Ainda existe nós?

Naruto
M/M
G
Ainda existe nós?
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Summary
Um casamento em crise, afetado pelo desejo reprimido ou talvez esquecido. Ou quem sabe até sem ter o conhecimento que o tinha.Filhos.Uma aproximação por causa de uma criança que sente falta do pai pode colocar a perder toda uma vida construída ao longo dos anos.Afastar é necessário.Os laços que os unem aguentaram? Escrita em parceria com Kendra, que não utiliza a plataforma, mas me deu permissão de postar aqui.
Note
Tenho fics para atualizar? Tenho.Vou começar outra com essa pessoa maravilhosa? Com certeza.Quem viu as tags, viu as menções que terão e aquele que vier falar que odeio qualquer casal citado, vou dar chilique, ninguém merece virem falando que odeio tal shipp e queriam outro, quem escreveu fui e a @k_Vanderpool e estamos felizes com o resultado.A Fic terá 8 capítulos, mas não irei postar todos os dias por detalhes técnicos (cof cof cof falta finalizar cof cof cof)Espero que gostem dessa nova fic, cheia de dramas bem ao estilo Banshee de ser.Boa leitura!
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Cee - O Ninja de Kumo

No retorno para casa não trocaram nenhuma palavra. Assim que chegaram o Umino colocou as crianças na cama, trocou suas roupas por pijamas confortáveis, ouvindo resmungos deles, o cansaço era tão grande que mal acordaram. Levaria alguns dias para se acostumarem com essa nova vida e rotina. 

Antes de entrar em seu quarto, o Rokudaime parou na porta do quarto das crianças e desejou boa noite para Iruka. A resposta foi um sussurro. 

Na manhã seguinte, Kakashi acordou cedo e preparou o café para todos. Quando os gêmeos terminaram, pediram para explorar o restante do Complexo, que não tiveram a oportunidade no dia anterior e foram liberados, saindo praticamente correndo. O mascarado não podia deixar de pensar em como seria quando apresentasse eles ao bando. Apostaria que os nikkens fariam tanta bagunça quanto as crianças. Exceto Pakkun que provavelmente se esconderia em algum lugar para evitar toda confusão. 

Kakashi quebrou aquele silêncio desconfortável que permanecia entre eles. 

— Hoje tenho uma reunião com o representante de Kumogakure. Chegou ontem em Konoha e parece que ele é parente distante dos gêmeos — disse, pegando a louça e colocando na pia e lavando em seguida.

   — Certo. Quando terminar a reunião, peça para ele ir para a Academia, lá vou poder conversar com ele com calma sobre Sora e Kasuaki. E só depois, apresentar eles. — respondeu Umino bebendo seu chá, com um suspiro satisfeito, era seu preferido. — Pode ir, não precisa me esperar, ainda vou arrumar os gêmeos e depois irei para Academia. Nunca vi Anko tão animada com meu retorno. Deve ter sido difícil para ela — levantou-se e o platinado suspirou pesadamente, deixou a cozinha organizada e seguiu para o seu escritório. 

— Não foi difícil só para ela, otto — declarou baixo e desapareceu, não estava com cabeça para caminhar e encontrar pessoas que fariam perguntas que não queria responder.

Em seu escritório esperava o ninja de Kumogakure ouviu as batidas na porta, logo autorizando sua assistente entrar. Shizune conhecia o Hatake e havia sentindo quando ele chegou ao prédio e entrou em sua sala, pela janela. Estava fugindo das pessoas. Rapidamente a mulher anunciou que Cee o esperava para começarem a reunião. Pediu para Shizune o mandar entrar. 

O Rokudaime não perdeu tempo e explicou toda situação dos gêmeos, e o que pretendiam com menores. Afirmou que não existia  menor possibilidade de os levar para Kumo. Deixaria os outros detalhes dos acontecimentos com seu marido Iruka. Durante todo tempo, Kakashi ficou analisando as expressões do homem à sua frente, que aparentemente não ficou tão interessado, mas ainda assim estava curioso para conhecê-los. 

— Onde posso encontrá-los? — Perguntou. 

— Academia Ninja, o diretor Iruka irá o deixar a par da situação que Sora e Kasuaki passavam naquela Vila e como foram parar lá. Cat! — Chamou Kakashi e um Anbu apareceu. — Acompanhe Cee até Academia. Não é bom deixar um ninja que veio em nome do Raikage desacompanhado, precisamos mostrar nossa hospitalidade. — Afirmou Kakashi olhando para Cee.

— De modo algum,  Rokudaime Hokage — falou com tom debochado, entendendo as nuances por trás daquilo. Era para ficar de olho no ninja visitante. Em seguida, ambos saíram do escritório de Kakashi. 

 

[…]

 

Cat, deixou o homem na entrada da Academia, informando que deveria procurar Anko e ela o levaria até o diretor e desapareceu em sequência. Cee olhou com pouca atenção o prédio, não parecendo impressionado ou qualquer outra coisa, estalou a língua e entrou. Andou calmamente pelo corredor até encontrar uma mulher de cabelos arroxeados. A cumprimentou rapidamente e pediu para o levar à sala do diretor da escola sem nem mesmo perguntar quem a mulher era. Anko descaradamente o olhou dos pés a cabeça, um pouco desconfiada da atitude e postura daquele ninja de Kumo. 

— Do que se trata? Qual é seu nome? — Perguntou séria.

O loiro demorou a responder, não lhe devia explicações.

— Não tenho seu tempo — o repreendeu, cruzando os braços irritada. 

— Me chamo Cee e estou aqui para conversar sobre os gêmeos Yotsuki, que estão sob os cuidados de Iruka Umino — respondeu o jounin por fim.

 — Está vendo como foi fácil e não perdeu nenhum pedaço! Me siga por favor — instruiu sorrindo, começando a caminhar pelo corredor que os levaria a sala do diretor e amigo.

Cee balançou a cabeça em negação, não entendo a mudança repentina de humor da mulher. Chegaram a uma porta quase no final do corredor e pararam.

— Espere aqui, vou avisar ele. Ele odeia que o interrompa sem aviso — falou e entrou na sala, fechando a porta atrás de si. 

— Golfinho? — Chamou e Iruka a olhou com repreensão pelo apelido usado naquele ambiente, mas estava acostumado, Anko nunca seguia os protocolos. — Tem um homem de cabelos loiros, literalmente gostoso, procurando por você — informou, abanando o rosto de forma exagerada.

— Quem é? — Quis saber, mesmo que imaginasse que seria o representante de Kumo.

— Cee, de Kumogakure, veio falar sobre os pequenos — disse ela com sorriso travesso. 

— Peça para ele entrar e Dango? Pode nos trazer café, por favor — pediu ele. 

— Tudo que meu golfinho quiser! — Apertou as bochechas de Iruka, o deixando corado e se questionando se a mulher realmente tinha a idade que dizia ter. — Qualquer coisa me chama, ele pode ser gostoso, não confio muito. — Confidenciou deixando o Umino intrigado.

— Por quê?

— Você vai perceber sozinho, com licença — saiu da sala sem dizer mais nada e pediu para o jounin entrar. 

Não perdeu a oportunidade, conferiu a retaguarda do homem apreciando o que seus olhos viam. Apesar disso, seus instintos gritavam: “Gostoso, lindo, cheiroso e mau-caráter. Combinação perfeita e perigosa!”

Cee entrou e cumprimentou o moreno, não deixando de notar que apesar das feições sérias era um homem bonito e atraente. Não era cego, não fingiria não ver alguém a sua frente. Nesse momento, as repreensões do Raikage voavam em sua mente como relâmpagos:

“Se comporte, Cee, e nada de mexer com as pessoas, principalmente as comprometidas”

Voltou sua atenção à Iruka que apontou para a poltrona  sua frente, pedindo para se sentar. O homem fez o que foi indicado, sem desviar o olhar do diretor, que ficou um pouco desconcertado.

— Muito prazer, me chamo Iruka Umino, sou diretor da Academia e bem… estou responsável por Sora e Kasuaki — declarou o obvio, imaginando que Kakashi teria passado essas informações.

— Eu sou Cee Yotsuki e o o prazer é todo meu. Não sabia que o diretor da Academia era um homem jovem e tão bonito. Esperava um velho e mal-humorado, ou pelo menos alguém arrogante e pretensioso como o Hokage — afirmou Cee, não se preocupando em cuidar como falava da autoridade máxima de Konoha, muito menos ciente que o homem a sua frente era marido do outro. Estava encantado demais para conter sua língua e as palavras que saiam de sua boca.

Iruka agora entendia o que Anko quis dizer. Cee era de fato um homem bonito, mas tinha algo por trás das palavras cheias de malícia que dizia. Ele era um perigo. Um perigo muito bonito, admitia. Mas mesmo assim, um perigo.

Voltando seu foco a Sora e Kasuaki, que era o que lhe interessava no momento, o Umino começou a contar como conheceu as duas crianças, como elas eram tratadas em Maibotsu, contou até mesmo o que aconteceu aos pais deles, como aconteceu, contou praticamente tudo. Não contou seus motivos de ter ido até aquela Vila, Cee não precisava saber, era um assunto pessoal seu.

— Como foi parar numa Vila daquelas? Longe de tudo, um lugar que ninguém ouviu falar? Estava fugindo do que, Iruka-kun? — O visitante perguntou com curiosidade.

— De… de ninguém, precisava apenas de um tempo para mim. Mas acredito que veio até Konoha não apenas para falar sobre Sora e Kasuaki, gostaria de conhecê-los?

— Claro, sem problemas. Onde eles estão? — Pediu Cee mudando de assunto, percebendo o quanto o homem à sua frente ficou incomodado com aquele assunto.

— Estão acompanhando algumas aulas. Devem estar no lado de fora, assistindo a treinamento de lançamento de shurikens. Por favor, me acompanhe — declarou o Umino se colocando em pé.

Cee também se levantou e em passos rápidos seguiu até a porta e abriu para Iruka. O diretor o olhou curioso, mas gostou da gentileza do homem, lembrou-se do Hatake e a quanto tempo não fazia algo simples assim para ele. 

— Pode ir à frente, Iruka-kun — falou o loiro com sorrisinho maroto no rosto.

— Obrigado! — Agradeceu o ninja da Folha, balançando a cabeça levemente em negação para dissipar os pensamentos sobre o mascarado. Nem notando o olhar de apreciação de Cee sobre si.

Os dois homens seguiram até o local onde as crianças praticavam e Iruka sorriu ao ver os gemeos entre elas. Para sua surpresa, Sora estava se destacando ao que parecia enquanto Kasuaki parecia um desanimado com aquilo. Cee observava atentamente o sorriso de Iruka e acabou imitando o gesto do outro, não pode evitar, o homem ao seu lado tinha um sorriso cativante.

Assim que Sora viu o Umino veio correndo em sua direção e o abraçou, sendo seguida pelo irmão, que não abraçou o apenas parou na sua frente e analisou o ninja que estava ao lado de Iruka.

— Quem é você? E por que se parece um pouco nossa mãe? — O prateado perguntou intrigado.

— Me chamo Cee Yotsuki, sou de Kumo e ao que parece sou parente de vocês dois. Um tio distante — explicou sorrindo para os pequenos.

— Nós vamos embora daqui? Você não nos quer mais? — A voz de Kasuaki se elevou um pouco por conta do desespero que estava sentindo. Estava com medo que Iruka não quisesse ficar com ele a irmã e que não ficariam em Konoha. Por mais que tivesse chegado a pouco mais de um dia e meio, havia gostado muito daquele lugar.

— Calma, meu querido. Vocês não vão embora e muito irei renunciar a vocês. Cee veio para cá apenas para podermos ajeitar toda a documentação de vocês e poder torná-los cidadãos oficiais de Konohagakure — respondeu Iruka segurando a mão do garoto, que tentava se manter sério e não deixar que lagrimas rolassem por seu rosto.

— Mano, confia no Iruka-otousan, ele já falou que a gente vai ficar aqui e o Kakashi-sama também garantiu que ninguém vai levar a gente — acrescentou Sora.

— E eu também não vim aqui para isso. Vim para conhecer vocês, conhecer membros do meu Clã, já que somos bem poucos. Acredito que mais para frente, vocês poderão ir até Kumo conhecer os outros membros da família Yotsuki — garantiu Cee bagunçando os cabelos brancos de Kasuaki, que o olhou irritado, fazendo com que tirasse a mão rapidamente.

Para sua alegria, foi agraciado com uma pequena risada de Iruka.

— Kasuaki odeia que mecham em seu cabelo. Estou quase no meu horário de almoço, o que acham de irmos no Ichiraku comer lámen? — Sugeriu Iruka e viu não apenas dois pares de olhos brilharem de expectativa, mas do jounin de Kumo também.

— Posso acompanhar vocês? Faz tanto tempo que comi um lamén decente. Ninguém sabe fazer lamén tão bem quanto Teuchi-san. Vamos logo! — Declarou o loiro animado, fazendo Iruka rir mais uma vez e ele se perder naquele som.

— Vamos então — declarou o chunnin.

Sem demora os quatro saíram da Academia, com a permissão do sensei que estava com os gêmeos, em direção ao Ichiraku.

Era óbvio a atenção que chamavam pelas ruas de Konoha, não apenas por Iruka ser conhecido como sensei e diretor da Academia, mas também por ser marido do Hokage e estar andando acompanhado pelas duas crianças e um ninja que claramente não era da Aldeia da Folha. Os fofoqueiros de plantão logo começariam a espalhar boatos. Ao longe, em uma árvore, um Anbu com uma máscara de gato, vigiava aqueles que eram as pessoas mais importantes para o Rokudaime. Não gostando muito da forma como Cee chegava perto de Iruka para falar algo, ou o tocava quando queria chamar sua atenção e especialmente a maneira que ele sorria. Conhecia bem aquele tipo de sorriso. 

“Se algo acontecer, você nem poderá reclamar, senpai”, pensou o Anbu resignado, mantendo sua vigilância.

Após o almoço, que Cee fez questão de pagar, o loiro acompanhou Iruka de volta para Academia, conversando sobre tudo, tentando conhecer ainda mais o outro. Estava gostando de ver como ele ficava envergonhado com algum comentário ou elogio que fazia e a forma que sempre coçava a cicatriz em seu rosto quando ficava pensativo ou corado. Era quase demais para o loiro.

Naquele dia, o diretor da Academia recebeu uma pequena surpresa em sua sala: uma caixa com alguns dos seus doces favoritos. Até pensou ser de Kakashi, mas descobriu não ser ao ler o pequeno bilhete: “Obrigado pela agradável companhia. Espero que possamos nos encontrar novamente. Beijos, Cee. P.S Você fica fofo quando está envergonhado.” 

Iruka corou com aquele comentário, mesmo que sorrisse com aquelas palavras. Era bom ser elogiado.

Ao final do dia, Cee apareceu na Academia novamente dizendo que gostaria de acompanhar os pequenos até em casa. Iruka concordou e pela incontável vez naquele dia, ficou corado ao receber um girassol como presente.

A trajetória até o Complexo Hatake foi tranquila e pareceu muito mais curta. Sora e Kasuaki fizeram algumas perguntas sobre Kumo e seus parentes distantes. A garota parecia animada com a ideia de ter uma família ainda maior, já o garoto parecia não ter gostado muito de Cee.

O ninja de Kumo se despediu de Sora com um abraço e de Kasuaki com apenas um aperto de mão e de Iruka, ousou em deixar um selar nas bochechas do homem, que ficou completamente vermelho e nem conseguiu falar nada em despedia ao loiro que saiu apressado.

No jantar, o assunto era a visita do ninja. Kakashi fazia perguntas um pouco evasivas, não queria parecer intrometido ou inseguro em relação ao que ouvia. Tentou até mesmo manter a feição neutra quando Kasuaki contou como Cee se despediu de Iruka. 

Kakashi disfarçou a ardência dos olhos e se levantou da mesa indo em direção a cozinha para lavar a louça, negando qualquer ajuda. O som de uma xícara quebrando foi ignorado por Iruka enquanto ele levava as crianças para a sala. 

O mascarado podia ignorar e fingir que não estava afetado, mas a verdade é que estava morrendo de ciúmes do marido e com medo de perder Iruka para sempre. O restante da louça sobreviveu a lavagem, exceto por um, ou talvez dois copos.

Aquilo se repetiu pelos próximos dias. Café da manha com todos á mesa, trabalho na Torre do Hokage e Academia, passeio com os gêmeos e para Iruka visitas quase diárias de Cee, que sempre aparecia com algo diferente para o chunnin. Almoço, às vezes com o ninja de Kumo junto ao Umino e as crianças, outras vezes Kakashi almoça com os pequenos, que descobriu que gostavam de ficar pela Torre, um para ver os ninjas trabalhando e outro fascinado por pergaminhos, alguns específicos, como selamentos, que o Hokage deu permissão para mexer, mas apenas aqueles que não trariam perigo para as crianças e os demais.

Quando encontrou Cee, Kakashi perguntou, com toda a polidez e calma adquirida em anos como shinobi, porque estavam sempre com Iruka e recebeu como resposta:

— Estou apenas colhendo informações sobre os novos integrantes do Clã Yotsuki e garantir que seu marido esteja seguro. 

O prateado não gostou daquela resposta, conhecia a fama que Cee tinha e se lembrava de um episódio envolvendo o jounin e uma mulher em uma das reuniões dos Kages que participou. Cee acabou se envolvendo com uma mulher casada e o marido foi atrás dele para tirar satisfação. Ele também era um jounin da Vila da Pedra e quase acabou criando desavença ente Kumo e Iwagakure. Tinha suas desconfiança para com o loiro, mas não diria nada a menos que fosse necessário. Confiava em Iruka de olhos fechados. Mas não estava contente com essa aproximação dos dois, mas que moral tinha para exigir algo?

“Nenhuma”, ouviu a voz de Yamato e Gai o repreender.

 

[...]

 

Sakura, desde que teve aquela conversa com Rokudaime, sua cabeça ainda se encontrava um turbilhão e as coisas pareciam ainda pior com a chegada de Sasuke de surpresa. Sabia que Kakashi havia o convocado de volta à Vila, mas não sabia quando ele chegaria sendo pega despreparada para lidar com o marido naquela circunstancia. Não tinha parado para conversar com o Uchiha, estava o evitando, para não dizer fugindo dele, deixando ele e Sarada sozinhos boa parte do tempo. Sua filha não parecia se incomodar, estava feliz por seu pai estar finalmente em casa e poder fazer todas as cosias que fazia com o Hatake, com seu genitor.

Soube através da sua amiga Ino, que Iruka havia retornando com duas crianças a tiracolo. A Yamanaka revelou também que a felicidade estava estampada na face do Hokage, e que agora ele, o marido e as crianças se encontravam morando no Complexo Hatake, que foi totalmente revitalizado para abrigar a nova família. O que elas não sabiam, era que o clima ainda estava longe de ser romance e reconciliação entre o casal, nem precisavam saber. 

Andando quase sem rumo pelas ruas de Konoha, durante uma pausa em seu plantão no Hospital, Sakura sentia os olhares reprovação dos moradores da Aldeia, não deu muita atenção, apesar daquilo a incomodar muito, estava ciente que agiu de má-fé. Se intrometeu em uma relação que para muitos era perfeita e exemplo para qualquer casal e aos poucos foi a destruindo, mesmo que tenha sido sem querer, ou sem pensar totalmente nas consequências de seus atos.  

Caminhou mais um pouco até parar em loja para comprar alguns salgadinhos, já tinha dias que não conseguia comer adequadamente. Enquanto esperava para ser atendida, ouviu a conversa de duas moças que estavam logo atrás dela. 

— Ei você viu o homem que está ao lado do Iruka-kun? Será que eles estão… tendo um caso? — Sussurrou a última parte, mas a rosada ouviu perfeitamente. — Nossa, que homem lindo ele é — disse uma delas com malícia. 

— Tá maluca? Você acha que nosso ex-sensei seria igual ao Rokudaime? Pelo contrário, até onde soube, eles estão conversando sobre aqueles gêmeos lindos! Acho que se chamam Sora e Kasuaki e vivem agarrados ao Iruka, devem gostar muito. Além disso, parece que o ninja de Kumo é algum parente distante das crianças — respondeu a outra. 

— O que isso tem a ver? Se eu fosse o sensei, daria o troco! Os únicos errados dessa história são outros dois, eles deveriam ter vergonha na cara, e posso até ser presa pelo que vou dizer, mas o Hokage merece isso e muito mais. Onde já se viu? Ficar brincando de casinha com mulher casada, que era sua aluna? E ela então, envolvendo a filha para conquistar o Hokage? — Questionou sem se preocupar com quem escutava, ignorando principalmente a médica que estava a sua frente.

Sakura ouviu tudo em silêncio, mesmo que seu todo seu corpo tremesse de raiva e culpa. Jogou o dinheiro para atendente de e saiu, não poderia fica com brava ou ir tirar satisfação com aquelas mulheres, não tinha esse direito. As duas estavam certas. 

Andou mais um pouco para se acalmar, perdendo totalmente a vontade comer os salgados que comprou. Sentou-se num banco e observava as pessoas passarem, perdida em seus pensamentos. Estava quase distraída quando acabou sentindo a presença de Iruka um pouco a frente. Olhou na direção dele e constatou que estava realmente acompanhado por um homem loiro, lindo e sorridente. Pensou que poderia ser verdade o que ouviu. Será que o Hokage sabia daquela aproximação? Iruka-sensei estava mesmo dando o troco? O Umino não era desse jeito, nunca foi, mas uma pessoa com raiva e se sentindo traída eram capazes de fazer qualquer coisa. Pensou em se aproximar, até mesmo se levantou do banco em que estava, mas recuo quando notou que eles vinham andando em sua direção. Deu um passo para trás e paralisou, Iruka e Cee se encontravam perto o suficiente para notarem sua presença. 

Iruka a cumprimentou receoso, mal conseguindo olhar para a mulher que viu crescer e evoluir e se tornar uma das maiores kunoiches atualmente. Não sabia se dizia algo ou se apenas seguia o seu caminho, optou por ir até loja de onde a Haruno havia saído a poucos minutos. 

Cee preferiu ficar o esperando no lado de fora, estava intrigado com o chacra agitado da mulher que permanecia parado próxima a si. Ficou um pouco incomodado ao sentir que estava sendo observado, virou o rosto a encarando seriamente. Já havia escutado boatos e fofocas em torno de Iruka, Kakashi e Sakura. Entendia agora o motivo do Umino ter ido para Maibotsu e chegou a rir sozinho imaginando que não era o único a ter uma leve queda por pessoas comprometidas. Cansado de ficar apenas trocando olhares que não eram amistosos, se aproximou um pouco mais de Sakura, parando em frente a ela, a assustando levemente com sua atitude. 

— A Senhora deseja alguma coisa comigo? — Perguntou direto.

— Como? — Retrucou sem entender a pergunta de Cee.

— Não para de me encarar. 

— Desculpa não foi minha intenção, sinto muito — desculpou-se envergonhada da sua atitude não tão discreta.

— Acho que essa frase não deveria ser dita para mim! Não é a mim que deve desculpas — provocou e viu a de olhos verdes arregalar os olhos. — Acertei na ferida? Sinto muito não foi minha intenção! — Debochou o loiro. 

— Quem é você para falar alguma coisa? Ou para me julgar? — Alterou-se um pouco com a ousadia do homem. 

— Julgar? Sério, eu fiz isso? Apenas disse a verdade, doa a quem doer. Faz parte da minha natureza ser sincero. 

— Você não tem o direito de falar comigo dessa maneira. Não te conheço, você não me conhece. E é você que está andando por aí com um home casado e que… — a mulher começou a falar, mas foi interrompida.

— Perdão, não me apresente. Sou Cee Yotsuki, jounnin de elite de Kumogakure e o Rokudaime Hokage está ciente que estou andando com o marido dele por aí. Deseja mais alguma coisa, senhora Uchiha? — Continuou a provocação.

Aproveitou que o local estava vazio e as poucas pessoas que passavam por eles não pareciam prestar atenção nos dois conversando bem próximo, aproximou-se ainda mais da mulher, encostando sua boca no ouvido dela. 

— Não incomode o Iruka, você já atrapalhou demais a vida dele, o fez sofrer por conta de suas atitudes, não concorda senhora Uchiha? Aliás, não estamos fazendo nada escondido, como você fez. Fique longe de mim, não se meta na minha vida ou no meu caminho. Tenha uma boa tarde — se despediu alto quando notou Iruka saindo da loja e o alcançou e o levou para o lado oposto, não perdendo o olhar de agradecimento que recebeu do homem.

Aproveitou a oportunidade e apoiou a mão na base das costas de Iruka para seguirem seu caminho, roubando até um dos salgados do outro, ganhando um tapa em repreensão, mas não se importou, apenas riu e empurrou de leve o ombro do outro.

Sakura olhava a cena sem saber o que pensar sobre o que via, mas sentiu um peso em seu peito ao ver os dois juntos. Parecia errado e aquela sensação ruim, imaginava que Iruka sentiu o mesmo ao vê-la junto ao Kakashi naquele jantar.

— Será que realmente acabei com o casamento do Kakashi e do Iruka? — Perguntou a si mesma baixo, enquanto os dois desapareciam pelas ruas de Konoha.

 

[...]

 

Kakashi estava a ponto de surtar, seus nervos estavam a flor da pele e tinha que esforçar para não descontar sua frustração em quem não merecia. O lado bom era que de alguma maneira, Sora e Kasuaki conseguiam distrair sua mente. Naqueles poucos dias de convivência era como se já os conhecem a tempos. Eram crianças amáveis e de fácil compreensão. A garota era mais aberta e questionadora e estava fascinada com a ideia de se tornar de uma kunoichi no futuro. Fazia perguntas às vezes complexas que Kakashi e Iruka se esforçam para responder e a convencer a ir mais devagar, não precisava decidir naquela idade que iria seguir a carreira ninja. Difícil, pois era tão teimosa e obstinada quanto o próprio Umino. Já o menino passava a maior parte do tempo lendo livros sobre Fūinjutsu e Kakashi jurou ter visto ele tentar alguns deles. Claro que não conseguiu realizar nenhum, mas não duvidava que até finalizar um mês, ele já teria aprendido algum. Não queria se precipitar, mas apostaria que estava diante do próximo mestre dos selamentos, ocupando o posto pertencente atualmente ao Umino. Estava orgulhoso das crianças que estavam se tornando sua família.

Família… em sua mente aquilo estava beirando a ser um exagero, pois a cada dia que passava, seu marido estava mais distante, passando boa parte do tempo que não estava na Academia com Cee. E com os gêmeos. Entendia que era para os pequenos criarem laços com sua família de Kumo, mas mesmo assim, sentia-se deixado de lado. Claro que seu subconsciente, e até mesmo o consciente, que poderia chamar de Gai e Yamato diziam que aquilo era “bom” para ele, para sentir como era ser abandonado por outra pessoa, passar seu tempo livre conversando, rindo com alguém que não era seu marido, seu companheiro. Fazer programas que deveriam ser de um casal e não com um completo estranho, ou uma antiga aluna. E se Gai passou por cima do seu pé com sua cadeira de rodas como forma de lhe dar uma lição para prestar mais atenção, isso não foi mencionado ou criticado.

Toda vez que olhava Iruka pela manhã enquanto arrumava Sora e Kasuaki, chamava atenção deles, quando enrolava para fazer algo, não podia deixar de ter o mesmo pensamento que deixava um gosto amargo em sua boca. “Ainda exite nós, otto?

Tinha medo da resposta daquele questionamento.

Mas como dizem, nada está tão ruim que não possa piorar.

Aquela manhã havia começado estranha e tensa na casa do Umino e do Hatake. O mascarado estava preparando o café da manhã como de costume, quando viu Kasuaki, de pijama vindo em sua direção com a  feição emburrada e abraçar suas pernas como se quisesse se esconder de ninguém menos que Iruka.

— Kasuaki, vamos. Se troque porque temos que ir, temos muitas coisas para fazer — Iruka surgiu logo depois, com cabelos soltos e a voz numa falsa calma. Atrás dele Sora vinha sonolenta, arrastando uma pelúcia do Pakkun que não largava desde que ganhou e conheceu a matilha. 

— Eu não vou! Não com aquele cara sem graça que fica toda hora tocando em você! — Declarou o pequeno para surpresa do prateado, que engoliu em seco a raiva (ciúmes) que sentiu ao ouvir aquelas palavras.

— Eu já te falei que ele é apenas um amigo e…

— Mas ele gosta de você, eu ouvi ele falando — Sora informou, deixando o clima mais tenso.

Kakashi queria sair correndo do Complexo e ir até onde Cee estava hospedado e exigir uma explicação sobre aquilo, sabendo que ouviria uma resposta debochada e que ele não negaria nada daquilo.

— Sora! Kasuaki! — Iruka chamou em advertência.

— Eu não gosto dele e isso não vai mudar. E a mana concorda comigo, só não fala nada — insistiu o garoto agarrando-se ainda mais ao Hatake.

— Ei, os dois, me escutem — Kakashi falou atraindo a atenção das crianças. — Acho que… ele está tão próximo ao Iruka porque quer a confiança de vocês, talvez ele apenas não saiba como se aproximar e parece que não estão colaborando — tentou mediar aquela situação, mesmo que a cada palavra dita, deixasse sabor amargo para trás.

— Eu gosto de você, Kakashi-sama — declarou Kasuaki com firmeza.

— Eu também — concordou Sora com um sorriso em meio a um bocejo. — E preferimos ficar com você do que com aquele Cee.

— Eu também gosto de vocês, pirralhos — afirmou Kakashi.

— Depois de todas essas declarações, vão se arrumar que precisamos ir. Tenho muitas coisas para resolver e uma reunião que não sei se estou preparado para ter — suspirou ao lembrar com quem iria se encontrar naquele dia.

Sob muitos resmungos, as crianças foram fazer o que lhe foi ordenado, deixando os dois adultos sozinhos, com aquela tensão presente entre eles.

— Problemas na Academia? — O Hokage quis saber, genuinamente interessado e querendo de alguma forma, aliviar a tensão do outro.

— Eu tenho… eu tenho uma reunião com Sakura hoje. Queria que fosse com ela e Sasuke, mas ele não será de muita ajuda, já que passou a maior parte da vida da filha longe e não estou querendo lhe por a par de tudo, além de não ser minha obrigação — despejou o Umino esfregando a têmpora.

Kakashi não disse nada, não sabia o que dizer sem causar mais desconforto ao outro, não queria ter uma discussão por causa de Sakura e Sarada aquela hora. Mas acabou perguntando o que havia acontecido.

— Sarada causou problemas novamente? Pensei que as coisas estivessem melhores com a volta de Sasuke — tentou escolher as palavras com sabedoria, não sabendo se obteve sucesso.

— Eu também. Na verdade, elas estavam, mas ontem um dos colegas a provocou e outros acabaram acompanhando e a Sarada acabou perdendo a paciência e agrediu um dos meninos. 

— O que eles disseram para ela?

— O que você acha, Kakashi? Não faz a mínima ideia do porquê da filha da mulher com quem você brincava de casinha estava sendo provocada? Sério? — Iruka acabou se alterando.

— Ok, entendi. Foi uma pergunta idio, sinto muito. Quer que os leve comigo ao escritório hoje? Eles não me atrapalham e até gostam de ficar lá — ofereceu como um acordo de paz, não queria brigar.

— Se não for incomodo, não quero me indispor com eles, afinal não tem culpa de nada do aconteceu. Eu já vou indo, avise eles que sai, preciso pensar um pouco.

— É claro, otto — o apelido saiu antes que pudesse evitar.

— Kakashi…

— Me desculpe. É difícil não te chamar assim, ou de anata, querido, até mesmo golfinho. Te chamar apenas pelo nome faz com que você fique ainda mais longe e…

— Pare, por favor — pediu Iruka se afastando lentamente.

O prateado atendeu ao pedido, não forçando nenhuma aproximação. Era o que vinha fazendo desde que Iruka retornou e infelizmente não poderia dizer quanto tempo aguentaria aquela situação. Ficou observando o Umino se dirigir até a porta, calçando seus sapatos e saindo, olhando pelo canto do olho para Kakashi, que continuava no mesmo lugar. Saiu sem dizer nada.

— Iruka-sama já foi? — Kasuaki perguntou quando não viu o chunnin.

— Ele teve um imprevisto e precisou sair antes. Então, hoje, ficarão comigo. Alguma objeção? — Perguntou e viu as crianças o olharem confusas por não terem entendido a última palavra, mas concordaram por saber que passariam o dia com o mascarado e adoravam isso.

 

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