𝓓𝓮𝓼𝓮𝓷𝓬𝓸𝓷𝓽𝓻𝓸𝓼

Naruto (Anime & Manga) Boruto (Anime & Manga)
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𝓓𝓮𝓼𝓮𝓷𝓬𝓸𝓷𝓽𝓻𝓸𝓼
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Summary
Hinata retorna finalmente a Konohagakure após uma missão misteriosa. Seus planos de confrontar Naruto logo são desmoronados levando a acontecimentos que já haviam sido traçados antes mesmo de seu retorno.Naruto aproveita o momento para focar em seus estudos e estreitar ainda mais o relacionamento com seus amigos, exceto alguém que parece estar cada vez mais longe de seus olhos.Essa história criada a partir de cenas nascidas da mais pura necessidade de criar um cenário diferente para NaruHina se passa após dois anos da quarta guerra ninja, nessa realidade The Last não aconteceu.[ NaruHina | Universo Original ]
Note
Olá pessoal! É com muito entusiasmo que compartilho minha primeira fanfic de NAruHina com vocês. Peço que mantenham a mente aberta com o rumo desta história e que entendam que apesar de se basear no cenário original de Naruto mudei algumas coisas e ordens cronológicas como a minha mente livre me solicitou enquanto redigia esse emaranhado de flashs que resultou nessa história. A ideia de escrever surgiu após ler tantas histórias maravilhosas, e me sentir inspirada em algo que me permitisse ser criativa.╔╦══• ✠•ೋ†ೋ•✠ •══╦╗Retorno: Regresso no espaço ou no tempo.╚╩══• ✠•ೋ†ೋ•✠ •══╩╝
All Chapters Forward

Advento

“Eu acabei de acordar de um sonho

Mas você e eu tivemos que dizer adeus

E eu não sei o que tudo isso significa

Mas desde que sobrevivi, eu percebi

Aonde quer que você vá, é onde eu seguirei

Ninguém prometeu o amanhã

Então eu vou te amar todas as noites

Como se fosse a última noite

Como se fosse a última noite

Se o mundo estivesse acabando

Eu gostaria de estar ao seu lado

Se a festa acabasse

E nosso tempo na Terra chegasse ao fim

Eu iria querer te abraçar só mais um pouco

E morrer com um sorriso

Se o mundo estivesse acabando

Eu gostaria de estar ao seu lado”

Die With a Smile - Bruno Mars ft.Lady Gaga

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O espaço para treinamento forjado em paredes de madeira clara, com tatames macios pelo chão exalava o cheiro de suor enquanto a garota de cabelos achocolatados avançava sobre seu oponente. A iluminação deixava evidente a maestria nos movimentos dela, que com um leve rodopiar se esquivou de um golpe mas não do segundo movimento que a fez arfar de dor quando um de seus pontos de chakra foi acertado.

Ela ativou seu doujutsu instantaneamente após ser atingida, seus olhos se iluminaram com um brilho intenso enquanto observava os próximos movimentos do homem de cabelos escuros e desgrenhados, apesar da postura descontraída ele estava levando aquele treino muito a sério. Ela se preparou para contra atacar, no entanto, ele exibia um semblante tranquilo e concentrado, ignorando os rangidos de frustração da garota. Esse era o problema dela, sempre perdia o controle quando percebia sua desvantagem.

Tetsu se lançou à frente, realizando uma série de acrobacias que exibiam sua agilidade impressionante, desviando com destreza dos ataques descompensados da pequena Hyuuga que apesar de sua determinação falhou repetidas vezes em atingi-lo. O grunhido que ela soltou ecoou pelo campo de treinamento, e ele sorriu satisfeito. Apesar da camaradagem entre eles, precisava que ela entendesse que era para valer.

O dojo ressoava os sons dos impactos, enquanto ele usava sua habilidade de manipulação do espaço para criar distância entre eles, fazendo movimentos inesperados para confundir Hanabi. Ela mantinha o foco para antecipar suas ações, evitando armadilhas e se esquivando habilmente, em uma dança que denotava as habilidades em taijutsu¹. Por mais que a garota tentasse, não conseguia encurralar o adversário a deixando cada vez mais irritadiça. Ele riu quando o cansaço a atingiu. Estava perto de terminar...

Percebendo a intenção dela em alvejar seu abdômen, o genin²  fez um movimento acrobático para escapar desferindo um golpe em seu braço, fazendo-a cair no solo de cara para o chão. Abruptamente ele parou a alguns metros percebendo que havia ido longe demais.

- Hanabi? - Ele se dirigiu a ela preocupado que tenha imputado muita força. - Está bem?

- Você venceu, afinal. - Ela se virou de barriga para cima aceitando a mão de Tetsu enquanto se colocava em pé novamente.

Ela manteve o ar de determinação, mesmo sabendo que havia perdido a aposta. Ambos caminharam até o canto da sala, onde pegaram suas garrafas de água. Enquanto bebiam, Tetsu não pôde deixar de lançar um olhar brincalhão para a Hyuuga.

- Não desanime! Na próxima, você pode me surpreender! - Disse ele, com um sorriso encorajador.

- Vou treinar ainda mais para isso! Da próxima vez, serei eu a ganhar. - Ela riu, sacudindo a cabeça.

- Certo, já que venci...- Tetsu proferiu em tom baixo, quase sussurrando. - Me conta sobre o comportamento de Hiashi–sama ... o qual você tem achado estranho...

- Bem, outo-san passa horas em seu escritório lendo e relendo um papel velho... - Ela virou mais água na boca. - Quando eu questionei para onde a onee-chan havia ido, ele não respondeu... e disse que em breve teríamos notícias dela...

- Notícias? - Ele franziu o cenho com as informações. - O que ele quis dizer?

- Não sei...- Ela pegou a mochila do chão para alcançar uma toalha.

- E esse tal papel velho? Onde está? - Ele analisou enquanto Hanabi secava o suor da testa.

- Estava no cofre... - Ela sorriu perversa.

- Estava? - Aquele enigma estava sendo demasiado difícil, ele sabia que algo estava acontecendo, por isso instigou o seu avô a questionar sobre o paradeiro de Hinata na última reunião, após ter sido levado a se aproximar de Hanabi nas últimas semanas.

Precisava entender o que Hiashi estava aprontando. Tetsu estava determinado a ajudar naquele mistério, e como havia sido interceptado pelo Rokudaime³, já sabia do rapto da herdeira Hyuuga, e a julgar pelos movimentos do líder, ele também. Não sentia nenhum remorso por ter revelado sobre a visita em forma de holograma, uma tecnologia um pouco diferente da que conhecia. Mesmo com os progressos que a vila da folha vinha tendo, acreditava que aquilo se tratava de algo mais complexo do que seus olhos curiosos presenciaram há tantos meses atrás.

Precisava aproveitar a saída repentina do velho líder, para pedir informações a jovem que inocentemente havia comentado sobre a displicência de seu pai ultimamente, assim como a fixação em um pedaço de papel muito velho, o qual ele imaginava que poderia ser um dos pergaminhos recuperados da vila da nuvem.

- Sim, estava... Outo-san foi descuidado, ele fechou o cofre depois que entrei na sala dele, e eu vi a senha... óbvio. - Ela jogou a toalha sobre o ombro.

- Não diga que.... - Ele se espantou com a ousadia da garota.

- Sim, eu peguei. - A jovem agarrou a mochila novamente e de dentro retirou um fragmento do que realmente era parte de um pergaminho muito velho e amarelado.

- Hanabi...v-você... - A perplexidade da atitude dela o dominou, e a realidade de que não precisaria implorar ou barganhar para que ela invadisse o escritório do líder para obter maiores informações o fez se alegrar imensamente.

- Não sei se é algo importante, não entendi o que está escrito... mas papai vive lendo esse pedaço de papel velho. - Ela fez menção em guardá-lo, mas Tetsu agarrou seu pulso.

- Hanabi, me deixe analisar esse documento...? - Ela franziu o cenho para ele. - Prometo que assim que possível eu devolverei a você.

- Não sei pra quê esse interesse... - Ela estendeu para ele o fragmento. - Não conta pro outo-san ... e me devolva assim que possível, ele pode perceber.

- Claro... claro... eu vou devolver. - Ele respondeu rápido sem pensar.

- Vou nessa então... - Ela jogou a mochila nas costas e saiu pela porta rodopiando uma kunai extravagantemente enfeitada.

Tetsu realizou uma breve leitura, analisando algumas rubricas como se pertencente a um símbolo de um clã que ele não conhecia. Carecia comunicar imediatamente sobre a sua descoberta graças a criança espevitada. Nos últimos tempos, as tensões internas no clã se intensificaram, alimentando rivalidades entre as ramificações secundárias e a principal. Aqueles da linha secundária, sempre marginalizados e desvalorizados, sentiam o peso da opressão. Mesmo com seu ojiisan⁴ ocupando uma posição de ancião respeitado, a mácula de seu nascimento o acompanhava como uma sombra, dificultando a aceitação plena.

O atual líder estava sempre preso à aquelas velhas regras e controles, e tudo que os mais jovens precisavam era de um dirigente que não estivesse moldado aqueles princípios retrógrados. Eles queriam Hinata Hyuuga como líder, e assim os movimentos se iniciaram. O envio dela para a recuperação de itens perdidos em uma missão realizada no povoado próximo a vila da nuvem, que anos antes arquitetaram o sequestro da herdeira Hyuuga, foi o estopim para que reuniões secretas fossem forjadas, entretanto as palavras belas nos discursos de seus companheiros, eram apenas oratórias caprichosas. Ele agiria, se descobrisse algo podre sobre o gelado Hiashi, talvez tivessem a chance de destituí-lo de seu posto. Valia a pena tentar.

O desejo de se libertar dessa opressão crescia a cada dia. Ele sonhava com um futuro onde seu clã pudesse se unir, superando as divisões que os mantinham em conflito. Determinado, ele sabia que precisava encontrar uma maneira de romper com esse ciclo, seja por meio de suas habilidades ou formando alianças inesperadas. Era hora de lutar não apenas por si mesmo, mas por todos que se sentiam presos na hierarquia do clã.

Ele deu um soquinho no protetor de testa como se tentasse fazer o cérebro entender o que lia, mas naquele momento pensou que precisava agir rápido e com cautela, ou o Selo de Proibição brilharia em baixo do emblema da vila bordado em sua hitai-ate⁵.

E que Kami–sama o protegesse.

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O sol escaldante do deserto lançava uma claridade quase que ofuscante sobre a areia dourada, o suor pingava em bicas embaixo de sua capa que agora estava enrolada em apenas um lado de seus ombros. Caminhava em círculos com os olhos do intruso ainda o observando de longe. Sasuke estava muito ciente da presença do homem, e próximo a uma sombra parou por alguns momentos enquanto secava o rosto, a cautela de seus movimentos sendo habilmente contidas.

Cortando o ar com precisão, uma shuriken voou em sua direção, que apenas precisou girar o corpo para desviar. Instintivamente ativou seu sharingan, com um dos olhos vermelho sangue, lançou-se na direção do ataque fazendo com que areia rodopiasse em volta de si. O homem cheio de cicatrizes pulou de trás de uma pedra se fazendo ser visto, muito embora o ninja estava ciente de sua figura peculiar desde a noite quando não conseguiu dormir sob a vigília do delinquente.

- Sasuke... Uchiha. - A voz mecanizada foi lançada como uma acusação.

- Quem é você? - Questionou impaciente, estava irritado por não ter consigo pregar o olho aquela noite, pelo calor e principalmente por ser atrapalhado em sua investigação pela Hyuuga perdida.

O homem corpulento sorriu desdenhoso, olhando com atenção para ele que estava preparado para qualquer ação violenta, atento, aguardando para realizar a antecipação dos movimentos. Havia mantido a distância durante horas, não permitindo que pudesse descansar apropriadamente, e até aquele momento não tinha sido atacado, então o objetivo era outro... mas qual?

- Está atrás de sua amiguinha? - Os olhos escuros do homem se estreitaram. - Não vai encontrá-la por aqui.

- O que sabe sobre isso? - Sasuke deu um passo à frente com a mão segurando a bainha de sua espada.

Aproveitando o interesse em sua revelação, o homem lançou uma sequência de selos e do chão várias lâminas surgiram cortando o ar, ativando seu rinnegan o jovem austero repeliu todas criando uma onda de poeira que obscureceu sua visão momentaneamente, o fazendo perder a posição de seu atacante por alguns segundos.

- Bú! - O homem disse em seu ouvido, tentando desferir um novo ataque.

Os cabelos negros de Sasuke se agitaram ao vento enquanto ele esticava a mão, segurando a kusanagi com firmeza. O golpe certeiro atingiu o alvo, e uma explosão de luz e som irrompeu com o choque de energia do Chidori. Ele desejava aniquilar aquele infeliz instantaneamente, mas sabia que não seria viável. Antes de tomar uma decisão precipitada, precisava entender quem era aquele estranho e quais eram suas intenções. O olhar determinado do Uchiha refletia tanto a raiva quanto a cautela, enquanto ele observava os movimentos do oponente caído aos seus pés.

- Enfrentar-me é uma ação que apenas um louco o faria. - Informou com um sorriso ladino, pronto para provocar um ferimento muito sério em seu adversário. Com sua lâmina a centímetros do pescoço do homem aguardou enquanto este tentava inutilmente se reerguer. - Diga seu nome.

- Vai sonhando... - Então ele acertou um golpe em sua lâmina correndo para longe do combate. Sasuke não hesitou e o seguiu com agilidade bufando por ter dado a oportunidade para o ser desprezível falar.

Saltavam sob o sol escaldante enquanto o homem tentava inútilmente o acertar. O ex nunekin analisou por um momento, bastando uma afluência de energia para que derrubasse o seu atacante, que rolou diversos metros para longe da posição.

- Idiota! - Deslizou para o lado da figura do intruso. - Eu avisei que apenas um louco atacaria um Uchiha.

Analisou com certo nojo o rosto com uma cicatriz que se iniciava no meio da testa e descia até a bochecha. O empurrou com o pé direito o fazendo rolar levemente, estava desacordado. Agachou ao lado do intruso e conseguiu ter certeza que aquele era o mesmo homem que havia visto de relance no “artesão do sabor” enquanto compartilhava uma refeição com Hinata.

Definitivamente o mistério acabava de se tornar mais interessante.

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Saltavam por entre os campos sem ao menos pararem para a hidratação, Naruto mantinha o silêncio quase perpétuo focando apenas em imprimir velocidade e urgência em seus movimentos.

Ele não tinha tempo a perder.

A corrida o impulsionava, mas a angústia só crescia. Cada passo ecoava em sua mente como um alerta, e a visão de Hinata, vulnerável e sofrendo, o motivava ainda mais. O vento gélido não conseguia apagar a chama da determinação que ardia dentro dele. Ele precisava encontrá-la, libertá-la.

O rosto delicado dela inundava seus pensamentos, sendo lembrado constantemente do pesadelo onde a mesma estava acorrentada com lágrimas pesadas nos olhos que para ele, eram como duas luas. O combustível de sua celeridade sem dúvidas era o fato de temer que o pesadelo fosse uma espécie de alerta para o que estaria ocorrendo com a doce jovem.

Ao passo que a paisagem ao redor começou a mudar, substituindo os campos verdes por uma floresta mais densa, a escuridão foi o fazendo sentir calafrios, relembrando a voz da Hyuuga o chamando em meio ao desespero. Uma luz tocou seus olhos ao percorrer ainda mais veloz que antes o ambiente, Naruto levantou o rosto vendo a fresta entre as folhagens, a volta dela sombras longas tentava a ofuscar. Rapidamente formou um paralelo em seu cérebro, afastando o sentimento, não poderia se distrair, não agora, precisava estar focado. O fogo ardente que queimava em seu âmago sendo alimentado pela raiva de tantos segredos, e por sua falta de tato.

Analisava com muito cuidado todos os pontos que o afastou de Hinata, agora percebia que talvez ele fosse a causa da solicitação da mesma para ficar fora da vila. Talvez, ele sempre soube disso, apenas não queria encarar a realidade. Se tivesse ficado perto dela, se tivesse tentado exprimir melhor os próprios sentimentos... tantos se... Seu corpo e sua mente estavam em descompasso, um se movimentava com rapidez, e o outro se mantinha preso a tantas lembranças, e seu coração, quase parecia que estava sendo esmagado. O desespero que tentava controlar de todas as formas ameaçava emergir a qualquer momento.

- Vamos! - Gritou, incentivando seus companheiros, que o seguiam à uma certa distância, uma vez que não conseguiam acompanhar seu ritmo.

Eles atravessaram o sub-bosque, desviando de galhos e pedras, no tempo em que um novo pressentimento começou a crescer em seu peito. Algo parecia estar errado, a aura da floresta parecia pesada, aparentando estar carregada de ameaças invisíveis, ou era a lembrança permanente de seu sonho? O toque das mãos, a música, o labirinto que percorreram... tudo pareceu tão real.

- Cuidado! - Advertiu Sakura, o tirando de seus devaneios momentaneamente.

Mas Naruto não hesitou, até que parou abruptamente na beirada de um precipício. Shikamaru segurou em sua capa o puxando de volta com certa brutalidade. Ele se distraiu sem permitir desacelerar e quase cometeu um erro grave, não conseguia manter o foco no presente, tudo que pensava era em Hinata Hyuuga.

- Naruto... - Shikamaru disse de forma concisa o guiando de volta para a clareira. - Tem certeza que não quer conversar sobre o que aconteceu na torre do Hokage?

-Não temos tempo para bobagens... - Respondeu ríspido.

- Eu sei, mas é que... Você ficou muito mal com a comunicação do que aconteceu, talvez... - O Nara tentou, ele conhecia o amigo, ele ter passado tão mal com a notícia só poderia significar que Hinata era muito mais que uma amiga. Então ele parou subitamente ao ver que Naruto começava a corrida novamente ignorando o seu discurso.

- NARUTO! - Sakura gritou. - Estamos há horas nesse ritmo, preciso de um instante.

Ele parou finalmente, olhando a companheira com uma expressão triste e distante, a verdade caindo sobre si. Sentia medo, um pavor que se agitava em seu estômago, bombeando sangue violentamente para seu miocárdio. Shikamaru o fitou com pena, uma tristeza no olhar percebendo que o amigo estava com medo de perder mais uma pessoa importante em sua vida. A cumplicidade trocada por ambos não precisou ser verbalizada, mas o Nara não se refreou ao complementar.

- Olha... eu entendo que está preocupado, todos nós estamos, porém, precisamos que não haja com impulsividade. - O loiro assentiu pesadamente para ele que colocou as mãos nos bolsos como se estivesse cansado demais para aquela conversa.

- E-eu... - Naruto se deixou recostar no tronco de uma árvore. - Vocês não entendem...

- Então nos ajude a entender... - A Haruno articulou dando um passo em sua direção, ela apertava o peito, e Naruto percebeu que ela também estava apreensiva.

- É que... eu sonhei com ela no mesmo dia que o Rokudaime nos passou a missão, eu passei dias sem conseguir dormir direito, e quando finalmente afundei pesadamente na escuridão... e... e... justo nesse dia eu a vi. - Os olhos do herói da folha se encheram de uma pesada umidade.

- Como assim um sonho? - O jounin de cabelos espetados questionou em um sobressalto.

- Pois é... eu a vi, primeiro em uma espécie de castelo, e depois em um dédalo amarrada pedindo minha ajuda... - Ele fecha os olhos tentando conter as imagens da jovem de olhos lunares.

- Interessante... - Shikamaru coça o queixo assimilando as informações.

- Vocês estão tão conectados que sentiu ela em perigo mesmo distantes? - A kunoichi de cabelos rosáceos questionou, entretanto ninguém ousou responder ou endossar o pronunciamento.

- Sabem, eu já perdi muita gente importante, meus pais, o ero-sennin, quase perdi o Sasuke, e todos aqueles que deram sua vida em prol de uma vila pacífica... eu não vou aguentar perder a Hinata, ela... ela... - Naruto baixa os olhos para os próprios pés. - Ela é o sal da minha vida...

- Sal? - Shikamaru e Sakura perguntam em uníssono.

A lembrança de cada sorriso de Hinata inunda sua mente, a forma que ela o apoiava incondicionalmente. Por ela lutaria com todas as forças, porque aquela conexão não tinha com mais ninguém. A fisgada de desespero começou a dar sinais, ele deixou que os braços penderem ao lado de seu corpo, como se as forças de antes tivessem o deixando lentamente. Focou em sua respiração, como fazia quando treinou com Jiraya.

“Inspira e expira lentamente.”

As memórias de momentos juntos pairando sobre seus olhos, como a primeira vez que ela declarou seus sentimentos, e ele um verdadeiro idiota não havia entendido, a forma tímida que ela possuía quando falava com ele, o farol que era aquelas lembranças aparecendo para guiá-lo de volta ao foco daquela missão.

Suspirou pesaroso, porque se algo acontecesse com Hinata não seria capaz de se perdoar, de alguma forma, ele se sentia culpado. Ele deveria ter estado ao lado dela, sempre e sempre. O pavor o alcançou novamente ao recordar-se que ela o estava evitando, talvez fosse tarde para ser mais que amigo, entretanto de qualquer forma faria o possível para resgatá-la, e não hesitaria em dizer o que estava em seu coração.

- N-Naruto...- Sakura exprimiu em sussurro... - Vo-você...

- Não é o momento para isso, precisamos seguir em frente... - Ele cortou a fala dela, não poderia lidar com aquilo naquele momento. - Quanto tempo falta para alcançarmos a posição de Sasuke?

- Acredito que dentro de 10 horas estaremos no ponto de encontro... - Shikamaru informou consultando uma bússola, conferindo se estavam no caminho correto.

- Faremos em 6. Vamos! - O loiro informou determinado saltando para longe retomando a corrida.

Conforme voltava ao itinerário, novas lembranças o invadiam, como ondas suaves que trazem à tona tesouros ocultos. O sorriso que ela sempre mantinha para ele, mesmo nos momentos mais sombrios, era uma luz que aquecia seu peito. Ele recordava a risada contagiante que ecoava em sua mente, um som que parecia dissipar todas as nuvens escuras. As incontáveis gentilezas, pequenos gestos que passavam despercebidos, agora brilhavam intensamente em sua reminiscência.

Ele se lembrava da forma como ela franzia a testa, a expressão de concentração que a tornava ainda mais adorável, e do jeito que levava o dedo indicador ao queixo, perdida em pensamentos ao enfrentar algum enigma complexo. O cabelo, sempre brilhante, emoldurava seu rosto delicado, destacando a beleza que, para ele, parecia quase etérea.

Aquele calor crescente em seu peito era um lembrete constante de que essas memórias eram preciosas. Ele precisava se concentrar naqueles átomos vividos, para não se perder na névoa do sonho. Cada detalhe se tornava um fio que o conectava a ela, e ele sabia que, enquanto mantivesse essas recordações vivas, poderia enfrentar qualquer desafio que surgisse em seu caminho.

- Eu não vou deixá-la sozinha! - Murmurou para si mesmo, aumentando ainda mais sua velocidade. - Estou chegando…

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-NARUTOOO!

O grito ecoou pelo espaço enquanto Hinata agarrava os lençóis a sua volta, abriu os olhos devagar observando que continuava no mesmo lugar, já não sabia quanto tempo havia transcorrido. Suas pálpebras estavam pesadas ao passo que tentava tomar nota de seus nervos, juntas e a posição de sua cabeça sobre os travesseiros macios atrás de si. O silêncio era cortante, atingindo seu espírito, ocasionando um crescente desespero.

Sempre que estava consciente repassava todos os detalhes dos acontecimentos antes de se deparar com o ambiente desconhecido. Como um disco arranhado refletia os passos dados até aquele momento. Caminhava com Sasuke por entre os comerciantes da Vila do Artesão quando foi atraída para uma tenda onde havia embalagens e itens para prensar. Seu parceiro informou que iria a uma loja de lâminas deixando procurar folhas para a tsubaki que segurava em suas mãos. Era uma das flores preferidas de sua mãe, por isso sentiu uma necessidade de preservá-la até que pudesse adicioná-la em sua coleção.

A mulher mais velha que possuía cabelos como algodão havia sido tão atenciosa e prestativa, informando quais folhas de seda poderiam ser mais adequadas para aquele tipo de pétala. No momento em que finalmente escolheu entre tantas dispostas ela empurrou em sua mão uma caixinha de madeira com detalhes entalhados, dentro desta uma plantinha jazia solitária, porém impecavelmente preservada. Ao tocar seus dedos começaram a formigar, a Senhora sem hesitar empurrou o conteúdo para sua outra mão, na medida que ambas se tornaram molengas, seus olhos foram cobertos e os membros amarrados. A ação foi tão rápida que tudo que pode fazer naquele momento foi inutilmente tentar acertá-los com seus pés, em golpes que infelizmente foram todos inúteis.

Suas tentativas de ver através da venda foram todas frustradas, pois aquele tecido não era comum, parecia possuir algum tipo de jutsu ou ainda um encantamento exclusivo para praticantes do byakugan. O instinto de se proteger fez com que mesmo com os braços contidos acertasse um dos corpos que se mantinha a sua volta, o que acabou resultando na suspensão de seu corpo no ombro de um deles.

Se debateu e gritou, o que causou furor na pessoa que a carregava, e após se afastarem do burburinho da vila, a amordaçou ameaçando arrancar-lhe a língua sendo repreendido por uma voz que dizia que o mestre não iria gostar se machucassem uma unha da Princesa. Não conseguiu contabilizar o tempo que passou enquanto era levada para cada vez mais longe. Por um instante foi depositada no solo, aproveitando para esfregar as pernas no chão sentindo o solo arenoso, e devido ao calor imaginou que estavam em um deserto. Talvez Suna, o que não fazia sentido.

Durante todo o trajeto, Hinata se lembrava do sequestro de quando era criança. As memórias surgiam como sombras em sua mente, trazendo à tona sentimentos de medo e vulnerabilidade, recordando a sensação claustrofóbica diante de sua impotência. À medida que caminhavam, analisava o cheiro do ar, os sons ao redor de ventos fortes trazendo um ar quente e desconfortável para seu rosto mantido naquele tecido. Contudo dentro dela existia ainda centelhas de forças, lembrava-se de superar aquela experiência, com o apoio de sua família, especialmente com o vínculo criado com Naruto. Mas nenhum deles estavam ali, precisava fazer o melhor com as ferramentas dispostas. Suspirou pesarosa por ter sido pega novamente, precisava coletar todas as informações possíveis.

Murmurando, através de sons inteligíveis, solicitou água após avançarem mais para dentro do calor infernal, ao sentarem-na em uma pedra percebeu que seus braços começavam a funcionar novamente apesar de lentos. Eram apenas dois sequestradores, se conseguisse recuperar o domínio de seus movimentos poderia subjugá-los. O seu pedido acabou causando uma certa agitação quando um deles disse que era importante mantê-la com boa aparência, enquanto o outro insistia que não deveriam acatar nada que a jovem solicitasse. Após vários minutos de um debate sobre dar-lhe ou não um pouco de água, ambos chegaram a uma conclusão, firmando uma comunicação que foi perceptível, mas não audível. O tempo que passou entre seu pedido e finalmente o recebimento do líquido a informou que aquele era um local de difícil acesso, sem muitos recursos naturais.

A essa altura tentava se soltar das amarras, entretanto precisou refrear os movimentos para que tivesse a mordaça retirada e receber o frescor que a inundou. Calculou que ficaram dois quartos de hora parados, com o levantar de sua cabeça conseguiu ver por baixo da venda, através de um fio de separação do tecido com seus olhos, que realmente estava em um local rochoso. Foi nesse momento que constatou que seus pés estavam envoltos a fios de chakra, não seria fácil se soltar, mas talvez...

Assim que finalizou o engolir da água, novamente foi jogada nas costas de um deles fazendo com que sua mochila deslizasse em suas costas quase caindo ao chão, não antes dela agarrá-la entre os dedos. Um sono repentino a invadiu, e antecipadamente, alcançou o item que carregava com esmero e carinho. No primeiro galho que surgiu no caminho o prendeu fazendo com que o fio fosse desenrolado de seus pontos, foi o melhor que conseguiu devido às circunstâncias. Este foi o último ato que se lembrava, antes de perder totalmente a noção do que ocorria e cair em um sono profundo.

O que mais deixou Hinata atordoada foi o fato de que mesmo naquela situação vulnerável e temerosa, seu coração desejava Naruto tão profundamente que sonhou com ele em diversos momentos, sempre o mesmo sonho visto de ângulos diferentes. Havia corrido por um labirinto com ele atrás de si, em outros dançavam por um salão elegante, entretanto o final era sempre igual, ele desaparecia e tudo que conseguia fazer era gritar por seu nome. Nestes momentos finais era quando acabava acordando para logo depois retornar aos pesadelos.

Aquele amor tão profundo enraizado de uma forma que ali ficou evidente que jamais a deixaria de fato. Nos poucos instantes que acordava era alimentada e hidratada, o que a fez desconfiar que estava sendo mantida sedada, por isso começou a evitar ingerir o que lhe era ofertado, embora a sede fosse difícil de controlar. Até que conseguiu ver com mais clareza o quarto onde naquele momento permanecia agarrada ao tecido macio abaixo de si.

Examinou com mais afinco as paredes revestidas de tapeçarias ricas em volta do quarto que continha ao centro a sua cama de dossel imponente, cortinas pesadas de veludo e bordados em fios dourados que denotava um certo requinte, apesar de serem itens antigos. As almofadas atrás de si eram luxuosas, e ao lado em uma mesinha, repousava um candelabro de ferro com velas que queimavam constantemente. Uma lareira de pedra, com um manto esculpido, ocupava uma das extremidades do quarto, trazendo calor e um aroma sutil de madeira queimada. Em uma prateleira, objetos de arte e livros antigos pareciam ser as únicas testemunhas do horror que estava sendo afligida. Muito embora Hinata concatenou que alguém vinha ao quarto periodicamente, uma vez que as velas e a lareira estavam sempre acesas além dos momentos em que era alimentada.

Em seu íntimo entendia que precisava se manter acordada, mas era difícil, sentia o corpo pesado, a mente solicitava um relaxamento que somente através de seus sonhos seria possível alcançar. Fez um imenso esforço para sentar-se na cama, a tontura ocasionou um leve giro de sua cabeça provocando náusea e um embrulho no estômago, talvez fosse pelo período que passou deitada na mesma posição. Forçou as pernas para fora do colchão tocando o carpete aveludado, sentindo as fibras macias em seus pés nus.

O grande vitral que havia no quarto era esplêndido com um símbolo incrustado fabulosamente esculpido, ela já havia visto aquela figura, contudo não pôde se recordar de onde. Do lado de fora um imenso jardim se erguia magnífico envolto em pedras que pareciam reluzir através da penumbra noturna. Era noite. Ativou os olhos para buscar maiores informações e tudo que pode ver foi ao longe algumas ruínas do que poderia ter sido casas. Seus ouvidos treinados captaram passos atrás de si, permaneceu em uma postura de defesa, entretanto o que viu foi uma jovem, talvez da mesma idade que ela com uma bandeja entrando pelo cômodo.

- Senhora, es-está acordada...? - Não sabia se era uma afirmação ou uma constatação. - Isso é bom, muito bom...como se sente? - A mulher de cabelos castanhos e olhos amendoados questionou enquanto depositava uma bandeja na mesinha próximo ao candelabro.

- Um pouco enjoada... Quem é você? Onde estou? - Sua voz era suave com muitas notas reprimidas de raiva.

- Meu mestre irá explicar tudo... trouxe um pouco de chá, irá se sentir melhor. - Ela começou a servir o líquido que inundou as narinas de Hinata com seu cheiro de ervas a fazendo sentir novamente um embrulho no estômago.

- Não quero. Obrigada. - Caminhou até a jovem com seu doujutsu ainda ativado. - Me leve até seu mestre.

- Ainda não posso levá-la até ele... - A jovem apertava as mãos nervosamente, ignorando rapidamente o ato anterior, abandonando o bule em um estalido.

- Então me diga onde estou... - A impaciência de Hinata amedrontou a garota que arregalou os olhos.

- Você, está... em uma Fortaleza Lunar... - A jovem sorriu gentilmente.

- Não, eu quero mais precisão... Onde exatamente fica essa Fortaleza? - A impaciência atingiu em cheio a Hyuuga que franzia o cenho com a resposta obtusa.

- Eu, eu, não sei bem ao certo, mas diria que em um local entre a terra e a lua. - Ela finalmente disse algo que provocou um espanto em Hinata que foi atingida em cheio a fazendo desativar o byakugan.

- Uma dimensão entre a terra e a lua? - A ninja agarrou a beirada da janela para se segurar. Estava muito longe de casa realmente.

- S-sim... Em um castelo Princesa. - Ela deu alguns passos para trás se afastando da Hyuuga ao corrigi-la.

- Vocês estão me dopando? - Questionou fria.

- Não Senhora... jamais faríamos isso... - A moça afirmou com certa indignação.

Por algum motivo Hinata a observou e notou que ela falava a verdade, percebeu nesse momento que conseguia ver todos os pontos de chakras da garota mesmo com o doujutsu desativado. Ela conseguiu verificar que a intenção da jovem era realmente apenas servi-la. Não sabia como aquilo era possível, era como se apenas soubesse.

- Qual seu nome? - Soltou-se do seu ponto de apoio dando passos pesados de volta a cama sentindo a fraqueza apossar de suas pernas.

O ambiente pareceu de repente tridimensional, e podia ver com clareza absoluta todos os detalhes dos objetos naquele lugar. Desde o lustre acima de sua cabeça até o crepitar da madeira que queimava na lareira.

- Tamaki... - A jovem penteou os cabelos para trás e o rosto ficou mais evidente.

- Por que está aqui? - Hinata deitou sobre as almofadas sentindo os olhos pesados novamente.

- E-eu... estou aqui para servi-la Senhora. Fui trazida especialmente para cuidar da Princesa- Ela se aproximou ajeitando os lençóis e cobrindo Hinata com delicadeza.

- Tenho sentido muito sono... tem certeza que não estão me sedando ou algo assim? - Perguntou mais uma vez, as informações fornecidas não faziam sentido a deixando mais tonta.

- Senhora jamais faríamos qualquer coisa para machucá-la ou prejudicá-la... Acredito que esse sono seja devido a maturação ... - Tamaki parou o ato de deixá-la confortável notando que havia falado demais.

- Maturação de quê? - A jovem de cabelos negros estava quase se entregando a quietude novamente.

- Tudo será explicado devidamente quando a Senhora se sentir melhor. - A menina sorriu gentilmente.

- Eu tenho tido tantos sonhos... parecem tão reais. - Os olhos de Hinata se fecharam, entretanto, sua audição estava apurada, podendo inclusive dizer qual a posição corporal de Tamaki.

- Possivelmente são... uma forma de comunicação. - Ela se afastou terminando de servir o chá e colocando torrões de açúcar.

- Como assim? - A Hyuuga deu um sobressalto segurando a xícara que Tamaki colocava em suas mãos delicadas.

- O mestre acredita que agora que está no solo sagrado alguns poderes podem surgir em você, mas não se preocupe com isso agora. - Ela explicou como se fosse algo absolutamente óbvio.

- Tamaki, você quer dizer que eu posso me comunicar com pessoas através de sonhos? - Hinata se endireitou percebendo que talvez a garota era uma lunática e estava presa com muitos deles, contudo analisou que dentro de si podia dizer que acreditava que talvez pudesse ser real o que a jovem lhe dizia.

- É provável, embora não com qualquer pessoa... somente se existir um laço forte demais...

- Ela retomou a xícara indo até a mesinha e a depositando na bandeja.

- Você também consegue fazer isso? - Hinata perguntou com veemência.

- Oh! Não, não... somente a Princesa pode. - Ela se vira levemente com um ar gentil.

- Por que está me chamando de Princesa? - Fecha os olhos e os abre com muito esforço.

- Senhora, lamento... apenas o mestre poderá dar-lhe respostas. - A garota joga um chumaço de cabelos atrás das orelhas.

- Como você pode saber de tudo isso? - A observou pegar a bandeja entre as mãos se preparando para deixá-la sozinha.

-Estou aqui há tempo demais... e as paredes são finas... - Ela sorri. - Descanse, quando eu retornar a levarei até ele....

- Certo... - Ela queria ir naquele instante, porém sabia que o ato de se pôr em pé seria demasiado.

- Senhora?... -Tamaki disse por cima dos ombros.

- Sim.... - Hinata virou a cabeça na direção da voz, entretanto a serenidade a invadia de uma maneira que a mesma não conseguia controlar.

- Você é ainda mais bela pessoalmente. - Então finalmente foi deixada sozinha.

Seus belos pares de olhos com tons lunares tombaram, e então um clarão foi trazido ao lugar que antes possuía uma escuridão densa e sem fim, sendo levada tão imediatamente para um mundo onde seus anseios a perseguiam. Logo estava à frente de uma elegante superfície polida...

Ela se olhou no espelho com aquele vestido tão extravagante rodopiando no lugar.

"É lindo, mas acho que um pouco demais pra mim..."

Foi o pensamento que ocorreu enquanto analisava a figura da bela criatura refletida a sua frente. A moldura do objeto trabalhada em madeira escura e ornamentada em entalhes delicados exibindo um padrão de flores e folhas. Ela passou as mãos pelo tecido do vestido, que se assemelhava a um céu noturno turbulento envolto a estrelas brilhantes que contrastavam com a serenidade da paisagem de seu próprio rosto. Seus cabelos estavam soltos e meio desgrenhados, aquilo parecia não estar de acordo com a aparência de suas vestes. Com um leve levantar os prendeu com um grampo dando um aspecto melhor e mais arrumado.

Sorriu triste para si mesma, a imagem sorriu de volta a lembrando que mesmo que tentamos esconder ainda assim dentro de nós a verdade ecoa tão vívida e real quanto a sua pele pálida e fria. Ela saiu pelo corredor deserto, a fenda que se abriu perante seus olhos a expôs para o alto de uma grande escada. Observou a sua volta e percebeu que todos olhavam para ela, com rostos sérios e distorcidos. O primeiro passo foi dado enquanto ela descia os degraus procurando naqueles presentes alguém conhecido. A cada passo que se forçava a seguir, um peso maior era transferido ao seu peito.

As figuras que estavam à sua volta cochichavam, e apontavam para o meio do espaço, ela prosseguiu o caminho, enquanto o silêncio correu por todos. Prendeu a respiração por um segundo enquanto tomava ciência que a sua volta se aglomeravam diversas pessoas desconhecidas. Ela procurava entre eles um rosto, um sorriso, e tudo que via eram olhares acusadores.

As portas atrás de si foram abertas, e a escuridão do lado de fora fez uma sombra momentânea, quebrada apenas pelo jovem que se assemelhava ao sol entrando pelo corredor, dando passos lentos por cima do tapete elegantemente estendido.

Ela sorriu, e ele sorriu de volta.

A pele bronzeada e os olhos inconfundíveis a estudaram por um momento tão longo quanto o cântico de uma ópera. Quando ele se aproximou suas mãos se tocaram gentilmente, em seu corpo um choque elétrico foi transferido por todo seu ser. A pele antes fria agora estava aquecida e arrepiada. Observava os traços do homem que a conduzia pelo salão sem se importar com a presença dos demais. Seu calor irradiando por todas suas extremidades, a vontade de se aproximar estava gritando por todos seus poros. A sensação e vulnerabilidade havia acabado de deixá-la, sentia-se segura, protegida e enlaçada no calor do peito dele.

Cedendo ao desejo primitivo de sentir mais daquele homem forte deitou a cabeça em seu ombro, momentos depois sentiu os dedos longos e calejados delinearem seu rosto. Virou os orbes prateados para cima enquanto depositava um beijo suave em sua franja. Ela sorriu, então se afastou observando os lábios carnudos dele, sua boca salivou sentindo a tensão crescer, aproximou de seu objeto de desejo, e um borrão o levou para longe.

“NARUTO!” Ela gritou por seu nome no mesmo instante em que o chão se partia embaixo de seus pés.

O chão escapando de seus pés...

“Me ajuda!”

Queda...

“Naruto-kun...me ajuda... por favor....”

A sensação de arrebatamento a levando para longe, enquanto desabava tentando segurar em algo, mas tudo que conseguia era afundar mais para baixo. Lampejos de si mesma sendo amarrada, amordaçada, suas mãos moles e sem controle. Tentava se agarrar em algo, mas sem sucesso...

Caindo...

Até que suas pálpebras se abrem, sua boca está seca, entretanto é tomada por uma forma côncava que reluz radiante. Uma certeza surge em seu coração.

“Ele estava vindo. “

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