
Desastre Iminente
Iruka olhava a cadeira à sua frente na mesa do jantar, que se encontrava vazia novamente. O ex-sensei, agora diretor da Academia Ninja, queria pensar que a pessoa que deveria estar a sua frente desfrutando daquele jantar estivesse no trabalho ocupado com as funções de Hokage, mas ele sabia que seu marido não estava em seu escritório.
A razão da sua certeza — ou deveria dizer recente descoberta — foi ter ouvido uma conversa entre as crianças, os ninjas da nova geração. Não que estivesse cuidando da vida dos pequenos, longe disso, mas quando uma das crianças era filho de Naruto, podia-se imaginar que não conversavam baixo. O assunto em questão, ou o que chamou a atenção de Iruka para a conversa, foi o fato de Sarada, filha de Sakura, dizer que o Hokage estava indo direto a sua casa e ficava um tempo conversando com sua mãe e às vezes o próprio brincava com ela ou a ensinava a lançar kunais e shurikens corretamente e até ajudar em alguns jutsus. Iruka ouviu a pequena dizer que sua mãe estava até mais feliz, até mesmo a pequena Uchiha estava animada, pois, tinha alguém para a ajudar.
Iruka sabia que a jovem Uchiha se referia a ter uma figura paterna, o que deveria — em tese — ser obrigação de Sasuke, o pai dela, mas ele estava em missão pelo mundo afora atrás de sabe-se lá o quê, e o Umino não fez questão de entender toda a situação. Talvez devesse ter ficado a par de tudo aquilo.
Agora os pensamentos que invadiam a mente de Iruka era que Kakashi estivesse atrás de algo que faltava em sua vida, algo que ele não poderia dar, pelo menos não biologicamente. Talvez seu marido quisesse uma família completa, com filhos e tivesse encontrado em Sarada e Sakura o que faltava. Sabia estar fazendo suposições, que deveria conversar com o Hatake antes de tirar conclusões, mas como conversar com alguém que quase não vê? Que quase não fica em casa? Ou quando aparece para jantar está cansado, que apenas come e vai dormir, deixando-o sozinho com apenas um beijo na testa de despedida.
— Eu te espero toda a noite e você nunca está aqui. Sai cedo e volta só tarde da noite. Espero-te com o jantar pronto, durmo de mau jeito sentado nessa cadeira. Acordo na nossa cama, sozinho e normalmente o jantar que deixei para ti, está intocado. Você janta com ela? A ajuda a lavar a louça? Cuida da filha dela? Você… a deseja? — Iruka falava sozinho com os olhos marejados, pois a pessoa que deveria ouvir aquilo, não estava ali.
Naquela noite, o Umino decidiu. Não esperaria mais Kakashi. Se ele viesse jantar em casa, tudo bem. Mas não deixaria mais sua comida separada, não dormiria na cadeira de mau jeito o esperando e o mais importante, iria conversar com Kakashi sobre eles, se conseguisse, caso contrário, iria até o Hokage, pois para Iruka o Hokage e seu marido eram pessoas diferentes. Ele sempre separou o homem que ama do líder da Vila, se para resolver a situação com seu marido ele precisasse recorrer ao Hokage, ele faria.
Kakashi chegou em casa já era mais de meia-noite. Havia passado na casa de Sakura para a ajudar com Sarada novamente. Ele havia adquirido esse hábito desde que sua antiga aluna lhe confidenciou estar tendo problemas com a filha, que não a escutava e estava ficando um pouco revoltada e não queria que ela acabasse seguindo os passos de Sasuke. Ambos sabiam que isso era porque a pequena sentia falta do pai, o qual viu pela última vez anos atrás. Sarada se sentia rejeitada pelo Uchiha e pensava que se agisse de forma rebelde com a mãe ele voltaria.
Mas tudo mudou quando Kakashi começou a frequentar a casa das duas. Sarada ficou um pouco intimidada com a presença do Hokage nas primeiras vezes que ele foi até lá, mas logo os dois começaram a se dar bem, o albino começou a ensinar diversas coisas para a pequena e com isso ela começou a depositar toda a admiração que deveria ser para seu pai no Hatake, o que alegrou Sakura e meio sem jeito pediu se ele poderia passar mais vezes ali.
Kakashi se surpreendeu ao entrar em casa e não receber um sonolento “Okaeri” ao seu “Tadaima”. Olhou para a mesa onde esperava encontrar Iruka e a viu vazia, nem seu prato de comida que sempre estava sobre a mesa não estava ali. Estranhou o marido não estar o esperando como sempre fazia, não que gostasse de chegar em casa e encontrar Iruka dormindo de mau jeito enquanto o esperava. O Hatake sabia que estava deixando o Umino de lado, contudo, não negava que gostava de ver aquela preocupação e carinho do outro para si, mesmo que não estivesse a merecendo. Ao entrar no quarto, que era iluminado pela luz da lua que entrava pela janela aberta, viu Iruka encolhido na cama, de costas para a porta, e para si. Tomou um banho rápido para então poder se juntar ao marido na cama, sentir o calor do corpo do outro contra o seu, era a melhor parte do seu dia. Antes de deitar, fechou a janela e cortinas, deixando o quarto em um breu total. Deitou-se na cama e se aproximou de Iruka e quando ia puxar o marido para ficar contra seu peito, ouviu o mesmo fungar, como se estivesse chorando e aquilo destruiu Kakashi, que não sabia se o chamava para conversar ou se abraçava e o consolava.
— Otto — chamou com a voz baixa, mas ele não respondeu, nem se virou — por favor, olhe para mim — insistiu, mas Iruka continuou na mesma posição.
Mesmo com receio de ser afastado, abraçou o marido e o trouxe para junto de si, beijando seus cabelos. Não disse mais nada, não era hora para conversarem, pois, a cama deles não era para conversar sérias, era o refúgio deles, um santuário a ser mantido intocado por problemas. Kakashi ouviu o amado chorar por um tempo, até se acalmar e finalmente dormir, já ele não pregou os olhos em nenhum momento. Sabia que precisava resolver as coisas com Iruka e com Sakura, não que ele tivesse um envolvimento além da amizade com a rosada, apenas tinha um carinho grande por ela, quase como um irmão mais velho, contudo, não era tolo a ponto de não saber que as pessoas comentavam e faziam suposições e que Iruka deveria ter ouvido algo do tipo. Sabia também que deveria ter dito tudo o que estava acontecendo ao marido, mas parecia nunca ter oportunidade e precisava colocar as coisas em seu lugar com Sakura, pois era um bom observador e sabia que ela se sentia sozinha, não poderia deixar que ela confundisse as coisas entre eles, principalmente seus sentimentos.
Kakashi estava cheio de problemas com a Vila e seus aliados, alguns kages estavam questionando o acordo de paz feito durante a guerra dizendo que alguns estavam sendo mais favorecidos que os outros, o que não era verdade e tinha que os fazer entender. Havia criado uma rotina para Sarada e teve receios de quebrá-la e ela voltar ao que era antes e acabar se tornando como Sasuke, ou até mesmo pior, inventar de sumir no mundo atrás do pai. A oportunidade para conversar com Iruka teria que ser criada, sem mais demora ou talvez o Umino não lhe desse a oportunidade de explicar, pois iria tirar suas próprias conclusões e o resultado daquilo poderia ser catastrófico.
Na manhã seguinte, Kakashi levantou antes de Iruka e foi até a cozinha preparar o café da manhã para o marido e conversar com ele antes de ir ao trabalho. Quando o Umino acordou, não se surpreendeu ao estar sozinho na cama, por isso se levantou sem pressa, fazendo seu ritual de todas as manhãs, porém quase caiu para trás ao entrar na cozinha e se deparar com Kakashi em seu traje padrão ninja da cor cinza-chumbo, com o manto e o chapéu de Hokage depositados no encosto da cadeira, sem a máscara, pois não a usava enquanto estava em casa, escorado no balcão tomando uma xícara de café.
— Precisamos conversar, otto — disse Kakashi assim que seus olhos focaram em Iruka, que nada respondeu, apenas se sentou na cadeira e se serviu de um pouco de chá que já estava pronto.
O albino se sentou de frente para o seu amado, ambos em silêncio, enquanto o Hatake buscava as melhores palavras.
— Estou ouvindo Kakashi, pode falar — Iruka quebrou aquele silêncio que já estava o incomodando.
— Eu sei que tenho negligenciado nossa relação, que tenho te deixado de lado sem nenhuma explicação. Te deixando no escuro, à mercê de fofocas e comentários maldosos que podem abalar sua confiança em mim e no que sinto por você.
— Não foram fofocas, o que eu ouvi veio da boca de uma pessoa envolvida nisso tudo. Eu só queria entender o que te levou a não me contar, porque me esconder? Pensou que iria te julgar ou te proibir de algo? Ou realmente não queria que eu soubesse?
Antes que Kakashi pudesse rebater aquelas acusações, o casal foi surpreendido por um Anbu dizendo que a presença do Hokage estava sendo solicitada com urgência, o Hatake até tentou dizer que ele resolveria aquilo depois, mas Iruka não permitiu.
— Vá, precisam do Rokudaime Hokage agora — a voz do Umino saiu sem emoção e formal demais para o gosto do prateado, como se não estivesse ao lado do homem que ama e que divide uma casa há vários anos.
— Iruka, você é a minha prioridade no momento, os problemas da Vila podem esperar um pouco, não é como se fosse acontecer uma nova guerra.
— Hokage-sama, me desculpe a intromissão, mas pode ser que realmente ocorra uma nova guerra, pois quem está à sua espera é o Raikage e o Kazekage.
Ao ouvir aquilo Kakashi olhou mortalmente para o Anbu que engoliu seco e desapareceu rapidamente e em seguida esfregou as têmporas com a ponta dos dedos como se aquilo fosse resolver os problemas, ele sabia que aqueles dois viviam discutindo, pareciam duas crianças birrentas e o atual Hokage até imagina o que levou os dois kages até ali.
— Iruka, eu sinto muito, mas preciso ir ou aqueles dois vão destruir o prédio — o Hatake parecia mesmo sentido por não poder terminar aquela conversa com seu marido.
O Umino nada respondeu, apenas balançou a cabeça em concordância. Kakashi se aproximou do marido na intenção de beijá-lo, mas seu amado desviou o rosto, fazendo com que o beijo fosse dado em sua bochecha e Kakashi sabia o que aquele gesto significava. Ele tinha um Iruka bravo e chateado, com suas deduções e suposições que não podia esclarecer no momento, pois tinha dois kages que pareciam duas crianças brigando para ver quem ganhava o doce e uma ex-aluna com uma filha rebelde e sentimentos conflituosos. Sentia que esses dois últimos problemas poderiam resolver sem maiores estragos, mas agora a relação com seu marido, com o homem que ama e estava por um fio, tinha medo de não conseguir salvar.
Assim que Iruka ficou sozinho se permitiu soltar um suspiro pesado e repousou a xícara na mesa tremendo um pouco. Aquela era a parte ruim de ser casado com o Hokage, se bem que imaginava que se ele fosse apenas um jounin, ainda seria requisitado. Não ficou muito tempo pensando nisso, pois se ficasse sentiria que iria desmoronar e não queria e nem poderia. Mas como havia dito antes, teria que resolver a situação com Kakashi procurando o Hokage.
Antes de sair de casa para ir à Academia, arrumou a cozinha, lavou o pouco de louça que tinha e foi para o trabalho, precisava ocupar a mente com outra coisa que não fosse Kakashi. Conseguiu com sucesso por uma parte do dia, porém logo após o almoço sua sala foi praticamente invadida por uma pequena futura ninja muito animada, de cabelos pretos e curtos, óculos vermelhos e roupas parecidas com a de sua mãe com o símbolo de seu clã estampado nas costas e a última que ele queria ver. Sarada Uchiha.
— Iruka-sensei — chamou a atenção do mais velho com um sorriso, mesmo que parecesse estar um pouco ansiosa — eu… Gostaria de fazer um convite para o senhor.
— Que convite, pequena? — Estava realmente curioso sobre o que poderia ser o tal convite.
— Queria chamar o senhor para jantar lá em casa — pediu um pouco corada.
A jovem Uchiha não sabia, ou não entendia realmente que o Hokage e o diretor da Academia tinham um relacionamento, que eram casados. Pensou em recusar, mas quando viu os olhinhos brilhando em expectativa da pequena, não conseguiu negar.
— Tudo bem, Sarada. Eu irei — concordou por fim e esperava não se arrepender.
Sarada o abraçou em agradecimento e antes de sair disse que o jantar seria às sete horas da noite, horário que Kakashi costuma sair do trabalho, na Torre do Hokage. Coincidências? Não, Iruka não acreditava nisso.
O restante do dia foi um tormento para o Umino, não conseguia se concentrar em seu trabalho, pensando no que encontraria na casa da ex-Haruno e não poderia não ficar com medo do que encontraria, mas seja o que fosse, enfrentaria. Pelo menos esperava que sim.
Acabou enrolando no horário de sair da Academia, estava começando a se arrepender. Aquele dia havia planejado ir até o Rokudaime para esclarecer as coisas, mas depois da visita da menina, nem teve ânimo para ir até o marido, esperava encontrar as respostas que precisava naquela noite, independente de quais foram.
Chegou na casa das Uchihas quase uma hora depois do combinado, até parecia Kakashi. Hesitante bateu a porta e sentiu os chakras de dentro da casa, um conhecia muito bem e se amaldiçoou por não evitar uma lágrima cair. Seria mais difícil do que imaginava. Secou as lágrimas antes que a porta fosse aberta, o que não demorou muito, pois logo foi aberta por Sarada que puxou o ex-sensei para dentro.
Assim que cruzou a porta e deixou seus sapatos no genkan, colocou um par de surippa que estava separado para si. Porém, travou quando seus olhos focaram em duas pessoas próximas à mesa, próximos demais para seu gosto, íntimos demais, tinham uma sincronia quase perfeita ao se movimentar pela cozinha, parecia até que Kakashi e Sakura eram casados há anos e não eles dois e aquilo o feriu mais do que imaginava, mas tentou disfarçar da melhor maneira que pode, pois, Sarada que o chamava para demonstrar sua evolução. Iruka seguiu a pequena para o jardim sob aviso de Sakura que em breve o jantar seria servido.
Pouco tempo depois o jantar estava pronto, junto a um clima tenso entre os três adultos que evitavam contato visual, que não era percebido pela criança que contava a Kakashi sobre seu dia, o que fizera na Academia, o que aprendeu, como se fosse uma filha contando tudo ao pai que a olhava orgulhoso. Kakashi estava tão à vontade ali, como se fizesse parte daquele lar e não da casa que dividia com Iruka, aquela parecia ser sua verdadeira casa e sua família e o Umino sentiu-se um intruso ali.
O ex-sensei mal tocou na comida, não conseguia engolir nada, apenas a remexia, visivelmente desconfortável com toda aquela situação e era algo perceptível, pelo menos para Sakura e Kakashi. Estava prestes a se retirar, quando Sarada, que não notava a situação, estava muito feliz por ter uma família completa como a de seus amigos, já que tinha Kakashi, que via como um pai junto a sua mãe e tinha até um tio, no caso Iruka.
— Mamãe, porque você não casa com o Kakashi-sensei? Você gosta dele e ele da senhora — soltou Sarada como se não fosse nada, com um fio de esperança, olhando do Hokage para a mãe.
Aquilo foi demais para Iruka, que se levantou com raiva, derrubando a cadeira e assustando os três, não se importando com a criança que estava ali, não aguentava mais aquela situação.
— Eu tenho cara de idiota por acaso? Isso é alguma brincadeira de mal gosto? Queriam esfregar na minha cara o quanto se dão bem e são praticamente uma família feliz? Enquanto eu fico de canto, sendo totalmente ignorado pelo meu… Marido? — a última palavra foi dita com certo desgosto e decepção, como se dizer aquela palavra doesse profundamente.
— Iruka… — Kakashi tentou dizer algo, mas foi interrompido por Iruka.
— Não fale nada. O momento de você dizer algo já passou. Poderíamos ter evitado tudo isso, toda essa situação. Sakura, peço desculpas pela minha grosseria em sua casa e se faltei com respeito em algum momento. Com licença — o Umino se virou e saiu daquela casa rapidamente sem olhar para trás.
Sarada abraçou a mãe sem entender a atitude daquele que admirava e tinha carinho. Não entendia porque Iruka estava tão chateado e com os olhos com lágrimas que não conseguia evitar, que lembrava dos da sua mãe quando esta ficava triste e se escondia em seu quarto, mas não evitava a pequena Uchiha ouvir seu choro.
— Kakashi, me desculpe. Não queria trazer problemas para você e Iruka, atrapalhar seu casamento — Sakura se desculpou.
— Tudo bem. A culpa é minha, deveria ter conversado abertamente com ele, explicado meus atrasos e não o deixar tirar conclusões erradas — o Hatake falava enquanto passava as mãos nos cabelos e os puxava como se aquilo fosse o ajudar a pensar.
— Vá atrás dele, sensei. Converse com ele, explique, faça o que for preciso para se entenderem. Vocês se amam muito para deixar as coisas dessa maneira — a rosada aconselhou.
Kakashi concordou com a ex-aluna e antes de sair a abraçou com força, sendo retribuído na mesma intensidade. Deixou um beijo em sua testa como forma de agradecimento e quando se afastou notou que ela não o olhava nos olhos. Tentou não pensar muito naquele momento e saiu atrás de Iruka. Precisava salvar seu casamento.
[...]
Ao sair da casa da Haruno, Iruka caminhou apressado pelas ruas não prestando atenção ao seu redor. Sua cabeça parecia que iria explodir a qualquer momento de tanto que pensava no que estava acontecendo em sua vida. Estava tão distraído que nem viu a figura loira que vinha em sua direção, muito menos na feição séria que carregava.
— Iruka-sensei! — gritou Naruto ao se aproximar, fazendo o citado dar um pequeno pulo pelo susto.
— O-Olá Naruto. Não te vi chegar — o mais velho se desculpou ainda alheio às coisas.
— O senhor está bem? Parece abatido e está chorando? Quem fez o senhor chorar? Eu vou acabar com a raça de quem ousou fazer meu otou-san chorar — Iruka acabou rindo um pouco da atitude do loiro, ele nunca mudava.
— Calma, Naruto, não precisa acabar com a raça de ninguém. Estava apenas lembrando de algumas coisas que me deixaram emocionado, nada com que se preocupar — optou por dizer uma meia verdade, não precisava preocupar o jovem com seus problemas.
— Devem ser coisas bem tristes para deixar o senhor assim — o Uzumaki não parecia convencido da explicação do Umino.
— Às vezes lembranças felizes também nos deixam emocionados. Você não fica emocionado quando se lembra do seu casamento? — quis saber o ex-sensei para desviar o foco de si.
— Claro que sim, foi o dia mais feliz da minha vida — afirmou Naruto.
— Então… Agora eu preciso ir. Tenho algumas coisas para resolver. Até outra hora Naruto, se cuide — Iruka se despediu e continuou seu caminho em direção a sua casa.
— Ah, Iruka-sensei… Não sou mais aquela criança ingênua. Sei que tem algo acontecendo entre você e o Kakashi-sensei e está tentando disfarçar — o futuro Hokage falou consigo mesmo antes de continuar seu caminho ao destino inicial, a casa de Sakura, precisava conversar com a amiga.
Ao se aproximar da casa da rosada, encontrou Kakashi saindo daquele local e parecia estar tão abalado quanto Iruka. Algo muito sério estava acontecendo entre os dois e a Sakura estava envolvida, só esperava que a culpa daquele aparente desentendimento não fosse a mulher de olhos verdes.
— Kakashi-sensei — mesmo com a idade que tinha, casado e pai de família, o loiro não perdia o costume de chamar o Hatake e o Umino daquela maneira.
— Oe, Naruto. Me desculpe, mas não posso falar com você agora, tenho um assunto urgente para resolver — respondeu Kakashi sem dar muita atenção ao ex-aluno.
— Um assunto que envolve o Iruka-sensei chorando, abalado por alguma coisa que aparentemente você fez. Não só você, mas Sakura também já que está saindo da casa dela — a voz do Uzumaki era acusatória e não se importava em estar falando com o atual Hokage, alguém que merecia um mínimo de respeito, para ele quem fizesse seu otou-san sofrer não merece respeito algum.
— Cuidado com o que está querendo insinuar Naruto. Supor sem saber o que se passa é algo sério — Kakashi se defendeu, não gostando nada do tom do outro.
— Pelo visto, sabe bem o que é isso. Não sei o que aconteceu ao certo, mas não é a primeira vez que te vejo sair da casa da Sakura-chan tarde da noite quando deveria estar com seu marido, que sempre disse te amar acima de tudo. Se eu souber que você é o causador do sofrimento do Iruka, esquecerei que já foi meu sensei, Rokudaime Hokage, mais velho, um prodígio, ou seja lá qual título tiver. Vou acabar com sua raça, Kakashi Hatake — ameaçou Naruto e o de cabelos acinzentados sabia que ele falava sério.
— Sei que considera Iruka como um pai, mas não permitirei que se intrometa na minha relação com ele. E pode deixar que meus problemas com meu marido, eu resolvo — o mais velho respondeu da mesma forma.
— Assim espero — o Uzumaki afirmou e se virou indo em direção a casa de Sakura, enquanto o Hatake seguiu caminho oposto, em direção a sua própria casa.
O loiro sem demora chegou a casa da rosada e bateu na porta, que logo foi aberta por Sakura. A rosada tinha os olhos vermelhos e tentava inutilmente secar as lágrimas. Quando finalmente percebeu ser seu amigo ali, a Haruno simplesmente deixou as lágrimas rolarem e se jogou nos braços de seu amigo, que a segurou com força, evitando que fosse ao chão. Parecia que aquela situação era muito mais complicada do que poderia imaginar.