𝓓𝓮𝓼𝓮𝓷𝓬𝓸𝓷𝓽𝓻𝓸𝓼

Naruto (Anime & Manga) Boruto (Anime & Manga)
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𝓓𝓮𝓼𝓮𝓷𝓬𝓸𝓷𝓽𝓻𝓸𝓼
author
Summary
Hinata retorna finalmente a Konohagakure após uma missão misteriosa. Seus planos de confrontar Naruto logo são desmoronados levando a acontecimentos que já haviam sido traçados antes mesmo de seu retorno.Naruto aproveita o momento para focar em seus estudos e estreitar ainda mais o relacionamento com seus amigos, exceto alguém que parece estar cada vez mais longe de seus olhos.Essa história criada a partir de cenas nascidas da mais pura necessidade de criar um cenário diferente para NaruHina se passa após dois anos da quarta guerra ninja, nessa realidade The Last não aconteceu.[ NaruHina | Universo Original ]
Note
Olá pessoal! É com muito entusiasmo que compartilho minha primeira fanfic de NAruHina com vocês. Peço que mantenham a mente aberta com o rumo desta história e que entendam que apesar de se basear no cenário original de Naruto mudei algumas coisas e ordens cronológicas como a minha mente livre me solicitou enquanto redigia esse emaranhado de flashs que resultou nessa história. A ideia de escrever surgiu após ler tantas histórias maravilhosas, e me sentir inspirada em algo que me permitisse ser criativa.╔╦══• ✠•ೋ†ೋ•✠ •══╦╗Retorno: Regresso no espaço ou no tempo.╚╩══• ✠•ೋ†ೋ•✠ •══╩╝
All Chapters Forward

Dédalo

“Eu não deveria ter me apaixonado 

Veja no que isso me transformou 

Eu deixei você se aproximar demais 

Só para acordar sozinho 

E eu sei que você acha que pode escapar 

Você tem medo de acreditar que eu sou a pessoa certa 

Mas não posso simplesmente deixar você ir embora 

Eu deixaria o mundo queimar 

Deixaria o mundo queimar por você 

É assim que as coisas sempre terminam 

Se eu não posso ter você, ninguém pode 

Eu deixaria queimar 

Eu deixaria o mundo queimar 

Só para ouvir você chamar meu nome 

Observaria tudo arder” 

Let the world burn - Chris Grey 

━━━━━━━━❯✷❮━━━━━━━━ 

A vasta floresta escura possuía árvores altas e muito densas, suas copas bloqueavam qualquer traço de luz. O chão sob seus pés possuía uma camada espessa de folhas secas que faziam um barulho inquietante enquanto caminhava. O vento cruzava por entre os galhos enquanto avançava no caminho tortuoso. Quando um feixe de luz transpassou por seus olhos o instinto foi de fechá-los para se proteger da mudança repentina de luminosidade.  Logo, após alguns passos, se deparou com imensas portas de madeira, adornadas com folhagens douradas, bastou um leve roçar de dedos sobre a superfície para que fossem abertas.  

 A elegante sala que se fez presente possuía uma opulência e o requinte palpáveis em cada detalhe. Os lustres de cristal que pendiam do teto alto possuíam inúmeras facetas, refletindo um brilho cintilante que dançava sobre as paredes decoradas com tapeçarias ricas e molduras, também, em folhagens douradas.   

  O piso de madeira polida brilhava com seus passos, e uma orquestra posicionada em um canto da sala embalava uma música encantadora. O som dos instrumentos invadia seus ouvidos, atraindo mais para dentro. Um violino começou a ressoar solitário criando uma atmosfera de atração para a figura parada no meio do salão. A sua volta muitas pessoas observavam seus passos lentos conforme avançava no ambiente. Ele viu uma imagem, uma sombra indistinta que parecia estar o esperando. À medida que se aproximava, a efígie antes borrada começou a se definir, revelando um rosto familiar. Quando seus olhos recaíram sobre a jovem não conseguiu mais desviar.  

Adornada por um vestido azul com detalhes brilhantes, fazendo uma referência a um céu noturno estrelado, caia sobre o chão refletindo no assoalho. Seus cabelos negros azulados estavam meio presos e meio soltos. Complementando a imagem perfeita de uma Deusa.   

Quantas guerras aquele rosto poderia provocar em eras passadas?  

Ele se sentiu atraído por aqueles olhos beijados pela lua enquanto se aproximava dela. O brilho suave refletia um mistério que o envolvia, como se cada centelha guardasse segredos do universo. O coração acelerava com a possibilidade de um toque, de uma conexão que parecia ser escrita nas estrelas, algo que somente os dois tinham ciência. 

Sua mão enfaixada se estendeu e ela agarrou com delicadeza de forma graciosa. Um arrepio percorreu o local onde suas mãos se entrelaçaram. O piano começou um embalo juntamente com o violino, e sua mão esquerda tocou as costas finas da jovem a trazendo mais para si.  Ela colocou a mão direita sobre seu peito, e juntou a esquerda com a sua enfaixada. Começaram a deslizar pelo ambiente condicionados pela valsa que ressoava por todo o espaço. Os seus olhos estavam completamente hipnotizados pela beleza etérea a sua frente, a ninfa que se aninhou entre seus braços, com traços perfeitos, possuindo uma aura de frescor e vitalidade.   

Sorriu se acalmando com a presença onipresente que era tê-la tão próxima. A ansiedade que antes apertava seu peito se dissipou aos poucos, substituída por uma sensação de pertencimento. Cada detalhe dela parecia ressoar com sua alma, o jeito como os cabelos flutuavam levemente na brisa produzida pelos paços de dança, o brilho que emanava de seu olhar, como se o próprio sol tivesse escolhido iluminá-la. 

Giraram fazendo o vestido refletir o brilho em seus detalhes. A imagem da graciosidade estava sob seu toque. Seu peito sentiu uma excitação quando ela deitou a cabeça em seu ombro. Afastando-se delicadamente, ele não conseguiu se controlar. Serpenteou sobre aquele rosto exuberante, passando o dedo indicador pela bochecha, contornando a mandíbula, então seu dedão passou pelos lábios vermelhos e carnudos. Uma vontade avassaladora dominou seu corpo, e quando se aproximou ela deixou que seu beijo fosse transmitido em sua grossa franja.  

Fungou profundamente o perfume dela, tinha cheiro de lavanda, camomila e algo mais que não soube dizer. Ela sorriu travessa quando se desvencilhou de seus braços, trazendo para si um frio repentino com a falta do calor do corpo dela. Ela se virou e saiu correndo fazendo seu vestido farfalhar, a fita azul de sua cintura desfazendo o laço se unindo ao tecido de sua saia que dançava por suas pernas com os movimentos de sua arremetida. 

Ele correu atrás dela, atraído, assim como Narciso havia sido por sua própria imagem, ele estava concentrado na imagem dela. Atravessaram as grandes portas para então adentrar a um jardim. O corredor que ela percorria possuía muros de arbustos perfeitamente aparados e verdejantes. O caminho era de pedras planas dispostas com cuidado formando um certo padrão. Enquanto corria percebeu que quanto mais se distanciavam da entrada uma espécie de altos ciprestes e sebes de buxo mantinham as paredes entre os corredores impenetráveis.  

Estavam em um dédalo. Um labirinto.  

Ela parou por um momento olhando para ele sorrindo de forma brincalhona, então virou para o lado esquerdo correndo para mais fundo. Cada curva revelava uma nova perspectiva, com a vegetação exuberante e bem cuidada criando uma sensação de mistério. Ele a seguiu, chegando a um local sem saída, voltou pelo mesmo trajeto e mais uma vez não conseguiu vê-la. Se perdia e se encontrava no mesmo local à medida que a procurava. 

-Hinata! - A chamou, e tudo que o respondeu foi um absoluto silêncio. 

Andou em círculos em busca de um novo corredor, então seguiu em frente parando em uma fonte. Olhou para a água e viu seu reflexo o fitando de volta.  

-Hinataaa! - A gritou novamente fazendo a água tremeluzir.  

Observou em volta a praça que era arredondada, estava no meio do labirinto. A fonte de mármore jorrava uma água cristalina que caiam suavemente na bacia decorada. Apreciou mais uma vez seu reflexo na água. 

-Naruto-Kun! NARUTO-KUN!!!! - Ele a ouve gritar seu nome. O nó em sua garganta prende sua respiração. 

-HINATA! - Ele a chama com mais força agora. - HI-NA-TA... 

Ele se desespera e corre para mais fundo, um ponto de luz se faz presente o atraindo como uma mosca é atraída para a luz. O espaço está mais escuro que o restante e no meio ele a vê. Sua face pálida está molhada por lágrimas que caem pesadamente no vestido, ele corre em sua direção assim como ela, mas seu corpo é puxado de volta. Ele olha atônito enquanto percebe que seus braços estão presos em uma grossa corrente. Ela o olha suplicante, os lábios se movimentando enquanto lágrimas caem por sua volta.  

Um som como um trovão ressoa pelo ambiente... 

-Me ajuda...Naruto-kun...me ajuda... por favor... - Ela cai de joelhos sucumbindo ao choro desesperado.  

Outra pancada estrondosa à sua volta... 

-Hinataaaa.... o que ...- Ele corre até ela, mas seu corpo se desintegra no solo, sumindo de sua vista. A dor arrebenta em seu peito, ele poderia jurar que algo havia se quebrado dentro de si.  

Um estrondo ecoa... 

-HiNATAAAAAAAAAA!!! - Ele começa a cair, despencando para baixo, de repente sente como flutuar, e mais uma vez a chama em desespero. - H-HINATAAAAAA.... 

-Naruto...- Uma voz conhecida ressurge em seus ouvidos. - Sou eu. Shikamaru. 

Abre os olhos com o despertar repentino, ele olha para o jovem em pé ao seu lado, a sensação de pavor ainda está impressa em seu tórax, fazendo seu coração acelerar. Levanta a cabeça para encontrar a feição de estranhamento do jounin, que possuía uma sobrancelha levantada e um biquinho nos lábios. Sua respiração começa a se controlar enquanto se situa que está em seu próprio quarto.  

-Cara, você me assustou... - Naruto se levanta sentando na cama. A luz do sol se faz presente iluminando todo o apartamento, enquanto ele esfrega os olhos sonolentos. 

-Você estava gritando e se debatendo ... - O Nara o olha com um sorriso ladino. - Gritando pela Hinata... 

Naruto arregala os orbes em pires, ele estava realmente gritando de forma audível? 

-Foi ...foi um pesadelo... - Ainda pensando na sensação em vê-la acorrentada, ele coça os cabelos sem jeito pelo constrangimento.  

-Bati em sua porta várias vezes, mas como não respondeu acabei entrando... - Ele colocou as mãos nos bolsos de forma preguiçosa.  

- O que aconteceu? Tínhamos estudo agendado hoje? - O loiro questiona ainda tonto com a interrupção. 

- O hokage nos convocou para uma audiência de urgência. - O jounin diz com um ar de apreensão. 

Ainda atordoado, Naruto se coloca de pé, dando passos lentos ainda com o pesar do que aconteceu em seu sonho. Ele percorre o espaço colocando uma camiseta qualquer e seu moletom. Ele vai em direção ao banheiro para iniciar sua higiene pessoal quando o colega aparece na soleira da porta.  

-Cara...sabe...- Shikamaru o observa cuspir na pia o excesso do creme dental. - Acho que você precisa ter uma conversa bem séria com a Hinata...  

Naruto não diz nada, pela primeira vez em muito tempo não sabia o que dizer. Era exatamente o que ele queria, conversar com ela, e talvez seu anseio em estar com a jovem fez com que até seus sonhos fossem invadidos pela imagem exuberante dela. Mesmo com a informação que Kakashi finalmente o receberia, não conseguia parar de pensar na imagem de Hinata contida nas grossas correntes. Precisava se concentrar, dando dois tapinhas no próprio rosto, seguiu para sua cozinha para comer alguma coisa, enquanto o colega se sentava em outra cadeira para aguardá-lo.  

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A oportunidade veio e se foi tão breve, assim como a escassa empatia nos olhos do ex nukenin. A situação que se desenrolava entre eles era desafiadora, e apesar da proximidade física as conexões emocionais estavam distantes e não sugeriam que encontrariam um meio termo.  Sentia uma profunda frustração e incompreensão.  

Assim como em anos anteriores, questionava se ele ainda teria algum tipo de afeição ou consideração por ela e pela vila. Talvez sim. Afinal ele estava na cerimônia mesmo com os olhares questionadores dos outros cidadãos. O austero Uchiha ainda assim manteve a compostura no ambiente hostil. O fio de esperança ainda era firme e vívido dentro dela. Toda vez que olhava para ele, desejava desesperadamente pedir que a deixasse segui-lo, estava disposta a abandonar todo o trabalho, seus amigos, familiares, apenas pela chance de se reconectar com o enigmático jovem.  

O ritual de se arrumar para um dia de trabalho no Hospital da Folha, foi feito com um cuidado exagerado, como se fosse fascinante prender e amarrar o jaleco em si mesma. Caminhava penosamente pelas ruas ainda silenciosas, aproveitando para conferir se o coque estava bem apertado no topo de sua cabeça.   

 O edifício grande, que a cada dia se tornava mais moderno, parecia um pedaço à parte. Enquanto no exterior todos ainda repousavam, do lado de dentro da instalação, havia médicos, enfermeiros, atendentes e voluntários em suas demandas cotidianas, ocupados demais para lhe darem atenção.   

Dirigiu-se à sua sala pequena e funcional. No espaço havia uma mesa de tratamento que possibilitava a realização de terapia prática, além de aprimorar suas habilidades médicas. Conferiu os trabalhos que a esperavam.  Os seus pacientes precisariam de cuidados corriqueiros, talvez antes do almoço pudesse terminar toda a demanda daquele dia. Bufou sentando-se na cadeira desconfortável.  

Em sua mesa havia uma foto do time sete, uma réplica da exposta em seu quarto.  Os rostinhos sorridentes dela e de Kakashi-Sensei chamavam a atenção no primeiro olhar, contudo, eram os jovens que a cercavam que realmente denotavam a verdadeira energia inóspita daqueles tempos. Parecia uma vida há eras passadas.   

 - Com licença. - As batidas na porta que estava entreaberta a fez voltar ao tempo presente. - Posso entrar?  

 - Claro...hãn, entre. - Limpando algumas lágrimas que teimosamente se formaram no canto de seus olhos, observou a habilidosa ninja médica sentar-se do outro lado da mesa.  

- Está tudo bem? - O ar preocupado era genuíno demonstrando que ela havia percebido seus olhos úmidos e as olheiras de uma noite mal dormida.    

- Sim, Shizune-San, como posso ajudar? - Ela poderia pedir conselhos à parceira e mentora de trabalho, entretanto preferiu se atentar aos afazeres e ao assunto que a trouxe ao seu encontro tão cedo.   

- Lembra dos exames que solicitei após o seu mal estar ...  - Assentiu com a cabeça positivamente dando a chance da mulher prosseguir. - Bem...bem... chegaram os resultados Sakura.   

 - Aquelas idiotas das fãs do Naruto, o que elas usaram? - Sua raiva já estava estalando em sua garganta.   

- Não tenho certeza se foi uma das perseguidoras do Uzumaki... olha. - A mulher estendeu um relatório com os resultados sanguíneos. Os olhos esmeraldinos se arregalaram quando leu o nome da substância.  

 - Piper methysticum...- Leu e releu várias vezes assimilando o fato. - Mas... 

- Sim, eu sei, não são encontradas por essas redondezas. - Shizune foi taxativa estreitando os olhos enquanto contemplava a sua feição de questionamento. 

- Eu não entendo... esse ingrediente é encontrado apenas... 

- Em locais de climas extremos e áridos... em minha vida eu vi esse ingrediente em raras ocasiões... - Shizune corria os olhos para seu lado direito tentando recordar-se de quando havia tido contato com o sedativo incomum. 

- Você acha que... 

- A vila tem recebido muitos visitantes, não podemos ter certeza de quem possa ter tentado algo contra você, mas de qualquer forma, o Hokage precisava ser comunicado. Acredito que com a nossa inteligência poderemos pelo menos ter certeza da origem.  

- Obrigada.  Assim que terminar meus afazeres irei comunicar o Hokage...- Sakura guardou os papéis na gaveta de sua escrivaninha selando com a chave.  

- Na verdade, ele já está ciente. - Shizune a interrompeu. - Solicitei que um mensageiro entregasse uma cópia do relatório assim que ficaram prontos. 

Sakura estreitou os olhos quando algo lhe ocorreu e não pode deixar de questionar.  

- Shizune... por que você mesma não comunicou o Hokage? - Shizune baixou os olhos para o colo e um rubor passou por seu rosto.  

- Por se tratar de um assunto delicado, quis vir comunicá-la pessoalmente. Não julguei correto deixar que outra pessoa viesse informá-la... Eu sinto muito que tenham feito isso, talvez possam ter se enganado...ou ... - Sakura percebeu o nervosismo da médica. Seus olhos captaram algo naquela explicação, não tinha certeza do que era, entretanto era melhor não forçar maiores explicações.  

- Claro. Eu agradeço muito por isso senpai. - A mulher de cabelos curtos e escuros se levantou arrumando a faixa azul que usava na cabeça.  

As duas médicas se encararam em um ar de conclusão sobre o assunto. Definitivamente aquilo havia sido uma tentativa de lhe entorpeceram, o intuito poderia estar entre milhares de linhas que surgiam em sua mente analítica. Com um assentir de cabeça a ninja mais velha se retirou da sala fechando a porta silenciosamente. Deixando uma Sakura de olhos inchados e agora preocupados contemplando a mesa que aguardava o início de seu trabalho. 

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A sala estava fria e sua capa era muito fina para aquele tipo de temperatura. Parado olhando para o monte que se mantinha majestoso do outro lado do vidro, contemplou o sol que esboçava sua presença no horizonte enquanto uma fina camada de orvalho cobria o parapeito da grande janela. O ar estava impregnado com uma leve sensação de rispidez, e a temperatura fazia com que sua respiração se tornasse visível formando nuvens de vapor, logo o inverno estaria sobre eles, e consigo a promessa de decisões difíceis. Os últimos dias haviam sido de muitas constatações importantes, e agora em seus ombros o peso de sua deliberação pairava. 

Sasuke havia enviado um corvo há alguns dias, através da técnica de invocação, informando que Hinata Hyuuga havia desaparecido, assim como relatando o ataque que sofreu de marionetes em uma loja antiga na Vila do Artesão, que nada puderam acrescentar sobre o ataque. O memorando que recebeu demonstrava que a vila estava tão surpresa com os eventos quanto ele mesmo, muito embora estava ciente que algo pairava sobre a folha. 

Devido a autonomia em relação às grandes vilas ninjas e sua forma única de gerenciar os próprios assuntos internos, a vila do artesão demonstrou uma espécie de autodefesa, não fornecendo grandes detalhes. Ao menos encaminharam alguns itens que foram deixados para trás quando levaram a primogênita de Hiashi. Quanto ao proprietário do antiquário, onde Sasuke havia sido atacado, afirmou ter ouvido o nome Shin quando fora coagido a deixar que as marionetes se escondessem em seu estabelecimento, o homem que arquitetou o ataque era alguém com uma cicatriz no rosto, essas foram as informações coletadas até aquele momento.  

Desde que o clã Hyuuga realizou uma missão na Vila da Nuvem em busca de pergaminhos que haviam sido furtados durante o sequestro de Hinata ainda na infância, ele prestava atenção nos movimentos do líder. O relatório entregue por Ibiki Morino há alguns dias mencionava movimentos anormais e reuniões secretas em solo neutro envolvendo Hiashi. Uma das fontes interceptadas pela inteligência da folha foi taxativa ao afirmar que o viu em um restaurante com um homem possuindo um sinal na face. O hokage retira o documento de sua escrivaninha e murmura para si mesmo. 

-Reuniões, missão secreta, contatos desconhecidos em ambiente sem monitoramento eficiente... movimentos incomuns para o respeitado líder.   

A análise daquele comportamento indicava que havia uma colaboração de Hiashi com alguém que não queria que a vila estivesse ciente, com certeza uma ameaça para a vila da folha. Uma das pessoas interrogadas foi um membro do clã hyuuga com alguma proximidade à casa principal, que afirmou que Hiashi havia recebido a visita de um homem exótico em forma de um holograma, mas não sabia precisar do que se tratava a conversa.  

Em suas saídas de Konoha, e principalmente no encontro dele em solo neutro alguns dias antes com um homem misterioso, acendiam alertas para o Senhor Sexto.  Ibiki desde então insistia que precisavam convocar o homem para que pudessem interrogá-lo sobre suas ações. O que mais lhe chamou a atenção foi justamente o pedido peculiar para que ele permitisse que a jovem pudesse passar alguns dias fora da vila, caso ela solicitasse. Todos os pontos indicavam que havia uma conspiração rondando o clã  Hyuuga, e Hinata era a peça fundamental dele. Era chegado o momento de agir.  

Sua xícara de chá de melissa fumegava em suas mãos trazendo um conforto muito necessário, enquanto aguardava a entrada do homem duro e rígido. Tentaria conversar antes de seguir com ações mais incisivas. Se tratando de um dos principais clãs de Konoha ele precisava convencê-lo a facilitar as coisas evitando uma repercussão negativa ou até mesmo uma criação de facções dentro de seu seio familiar. Como poderia ele estar por trás deste rapto era realmente surpreendente, mas estava disposto a conversar e tentar entender suas motivações.  

Se virou sentando pesadamente em sua cadeira confortável olhando para as peças dispostas em sua frente. A tentativa de doparem Sakura com piper methysticum, encontrada exclusivamente em ambientes desérticos, e nesse caso proveniente da região de Iwagakure, mesma substância encontrada em um dos itens que foram deixados para trás por Hinata. A planta que continha uma capacidade de induzir ao relaxamento instantâneo assim como o adormecimento dos membros por algum tempo. Faz sentido terem incluído a quantidade absurda na caixinha de prensagem, uma vez que Hinata era mestre na técnica do punho gentil, com os membros entorpecidos teriam tempo de agarrá-la e conter seus movimentos. E o ataque a Sasuke foi apenas uma forma de garantir o sucesso do sequestro. Isso significava que estavam os observando há algum tempo, talvez desde que saíram da vila. De alguma forma esses pontos estavam conectados. 

A mente do hokage dava voltas, estava disposto a entender melhor a situação, ele deveria convocar uma reunião urgente com seus conselheiros e líderes de outras equipes para discutir as implicações, entretanto precisava pelo menos tentar uma abordagem mais branda, pois aquele não se trata de um cidadão comum. 

A porta é empurrada após algumas batidas, a frase seguinte é simples e direta. Ele estava esperando no corredor. Não tardou para o velho líder adentrar sua sala com o semblante firme e decidido.  Ele continuou sentado à mesa observando enquanto o homem se aproximava realizando uma reverência leve e displicente. Se encaram por um breve momento enquanto é obrigado a iniciar a conversa.  

- Acho que podemos deixar algumas formalidades de lado. - Kakashi observa o homem com uma expressão de desapontamento. - Você sabe por que está aqui... Não sabe Hiashi?   

- Não, na verdade não. - O homem responde cínico. Ele estava muito ciente do motivo de estar ali,  àquela altura já havia recebido a mensagem informando o rapto da filha mais velha.  

- O que consistia na sua missão na vila da nuvem? Quais pergaminhos resgataram? Quem são as pessoas que você anda encontrado em solo neutro? -  A postura do líder não continha nenhuma gota de apreensão. Se mantinha inflexível com os questionamentos com doses desmedidas de acusação.  

- Não me trate como qualquer pessoa desta vila, sou líder de um clã. - Hiashi responde com tranquilidade.  

- O qual poderá ser muito prejudicado se não me dar as respostas certas. - Kakashi cruza as mãos descansando o queixo com um olhar intenso.  - Poderia arrastá-lo a um interrogatório, Ibiki está ansioso por isso...- Uma linha curva se faz no rosto do hokage.  

- Você não ousaria... - O líder Hyuuga dessa vez estremece um pouco com a ameaça. 

- Sim, ousaria, sou o Hokage. - Kakashi o desafia estreitando os olhos, Hiashi relaxa um pouco a postura, com uma expressão de alguém que analisava a situação.  - Hinata está por aí e não temos ainda uma pista de onde ela pode estar. Isso não o perturba?  

Hiashi se movimenta apertando a bengala com força quando ouve as palavras do Hokage o atingindo em cheio. Kakashi havia finalmente descoberto uma fraqueza.  

- Hiashi-sama , seja lá o que você fez, ainda podemos remediar, diga-me que tipo de arranjos realizou e seguiremos de forma sigilosa. Definitivamente não desejo envolver o conselho, não por enquanto... 

 O homem parece reconsiderar por um momento enquanto fecha os olhos apertados suspirando.  A boca se abre e se fecha enquanto o Hokage analisa de forma minuciosa cada músculo tenso do corpo do líder.  

- Se isso é tudo, desejo retornar ao complexo. - Finalmente abre os olhos encarando o ninja copiador.  

- Hiashi...faça a escolha certa, você é um homem inteligente, sabe os riscos ... - Kakashi tenta mais uma vez apelar para o bom senso que parece ter abandonado o líder Hyuuga. 

- Não julgue o que não sabe...- Responde áspero.  

- Por isso estou lhe dando a oportunidade de me informar no que se meteu, A Vila e o clã Hyuuga estão contando com você, mas principalmente Hinata... Se você não escolher o caminho certo, será um dia muito triste para todos nós... 

Hiashi assenti, entretanto não parece ceder nem um milímetro, em silêncio fica mirando para o nada vagando em pé em frente ao Hokage.  

- Conversa finalizada. - Hiashi informa em tom duro.  Com o consentimento ofertado por si mesmo ele se vira e sai do escritório, deixando Kakashi sozinho, refletindo sobre a gravidade da situação e as possíveis repercussões de qualquer decisão que ambos possam tomar. 

- Mas que cara teimoso... - O Hokage diz para o silêncio de seu escritório, ciente que a falta de circunspecção de Hiashi irá levá-lo a atitudes desesperadas.  

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Suas buscas não haviam surtido efeito maior que o esperado. Nos dias que se seguiram ao rapto de Hinata, aguardava o envio de reforços prometidos por Kakashi-Sensei. Mesmo sendo orientado a aguardar no ponto de encontro até a chegada dos membros, Sasuke percorria todo o perímetro que acreditava que os sequestradores percorreram, em uma tentativa desesperada de encontrar maiores informações. 

A sua técnica de ilusão, utilizada no proprietário da loja, revelou que o mesmo havia sido coagido por um homem de aparência estranha, possuindo uma espécie de marca no rosto, e um nome incomum que ele desconhecia, provavelmente o mandante da arapuca. O plano era apenas atraí-lo para dentro, mas quando ele se demonstrou muito inseguro a ordem mudou para que ele ficasse atrás do balcão em silêncio, enquanto os bonecos foram amontoados no fundo da loja e um deles se transformou no velho cheio de verrugas que o abordou. Ainda que o Uchiha tenha entendido que havia algo muito errado com o homem, sua curiosidade fez com que entrasse no antiquário caindo como uma mosca na teia tecida somente para ele. Ele solta um muxoxo irritado ao perceber que fez exatamente o que eles esperavam.  

Ao alcançar o local que deixou a Hyuuga, um pesar atingiu seu peito, sentindo a responsabilidade de não ter sido suficientemente capaz de protegê-la, pelo contrário, ele desconfiou que ela estava escondendo algo e por isso tinha que ficar de olho nela. A julgou erroneamente, sendo desleixado ao que os cercava, apenas se focando no fato de que ela era irritante para ele quando crianças e precisava conte-la se preciso. Egoísta, era isso que ele era. Sempre julgando os outros, e achando que sabe exatamente como ler todos a sua volta, logo ele que não sabia ler a si mesmo.  

Tudo que pode fazer foi interrogar o atendente e recolher os itens deixados para trás. Pelo menos as análises dos objetos deram uma dica de onde a substância entorpecente é encontrada. Após cavar bem fundo e não encontrar nada que auxiliasse em sua busca, decidiu partir para a região desértica informada pelo Hokage. Rodou sem rumo auxiliado por seus animais de invocação, e tudo que encontrou foi calor insuportável e frio extremo.  

A vila oculta entre as Rochas além de estar localizada em uma região inóspita, possuía um terreno sólido e robusto, refletindo um ambiente montanhoso repleto de cavernas, o que por si só proporcionava uma defesa natural. O clima seco e a mudança abrupta de temperatura durante o dia e noite já haviam afetado seus músculos, e tudo que pensava era em não ter sido capaz de proteger uma única pessoa. Dentro de si agitava-se algo como culpa, não sabia direito onde procurar, as cavernas que adentrou não davam dicas nem sinais de que pessoas haviam passado por lá.  

Uma situação irônica, alguém considerado tão poderoso como somente um usuário do sharingan e rinnegan poderia ser, incapaz de ver o caminho à frente. Isso mostrava que, apesar de todo o poder, a simplicidade da visão também era fundamental. Finalmente ele começava a entender que ver não é enxergar de fato. Devia ter algo que estava deixando passar...  

Dentro de seu saco de dormir estava quente e confortável, o crepitar da fogueira era a única fonte de calor no frio que cortava os ossos. Ele observava o céu absurdamente escuro naquela região, exceto por uma única estrela que teimava em brilhar fracamente. Detestava falhar em suas missões, o peso pendia insistentemente a sua frente. Se não fosse por sua teimosia e desinteresse, poderia ter evitado o rapto da Hyuuga. O que eram alguns minutos ao lado dela? Deveria ter aguardado enquanto ela escolhia folhas de prensar. O remorso queria o dominar, porém ele não permitiria.  

Enquanto sua mente vagava analisando cada ponto daquele dia, seus olhos pesaram, estava quase se entregando ao sono quando o vento soprou fortemente apagando sua fonte de calor. Sua mão deslizou para a bainha... 

Silêncio.  

Ele se agitou absorvendo os movimentos à sua volta, tudo que pode verificar é que estava sendo observado. 

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A torre do Hokage estava mais deserta que o comum quando Naruto e Shikamaru adentraram o grande salão de entrada. Passaram pela recepção no mesmo instante em que uma pequena comitiva do clã Hyuuga atravessavam o espaço com meia dúzia de homens e mulheres cercando o líder enquanto se dirigiam à saída. Naruto observou um pouco o homem duro dando passadas pesadas para longe, em um breve momento Hiashi o olhou com um vislumbre frio e acusador. Algo sinalizou para o herói da folha quanto a atividade incomum. 

Adentraram a sala ampla, e elegante com grandes janelas que ofereciam uma vista panorâmica para a vila, esta estava mais gelada que o ambiente exterior. O sexto Hokage estava sentado em sua grande mesa, contudo diferentemente de outras ocasiões, na superfície não havia as grandes pilhas de documentos e requerimentos. Após uma reverência, Kakashi-Sensei iniciou com uma voz firme.  

- Obrigada por virem... Preciso que ambos partam em uma missão nível A. - Naruto olhou com bastante curiosidade para o homem à sua frente. Aquele nível significava resgate. - Esta é uma missão altamente sigilosa para recuperação de uma ninja da folha.   

- Estamos prontos para qualquer coisa, conte conosco! Dattebayo! - O loiro deu um passo à frente em determinação, elevando o polegar em uma energia repentina, quando as palavras uma e ninja ecoaram em seus ouvidos. Franziu o cenho contemplativo. 

- A missão é de extrema importância. Precisamos que vocês façam uma investigação aprofundada. Shikamaru, você será responsável pelo planejamento e pela estratégia. Vocês partirão o quanto antes para encontrar Sasuke, e... 

- Sasuke? - Outro elemento daquele enigma trouxe um ar de interrogação pelos olhos azuis, o que o ninja sério e solidário teria a ver com a missão... 

- Exatamente... e solicitei que Sakura vá com vocês, já tenho a localização do encontro, não que seja um trabalho difícil para você sentir o chakra, certo Naruto? - O hokage o fitou com olhos estudiosos.  

- Hokage-Sama, entendi. Vamos precisar de uma estratégia detalhada para minimizar os riscos e maximizar a eficiência. Precisaremos também de um plano de contingência caso as coisas não saiam como esperado. - Shikamaru se manteve pensativo, com uma expressão focada. 

- Recuperação? - As palavras chaves dançavam em sua mente.  

A porta da sala se abriu e a jovem de cabelos rosados adentrou o ambiente realizando uma reverência ao líder da folha, enquanto se limitou a saudar os dois ninjas com um aceno discreto.  

- Que bom que chegou Sakura-san, bem o seu caso também me intrigou, após analisar os relatórios enviados por Shizune, acredito que tenha a ver com a missão que confiarei a vocês. - Kakashi passa as mãos pelos cabelos penteando para trás em uma atitude cansada. - Além disso, pode haver uma organização inimiga com aliados dentro da vila. O que significa que nossos esforços poderão ser prejudicados. Shikamaru, você deve considerar todas as possibilidades e se preparar para qualquer eventualidade. - Kakashi se levantou e caminhou até a frente da mesa de madeira maciça.  - Sakura, esteja preparada para tudo, não sabemos em que situação iremos encontrar... 

- Organização? Dentro da vila? - Orbes arregaladas assimilando o peso daquela informação miraram o monte do Hokage, um lampejo de assimilaridade o percorrendo. - E qual caso da Sakura? Seria a tentativa de envenenamento?  

Naruto mirou a expressão do sensei, nela encontrou preocupação, e uma fisgada fez seu coração bombear com um pouco mais de força. Até o momento ele não havia informado qual ninja precisava de resgate e o que Sasuke teria a ver com isso...a não ser que... 

- Quem...quem foi levado? - Naruto fechou os olhos, o medo da resposta estava ali a sua frente, aquele embrulho no estômago que fazia suas entranhas se contorcem já haviam o atingido.  

- Naruto... - Ele olhou para o homem com o olhar sério e austero. - Foi Hinata Hyuuga.  

O choque inicial atinge em cheio seu âmago fazendo seu coração errar as batidas. Sua mente tenta processar as palavras de Kakashi-sensei, mas há um atraso na assimilação completa daquela informação. O ambiente ao redor parecia distorcido, a sensação era de estar em uma bolha separada da realidade. O que parecia uma reunião como outra qualquer para informar uma missão se dissolvia em uma nuvem de incerteza e extrema preocupação.  

- Hinata? Quem poderia querer sequestrá-la em tempos de paz? - Ele quase grita com a revelação. - O que? ... E o que o caso de Sakura tem a ver com ... 

- Se você deixasse ele falar… - A rosada o repreende, mas Naruto está entorpecido demais para reagir então apenas finge não ouvir a grosseria dela.  

- Bem...vejamos... Sakura tomou saquê batizado com uma espécie de planta sedativa, também conhecida como kava, no caso dela foi uma dose muito pequena. A mesma substância foi encontrada em um dos itens deixados para trás por Hinata. - Os três se entreolharam, aquilo não estava fazendo nenhum sentido. Kakashi retorna a sua cadeira abrindo uma das gavetas com uma chave. Sob a mesa deposita uma caixinha de madeira com desenhos de flores e folhas.  

- Isso era da ...Hinata? - Shikamaru pergunta analisando o recipiente.  

- Sim e não. Ela estava tentando comprar itens para prensar, segundo Sasuke, quando aparentemente alguém a levou. - Naruto olhou de soslaio para Sakura que ao ouvir o nome de seu companheiro de time baixou os olhos para os pés, enquanto ele engolia a bile formada em sua boca ao constatar que Sasuke e Hinata realmente estavam juntos fora da vila.  

- Então se a substância vem da mesma região... - Shikamaru formula a compreensão da situação.  

- Significa que a bebida batizada era dirigida a outra pessoa, talvez Sakura a tomou por engano...- O ninja copiador completa.  

- Entretanto tem um furo... Hinata não estava com a gente naquele momento ela chegou apenas no final do jantar no Yakiniku q... - O Nara informa cruzando os dedos, os levando a própria têmpora.  

- Não acho que era para a Hinata... mas alguém que poderia atrapalhar o plano forjado. - Os dois ninjas se entreolham firmando uma comunicação silenciosa. - Acredito que havia uma intenção de deixar ambos …distantes … - Olham para Naruto que parece não ter entendido a obviedade. 

- Não é como se qualquer um fosse pegar uma kunoichi tão forte quanto ela... - Naruto diz para si mesmo em uma tentativa frustrada de se acalmar, demasiado absorto para ter entendido o que Kakashi e Shikamaru disseram.  

- Exatamente! Dentro desse recipiente estava repleto do sedativo, ao tocar a pele causa um adormecimento momentâneo, mas o suficiente para ter seus membros contidos.  

“Amarrada? Era isso que ele estava falando?”  

- Sasuke estava com ela Hokage-sama? - Sakura questiona apertando as mãos até os nós se embranqueceram.  

- Estavam, porém Sasuke foi pego em uma armadilha, certamente para o distrair. - O hokage responde com uma voz de lástima com a situação. 

- Ele está bem? - Questiona, e Naruto tem vontade de gritar com ela, era apenas em Sasuke que ela pensava? A Hinata estava desaparecida, amiga dela... não conteve o olhar de raiva e rancor que lançou em sua direção a fazendo encolher. 

- Sim, e estará no ponto de encontro. - Kakashi responde simples. 

"Sasuke não a protegeu... "

Naruto leva a mão ao peito tentando refrear os batimentos que avançam rapidamente, trazendo um peso inesperado transformando o ar em algo denso demais para aspirar. A impressão que sente é de estar envolto a um frio que não vem de fora, mas de seu interior que começa a tomar conta de sua pele. A respiração se torna irregular, mais superficial, seu corpo e mente lutando com a sobrecarga daquela informação. Aperta mais os olhos e cerra o punho com mais força.  

- Quem? Quem poderia arquitetar isso? - Ele esbraveja, a raiva subindo em borbulhas como vapor prestes a explodir. O rosto se contorce, os punhos se esmagam mais, e os olhos flamejam com intensidade. Cada palavra sai em um rugido, carregada de frustração, enquanto a pressão dentro dele parece prestes a transbordar. O ambiente ao redor parece se calar, focando apenas na tempestade de emoções que ele não consegue controlar. Estava há centímetros de se entregar a fúria, sua razão o deixando... 

- Não tenho certeza, acredito que tenha algo a ver com a missão realizada no início do ano ... - Kakashi junta as mãos à frente do rosto, era evidente que as duas coisas estavam interligadas, entretanto não queria ser leviano. Precisava de certezas.  

- O próprio clã Hyuuga? -  O choque toma conta de todos quando Naruto diz as palavras, menos o Hokage que parece apenas sereno e reflexivo. - Mas isso... 

- Não podemos afirmar nada, preciso que mantenham a cabeça na missão, todo o resto eu direi no momento oportuno. - A voz do homem é firme enquanto o silêncio se fazia presente. 

- Seja...l-lá o que for Kakashi-Sensei, Hinata não está envolvida...e-ela... - A visão de Naruto começa a escurecer nas bordas, ele tenta olhar para a montanha dos Hokages, e tudo que vê é um borrão marrom onde deveria haver os rostos. Sua perna treme e uma sensação de fraqueza começa a surgir em um formigamento por seus braços e pernas. Sua cabeça gira no lugar, era como se observasse a cena de fora, um mero coadjuvante, através da escuridão que tomava conta, o obrigando a transmitir chakra para os próprios pés a fim de se manter firme.  

- Naruto...você...está... bem...? - A voz está longe e não sabe dizer se era Shikamaru ou o Hokage que perguntava. 

- Acho que ele vai desmaiar...- Uma voz feminina retumba no fundo de sua consciência..  

Imagens de Hinata sendo arrastada passa diante de seus olhos, o sonho que havia tido mais cedo percorre caminhos impossíveis naqueles segundos onde sua mente gira criando cenários perturbadores. O grito que ela deu suplicando que a ajudasse, uma sensação de incerteza com o futuro, a responsabilidade de ser enviado em busca dela, o pavor de rever a cena do corpo pequeno da jovem em volta a pesadas correntes o atingindo em ondas ferozes. O labirinto de seu pesadelo agora se mostrando presente, a situação estava sem controle, precisava se recompor. 

"Ela precisava dele. " 

Ele abre os olhos e vê um Kakashi preocupado segurando em seu ombro, enquanto Shikamaru possui um ar de extrema preocupação.  

- E-ela...possuímos alguma pista ...quem...po-poderia?... - A sua voz sai rouca, baixa, e sem energia ao questionar pela segunda vez a mesma frase tentando formular de maneira mais objetiva para que pudesse se fazer entendido, contudo sentia o chakra sugado, esvaído completamente. Um medo que fez seus ossos doerem, e seu músculo cardiovascular parecia estar sendo prensado. 

- Por enquanto não posso dar mais detalhes... façam o possível para que ela volte para casa, quando tiver maiores informações, enviarei a vocês.   

- Certo. - Shikamaru e Sakura respondem, já que ele mesmo parecia estar em outra dimensão.   

O herói da folha cerra os punhos e os dentes, rangendo com raiva e desaprovação. Começa a ser guiado para fora da sala ainda preso nas palavras do Hokage, aquilo estava muito errado.  Ele se desvencilha das mãos do jounin e se volta para Kakashi. 

- Você deixou ela sair da vila...- Ele aponta o dedo para o homem de cabelos acinzentados, que não diz nada sobre a acusação. - Se algo acontecer com ela... 

- Naruto...- Shikamaru diz baixo para que somente ele ouvisse. 

Em seu interior surge a compreensão que está tudo irrefreável, um ímpeto surge e se mistura com o desejo de recuar, correr, partir sozinho em busca de uma solução. Seu estômago se revira, apertado e trazendo uma grossa saliva à sua boca. Ele empurra a mão de Shikamaru e corre desesperado para fora da sala que o sufocava.  

“Quem teria colocado as mãos nela?” 

Os passos apressados ecoam no corredor quase vazio.  

“Sasuke... “ 

A porta do banheiro é escancarada com força bruta e sem jeito, a náusea crescendo a cada instante. 

“Hinata...aguenta firme.”  

Finalmente ele se ajoelha aos pés do vaso sanitário vomitando tudo que havia colocado para dentro de manhã antes de receber aquelas notícias arrebatadoras. 

“Estou indo Hinata...seja forte.” 

Ele se agarra às bordas do instrumento sentindo fraqueza e um mal-estar que provoca uma pressão na parte superior do abdômen e em sua garganta. Os joelhos batem forte no chão enquanto suas paredes abdominais se contraem violentamente forçando seu estômago a liberar seu conteúdo, começando a contrair com força, empurrando o que estava dentro dele em direção ao esôfago.  

Seu pobre café da manhã, que foi engolido com rapidez sob os olhares vigilantes do Nara, é jogado para fora. Os espasmos involuntários começam a serem mais rápidos obrigando o corpo a expelir algo que não deveria estar ali. O gosto metálico enche sua boca, provocando uma saliva amarga, a garganta se contrai novamente terminando de pôr para fora o último resquício de seu desjejum e jantar.  

A sensação começa a aliviar momentaneamente e uma sensação de fraqueza se faz presente, o gosto ácido do vômito permanece em sua boca, o levando para a pia. Enxágua a boca com avidez, observando sua imagem suada pelo espelho, suas mãos ainda estão trêmulas, o esgotamento denota que sua energia foi drenada, sua pele está pálida e o frio parece ter aumentado significativamente.

A fim de recuperar a sanidade de seu corpo físico, ele coloca a cabeça embaixo da torneira deixando a água escorrer levando consigo seu medo e as imagens de Hinata em um lugar frio e escuro. Precisava se recompor, ela precisava dele e não poderia perder tempo.  

Ele a traria de volta, custe o que custar.

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