Ainda existe nós?

Naruto
M/M
G
Ainda existe nós?
author
Summary
Um casamento em crise, afetado pelo desejo reprimido ou talvez esquecido. Ou quem sabe até sem ter o conhecimento que o tinha.Filhos.Uma aproximação por causa de uma criança que sente falta do pai pode colocar a perder toda uma vida construída ao longo dos anos.Afastar é necessário.Os laços que os unem aguentaram? Escrita em parceria com Kendra, que não utiliza a plataforma, mas me deu permissão de postar aqui.
Note
Tenho fics para atualizar? Tenho.Vou começar outra com essa pessoa maravilhosa? Com certeza.Quem viu as tags, viu as menções que terão e aquele que vier falar que odeio qualquer casal citado, vou dar chilique, ninguém merece virem falando que odeio tal shipp e queriam outro, quem escreveu fui e a @k_Vanderpool e estamos felizes com o resultado.A Fic terá 8 capítulos, mas não irei postar todos os dias por detalhes técnicos (cof cof cof falta finalizar cof cof cof)Espero que gostem dessa nova fic, cheia de dramas bem ao estilo Banshee de ser.Boa leitura!
All Chapters Forward

A história de Sora e Kasuaki

A noite estava chuvosa, como normalmente acontecia em Maibotsu. Na pequena casa onde os irmãos moravam, que agora estava devidamente coberta, pois Iruka fez questão de cobrir, para tentar dar um pouco mais de conforto para Sora e Kasuaki.

No futon gasto, a pequena Sora estava se debatendo e gemente em meio a um dos muitos pesadelos que assolavam as duas crianças.

─ Mama…

Quem estivesse perto suficiente poderia ouvir os sussurros proferidos naquela casa de madrugada, que a cada segundo ficavam mais altos.

─ Não vá… por favor. ─ Pedia chorando ─ Me desculpe… não vá! Mama!!

─ Sora! Sora acorde. E só um sonho, acorde.

─ Mano? Eu… eu… Eu vi a…

─ Era apenas um sonho, ela não está aqui… Nenhum deles está — Kasuaki abraçou a irma, tentando acalmá-la.

─ Sinto falta deles ─ declarou cabisbaixa. ─ Se eu não tivesse insistido, eles ainda estariam aqui. É tudo minha culpa.

A menina volta a soluçar sendo amparada pelo irmão. Kasuaki poderia ser rude com os demais, mas quando se tratava de Sora, mudava completamente. Desde que ficaram só os dois, havia prometido que cuidaria da sua irmã e a protegeria de tudo, não importando o preço. Ficaram abraçados até a azulada se acalmar e dormir novamente, sendo velada pelo resto da noite pelo de irmão. 

 

[…]

 

O sol se fez presente para mais um dia na isolada vila, nem parecia que o mundo iria acabar com a chuva da noite anterior. O sensei proveniente de Konoha após fazer o seu desjejum na companhia dos Sanada se dirigia ao pequeno lago que havia por aqueles lados, era um espaço calmo e ele passaria boa parte do dia por lá, não iria ver os gêmeos, pois esteve com eles quase a semana toda. Acreditava que apesar de serem apenas crianças solitárias, precisavam de um tempo para elas, sentia haver algo que escondiam dele e não iria insistir para dizerem, não se quisesse a confiança total dos gêmeos. Sora era um furacão e ficou ainda mais faladeira após algumas semanas na presença do castanho e Iruka não pode deixar de associar a menina ao Naruto, ela lembrava muito o seu filho. Agora Kasuaki era outro caso, quase nunca se dirigia ao mais velho e às vezes só o respondia se a irmã o repreendesse. Ainda era desconfiado com as boas intenções do Umino, mas o sensei não o julgava, pelo contrário ele entendia e respeitava. Daria o tempo que o garoto precisasse para se sentir confortável com sua presença.

─ Parece que terei companhia ─ declarou sentindo a presença de alguém próximo e que estava com seu chakra agitado. ─ Que estranho, ela não parece bem. ─ Completou quando a pequena o notou. ─ Ohayo Sora — cumprimentou a garota quando se virou para olhá-la.

─ Ohayo Iruka-Sama. ─ Saudou sem muito ânimo.

─ Está tudo bem? Alguém foi malvado com você? ─ Indagou Iruka preocupado.

─ Não, ninguém foi malvado comigo ou se foram, eu não notei — afirmou com a voz baixa.

─ Você quer conversar meu anjo?

A pequena tinha lágrimas nos olhos e depois da pergunta não aguentou e se jogou no colo do Umino, chorando desolada, que não pode fazer nada além de aninhar a pequena em seus braços e a confortar. Quando o choro tornou-se apenas fungadas e alguns soluços, Sora conseguiu falar.

─ Sinto falta da minha mamãe… ela se foi por minha culpa…  ela e o papai — começou a falar.

─ Eu não sei o que aconteceu Sora, mas tu és apenas uma criança e não deves te culpar desse jeito. ─ Interrompeu Iruka afagando as costas da azulada.

─ Mas foi minha culpa Iruka-Sama — Insistiu a garota.

─ Me conte o que aconteceu e aí eu te digo se realmente foi sua culpa ou não, pode ser? ─ A pequena assentiu.

─ Eu e Kasuaki encontramos alguns pergaminhos nas nossas aventuras enquanto andávamos pela casa. Bem, eu que tinha o hábito de mexer em tudo que aparecia a minha frente e o mano me acompanhava para evitar que eu me machucasse ou mexesse em algo que não devia. Vimos alguns desenhos neles, que lembravam nossas… como dizer… habilidades…

— Espere um pouco, querida — o Umino interrompeu novamente. — Você e o seu irmão tem habilidades? — Estava realmente surpreso por não ter notado nada de diferente, talvez por estar sempre ao lado de pessoas com chakra que não percebeu nada diferente.

— Sim, mas por favor, não conte para ninguém. As pessoas que sabem disso já são ruins o suficiente conosco, não precisamos de mais ninguém odiando a gente — pediu Sora e Iruka a abraçou.

— Não se preocupe, não direi nada. Quer continuar me contando? Não precisa se sentir forçada a contar, tudo bem? — A menina assentiu e continuou sua história.

— Achamos esses pergaminhos e eles eram maravilhoso e quando começamos a ler com mais atenção, notamos serem sobre as nossas kekkei-genkai. ─ Deu uma pausa e limpou a lágrima solitária que teimava em cair. ─ Os nossos pais não estavam em casa, haviam saído para resolver algumas coisas e a senhora que estava cuidando da gente dormia feito pedra no sofá, pois pensava que nós já estávamos num sono profundo também. Então, resolvemos ver se conseguíamos executar algumas das coisas que estavam descritas. A princípio foi calmo, fizemos três ou quatro técnicas e já estávamos encharcados assim como o chão nos fundos da casa, mas depois tudo deu errado. Pedi ao Kasuaki para que a gente combinasse os nossos poderes para saber se seria uma boa combinação, se seria poderoso, pois estava escrito que poderíamos ser invencíveis e…

─ Se não quiser continuar, entenderei Sora — pediu Iruka imaginando onde aquela história terminaria.

─ Preciso falar, eu consigo. ─ Disse se ajeitando em frente ao sensei, que a partir daquele momento, sentiu-se levado ao exato momento em que as coisas aconteciam.

 


 

Kasuaki e Sora sempre foram orientados a nunca utilizar suas habilidades, para os pais das crianças, aquilo só traria tragédias e não queria arriscar a paz que haviam conquistado em Maibotsu. Porém os gêmeos eram crianças curiosas e sempre que podiam tentavam ver o que conseguiam fazer, para eles aquilo era fantástico, se sentiam especiais e importantes fazendo o que os demais não conseguiam. 

Os pequenos sabiam que os pais guardavam em um bau alguns pergaminhos que trouxeram com eles da antiga Vila e sabiam que eram proibidos de mexer. Mas na mente das duas crianças, se eram proibidos, porque os trouxeram? Então a curiosidade falou mais alto. Em uma das muitas vezes que foram deixados com a senhora que cuidava deles, os dois foram em buscas dos pergaminhos e quando os encontraram, ficaram maravilhados com todas as possibilidades. Poderiam não ter muito conhecimento e entender todos os detalhes do que estava escrito, mas apenas pelas imagens e as poucas palavras que compreenderam, decidiram reproduzir alguns movimentos. A cada passo, a cada acerto, os gêmeos começaram a ficar mais confiantes e ousados.

Kasuaki com sua kekkei-genkai que lembrava muito o Estilo Tempestade (Ranton) dos ninjas de Kumo estava extasiado. Ele nem precisava de selos para poder invocar nuvens e formar sua tempestade de raios assustadora. Ainda se destacava por não utilizar água como elemento, apenas raios. Com um pouco de treino, conseguiu criar raios, atraí-los das nuvens e os guiar até seu alvo, que eram as árvores ao redor. Sora sentia um pouco de medo com a demonstração do irmão, afinal ela mesmo ficou um pouco desorientada com o barulho e claridade resultante daquela manifestação. O garoto notou que se continuasse daquela forma, poderia paralisar a azulada por medo. Para alguém tão jovem e sem muita instrução sobre controlar chackra e suas habilidades, tinha um ótimo domínio. Se morassem em outro local, seria visto como um prodígio. Manteve a pequena tempestade por um tempo considerável e depois a dissipou, deixando apenas alguns resquícios no céu.

Já Sora, tinha uma kekkei-genkai com a água, a manipulando em todos seus estados físicos. Podia levá-la do líquido ao gasoso, dá água a névoa em segundos e como o irmão, sem nenhum selo. Muitos poderiam a comparar com Tobirama Senju e não seria menos que isso. Estava tentando melhorar o seu Hyoton, manipulação do gelo, que para ela, era um pouco mais complicada, já que esse estilo era originário do clã Yuki, um clã antigo, que foi perseguido e exterminado por ser considerado um “clã maldito”. Os pais da pequena, nunca souberam dizer como ela herdou tais habilidades, pois a história do clã dos gêmeos era confusa e misturada com outros.

Os pequenos sabiam que quando as suas kekkei-genkai se encontravam, se juntavam, poderiam causar uma grande destruição, por isso nunca tentavam os unir. Naquele dia, com os pergaminhos que encontraram, Kasuaki tinha certeza que os dois poderiam encontrar uma maneira de combinar suas habilidades sem machucar ambos ou quem estivesse por perto, não por acidente, pelo menos.

Foi difícil convencer Sora a tentar novamente aquela junção. Poderiam não ter o controle total dos seus poderes, mas sabia que água e raios juntos era perigoso. Após muita insistência, Kasuaki convenceu a irmã, alegando que se seguissem tudo o que o pergaminho dizia, não teria problema. As primeiras tentativas foram um fracasso, pois Sora ainda estava hesitante.

— Vamos, aneki… Se concentre. Estamos só nós dois aqui e sei que não vai me machucar — insistiu o garoto.

— Tudo bem, mano. Mas não fique chateado se não der certo — afirmou a azulada.

Voltaram novamente a tentar a junção das suas habilidades e dessa vez conseguiram fazer uma pequena chuva cair, com raios e trovões. Os gêmeos ficaram empolgados e Sora se sentiu mais confiante e enquanto a tempestade ficava mais intensa, ela conseguiu criar uma névoa, deixando toda a paisagem coberta. Poças de água se formavam aos pés dos dois que riam contentes do que conseguiam fazer, sem machucar ninguém. Estavam tão distraídos que não perceberam a aproximação dos pais.

Por um momento ambos acreditaram que Sora tinha anulado os raios de Kasuaki, pois no céu só havia as nuvens negras e a névoa os envolvendo. Quando escutaram as vozes dos pais, notaram o quanto haviam se distraído e deixado de prestar atenção aos detalhes.

— Sora! Kasuaki! O que estão fazendo? — Bradou o pai dos gêmeos irritado.

— Sabem que são proibidos de mexerem naqueles pergaminhos — a voz da mãe se fez presente. — Eu te avisei que deveria ter destruído eles. — A mulher advertiu o marido.

Enquanto os mais velhos trocavam acusações sobre quem era o culpado, a azulada notou que não havia anulado os raios do irmão, de alguma forma eles estavam nas gotas das chuvas. A cada gota que atingia o solo, uma pequena descarga elétrica acontecia, mas que foi aumentando lentamente. Talvez por que os dois eram apenas crianças e que não tinha total controle dos seus poderes e que junto a discussão dos pais os deixou distraídos e o controle sobre os raios e água instáveis. Foi então que a tragédia aconteceu.

— Parem com isso agora! — A voz grave do patriarca, trasbordando raiva, acabou assustando as duas crianças que naquele momento perderam o frágil controle que tinham dos jutsus que faziam.

Com isso, a água acumulada aos pés dos quatro foi atingida por uma descarga elétrica, que foi amplificada atingindo os pais de Sora e Kasuaki. A intensidade do choque afetou os órgãos vitais deles, principalmente o coração, que não aguentou e acabou parando, além de ter queimado boa parte de seus corpos, os deixando quase irreconhecíveis.

 


 

— Se talvez eu tivesse me acalmado, se eu não tivesse aquele maldito hábito! Se eu não tivesse mexido naqueles pergaminhos… ─ Sora voltou a chorar, ainda abalada pelo que contou, mostrando uma fragilidade que Iruka nunca tinha visto na pequena, mostrando que era apenas uma criança com um trauma e uma culpa enorme em suas costas.

— Eu ouvi a tudo com atenção e posso dizer com certeza que a culpa não foi sua, se eles tivessem partido de uma outra forma, ainda assim, meu amor, tu tentarias te culpar. — O Umino afagava os cabelos da menina. — Não se culpe tanto Sora, por favor. Eu também perdi os meus pais de uma forma trágica quando era apenas um menino e também me culpei, por isso digo isso por experiência e peço que não te culpes. Agora podes ser nova mas um dia vais entender que quando chega a nossa hora, o nosso dia, tudo conspira para podermos partir e se não fosse por esse incidente seria de outra forma naquele mesmo dia, mas infelizmente foi daquela forma.

— Dói — a menina disse tentando segurar as lágrimas.

— Eu sei, e podes botar para fora sempre que doer, tu sentes a falta deles, chore a partida, mas lembre que essa infelicidade não foi sua culpa. — A azulada voltou a abraçar o sensei. — Sabia que o seu irmão nos ouviu? — O mais velho tentou abordar outro assunto, para distrair a pequena das péssimas lembranças.

— Kasuaki está aqui? — Perguntou confusa e o sensei assentiu com um pequeno sorriso.

— Duas árvores atrás de nós. Se duvida, grite para ele sair — sugeriu Iruka, imaginando que o garoto demoraria a aparecer.

E assim a azulada fez. Passaram alguns minutos quando o platinado tomou vergonha e deixou que a irmã o visse, ainda por trás da árvore.

— Como? Como sabia Iruka-sama? — Perguntou abismada.

— Não sei se sabe o que são ou se já ouviram falar de ninjas — começou, atiçando a curiosidade não apenas da menina.

— Você é um ninja? — Pediu quase num grito.

— Sim, eu sou. Sou um ninja e sensei. Por isso posso sentir quando tem alguém perto, entre outras coisas — explicou o mais velho.

— Que legal! Poderia ensinar eu e o mano a sermos ninjas também? — A pergunta saiu quase como uma súplica

— Você é mesmo um ninja? — Pediu Kasuaki, que havia se aproximado, com indiferença, como se o fato de ter ouvido sobre aquela nova face do sensei não tivesse chamado a sua atenção.

— Sou. Sou um chunnin de Konohagakure. Além de sensei e pai de um menino. Na verdade, ele já é um homem com a sua família. O importante a saber é que ele era muito traquino, então com minhas habilidades sinto quando sou observado por algum traquino. ─ declarou sorrindo para o menino.

— O senhor é pai? Jura? ─ Sora se espantava a cada nova informação sobre o mais velho.

Para Iruka era incrível como crianças deixam o mau-humor e a tristeza de lado tão rápido. Gostaria de voltar a ser assim.

— Só pelas rugas você já devia ter imaginado — alfinetou o platinado.

— Não seja malvado, mano — criticou a menina. — O Iruka-sama não parece nada velho.

— Obrigado Sora. Seu irmão adora uma boa provocação.

— Eu só disse a verdade. Chatos. — Murmurou a última parte.

— Mas você não respondeu, Iruka-Sama, pode ensinar eu e o Kasuaki a sermos ninjas? — A empolgação e esperança de ouvir um sim estava estampada no rosto da menina.

— Se vocês prometerem ouvir com atenção tudo o que falar e seguir todas as minhas instruções, posso ensinar algumas coisas. Mas seria interessante vocês irem para um Academia Ninja, como a que temos em Konoha.

— Academia? Tipo uma escola? — Quis saber o prateado sem animação.

— Quase isso. Temos teoria, aulas teóricas e práticas para que novos ninjas sejam formados — explicou o acastanhado.

— Que chatice — declarou quase entendiado, fazendo Iruka lembrar de Kakashi quando não queria ou não gostava de fazer algo.

“Se fossem pai e filho, acredito que não seriam tão parecidos”, pensou o mais velho.

— No começo pode ser, mas com o tempo, a prática e treinamento, todos aprimoram suas habilidades — o Umino viu um certa hesitação em Sora e em Kasuaki no que dizia respeito a tentar novamente utilizar suas habilidades.

— Não precisam se preocupar, ensinarei para vocês o básico, como o que é chackra, como utilizá-lo, moldá-lo. E estarei ao lado de vocês o tempo todo, nada de ruim irá acontecer. Prometo — Iruka os tranquilizou.

Para dar enfase ao que havia dito, o sensei começou a explicar algumas coisas sobre chackra e como ele pode ser utilizado, além de alguns exemplos práticos, como um clone das sombras, deixando Sora e principalmente Kasuaki — que tentava inutilmente não parecer empolgado — ansiosos para tentar repetir o ato.

O ninja de Konoha entendia o que os pequenos haviam passado, tinha uma boa experiência para lidar com crianças traumatizadas e sabia que elas precisavam de apoio, amor e carinho ao invés de julgamentos. E estava mais que disposto a ajudá-los a superar aquela dor e mostrar que o mundo não era só rancor, ódio e desprezo, como os moradores enfatizavam. Até parecia que tinha voltado no tempo, há anos atrás, quando o mesmo acontecia com seu filho Naruto. O mundo mudou, passaram por guerras e as pessoas ainda continuam as mesmas.

A estadia do Umino em Maibotsu talvez fosse mais longa que o planejado.

 

[…]

 

Em algum lugar afastado, esquecido pelos deuses e humanos, um homem de cabelos pretos, com um capa escura, observava o que uma vez foi uma vila. Agora eram apenas um amontoado de cinzas e escombros. O cheiro de carne queimada poderia embrulhar o estomago de qualquer um, mas não ele. Estava acostumado com o cheiro da morte.

Aqueles eventos estavam acontecendo em diversas vilas de Kirigakure, especialmente as pequenas. O homem bufou em descontentamento. Não deveria estar ali, investigando aqueles acontecimentos, mas não conseguiu evitar. Afinal estava atrapalhando sua verdadeira missão. Então, quanto antes descobrisse o que aqueles nukenins estavam procurando, mais rápido voltaria a sua busca por vestígios de Kaguya e dos Otsutsukis. Tentava se convencer de que talvez aqueles bastardos tivessem alguma informação sobre o clã da progenitora do chackra, e não por ser o certo a fazer. Defender os mais fracos e inocentes. Isso era coisa que um certo loiro faria, não ele.

Sem ao menos olhar para o céu, ergueu o braço e esperou que a ave que o sobrevoava pousasse. O gavião era um mensageiro de Konoha e dificilmente era usado. Sempre esperavam por seus relatórios, nunca mandavam nada. Ou quase nunca.

Quando começou sua missão, as notícias que recebia eram sobre o que havia deixado para trás. Quem havia deixado. Mas estas logo pararam, a pedido do próprio, não queria expor as pessoas que amava a perigos que poderiam ser evitados. Poderia ser considerado rude ou falta de consideração aqueles que ficaram ao seu lado depois de tudo o que fez, mas para ele, era forma de se redimir, de os proteger.

Suspirou pesadamente antes de desenrolar o pequeno pergaminho preso à pata do gavião e o desenrolou, esperando ser alguma notícia da sua família ou uma nova informação sobre a missão. Esperava tudo, menos o que estava escrito.

 

“Volte para Konoha o quanto antes. A missão está suspensa até segunda ordem. 

Nova missão: passar um tempo com sua família. Sua filha precisa de você.”

Rokudaime Hokage



— Tsc — estalou a língua em desaprovação. — Irei para casa após passar na última vila que falta: Maibotsu. 

O homem encarou o pergaminho e seu olho ficou vermelho, formando padrões centrífugos alinhados, convergindo ao longo das bordas das iris, resultando em três elipses que se cruzam, formando o  Mangekyō Sharingan e chamas negras consumiram o papel.

 

Forward
Sign in to leave a review.