Ainda existe nós?

Naruto
M/M
G
Ainda existe nós?
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Summary
Um casamento em crise, afetado pelo desejo reprimido ou talvez esquecido. Ou quem sabe até sem ter o conhecimento que o tinha.Filhos.Uma aproximação por causa de uma criança que sente falta do pai pode colocar a perder toda uma vida construída ao longo dos anos.Afastar é necessário.Os laços que os unem aguentaram? Escrita em parceria com Kendra, que não utiliza a plataforma, mas me deu permissão de postar aqui.
Note
Tenho fics para atualizar? Tenho.Vou começar outra com essa pessoa maravilhosa? Com certeza.Quem viu as tags, viu as menções que terão e aquele que vier falar que odeio qualquer casal citado, vou dar chilique, ninguém merece virem falando que odeio tal shipp e queriam outro, quem escreveu fui e a @k_Vanderpool e estamos felizes com o resultado.A Fic terá 8 capítulos, mas não irei postar todos os dias por detalhes técnicos (cof cof cof falta finalizar cof cof cof)Espero que gostem dessa nova fic, cheia de dramas bem ao estilo Banshee de ser.Boa leitura!
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Retornando para Casa

Iruka pegou os gêmeos pela mão e os levou para dentro da casa. A chuva já havia cessado e ao longe era possível avistar alguns raios de sol surgindo, indicando que a madrugada estava chegando ao fim. 

O Umino estava exausto, seus níveis de chakras estavam baixos, apesar de todo o treinamento e a rotina que mantinha com Kakashi, há muito tempo não participava tão efetivamente de uma batalha. Sora e Kasuaki não estavam muito diferentes, afinal não tinham total controle das suas habilidades e estavam longe de obtê-lo e por isso o desgaste dos pequenos foi ainda maior. Tanto que mal cruzaram a porta e ambos praticamente desabaram, exaustos. Apesar disso, o mais velho conseguiu os acordar para que pudessem pelo menos tirar as roupas molhadas, não queria que ficassem doentes e após muitas reclamações e resmungos, os quais Iruka não entendeu a metade, os gêmeos puderam finalmente descansar.

O chunnin, por outro lado, não conseguiu pregar os olhos. Sentia toda a adrenalina correr por suas veias, cada detalhe da batalha recém-ocorrida ainda frescas em sua mente. E somente agora, vendo Sora e Kasuaki ressoando baixo, dormindo tranquilo e principalmente seguros, ele pode relaxar. O que aconteceu foi realmente perigoso e sabia que se não fosse pelas duas crianças teimosas e desobedientes as coisas poderiam ter terminado de outra forma. Estava orgulhoso dos dois e mais que nunca estava decido a ficar ao lado deles. Fosse em Konoha, fosse em Maibotsu. Agora tinha outra preocupação, escrever um relatório para Kakashi.

Conhecia bem o jounin de cabelos prateados, dependendo das palavras que usasse, estaria em Maibotsu antes que percebesse e não o queria ali apenas por sua causa, como se fosse alguém indefeso que precisava ser resgatado. Não queria que acabasse misturando sua vida pessoal com seu dever como shinobi. Praticando algumas técnicas de respiração para poder se concentrar, pegou um pergaminho e começou a escrever seu relatório.

Explicou como tudo aconteceu, desde a maneira que conheceu Sora e Kasuaki, quem eles eram e porque eram tratados de forma tão cruel pelos moradores. Sabia que o Hatake logo os compararia a Naruto e esperava que tivesse compaixão pelos dois. Tentou ser o mais profissional possível, não deixando suas emoções predominarem, pelo menos não tanto quanto gostaria. Seria difícil, pois estava envolvido com as duas crianças, havia se apegado a elas de tal maneira que nem se fosse obrigado os abandonaria. Retomando a concentração novamente, deixou as emoções de lado e continuou a escrever seu relatório.

Quando acabou de escrever, o dia já estava claro e ele nem havia sequer tomado banho. Levantou-se com certa dificuldade pelo tempo que ficara sentado e sentindo os efeitos das batalhas. Enrolou o pergaminho e o selou e deixou separado para entregar a Sasuke para poder ser enviado para Konoha. 

— Preciso de um banho e preparar algo para esses dois comerem antes de acordarem — meditou o chunnin deixando o cansaço e exaustão para outro momento. Teria tempo para descansar mais tarde.

 

[…]

 

Sasuke retornou para a velha casa das crianças, já se passava do horário do almoço. Sora e Kasuaki estavam acordados há um bom tempo e estranhamento silenciosos, o que estava preocupando o Umino.

— Pronto! Já encaminhei o pergaminho através do meu falcão, logo deve estar chegando a Aldeia da Folha. O que pretende fazer agora, Iruka? — O Uchiha quis saber.

— Pretende retornar para Konoha ou vai continuar essa sua missão? — De todas as perguntas que Sasuke esperava ouvir, essa com certeza não estava entre elas.

— Recebi ordens diretas do Kakashi para retornar para a Vila quanto antes. Na verdade, já havia pedido antes de tudo isso acontecer. Não poderia deixar mais uma aldeia ser dizimada. — Contou Sasuke, surpreendendo Iruka.

— Ele falou o porquê desse pedido? — Sondou o mais velho, imaginando o motivo, mas não querendo se precipitar em suas conclusões.

— Não. Apenas solicitou meu retorno o quanto antes. Acredito que você deva saber o motivo. Afinal, não estaria aqui nesse lugar esquecido por todos, sozinho, sem Kakashi ou Naruto. Então, missão está descartada. — Apontou o ex-aluno, não querendo desmerecer as habilidades do Umino. Era um bom observador.

— Eu… imagino qual seja o motivo. Talvez Kakashi esteja tentando consertar as coisas depois dele mesmo ter as complicado e colocado tudo a perder. Fez uma bagunça não apenas com a nossa vida, mas com a da sua família também — Iruka parecia divagar sozinho.

— O que quer dizer?

— Sarada…

— O que tem minha filha? — Perguntou Sasuke um pouco exaltado.

— Ela sente sua falta. Sente falta de um pai presente, que a ajude a crescer, que mostre a elas suas habilidades e mostre como usar suas habilidades. Ou apenas o pai ao seu lado, cuidando, dando carinho e atenção. Ela precisa disso, sabe muito bem o quanto é difícil crescer sem ter alguém ao lado, sem ter um pai. — Iruka sabia que poderia estar sendo um pouco cruel, mas não via outra forma de fazer o Uchiha entender o quanto a filha precisava dele. — E Kakashi acabou assumindo essa responsabilidade e por pouco não assumiu outras… — deixou a frase morrer, não querendo lembrar do que viu naquele dia.

— Está querendo insinuar que Kakashi e a Sakura tiveram algo? É por isso que veio para esse fim de mundo? Por isso abandonou sua vida em Konoha e está disposto a se sacrificar por essas crianças? — A voz do mais novo subiu alguns tons.

— Não foi isso que falei. Mas… talvez tivesse acontecido. Sarada desejava isso. Desejava uma família como a dos seus amigos. Não irei discutir meus problemas com Kakashi com você, só quero que saiba que ele e Sakura nunca tiveram um envolvimento a mais e não estou falando isso para defendê-lo. Não merece isso no momento. Mas eles estavam muito próximos e Sakura, mesmo escondendo, também sente sua falta. Ela é uma mulher forte e independente. Uma mulher que muitos desejariam ter ao lado e acredite que muitos fariam o possível para conseguir. Ela também é uma mulher que não precisa de um homem ao seu lado para se sentir completa, o que ela precisa é de um companheiro, um parceiro, alguém para caminhar ao seu lado e não a subestimar. — O Umino declarou, não fecharia os olhos diante de todas as qualidades que a Haruno possuía.

— Eu conheço todas as qualidades da minha esposa…

— As conhece mas não as valoriza. Entendo a sua preocupação com a segurança de todos desde a Quarta Guerra, porém, esse é realmente o único motivo de ficar longe de Konoha? — Iruka não era tolo e conhecia o Uchiha desde criança, incluindo um certo loiro barulhento e uma garotinha de cabelos rosas apaixonada.

Sasuke poderia ter se ofendido com aquela pergunta, mas de alguma forma, o antigo sensei parecia ver através da sua armadura. Talvez fosse o tempo de convivência com Kakashi que o permitia ver através de máscaras.

— Não é apenas isso. Mesmo após todos esses anos, tudo o que passei, as coisas que fiz, sinto que vou manchar a minha filha e a todos ao meu redor com minha sujeira. Tentei me redimir por tudo o que causei, mas nada do que faço parece o suficiente. Acredito que nunca será, não importa o que as pessoas digam, sempre serei julgado e condenado pelos meus atos — declarou o homem de cabelos negros.

— Talvez esteja certo, ou talvez não. Mas e quanto a sua esposa, você a ama? Quer ficar com ela ao seu lado? Cuidar da filha de vocês e dar a ela o que ela precisa? Se não quer mais estar com ela, casado, precisa ser honesto e sincero com Sakura, ela merece isso.

— Apesar de tudo e do meu jeito torto de demonstrar sentimentos, eu a amo. Aprendi a amá-la, não da maneira que ela merece, mas ainda é amor — declarou Sasuke com uma emoção contida que Iruka quase nunca viu no homem.

— Ainda quer ficar ao lado da Sakura e juntos criarem a Sarada? Quer manter essa família unida? Se for apenas por conveniência ou pela filha de vocês, não faça isso. Pode criar sua filha sem desgastar ainda mais seu relacionamento. Acabará machucando não apenas vocês dois, mas a pequena também — O Umino não queria parecer intrometido ou o dono da razão, queria apenas que seus antigos alunos fossem felizes, como ele era antes de toda essa confusão em sua vida acontecer.

— Será que Sakura me aceitaria de volta? Já a fiz sofrer muitas vezes e não quero mais ser o responsáveis por aqueles olhos esmeraldinos chorarem. Devo voltar e tentar recuperar tudo o que perdi, pelo menos uma parte? Criar novas lembranças e momentos com minha filha? — A pergunta parecia retórica, mas no fundo, não era.

— Seja sincero com as duas, não tenha medo de abrir seu coração e expressar seus sentimentos. Tente mostrar a elas que se importa, que as ama, não apenas com palavras, mas com ações. Volte comigo para Konoha, além de me ajudar se tiver algum infortúnio com os gêmeos, terá a chance de reencontrar seus grandes amores e acertar a vida de vocês. Aproveite essa segunda chance que está tendo — o chunnin nem pensou quando puxou o outro para um abraço. Sabia que não era muito de contato físico, mas não pode evitar.

Ficou surpreso quando sentiu o único braço do Uchiha retribuir o gesto, um pouco desajeitado e tenso. Talvez aquela relação do Uchiha e da Haruno não estivesse totalmente perdida. Por parte de Sasuke, pelo menos, não poderia dizer pela Sakura e seus sentimentos confusos.

O mais novo acabou concordando em voltar à Konoha com Iruka e os gêmeos, isso se os dois aceitassem o convite do Umino, mas após os eventos da noite anterior, duvidava que eles ainda quisessem ficar em Maibotsu.

Tinha apenas uma questão que ainda rondava a mente de Iruka e ela estava em sua Vila, atrás de uma mesa, provavelmente, usando um manto que indicava seu posto e que divida uma casa e uma vida. Não sabia como Kakashi reagiria quando retornasse, nem ele sabia como agiria diante do marido. Muitas coisas haviam mudado, prioridades novas surgiram, mesmo que seus sentimentos não tivessem mudado muito em relação ao prateado. Não negaria que ainda o ama, mas as feridas e a mágoa que o fizeram deixar a Vila da Folha ainda estavam presentes.

 

[...]

 

Em Konoha, o Rokudaime encontrava-se observando a Vila pela janela do seu escritório, pensamentos sobre Iruka indo e vindo a todo instante e a saudade que sentia do seu amado parecia não ter fim. A angústia em seu peito não passava, ainda mais sem ter notícias do Umino. Não saber quando ou se ele voltaria, estava o consumindo. 

Shizune, Shikamaru e até mesmo Tsunade tiveram que controlar o mascarado diversas vezes, pois queria ir até Takigakure, revirar o país todo até encontrar seu marido e trazê-lo para casa. Em segurança. 

Sabia que ele era um bom ninja e que sua escolha de se tornar sensei não afetou suas habilidades, mas se preocupava com ele. Sempre se preocupou e sempre se preocuparia.

Foi tirado dos seus pensamentos ao ver o gavião de Sasuke, o que era estranho. Não costumava receber duas visitas seguidas do pássaro, principalmente em um espaço de tempo tão curto. Observou a ave pousar graciosamente ao seu lado, no parapeito da janela. Retirou o pergaminho que ela carregava presa ao seu pé. Arrumou um pouco de água e algo para ele comer antes de voltar ao dono enquanto se sentava novamente à sua mesa. Quando retirou o pergaminho da sua proteção, sentiu uma onda elétrica percorrer o seu corpo, como se fosse realizar um chidori, tudo isso porque o chakra que emanava do pergaminho e que o selava era um que conhecia muito bem e sentia falta todos os dias; o chakra de Iruka.

Suas mãos tremiam com medo do que poderia ter dentro daquele papel. Conseguia sentir Iruka em cada parte daquele objeto. Notou com um sorriso, que seu companheiro havia feito alguns selamentos que somente ele poderia abrir, alguns bem pessoais, os quais o Umino desenvolveu somente para os dois. Um pontinha de esperança surgiu em seu peito, pensando, querendo que ali dentro tivesse boas notícias e que dissesse que em breve teria seu marido nos braços novamente.

Sem esperar mais nenhum segundo, desenrolou o pergaminho e mesmo que quisesse ler o que estava escrito imediatamente, não impediu seus olhos de rolarem pela folha, analisando a caligrafia bem feita e de Iruka. Em alguns lugares notou algumas rasuras, como se o Umino tivesse tremido ou algo assim e isso foi o suficiente para Kakashi começar a ler, finalmente, o pergaminho.

“Rokudaime Hokage”, Kakashi revirou os olhos com a formalidade, entendendo que não era algo pessoal como os selos deram a entender.

“Fui atacado na Vila onde estou hospedado, em Maibotsu, uma pequena cidade no interior de Takigakure e antes que se levante pensando em causar mais uma Guerra, sente-se e termine de ler o que está escrito. Se após ler tudo isso e ainda quiser uma Guerra, não sei te impedirei ou se me juntarei a ti. Mas isso não é o foco no momento.

Logo que cheguei nessa Vila conheci duas crianças gêmeas, órfãs, abandonadas e odiadas por todos os moradores. Sei que deve estar pensando que isso é um déjà-vu ou que atraio crianças assim e que talvez tenha um coração mole e não posso ver injustiças. Quem sabe, está certo em todos esses pontos.”

— Você em um bom coração, otto, e admiro isso em você — Kakashi murmurou e continuou a ler.

“Eles se chamam Sora e Kasuaki e foram abandonados após um incidente onde acabaram causando a morte dos seus pais. Tudo o que aconteceu foi uma fatalidade, eles não tiveram culpa nenhuma dos fatos. Os pais deles pensaram que nessa vila, longe de tudo, de todo o mundo ninja, as habilidades deles, suas kekkei-genkai não seriam um problema, que não se manifestariam. Estavam tão errados. Crianças são curiosas, especialmente com coisas que sabem podem fazer. Sora, a garota, tem afinidade com a água e devo admitir que com treinamento certo, ela fará grandes coisas e arrisco a dizer, pelo pouco que vi, que chegará ao nível do Nidaime Hokage. Sim, ela tem a força do Tobirama Senju. Já seu irmão, Kasuaki… bem… é difícil não lembrar de você. Além da aparência e até mesmo a personalidade… se não te conhecesse há tempo suficiente…”

— Por Kami, Iruka. Está mesmo achando que tenho filho perdido pelo mundo? — O Hatake não conseguiu evitar a irritação, mas respirou fundo e voltou a ler.

“... Sei que ficou irritado com isso, mas não pude deixar de criar teorias, não depois de tudo o que aconteceu. Continuando, Kasuaki tem habilidade de controlar raios e trovões. Podendo criar uma tempestade de raios sem executar nenhum selo, assim como Sora e a água. Já deve ter entendido o que aconteceu quando se tem água e eletricidade e duas crianças despreparadas e sem qualquer conhecimento sobre seus dons.

A família dos dois eram de Kumo, não sei dizer exatamente da onde, sei apenas que eles são de uma vertente do Clã Yotsuki. Seus pais são Koda e Yuna Yotsuki. Foi difícil, mas consegui criar laços com eles e aos poucos fui me afeiçoando a eles e acredito que tenha conquistado eles também. Sora foi mais fácil, mas Kasuaki ainda é um pouco reticente. 

Chegando ao ponto onde falei que fui atacado. Não estavam atrás de mim e sim das crianças. Não de onde os renegados eram, não tinham bandanas, nem nada que pudessem os identificar. Imagino que eles me reconheceram, como ninja da Folha e por sorte não me como esposo do Hokage. Ao contrário dos moradores de Maibotsu. A Vila pode ser afastada, mas as fofocas ainda chegam até aqui. Pelo menos não sabiam os motivos que me levaram até lá. 

Os nukenins sabiam que eu estava com os gêmeos e queriam que eu os entregassem. Mas não podia permitir que levassem eles, não poderiam deixar que fossem transformados em armas por algum País querendo uma nova Guerra, ou se sobrepor a outros pela força. Eles merecem mais do que isso. Merecem uma vida e estou disposto a fornecer isso a eles.

As coisas estavam prestes a sair do controle, estava sozinho e em desvantagem numérica e hábil, mas por sorte Sasuke apareceu e me ajudou a dar um jeito na situação. Queria dizer que foi apenas nós dois, mas Sora e Kasuaki acabaram se envolvendo, mesmo quando mandei que ficassem afastados. Por sorte, havia ensinado a eles um pouco sobre controle de chakra e como moldá-lo e nem ouse me repreender por isso. Me conhece bem para saber que não os deixaria as cegas com todo o poder que possuem. E foi por isso que o que aconteceu com os pais deles não se repetiu na noite passada. Eles foram quase perfeitos e trabalharam bem juntos. 

Estarei voltando para Konoha…”

— Finalmente, otto! — Kakashi quase gritou. — Até imagino o que vem a seguir, meu amor, vai trazer os dois e ficará responsável por eles, não importa o que eu diga. Pelo menos a parte que se refere ao nosso relacionamento, se bem que acredito que passará até mesmo por cima das ordens do Hokage se acredita estar fazendo a coisa certa. Por isso que te amo tanto, golfinho.

“Estarei voltando para Konoha e se der certo, levarei Sora e Kasuaki comigo. Eles não têm família aqui e ninguém parece se importar com eles além do casal Sanada, mas eles são idosos e não tem como cuidar de duas crianças. Precisarei da sua ajuda para conseguir ficar com a tutela deles, sei que isso poderá causar uma tensão com Kumo, mas sei que a relação entre as duas Vilas estão melhores após a Guerra. Acredito que o Raikage poderá ajudar nisso, é o que espero. E já deve imaginar que não desistirei deles, mesmo que não concorde ou não queira essa responsabilidade, assumirei sozinho. Não se irá pensar que isso é algum tipo de vingança mesquinha pelo que aconteceu entre nós, espero que não, pois não sei o que farei se esse absurdo passar pela sua cabeça.”.

— Nunca! Obvio que sei que isso não é vingança, Iruka. Te conheço bem, melhor do que você mesmo, assim como me conhece. Era para estarmos conversando frente a frente e não eu reclamando para as paredes. Precisarei repetir tudo quando voltar, mas se estivesse aqui sabe que te diria que sei que não está fazendo para me manter por perto, para me dar uma família como acha que estava procurando com Sakura e Sarada. Tudo o que farei é porque te amo, porque quero ser feliz ao teu lado. Com filhos ou sem filhos, aqui em Konoha ou em Maibotsu, não importa — Kakashi divagou. 

— Sabe que precisa dizer isso para Iruka quando ele voltar, todas essas palavras — o mascarado se assustou com a voz de Tenzo, abafada pela máscara da Anbu.

— Eu sei disso e farei não se preocupe, Tenzo — o Hokage provocou o amigo usando o antigo nome, sabia que ele não gostava.

— Senpai…

— Me deixe terminar de ler isso e já conversamos.

“Espero que esteja preparado para lutar por essas crianças, para terem uma vida digna e melhor do que teriam aqui. Não apenas como Hokage, mas como… mas como meu marido. Sei que ainda temos muitas coisas para acertar, que precisamos conversar, mas isso terá que esperar um pouco mais. Espero que consiga retornar para Konoha quanto antes e dessa vez, voltarei de trem. Não quero me arriscar uma emboscada ou uma nova batalha. Provavelmente convencerei Sasuke a ir comigo e me sentirei mais seguro e acredito que você também. Pense num local onde os gêmeos poderão ficar e eu também. A nossa casa é pequena para todos nós e não quero me afastar deles.

Se tudo ocorrer bem, estaremos chegando amanhã a noite.

Apesar de tudo o que aconteceu antes da minha partida, sinto falta de todos. Sinto falta da Academia, dos pequenos gremlins, do Naruto, da Anko me incomodando o dia todo, sinto falta…”

Kakashi  conseguiu entender a palavra rabiscada no final daquele relatório, uma que foi escrita, mas depois apagada, rabiscada.

— Também sinto sua falta — o Hokage respirou profundamente, tentando conter as lágrimas que se formavam em seus olhos. 

Iruka sentia a sua falta, e faria o possível para e o impossível para reconquistar seu companheiro.

— Pelo que te conheço, deve ser boas notícias — Yamato o tirou do seu pequeno torpor. 

— E tem razão. Boas notícias em dose dupla. Iruka está voltando, deve chegar amanhã a noite. Estou te convocando para uma missão urgente, se conseguir encontrar Gai e Naruto, dará tempo.

— Sabe que Gai não está mais na ativa, lembra que…

— E isso impediu ele de realizar alguma coisa? SHIZUNE — Kakashi chamou a assistente com um grito, ignorando o olhar interrogativo do amigo.

Assim que a Shizune entrou na sala e viu o homem com uma aparência um pouco melhor do que nas últimas semanas, logo imaginou que Iruka estivesse voltando, só ele para dar aquele ânimo no Hatake.

— Shizune, quero que desmarque todos os meus compromissos pelos próximos dias. Como andei agilizando algumas coisas, acredito que não será problema. Depois preciso que mande um pergaminho urgente para Kumo, diretamente para o Raikage e peça informações sobre o Clã Yotsuki, especificamente Koda e Yuna, se eles foram para Maibotsu, em Takigakure, ou algum antecessor, preciso do máximo de informações que conseguir. Preciso disso urgente! — Kakashi ordenou e a kunoichi logo se retirou, entendo que era algo de suma importância.

— O quem de tão importante em Kumo e com o Clã Yotsuki? — Yamato quis saber.

— Te conto tudo depois, mas agora, preciso que me ajude em uma coisa e precisará de muito chakra e trabalho duro para terminarmos tudo até amanhã — declarou Kakashi sorrindo sob a máscara.

— Sei que irei me arrepender, mas o que precisa?

— Quero tornar o Complexo Hatake habitável novamente, não preciso de todo ele pronto, mas a casa principal e os arredores precisam estar prontos para uma mudança amanhã, antes da chegada do Iruka — informou Kakashi como se aquilo não fosse nada de mais, fazendo seu antigo parceiro da Anbu arregalar os olhos.

— Vamos logo atrás do Naruto e do Gai e de quem mais estiver disponível para ajudar e depois, irá me contar porque essa decisão agora.

— Na verdade, tenho pensando nisso há muito tempo, antes de tudo essa confusão entre mim e Iruka acontecer. Planejava me mudar para lá após entregar o posto para Naruto, quero reviver o local onde nasci. Trocar velhas memórias por novas, mudar o que antes me trazia tristeza para um local onde poderei viver feliz o resto dos meus dias ao lado do homem que amo e, ao que parece, dois filhos. 

— Filhos? Kakashi, você tem muito o que explicar — reclamou o ex-Anbu.

— Sim, sim, explico tudo enquanto trabalhamos, não temos muito tempo. Vamos. 

Kakashi saiu praticamente arrastando Yamato, nem notando que o pergaminho que deixou sob a mesa começou a se desfazer, sendo substituído por outro, junto a uma nota, que dizia: “O outro relatório ficou pessoal demais e não quero nenhum ninja curioso fofocando sobre as nossas vidas. Ainda mais no caso. Esse é um formal. Até breve.”

 

[…]

 

Iruka era encarado por dois pares de olhos desconfiados, quase numa batalha para ver quem desistia primeiro. Ele, com certeza, não estava disposto a perder.

— Iruka-sama, por que não podemos ficar? — Kasuaki quis saber, mais uma vez, mesmo que por dentro quisesse deixar tudo aquilo para trás.

— Aqui não é mais seguro para vocês, não depois de ontem — respondeu a mesma coisa pela décima vez.

— Então fique aqui. Você e Sasuke-kun protegem a gente — pediu Sora.

O Uchiha apenas revirou os olhos e fingiu que não era com ele aquela conversa. Ele não ficaria ali e nem se preocuparia em explicar seus motivos para aquelas duas crianças. 

— Em Konoha as coisas serão mais fáceis e vocês ficaram seguros e ninguém nunca mais fará mal a vocês. Vocês poderão viver comigo, numa boa casa, poderão ir para Academia aprender mais sobre suas habilidades, terão senseis que os ajudarão e quem sabe um dia se tornarão um ninja tão bom quanto Sasuke e o Naruto. — Insistiu Iruka.

— Ninguém vai brigar com a gente? Não precisarei roubar nada para poder trazer comida para a Sora e para mim? Nem revirar os…

— Não, meu amor, nunca mais precisará fazer isso — o Umino interrompeu Kasuaki.

O albino pegou na mão da azulada e pela primeira vez desde que Iruka chegou em Maibotsu e os conheceu, viu um sorriso surgir no rosto do pequeno. Por milagre ou muita força de vontade, controlou a vontade de chorar.

— Mana, vamos? Iruka-sama prometeu que vai cuidar da gente e depois de ontem…

— Mano! — Sora se jogou nos braços no irmão, chorando, mas dessa vez de alegria. — Obrigada, sei que é difícil para você sair daqui, deixar todas as lembranças dos nossos pais… — as lagrimas ainda rolavam pela face da menina.

Iruka abraçou os dois com força e quando se separaram foram juntar suas poucas coisas para poderem partir. O Umino ainda passou na hospedaria deixar algum dinheiro para o senhor Takafumi pelos estragos da noite anterior, mesmo não tendo culpa de nada e garantiu que mandaria mais algum quando chegasse em Konoha. O homem só aceitou porque sabia que o chunnin era casado com o Hokage e tinha condições de arcar com os prejuízos, que os dois sabiam que estavam sendo supervalorizados, mas não discutiria.

Passou no restaurante dos Sanada, para se despedir do casal. Kosuke e Naomi foram os únicos a tratar Iruka e os gêmeos com respeito e nunca disseram nada ou insinuaram alguma coisa.

— Meus queridos, sentirei a falta de vocês. Até mesmo a sua, pirralho — declarou a senhora apertando a bochecha de Kasuaki que ficou vermelho de raiva e vergonha.

— Venham nos visitar mais vezes — pediu Kosuke.

— Aqui, preparei alguns lanches para vocês, espero que gostem — a senhora entregou alguns bentos para Iruka, que agradeceu com uma reverência antes de ser puxado para um abraço.

— Obrigada Naomi-obaasan, Kosuke-ojiisan — Sora agradeceu e Iruka notou que o casal Sanada tentou inutilmente secar as lagrimas pelas palavras da garota.

— Minha criança, cuide bem do seu irmão e do Iruka, sim. Ele é um bom homem e mesmo que agora pareça melhor, ainda tem assuntos para resolver. Ouça seu coração e aquele que o magoou e no final, as coisas irão se encaixar — aconselhou a mulher de cabelos brancos, fazendo o shinobi da Folha corar levemente.

Iruka agradeceu tudo o que fizeram e prometeu que logo viriam visitá-los e quem sabe os levaria para conhecer Konoha. 

Com Sora e Kasuaki em cada lado, segurando sua mão e Sasuke atrás dos três, o grupo partiu em direção a estação de trem que ficava em outra Vila, um pouco maior que Maibotsu e de lá partiriam para Konohagakure. 

O Umino tentava não pensar nas palavras da Naomi e nem no que esperava por ele em na Vila. Sabia que precisaria resolver as coisas com Kakashi, só não sabia como e nem por onde começar. E aquilo, junto a situação dos gêmeos, parecia que viraria uma bola de neve.

Por sorte, teria um tempo para pensar até chegar ao seu destino. O caminho até a Vila e depois a viagem de trem foi um evento para os dois, mas como ainda estavam cansados do que aconteceu no dia anterior, logo adormeceram apoiados em Iruka. Teriam outras oportunidades de aproveitar uma viagem tranquila e sem tantas lembranças ou medos os atrapalhando.

— Você também precisa descansar, temos um longo caminho até Konoha. Eu vigio vocês — sugeriu Sasuke e viu o Umino assentir.

Não era apenas o chunnin que tinha muita coisa em mente, o próprio Uchiha tinha suas preocupações e não sabia como seria recebido por Sakura e por Sarada quando retornasse.

A viagem durou mais tempo que Iruka imaginava e o fez pensar na distância que viajou para se afastar de tudo, a qual não se arrependia nenhum pouco, não vendo as duas crianças agarradas a si como se suas vidas dependesse disso. Mesmo tendo tempo para pensar no que falaria com Kakashi quando o encontrasse, tendo ensaiado em sua mente as palavras que usaria, nada foi suficiente para o preparar para aquele reencontro. Todas as palavras e ações sumiram quando desceu do vão do trem e o encontrou parado, sem o manto que indicava seu posto, usando apenas seu uniforme cinza e sua inseparável máscara. Inconscientemente aperto as pequenas mãos de Sora e Kasuaki, que encaravam Kakashi desconfiados. 

O Hatake não sabia o que fazer exatamente quando se aproximou cautelosamente do homem que ama, tinha medo de ser afastado e rejeitado novamente. Sentia os olhos das duas crianças em si, deduzindo que elas seriam Sora e Kasuaki. Porém, toda a sua atenção estava no chunnin a sua frente, aquele que queria puxar para seus braços, o apertar e prometer que nunca mais o faria sofrer novamente, implorar por uma segunda chance se fosse preciso. Não o fez, se conteve.

— Tadaima, otto — cumprimentou o mascarado quando estava bem próximo ao outro.

— Okaeri, Kakashi.

 

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