Ainda existe nós?

Naruto
M/M
G
Ainda existe nós?
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Summary
Um casamento em crise, afetado pelo desejo reprimido ou talvez esquecido. Ou quem sabe até sem ter o conhecimento que o tinha.Filhos.Uma aproximação por causa de uma criança que sente falta do pai pode colocar a perder toda uma vida construída ao longo dos anos.Afastar é necessário.Os laços que os unem aguentaram? Escrita em parceria com Kendra, que não utiliza a plataforma, mas me deu permissão de postar aqui.
Note
Tenho fics para atualizar? Tenho.Vou começar outra com essa pessoa maravilhosa? Com certeza.Quem viu as tags, viu as menções que terão e aquele que vier falar que odeio qualquer casal citado, vou dar chilique, ninguém merece virem falando que odeio tal shipp e queriam outro, quem escreveu fui e a @k_Vanderpool e estamos felizes com o resultado.A Fic terá 8 capítulos, mas não irei postar todos os dias por detalhes técnicos (cof cof cof falta finalizar cof cof cof)Espero que gostem dessa nova fic, cheia de dramas bem ao estilo Banshee de ser.Boa leitura!
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Ainda existe nós?

Após acalmar a amiga e perguntar sobre Sarada e ser informado que já havia pedido para a filha ir dormir, Naruto finalmente perguntou o que havia acontecido.

— O que aconteceu entre você, o Kakashi e o Iruka-sensei? Vocês são pessoas importantes para mim e ver os três com essas caras, como se tivessem brigado me deixou preocupado — começou o loiro segurando as mãos da amiga com carinho.

— O Kakashi estava me ajudando com a Sarada. Sabe como ela ficou com a ausência do Sasuke, sentia falta do pai, de ter alguém para a ajudar. Eu estava tão ocupada com o hospital e a clínica que acabei deixando minha filha de lado, não dei a atenção que ela precisava e quando Kakashi se ofereceu para a ajudar eu aceitei na hora. Com o passar dos dias eu vi Sarada mudar, ficar mais calma, me obedecendo e quando dei por mim, Kakashi estava me ajudando com minha filha como se fosse o pai dela. Então comecei a gostar da sua companhia, de conversar com ele, de ter sua ajuda com as coisas aqui em casa — Sakura esclareceu e Naruto ficou surpreso com o que ouviu.

A forma como a amiga falava do antigo sensei, o carinho e até mesmo o brilho nos olhos fez algo despertar em Naruto, como se estivesse vendo além das emoções da mulher ao seu lado e ele não gostou muito daquilo, pois poderia significar danos irreparáveis em três corações.

— Sakura… você sabe que Kakashi é casado, nós fomos ao casamento dele, ajudamos ele e o Iruka-sensei a ficar juntos. Me diga com sinceridade, você está gostando do Kakashi-sensei? — perguntou direto, nem parecendo mais aquele garoto avoado que não prestava atenção nas coisas.

A Haruno não soube o que responder na hora, talvez nunca tenha parado para pensar no que sentia realmente ou talvez não tenha dado atenção aos seus sentimentos e os ignorados, mas agora, parando para analisar tudo o que aconteceu, nas coisas que fazia, nos convites para jantar, se deu conta do que tudo aquilo parecia. Não sabia com certeza se tinha algum sentimento além de respeito, amizade e carinho pelo antigo sensei e não queria pensar naquilo, naquele momento.

— Eu não sei, Naruto. Sinceramente não sei. Acho que acabei jogando, mesmo sem perceber, as expectativas que tinha em relação ao Sasuke em cima do Kakashi, no que esperava que ele fizesse. Eu queria que fosse ele a fazer tudo o que o sensei faz pela Sarada. Era para ser ele a fazer tudo isso, porém ele escolheu a missão, a maldita missão. Entendo seus motivos, mas agora ele tem uma filha que precisa dele. Ele mal a conhece, não vem para casa há anos. Eu estou cansada de esperar por ele, de esperar que um dia possamos nos tornar uma família de verdade. Naruto tenho dúvidas se um dia ele realmente quis isso, se ele de fato quis formar uma família comigo, se queria a nossa filha — Sakura desabou, mesmo jurando a si mesma que nunca mais choraria pelo Uchiha, não pode evitar.

Naruto não sabia o que dizer, afinal Sakura tinha razão. Sasuke estava negligenciando sua família, deixando para a rosada a função de educar e cuidar da filha deles. Entendia a importância da missão para evitar uma nova guerra, mas ele deveria estar ali ou pelo menos tentar ser mais presente na vida da Sarada. Precisava dar um jeito de encontrar o amigo e o trazer de volta para Konoha, como fez outras vezes. Sasuke parecia ter aversão a Vila onde nasceu.

 

[...]

 

Quando chegou em seu lar Iruka tinha noção que precisava se apressar e pegar apenas o essencial para aquela noite pelo menos, não sabia se o Hatake viria atrás de si, na verdade, sentia que não sabia mais nada sobre o platinado. A única coisa que o sensei tinha a certeza naquele momento é não queria falar com o seu esposo.

Com uma pequena mala já feita, o mesmo caminhava para fora do quarto quando a porta principal foi aberta revelando o causador de toda humilhação que o Umino passou naquela noite. Iruka não fazia questão de falar e seu olhar para o platinado era como um pedido mudo para que o mesmo o deixasse passar. Kakashi conhecia bem o marido que tinha e ele melhor do que ninguém sabia que esse não era o momento para tentar uma leve reconciliação, mas ele não podia deixar que seu amor saísse porta fora sem pelo menos ouvir um pedido de desculpas da sua boca.

— Iruka... — ele começou, mas logo foi interrompido.

— Não Kakashi! — o moreno elevou o tom e gesticulou pedindo que o outro se calasse — Não, só… não.

— Mas você precisa entender o que aconteceu, como aconteceu essa situação toda. Não pode simplesmente ir.

— Nesse exato momento, Hatake, eu não QUERO entender nada. Você teve tempo para explicar, você deveria ter explicado quando começou essa sua... sua brincadeira de casinhas! Mas não fez isso. E não ouse dizer que foi falta de tempo, pois eu sei que não foi! VOCÊ PURA E SIMPLESMENTE DECIDIU QUE NÃO QUERIA ME CONTAR! QUE EU MERECIA FICAR NO ALHEIO!

— Eu ia contar Iruka! Só não tive uma oportunidade... um tempo — tentou argumentar.  

— Claro que ia — disse o moreno sorrindo de nervoso — E quando seria mesmo?  Quando mandasse um Anbu me entregar os papeis do divórcio junto a uma carta explicando que decidiu viver permanentemente com a sua nova família, pois estava cansado de levar uma vida dupla? Pois, você está sempre sem tempo Kakashi.

— PARE COM ESSAS ACUSAÇÕES IRUKA! EU NÃO… — o platinado se conteve — Você tem todos os motivos para estar assim, olha você tem toda razão, mas por favor não vá embora... é tarde, eu posso ir e te deixar em paz e não deve nem ter um lo… — o prateado tentou se aproximar do marido, mas o mesmo esquivou-se.

— Não encoste em mim. Muito menos não tente me seguir.

E dito tais palavras o moreno encerrou a conversa e saiu de casa indo para sabe lá onde já tarde da noite deixando o platinado estagnado no meio da casa sem nada a fazer, pois, iria cumprir o pedido do marido, por hora.

O Sexto Hokage estava destruído, muito mais do que ficou após lutas que batalhou, após a Quarta Guerra, nada se comparava ao sentimento que possuía em seu peito. O grande Kakashi Hatake, naquele momento se sentia o pior de todos os homens.

Ele deveria saber, deveria imaginar que depois do seu breve encontro com o futuro Hokage, enquanto seguia rumo a sua casa na esperança de encontrar o seu amado que as coisas não sairiam como imaginava. Ele realmente acreditava que o Umino estaria lá, muito irritado e jogaria apenas um lençol minúsculo e um travesseiro duro contra si, como fazia em algumas brigas. Só que mesmo que seja o Hokage algumas, para não dizer muitas, situações sempre estarão fora do seu controle e essa era uma delas. Nada o preparou para o que aconteceu.

O platinado arrastou os pés para o quarto que dividiu com Iruka durante anos e o mesmo estava um breu, acendeu algumas luzes e procurou o sensei em cada canto, mesmo sabendo que ele não estaria lá. A única coisa que havia eram algumas gavetas abertas, como a porta do armário. A cama intocada, os lençóis um pouco bagunçados pela mala que fora provavelmente disposta ali. Olhou para as gavetas e o guarda-roupa, vendo algumas peças do marido ainda ali, não havia levado todas, para Kakashi, era como se tivesse levado. A única coisa que restava ali, e que na manhã seguinte talvez não estivesse mais, era o cheiro do perfume do Umino. 

 

[...]

 

Caminhando pelas ruas vazias da Folha, envolvido em seus devaneios, Iruka ia para o único local que teria acesso tão tarde da noite, era de longe o melhor lugar para ficar, mas por hora era o que tinha. O Umino precisava repousar, organizar suas ideias e decidir os próximos passos e esse era seu único foco agora, deixaria para mais tarde, assim que os primeiros raios de luz aparecessem, a busca por outro local para ficar. Quem sabe com algum amigo, que o encheriam de perguntas que não estaria com vontade de responder. Em hipótese alguma procuraria o filho de consideração, não o envolveria em seus problemas matrimoniais.

Chegando ao seu destino, seu escritório na Academia, o Umino colocou a pequena mala que carregava ao lado da poltrona e se sentando logo em seguida, tinha noção que não teria onde dormir ali, mas esse era sua última necessidade, sua cabeça estava a mil sempre repetindo os últimos acontecimentos daquela noite e como em todas as outras vezes, não pode evitar que algumas lágrimas escorressem por sua face.

Não negaria que já sentia falta da sua casa, da sua cama, do seu marido o abraçando, o aconchegando em seus braços. Porém, tudo desmoronava segundos depois e dava lugar as imagens que queria esquecer.

— Ainda existe nós? — pensou Iruka, não sabendo que aquele pensamento era o mesmo de Kakashi.

 

[...]

 

— Shuyona… Está aí?

Iruka despertou ao ouvir as batidas na porta ainda parado na mesma posição, sentia que poderia quebrar algo se levantasse abruptamente e também esperava que a pessoa fosse embora se ele ficasse calado.

— Iruka-sensei? — a voz chamou novamente.

“Por Hashirama quem é esse ser me procurando a uma hora dessas!?”, pensava ele, “E que horas são?”

— Eu volto mais tarde — a pessoa do outro lado falou baixinho.

O diretor da Academia escutou os passos se afastarem da porta e agradeceu pela pessoa não ter insistido. Imaginava que sua aparência não deveria estar das melhores e seu humor naquele momento, muito menos. Iria acabar descontando suas frustrações em quem não merecia e aquele não era seu modo de agir.

Depois do ocorrido de manhã o Umino saiu do seu gabinete a fim de encontrar um local para ficar hospedado, avisando apenas a Anko que voltaria tarde e que ela estaria responsável pela academia na sua ausência. O sensei encontrou uma hospedagem um pouco mais isolada do centro da Vila e nela passou o restante da manhã, num quarto meio iluminado, sozinho e sempre pensando na mesma coisa e foi de tanto pensar nisso que decidiu levantar e fazer o que já estava estipulado por si antes mesmo daquele jantar, falar com o Hokage. Antes de ir ao escritório do Rokudaime, encarar o marido mais uma vez, passou pela Academia, precisava resolver algumas coisas.

Mal colocou os pés na Academia e foi recepcionado por Anko, que assim que viu o diretor, e amigo, notou que tinha algo errado e iria descobrir o que era.

— Tem gente à tua procura shuyona — avisou Mitarashi.

— Obrigado por avisar Anko, mas hoje não receberei ninguém. Além disso, eu não estou aqui, você não me viu — disse Iruka  enquanto caminhava rumo a seu escritório com a pupila de Orochimaru em seu encalço — Vim apenas tratar de um documento e logo tenho que ir até ao escritório do Hokage saber se ele ainda terá tempo de me receber hoje.

A mulher ainda achava aquilo estranho, pois Iruka era casado com a força suprema de Konoha e ainda assim insistia que tinha que marcar horário para vê-lo. Definitivamente ela nunca entenderia e nem teria o nível de respeito que o Umino possui se fosse ela em seu lugar. Conhecendo o Umino como ninguém, notou certo pesar na voz de Iruka quando ele disse aonde iria. A de cabelos curtos ficou encarando o homem concentrado na tela do computador, antes de o chamar, não estava gostando nenhum pouco daquela aura de tristeza que emanava do sensei.

— Iruka — chamou a sua atenção, o Umino era seu melhor amigo e ela queria saber como ele estava, por mais que Iruka soubesse enganar os outros com o seu manto de formalidade ela notou que algo o afligia — Você está bem meu amigo?

Ela observou atentamente o homem à sua frente parar de digitar no seu computador e olhar-lhe com a face mais tranquila que podia mostrar.

— Sim, Anko, estou bem — respondeu logo voltando a sua atenção ao que fazia no computador, quando não recebeu nenhum retrucar da outra, levantou os olhos da tela e fixou nela — Estou lhe dizendo a verdade ok? Pupil...

— Não ouse terminar essa frase — avisou fazendo Iruka dar um leve sorriso de canto.

— O quê? Eu ia dizer pupila minha — disse dando de ombros — Você minha cara amiga, é uma traumatizada.

O Umino levantou de sua cadeira e esperou ao lado de uma máquina o papel que sairia dela, deixando a sala em seguida, com Anko ainda em seu encalço.

— E você um homem com o humor muito duvidoso, às vezes — respondeu por fim — Foi o Naruto que esteve aqui a sua procura e acho que ele ainda vai voltar.

— Obrigado por avisar mais uma vez, mas agora tenho que ir — agradeceu se retirando antes que ouvisse mais alguma pergunta.

— Até mais golfinho.

— Até, Dango.

 

[...]

 

Enquanto Iruka acordava todo dolorido por dormir em uma cadeira dura, apoiado a uma mesa, naquela mesma manhã, quando os primeiros raios de sol davam o ar de sua graça, Kakashi se encontrava sentado no sofá de casa com seu olhar perdido e fixo na parede a sua frente, ele ficou sentado ali a noite toda. Despertou do seu transe e decidiu que atrasaria um pouco nas responsabilidades do seu cargo, podia não ter o luxo de não ir ao escritório, mas atrasar ele podia e iria.

Tomou seu banho e sem muita vontade preparou algo para comer, mesmo que desistisse da comida assim que ela ficou pronta. Encarar a cozinha vazia, a cadeira a sua frente desocupada só lhe afirmava o quanto havia errado com Iruka. Quantas vezes ele não ficou ali o esperando, encarando a solidão como o Hatake fazia naquele momento. Estava sendo hipócrita por sentir falta do marido, quando ele próprio o deixou sozinho por diversas vezes. Olhou para o relógio e percebeu que já passava da hora de sair e ele tinha que ir, tinha obrigações e pessoas que precisavam de si mesmo que seu humor estivesse no chão. Às vezes ele odiava ser Hokage e não via a hora de Naruto assumir aquele posto.

Assim que chegou ao seu escritório, encontrou Shizune, que já o aguardava e não passou despercebido do prateado o olhar inquisitório de que estava atrasado. Ele sabia e não ligava, não naquele momento, não naquele dia.

— Ohayo Shizune — saudou o mascarado.

— Ohayo Hokage-sama.

— Por favor, desmarque todos os meus compromissos de hoje, se for algo que precise de uma atenção especial envie o Shikamaru. Entendido? — pediu Kakashi com seriedade.

— Sim, senhor, farei isso.

— E não deixe ninguém entrar — ditou, porém, pensou que talvez podia dar-se o caso que o Umino fosse a procura dele, não acreditava muito nisso, mas poderia acontecer ─ Apenas o Iruka.

─ Entendido — confirmou a ninja médica.

Assim que entrou em sua sala decidiu que se afundaria na papelada que tinha ainda por resolver, assim pelo menos faria algo produtivo. Quando decidiu quebrar a sua concentração e olhar para o relógio, constatou que se passava do meio-dia. Não estava com fome e logo voltou a sua concentração e passado uma hora ele despertou e requisitou a presença de um Anbu.

— Sim, Hokage-sama — um ninja com uma máscara de tigre apareceu, prostrado, pronto para seguir qualquer ordem.

— Preciso que encontre Umino Iruka e depois me diga onde ele está. Vá — mandou o líder da Vila.

O Anbu assentiu e logo se foi, tão rápido quando surgiu, dessa vez Kakashi não conseguiu mais se manter concentrado nos papéis, e apesar de já ter dado um grande avanço ainda sobraram muitos e sua mente sempre acabava voltando para o marido, o olhar de desapontamento e decepção, o afastamento ao toque, a rejeição. Não sabia por quanto tempo suportaria ver Iruka daquele jeito. Mais de uma hora se passou quando o Anbu retornou ao gabinete do Hokage.

— Não foi possível localizar Umino Iruka, Hokage-sama — o Anbu parecia hesitante ao dar aquela informação, afinal, havia sido mandado atrás do marido do Hokage e não o encontrar poderia ser um péssimo sinal.

Kakashi olhava para o Anbu com desgosto, pois era inadmissível que alguém daquele nível não conseguisse localizar uma pessoa, sensei de crianças, diretor da Academia que preza sempre  por seu trabalho e não faltaria sem uma boa razão. Se bem que ele teria uma boa razão para faltar.

— Como assim não foi possível localizá-lo? Como é que você conseguiu chegar nesse nível se nem localizar uma pessoa você consegue? Me responda! — Exigiu uma resposta.

— O senhor Umino é uma pessoa difícil de se encontrar quando não quer ser localizado Hokage-sama, nesse exato momento ele pode ser qualquer um. Além do fato de ter partilhado tanto o seu chakra com muitas pessoas, apenas com uma equipe poderia ser possível localizá-lo e ainda assim levariam pelo menos dois dias — respondeu o ninja.

─ Está dispensado.

O Anbu desapareceu da sala e o platinado sabia que ele estava certo. O Umino sabia se esconder muito bem quando queria.

─ Definitivamente me casei com o homem mais decidido e teimoso de todos as nações — disse levantando de sua cadeira e olhando pela janela — Onde você está, meu golfinho?

 

[...]

 

Após resolver suas pendências na Academia e praticamente fugir de Anko, porque a mulher não o deixaria em paz e Iruka sabia disso, o sensei estava agora, parado em frente a Torre do Hokage. Já havia decidido o que faria e não voltaria em sua decisão. Precisava daquilo, mesmo que seu peito doesse só de pensar em ficar longe de tudo.

Entrou no prédio sem demora, caminhando de maneira firme, reafirmando a todo momento que era o certo a se fazer. Assim que chegou ao seu destino, encontrou Shizune, que parecia se preparar para ir embora, o que não era difícil, dado a hora.

— Yo, Shizune — cumprimentou o Umino dando um sorriso amigável no final.

— Iruka-sensei é sempre bom vê-lo, como está? — devolveu o comprimento animada. 

— Estou bem e você?

— Também estou bem — dizia ela sorridente — Suponho que veio ver o Kakashi.

— Na verdade, hoje eu vim tratar de assuntos com o Hokage — explicou coçando a sua cicatriz — Poderia marcar um horário para mim?

— Acredito que podes falar com ele agora, ele esta desocupado no momento — informou a ninja.

— Eu agradecia imenso se fosses confirmar isso e anunciar a  minha presença — Iruka pediu e Shizune nem contestou, já conhecia as formalidades do Umino, mesmo ele sendo marido do homem que estava dentro daquela sala.

— Claro, eu volto já.

A mulher levantou-se indo cumprir o que lhe foi solicitado enquanto o Umino ficou esperando o retorno da mulher.

 

[...]

 

As batidas na porta fizeram com que o único presente na sala voltasse a realidade olhando para o relógio logo em seguida. O dia estava chegando ao fim, pela janela dava para ver o céu em tons de laranja, vermelho e rosa. Kakashi já imaginava que só poderia ser Shizune, avisando que já estava de saída.

— Entre — o Hatake autorizou a entrada.

— Hokage-sama, com licença é que...

— Tudo bem Shizune, pode ir. Até amanhã — interrompeu a fala da sua assistente.

— Realmente já está na minha hora, mas não foi por isso que vim — acrescentou rapidamente.

— Então diga o motivo da sua vinda até aqui — quis saber o prateado, sentindo o coração acelerar, pois imaginou que seria Iruka. Qualquer outra pessoa teria sido dispensada por Shizune.

— Iruka-sensei pediu para ser anunciado antes de entrar, ele quer falar com o senhor Hokage-sama.

Ao ouvir tais palavras o mascarado ficou tenso e agora dava total atenção a mulher a sua frente.

— Diga que ele pode entrar Shizune — pediu ajeitando sua postura e tentando organizar os papéis de sua mesa, sem sucesso algum.

— Claro senhor e até amanhã — afirmou e logo se retirou.

— Até — o homem respondeu e agora aguardava por seu marido. 

Assim que fechou a porta atrás de si a assistente encontrou Iruka no mesmo lugar, parecendo ansioso. Não precisou pensar muito para perceber que tinha acontecido algo entre o casal. Kakashi passou o dia todo trancado em sua sala, autorizando somente a entrada do Umino e parecia mais distraído que o normal e agora o sensei parecia nervoso, até mesmo angustiado, mas aquilo não lhe interessava.

— Pode entrar Iruka-sensei o Hokage-sama o aguarda.

— Obrigada Shizune.

— Eu já vou indo, esta na minha hora — a mulher se despediu, deixando Iruka sozinho.

O diretor da Academia caminhou até a porta e respirou fundo, mentalizando  que ele estava aí para falar com o Hokage e não com o seu marido. 

— Com licença, Rokudaime Hokage — disse adentrando na sala — Boa tarde.

Kakashi não estava gostando nada daquela frieza e formalidade de Iruka e não ia seguir a onda dele, calmamente tentaria conversar com o seu otto. Era sua oportunidade.

— Sinceramente, eu não estava esperando que viesse, pelo menos não hoje. Iruka, nós... quer dizer eu preciso que a gente sente e converse.

— Eu vim apenas entregar um documento, Lorde Sexto — informou, ainda usando toda a formalidade e aproximou-se da mesa deixou sobre ela o documento que tinha em mãos.

— O que é isso? — perguntou se recusando a olhar, na realidade tinha medo que fosse um pedido de divórcio. 

— É apenas um aviso que estou tirando férias, senhor — esclareceu o sensei, para alívio, momentâneo, de Kakashi.

— Não vou assinar enquanto não conversarmos, otto — o platinado tinha noção de que estava jogando sujo e sabia que Iruka não gostava nada quando ele misturava o pessoal com o profissional, mas estava desesperado e seu marido parecia estar fugindo dele.

— Não espero que assine, Hokage-Sama — disse ele e Kakashi ficou confuso — Afinal não é um pedido e sim um aviso de que estou tirando férias, esse documento já foi assinado pelo senhor a alguns meses.

Dessa vez o Hatake decidiu pegar o documento e ler e infelizmente lá estava o pedido e a sua assinatura, com o selo oficial de Konoha. Lembrava que foi o mesmo que decidiu dar essas férias para o Umino alguns meses atrás com a desculpa de viajarem juntos, mas o outro disse que usaria mais tarde. Naquele momento o platinado se amaldiçoou por tal ato.

Levantou de sua mesa e foi até seu amado, esse que não se moveu e agora que estava próximo dele o mesmo nem sequer o olhava nos olhos.

— Eu só preciso que me dê dois minutos — pediu e não obteve resposta alguma, mesmo assim continuou — Sei que foi errado não ter dito que a Sakura procurou pela minha ajuda com a sua filha, mas eu juro que não passou disso e eu... eu acabei por te negligenciar e peço imensas desculpas por isso, eu errei e...

— Perdão, Hokage-sama — interrompeu a fala de Kakashi, sem coragem de encará-lo, sabia que se fizesse acabaria hesitando em sua decisão — Eu vim apenas deixar esse documento e avisar formalmente que estou saindo de férias a partir de amanhã e sem data definida para retornar. Pois, tenho períodos acumulados, mas não devo ultrapassar o limite. Se precisar de mais tempo, avisarei. Adeus, Lorde Sexto — o chunnin se afastou, pronto para sair da sala.

— Você não vai sair por essa porta Iruka, por favor me escuta — Kakashi implorou e segurou um dos braços do Umino quando uma nuvem de fumaça se formou e seu marido desapareceu em meio a ela, deixando o Hatake surpreso e furioso.

Era um clone, Iruka Umino enviou um clone.

—  A porra de um clone? Um clone!? Porra!

Em meio ao acesso de fúria, todos os papeis e pergaminhas que estavam sobre a mesa foram ao chão, bagunçando todo o avanço que o mascarado havia feito todo o dia. No meio daquele caos, no centro da sala estava um Hokage furioso, querendo arrancar seus próprios cabelos, e sabendo que, no fundo, ele era o único responsável por toda aquela situação. 

Nem mesmo os Anbus que estavam por perto ousaram entrar naquela sala para saber o que aconteceu, somente pela alteração de chackra do Hokage sabiam que assim que colocasse os pés nela, seriam trucidados e na pior das hipóteses, mortos.

 

[...]

 

Quando Iruka sentiu que seu clone havia desaparecido, recebendo todas as informações, incluindo o olhar desesperado de Kakashi, implorando para ser ouvido.

— Devia ter feito isso antes, não agora que as coisas estão desse jeito — falou consigo mesmo com certo amargor.

Respirou profundamente e após breves segundos voltou a dar atenção a papelada a sua frente, queria deixar o máximo de coisas organizadas, não queria que Anko tivesse que tomar muitas decisões, já foi difícil convencer a Mitarashi a ficar no seu lugar, ainda mais por tempo indeterminado.

Batidas na porta tiraram a atenção do homem que agora só organizava os papéis, nem viu o tempo passar.

— Entre — autorizou a entrada com a voz baixa. Estava mais cansado do que imaginava.

— Estive a sua procura o dia todo, Iruka-sensei — disse o loiro fazendo uma cara cansada e logo se sentando dramaticamente numa das poltronas da sala — O senhor está fugindo de alguém é? O seu chakra esta por tudo quanto é lado!

Iruka riu da atitude do loiro, algumas coisas nunca mudam ao que parece.

— Não estou fugindo de ninguém Naruto, mas também não queria ser incomodado hoje — explicou o Umino.

— Está dizendo que sou um incômodo? — Questionou arqueando uma sobrancelha.

— Deixe de pôr palavras na minha boca, rapaz! — repreendeu o mais velho.

— Mas o senhor…

— Naruto diga logo o que veio fazer aqui e pela segunda vez, por favor — pediu o Umino, interrompendo o ex-aluno.

— Eu vim saber como o senhor está. Por causa de ontem, sabe. O senhor não parecia bem — declarou o Uzumaki com preocupação.

— Eu estou bem Naruto e eu lhe disse ontem mesmo que estava tudo bem — o Umino buscou paciência no fundo do seu ser, sabia como o jovem era, sempre preocupado com os outros.

— Iruka-sensei... Eu sei que se passa algo e… — insistiu no assunto.

— E você não devia se intrometer nos assuntos dos outros, principalmente dos mais velhos, Naruto — Iruka o repreendeu.

— Mas o senhor não é "os outros" — disse o loiro se aproximando da mesa e olhando para o Umino que ainda insistia em guardar os papéis e não prestar atenção — É o meu pai e eu não quero vê-lo cabisbaixo, não vou suportar vê-lo triste.

— Eu vou ficar bem — afirmou por fim olhando para o loiro — Obrigado por se preocupar, mas eu não quero e nem vou falar sobre o que está acontecendo, nem com você, nem com ninguém. E estou bem assim.

— Veremos até quando — resmungou baixinho.

─ Está resmungando?

— Não senhor — respondeu ele rapidamente — Me diga otousan, está trabalhando até a essa hora porquê?

— Vou tirar férias e preciso deixar tudo organizado para que… — parou de falar vendo a cara surpresa que o outro fazia — O que foi? Eu mereço ter férias também.

— Na verdade, merece isso há anos e ainda bem que decidiu isso. E para onde vai? Ou vai ficar aqui na Vila, otousan? — Iruka sabia que o de olhos azuis estava usando o “otousan” para o manipular e evitar outra bronca, conhecia bem seu menino. 

— Não vou ficar em Konoha. Vou para Takigakure — falou com simplicidade.

— E onde fica isso?

— A intenção é essa mesmo, que ninguém saiba Naruto. E só estou te dizendo que vou tirar férias e o nome do lugar, pois a última coisa que preciso é de você desesperado me procurando em todos os cantos do mundo. Quero paz e tranquilidade.

— Sensato da sua parte — respondeu e riu logo de seguida, depois começou a recuar — E sabe algo que também é meio engraçado?

Iruka já sabia que o rapaz tinha feito alguma coisa, sentia isso desde o momento em que ele entrou em sua sala.

— O quê?

— Ontem a noite, depois que nos encontramos assim que o senhor foi embora, imagina quem encontrei? O Kakashi-sensei...

─Tá Naruto, e? — tentou se mostrar indiferente.

— Eu ameacei o Hokage — contou se encolhendo, nem parecia o ninja que colocou fim a Quarta Guerra.

— Naruto! Você perdeu o juízo garoto? — O ex-sensei não conseguiu evitar o aumento da voz.

— É que eu sabia... sei que ele fez algo pro senhor e dai falei mesmo. Pode não querer me dizer, mas sei que ele é o culpado por você estar andando de cabeça baixa e por resolver tirar férias, assim do nada — não estava nenhum pouco arrependido.

─ Aí, por Rikudou! — disse Iruka balançando a cabeça em negação — Só não faça isso outra vez, principalmente depois da minha partida. Eu não quero ouvir queixas de ninguém sobre você, ainda mais sendo um pai de família. E deixe que eu e o Hokage nos resolvemos sozinhos. Entendeu? 

— Sim, otousan — concordou emburrado.

— Anda, eu já terminei aqui, vamos — avisou Iruka, já na porta, esperando o loiro.

— Venha jantar lá em casa hoje. Sei que a hime não vai se importar, assim o senhor podia aproveitar e se despedir das crianças. Sim?

— Claro, vamos então.

Iruka podia brigar e às vezes tratar o Uzumaki como uma criança, mas sabia o quanto ele havia crescido e vendo o quanto cuidava e amava a sua família, sentia-se orgulhoso. Quem sabe se Sasuke não tivesse deixado sua família abandonada na Vila, ele e Kakashi não estariam bem e nada daquilo estaria acontecendo.

 

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