Contagem Regressiva

Naruto (Anime & Manga)
M/M
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Contagem Regressiva
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Note
Chegando com mais uma história com um casal que amooo de paixão e com um plot que tava acumulando poeira há um tempo...História sobre fim do mundo, então, já sabem...Momentos famílias lindo e intensos até o fim...Seria um único capítulo, mas irei separar por passagem de tempo, para deixar a leitura mais... intensa... eu espero...Capa simplesmente incrivel, perfeição pura que me apaixonei assim que vi do @zorodaddy que entregou tudoooBetagem pela beta-hiraishin @Se-ri que deixou notas... ai, gente...Avaliação pelo divoso @Moonshine1024 que uma hora ri, outra hora chora e daqui a pouco me ameaça tbm..Falei de mais, bora para o fim do mundo, digo, leitrua!
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50 horas para o impacto

Mais dois dias apenas.

Isso é o que eles tinham para aproveitar a companhia um do outro, para se amar, para amar os filhos, para os protegerem de todo o pesadelo.

Mas a cada hora que se passava, tudo parecia ruir diante dos seus olhos e ficava mais difícil manter os filhos dentro da bolha de proteção quanto ao fim iminente. Mas não desistiriam. Fariam de tudo para que Shikadai e Aiko não percebessem a chegada do fim. Fariam de tudo para ser o menos doloroso possível para eles.

Shikaku e Yoshino jantaram uma última vez com o filho e os netos, mas logo se retiraram, era difícil para eles manter a pose séria diante dos pequenos. Era difícil olhar para aqueles pares de olhos inocentes e cheios de vida e saber que em dois dias, não teria mais nada. Não teriam um futuro, nem sonhos realizados.

Os mais velhos admiravam o casal por conseguir fazer aquilo e admitiram ao filho, que se não fosse por ele estar ali, talvez eles tivessem feito o mesmo que Kakashi.

— Eu tenho orgulho de você, Shikamaru. Pelo homem que se tornou. Sempre fez tudo pelo Neji e por seus filhos. Ensinou o valor da família, do amor e da lealdade. Eles seriam adultos incríveis, assim como vocês — afirmou Shikaku ao se despedir do filho pela última vez.

A aproximação do cometa não era mais apenas uma notícia aterradora transmitida por telas e rádios. Agora, o planeta inteiro sentia sua chegada. A gravidade daquela monstruosidade de 100 km de extensão começava a deformar a Terra muito antes da colisão final. O céu, antes azul, assumia um tom espectral, com um brilho opaco que não era dia nem noite, apenas uma penumbra inquietante.  

— Papai, porque o céu não tá azul? — A pergunta de Aiko pegou os pais de surpresa.

— Bom… ele… ele está mudando e em breve virá uma cor ainda mais bonita.

— Ele vai ser cor-de-rosa? Eu adoro cor-de-rosa.

— Pode ser, meu bem.

Aiko pareceu gostar da resposta e só falava que o mundo depois daquela “cor feia”, seria muito mais bonito.

Se fosse apenas o céu que estivesse mudando, as coisas não seriam tão assustadoras. Logo veio o primeiro efeito catastrófico, que foi a instabilidade gravitacional. O oceano, inquieto, começou a se mover de forma anormal. As marés foram puxadas para fora, expondo quilômetros de leito marinho antes de retornarem em tsunamis colossais. Ondas de mais de 200 metros varreram continentes inteiros, engolindo cidades e dissolvendo civilizações em segundos.  

As cidades litorâneas foram as primeiras a desaparecer, quem ainda insistia em ficar ali não viu o pior chegar. Não sabia se ser dos primeiros a perecer era bom ou ruim.

Depois o vento se tornou um rugido constante. Correntes atmosféricas que antes seguiam padrões previsíveis agora enlouqueciam. Furacões nasciam e desapareciam em questão de horas, trombas d’água devastavam o litoral, e rajadas de vento de mais de 500 km/h arrancavam árvores como se fossem gravetos, desabavam prédios e lançavam carros contra os céus.  

Neji e Shikamaru mantiveram as crianças dentro de casa, não querendo que elas presenciassem aquilo. Foi quando as notícias de Ino e Chouji cessaram. Eles estavam na região mais afetada.

Neji tentou comunicação pelo rádio uma, duas, três vezes. A linha estava muda. A mão de Shikamaru apertou o ombro do marido em um conforto silencioso. Não havia mais nada a ser dito. Eles haviam partido.

Então veio o calor aumentando de forma brutal. O atrito do cometa rasgando a atmosfera criava um inferno antecipado. Florestas pegavam fogo espontaneamente, e o ar carregava o cheiro acre de madeira e carne queimadas. O dia e a noite perderam o sentido, pois o céu estava constantemente tingido por luzes sinistras, explosões de plasma e auroras distorcidas causadas pela perturbação magnética.  

Shikadai, que desde cedo tentava se manter forte, segurou o ursinho em formato de cervo que há anos não pegava. O brinquedo estava gasto, um dos olhos de botão frouxo.

— Papai… — A voz saiu engasgada. — Eu estou com medo.

Shikamaru o abraçou, sentindo o coração do filho acelerar contra seu peito.

— Eu estou aqui. Sempre vou te proteger. Nada de ruim vai acontecer.

Era uma mentira. Mas ele a contou com doçura, esperando que seu filho acreditasse nela pelo menos por mais um pouco de tempo.

As placas tectônicas entraram em convulsão. Terremotos de magnitude sem precedentes despedaçavam cidades como brinquedos de vidro. O solo rachava, engolindo tudo. Vulcões adormecidos há séculos entraram em erupção simultaneamente, lançando colunas de fogo e cinzas que obscureciam os céus e tornavam o ar quase irrespirável.  

Shikamaru não precisava dos jornais para saber o que acontecia. Ele havia estudado isso, sabia a teoria, nunca imaginou ter que enfrentar tudo na prática.

E então, veio o som.  

O ruído de algo indescritível, um trovão sem fim, um rugido vindo das entranhas do universo. Era o eco da morte iminente, o anúncio da aniquilação. 

A própria Terra gritava.  

A própria Terra tremia. 

Neji fechou os olhos. Respirou fundo. O ar cheirava a cinzas.

— O que você quer fazer agora? — ele perguntou.

Shikamaru passou o polegar pelo rosto do marido, sentindo a textura de sua pele, cada detalhe. Queria memorizar aquele toque.

— Vamos viver.

A casa tremeu quando um novo terremoto explodiu ao longe. O impacto do cometa no oceano poderia ser o suficiente para transformar o planeta em cinzas. O céu estava tão vermelho que parecia sangrar.

Mesmo com medo e sobre muitos protestos, Neji e Shikamaru conseguiram colocar os filhos para dormir. Ajustaram alguns abafadores para os proteger dos sons assustadores, como se fossem criaturas devorando tudo ao seu redor e ali, na cama do casal, abraçados às suas pelúcias, Aiko e Shikadai dormiam, protegidas pela ignorância infantil. E por acreditar que aquilo era apenas a natureza, uma tempestade que logo passaria e tudo voltaria a ser como era.

Shikamaru e Neji se abraçavam forte, como se o contato pudesse atrasar o inevitável, como se pudesse congelar aquele momento para a eternidade.

Mas a contagem continuava e o fim estava cada vez mais perto.

 

50…

49…

48...

 

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