optou por fazer um chá e sentou-se, agora na mesa da cozinha. 

Aquela ação o levou a lembrar de como tudo começou, de quando um desastre iminente apontava no horizonte, onde suas vidas mudariam de tal forma que não sabiam se teriam consertado. Tentava não pensar no motivo para aquele atraso quando o próprio prateado havia dito que precisavam conversar. Não se deixaria pensar que ele novamente estaria com ela. Não poderia, ou então, poderia afirmar que não existiria mais eles.

A ansiedade crescente em seu peito das últimas horas, aumentou quando senti as proteções do Complexo serem desativadas, indicando que o Hatake havia chegado. Forçou-se a permanecer sentado e aguardar que Kakashi entrasse.

Não consegui manter-se sentada quando viu o estado em que seu marido estava. O colete estava em suas mãos, uma camisa suja e rasgada assim como suas calças. Até a máscara estava arruinada e mal parava presa em seu rosto. Cabelos prateados estavam desgrenhados, com alguns galhos e folhas. Parecia que tinha sido atacado.

— Kakashi? O que aconteceu? — Perguntou Iruka levantando-se rapidamente e indo o outro, que parecia que até desabaria a qualquer momento.

— Tenzou… — sussurrou sem forças para mais nada.

— Yamato? Por que ele te atacaria? Não estou entendendo nada — sabia há muito tempo sobre o passado do mascarado na Anbu, assim como do amigo.

— Preciso de um banho… Depois conversamos — proferiu Kakashi.

— Tudo bem, consegue se manter em pé sozinho? Precisa de ajuda?

— Otto… ainda posso te chamar assim? Tão preocupado... por isso que te amo. Mas não precisa se preocupar, logo retorno, me espere só mais um pouco, tudo bem?

Para surpresa de Iruka, Kakashi deixou um beijo em seus cabelos e seguiu em direção ao seu quarto, deixando-o paralisado no mesmo lugar. Se não conhece aquele homem que entrou pela porta, poderia jurar que, ou ele estava bêbado, o que seria importante pois tem alta tolerância ao álcool e já comprovou, ou não era o Kakashi que conhecia. A última teoria caiu por terra quando ele entrou no Complexo. Somente o chakra dele poderia liberar acesso. Deu meia-volta e voltou para a cozinha, faria mais chá para ambos e alguns sanduíches. Seria o suficiente.

Iruka estava para preparar mais uma xícara de chá quando Kakashi saiu do quarto e apareceu na cozinha, ficando parado encarando o mais novo que segurava o recipiente nas mãos. 

— Quantas vezes te encontrei dormindo sentado na cadeira, me esperando? Com a comida feita, fria, por não ter aparecido? Quantas vezes te nivelei para nossa cama com você sonolento e mesmo assim ainda me dizia “Okaeri, otto”. Como não pude perceber como minhas atitudes estavam te afastando, nos afastando. Depois da Guerra e quando meus alunos e seus colegas pediram a formar suas famílias, me pegaram pensando como seria ter alguém tão dependente, alguém para levar nossos nomes adiante, para transmitir nosso legado. Talvez, e isso não justifique nenhuma das minhas ações, eu aceitei ajudar Sakura e Sarada para ver como eu sairia sendo “pai”. Pensei que com isso, entenderia meus sentimentos, mas tudo saiu do controle e olha onde acabamos — expôs uma parte do que sentia.

— Seu erro, não foi ter me falado nada. O que pensei que eu diria, Kakashi? Que negaria ou seria contra a ideia de termos alguém para chamarmos de nosso filho? Ou que impediria você de ajudar a Sakura? Você sempre esteve disposto a ajudar qualquer pessoa, jamais deixaria um amigo para trás. Esse é você, é o homem pelo qual me apaixonei.

Kakashi se aproximou da mesa e sentou na cadeira de frente para Iruka, tirou a xícara que ele ainda seguramente e colocou de lado. Buscou a mão do marido e segurou, fazendo um leve carinho quando ela não foi puxada. 

— Sei que cometi erros irreparáveis e ficar os aspirados agora, não nos levar a lugar algum. Sendo sincero, analisando todas as minhas atitudes com você e com Sakura, posso afirmar, com medo do que isso irá significar, que eu te traí. Traição não é apenas ações, não é apenas beijos, trocas de carícias, ir para cama com outra pessoa que não seja seu companheiro. Traição é quando você esconde algo, conversa com outras pessoas assuntos que deveriam ser tratados com seu companheiro. É quando dá a entender a outra pessoa que você quer algo, quando não quer e não faz nada para negar aquilo. Quando tentei reverter essa situação, você estava longe da Sakura com sentimentos conflitantes em relação a mim. Não sei mais o que posso fazer para me redimir e tentar consertar as coisas entre nós — as palavras de Kakashi foram dolorosamente sinceras. 

— Sei que não irá mudar em nada apontar erros, mas não estamos apontando os erros um do outro. Estamos a assumir. Nós dois tínhamos nossas cotas de erros. Você com a Sakura e eu com Cee. Desde que voltei, andei te evitando, adiando essa conversa porque também tinha medo de como as coisas acabariam. Por isso queria passar mais tempo com ele. Conversando, rindo, falando sobre os gêmeos e como seriam as coisas daqui para frente. Deveria conversar com você sobre os dois. Passei tanto tempo sozinho, desejando uma companhia que não tinha que quando encontrei alguém disposto a oferecer, aceitei. Não pense que não deixei as coisas claras para Cee. Sempre afirmei que era casado com você e que ele era apenas um amigo. E hoje, ao decidir finalmente conversar contigo e resolver nossa situação, adorei encontrar Cee a caminho de casa. Ele acabou se declarando e nos beijando. Eu permiti que ele me beijasse, porque eu queria, inconscientemente eu queria aquela demonstração de afeto e carinho que não recebia de você — contorno Iruka e senti sua mão ser apertada, fazendo com que olhasse para o prateado. 

— Eu sei disso, querido e te entendo. Agora precisamos pensar no que faremos daqui para frente. Eu só… eu preciso saber, ainda existe alguma chance para nós? Ou tudo acabou? O que nós dois tínhamos acabado naquela noite na casa da Sakura? Ou no momento que você foi para Maibotsu? Sei que são muitas perguntas e não vou te pressionar a responder alguma positivamente ou insistir em algo que não sei se você quer. Aqui dentro está nosso futuro, — entregou um pergaminho que Iruka nem tinha visto ele trazer — e qualquer que seja sua escolha, a aceitei. Eu te amo otto e quero te ver feliz. Ao meu lado ou não.

O Umino sentiu seu corpo tremer de ansiedade devido ao conteúdo daquele pergaminho. Pelas falas do mais velho, imaginava o que poderia ser. Seus olhos encheram de lágrimas, que choraram por não as derramar, quando leu o que estava escrito. Era um pedido oficial de separação. Era óbvio para o Umino que o Hatake não queria isso, nem ele se, se fosse honesto consigo mesmo.

Olhou para seu marido que parecia distante, evitando o enfrentar e desistir daquilo. Suspirando se, pegou sua xícara e foi até o fogão e fez mais um pouco de chá, encontrou uma caneta em uma das gavetas e apertou à mesa. Tudo em silêncio. Voltou para a mesa e puxou o documento para perto. Levou sua mão até onde deveria assinar e hesitou por um momento. Kakashi estava atento a cada movimento, a cada gesto, a cada expressão que surgia no rosto do marido. Ainda podia o considerar assim.

Deixou de lado a hesitação, escreveu naquele papel e estendeu para o Hatake.

— Kakashi, não entendi uma coisa que está escrita aqui, pode me esclarecer. No final — indicou Iruka e esperou o outro ler o que foi pedido. (É aqui que a @Mo2019 me bate e me ameaça?)

Assim que o Hatake terminou de ler, segurou-se da cadeira, deu a volta na mesa e puxou o Umino para um abraço. Um abraço apertado, que para muitos era algo simples e sem valor, mas para eles tinha um grande significado.

— Eu prometo, meu amor, que farei de tudo para que as coisas se ajeitem. Eu te amo, Iruka Umino.

— Eu te amo, Kakashi Hatake.

No pergaminho, onde deveria conter a assinatura de Iruka, tinha um pequeno recado, escrito com a caligrafia perfeita de Iruka:  “Vamos tentar outra vez em nome do amor que sentimos um pelo outro.”

 

 

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