Tudo que nos resta

Naruto (Anime & Manga)
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Tudo que nos resta
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Summary
Iruka estava ansioso e não era para menos, afinal, naquela noite, apresentaria o namorado, Kakashi, para os pais.O jovem casal estava feliz e acreditavam que seu amor era inabalável, tão sólido quanto uma rocha.Porém, o que era para ser uma noite agradável, se transformou em uma grande confusão quando um segredo enterrado no passado ameaçou transformar tudo em cacos de vidro.Divididos entre o amor que construíram e a incerteza que passou a assombrá-los, foram forçados a tomar uma decisão impossível. Lutar pelo que sentem ou se afastar antes que a verdade destrua tudo? O amor pode resistir quando tudo ao redor desmorona? V Ciclo ACN | I Ciclo AffinityProject | KakaIru | MadaKumo | HashiMada
Note
Hei, olha eu de novo, dose dupla de fic...Uma fic ABO/Omegaverse então, se não gosta dessa temática, só não ler...Ela será uma shortfic com 8 capítulos "curtos" para o que estou acostumada, mas garanto que será emoção a cada um.Serão postados um por dia, não serei ansiosa...Espero que gostem e não tirem conclusões precipitadas.Claro que meus aprceiros de crime, digo de histórias, é o lindo @Moonshine1024 na avaliação, o beta cheiroso @Immortalz que arrasa na betagem e nos surtos e minha rainha, marida, divosa @Uzumakiken com essa capa divonica...Espero que gostem e boa leitura!
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Marcas do passado

“O passado não nos deixa ir. 

Ele apenas nos observa, esperando o momento de nos destruir.”

 

Iruka sentiu o coração bater rápido demais. Era um misto de ansiedade e alegria, afinal, apresentar seu namorado para os pais era um marco importante. Ele queria que tudo corresse bem, que Madara e Hashirama aprovassem Kakashi e vissem o que ele via: alguém leal, inteligente, dedicado e que o fazia feliz.

— Você está mais nervoso que eu — comentou Kakashi enquanto se dirigiam à casa dos pais de Iruka.

— É porque você não conhece Madara Uchiha e Hashirama Senju. Especialmente o primeiro. Superprotetor, cara de poucos amigos e que ainda acha que tenho dez anos.

— São pais, apenas isso. Não devem ser tão ruins assim, e mesmo se forem, precisaram mais do que uma cara feia para me afastar de você. Eu te amo.

Aquela simples declaração fez o coração de Iruka acelerar e se sentir um pouco mais calmo. A aprovação dos pais era importante, mas como Kakashi disse, precisaria de muito mais para afastá-los.

— Eu também te amo. Agora, vamos lá encarar as feras.

Kakashi riu, mas se sentia um pouco nervoso, mesmo que não demonstrasse. Conhecer a família daquele com quem desejava passar o resto dos seus dias era um grande passo, significava que era realmente sério o que ele e Iruka tinham, mas estava disposto a encarar tudo e todos para ficar ao seu lado.

Apesar da ansiedade, o caminho até a casa dos pais de Iruka ficou mais leve devido à troca de carinho e leves provocações entre eles. Assim que chegaram ao seu destino, o ar voltou a ficar pesado e o medo e o receio de dar tudo errado se intensificou.

— Estou aqui ao seu lado, vai dar tudo certo — garantiu Kakashi mais uma vez. Ele não precisava ter uma marca para saber exatamente como o ômega se sentia, e isso assustava um pouco o alfa.

— Ok, vamos lá encarar Madara e Hashirama. Especialmente Madara, que mesmo sendo um ômega, tem a presença de um alfa — comentou Iruka, e Kakashi não entendeu muito o que aquilo significava. 

Já ouvira falar sobre ômegas que tem uma presença de alfa e que podem até mesmo se passar por um. Nunca viu algo assim pessoalmente e imaginava que as pessoas exageravam naquilo.

Iruka nem bateu na porta, apenas a abriu, adentrando a residência que foi seu lar durante sua infância e adolescência, até ir para a faculdade, deixando os pais sozinhos naquela casa.

— Pais, chegamos — informou, alto, ao não encontrar nenhum deles na sala, imaginando que estavam na cozinha, finalizando a refeição.

Mas, no momento em que Hashirama e Madara apareceram na sala, tudo mudou.

O ar da sala se tornou denso quando Madara ergueu o olhar e encontrou o de Kakashi. Seus olhos se arregalaram por um breve instante antes de sua expressão endurecer. Mas algo brilhou neles. Uma fagulha de surpresa e algo mais profundo. A semelhança era inegável. Kakashi tinha traços que o lembravam de Sakumo, uma pessoa do passado do Uchiha que pensou ter deixado para trás e que havia esquecido. O coração de Madara se apertou, e uma dúvida começou a crescer dentro dele.

Iruka não entendia nada do que se passava. Seus olhos iam de um pai para o outro. A tensão era tanta que a presença de Hashirama se tornou pesada e esmagadora, e fez as pernas do ômega fraquejarem, o obrigando a se apoiar em Kakashi para poder se manter em pé.

Do outro lado da sala, próximo  ao marido, Hashirama permaneceu em silêncio por segundos que pareceram eternos, até que sua mão se fechou ao redor da taça de vinho que carregava e a esmagou, deixando os cacos caírem sobre o chão. Ele sabia. Sabia exatamente o que Madara estava pensando, sentia com tanta força através do vínculo deles que isso o destruiu por dentro. Madara estava vendo Sakumo através de Kakashi. Outra vez aquele homem o roubava, mesmo sem estar presente.

— Pai… ‘tá tudo bem? — Iruka ousou perguntar, um bolo em sua garganta se formava, tornando difícil respirar. Nenhum deles respondeu.

Madara abaixou o rosto, não ousando olhar para o filho e seu namorado, muito menos para Hashirama, e saiu sem dizer nada. O som de seus passos ecoou pela casa até a porta se fechar atrás dele com um estrondo. Hashirama, por sua vez, levou uma mão ao rosto, escondendo os olhos que transbordavam uma dor que Iruka nunca havia visto antes. Sem dizer uma única palavra, ele se retirou para o quarto, deixando para trás uma sala mergulhada no caos.

Iruka olhou para Kakashi, confuso e alarmado. O alfa ao seu lado mantinha a postura rígida, o rosto impassível, mas os punhos cerrados denunciavam sua tensão e uma vontade absurda de levar seu amado para longe daquilo. A presença esmagadora de Hashirama ainda estava presente, assim como os feromônios que traziam uma sensação estranha em seu âmago, como se fosse culpado de algo que nem sabia o que era.  

— O que foi isso? — Iruka perguntou, sua voz baixa, temerosa pela resposta.

Kakashi hesitou. Ele não entendia o motivo da reação de Madara, muito menos a de Hashirama. Mas a forma como os olhos do patriarca Uchiha o analisaram, como se buscassem respostas em seu rosto, o incomodou profundamente.

— Eu não sei, meu amor, mas acho melhor irmos embora. Não teremos uma resposta agora.

Kakashi praticamente arrastou Iruka para fora, a cada minuto que passava ali, o ômega parecia ficar mais afetado e nem sabia o que havia acontecido.

Quando saíram e passaram pelo jardim, Iruka viu Madara sentado em um banco, as mãos  puxavam os cabelos volumosos com força e ele parecia quebrado. O filho nunca viu o pai tão abalado, distante e ferido.

— Pai, ‘tá tudo bem? — perguntou ao se aproximar, tocando o ombro de Madara para atrair sua atenção.

— Vá embora, Iruka, e leve seu… Leve seu namorado daqui.

— Por que está parecendo que o odeia sem nem conhecê-lo?

— Não o odeio. Só… é complicado.

— Complicado por quê? Não estou entendo nada! Hoje era para ser um dia importante para mim e vocês estão agindo estranho, soltando esses feromônios que me causam desconforto, dor e uma culpa de algo que nem sei o que é. 

— Iruka, só vá embora! Outra hora falamos sobre isso. — A ordem de Madara reverberou  com a voz de comando de um alfa e fez com que o filho se encolhesse e sentisse lágrimas escorrendo pelo seu rosto, mas ele não conseguiu se mover.

Kakashi sentiu um ódio por seu sogro fazer seu amado ficar naquele estado e teve que se controlar muito para não deixar uma aura assassina vazar, ou deixaria o ômega ainda pior.

— Sei o que está sentido, mas agora, leve-o embora de uma vez. Não vou pedir novamente — ordenou Madara, sem olhar para os dois.

— Você terá muitas explicações e um pedido de desculpas para dar por fazer Iruka ficar desse jeito — avisou Kakashi, antes de pegar o ômega em seus braços e sair dali, deixando o Uchiha sozinho e perdido em pensamentos. Em questão de minutos e sem que nenhuma palavra fosse dita, sua vida parecia ter sido virada de cabeça para baixo por uma tempestade.

 

⁜※⁜

 

Madara ainda estava no jardim, parado, olhando para o céu sem realmente enxergá-lo. Parecia ter passado horas desde a chegada do filho e sua partida, ou talvez tenha sido apenas há alguns minutos. Ele sabia que esse momento  chegaria um dia. Não havia como esconder para sempre, nem como evitar que as verdades do passado ressurgissem.

Quando Madara viu Kakashi ao lado de Iruka, viu traços que não deveriam estar ali. Viu vestígios de si em um rosto que não deveria carregá-los. Ou pensou ter visto. E Hashirama viu também.  

Ele soube.

Aquela traição que pensavam ter enterrado há tanto tempo voltou à superfície, cruel e implacável.  

— Como pôde…? — A voz de Hashirama chegou, carregada de dor, e Madara não se virou para encará-lo. Ele sentiu sua chegada, sentiu o cheiro que antes o confortava e nesse momento parecia amargo, deixando um gosto ruim em sua boca que se recusava a engolir.

— Eu não sei se é verdade, Hashirama. Mas a semelhança… está lá. Eu não consigo ignorar isso.

— Porque você ainda se lembra dele, não é? — Hashirama cuspiu, seu tom amargo. — Ainda pensa em Sakumo depois de todos esses anos? Depois de tudo o que aconteceu?

Madara fechou os olhos. Ele se lembrava de Sakumo, do toque quente, da submissão inesperada vinda do outro. Em seu relacionamento com Hashirama, Madara sempre foi aquele que se deixava levar, aquele que encontrava segurança nos braços do alfa. Mas com Sakumo… tudo foi diferente. Sakumo o desafiou, o fez se sentir dominante, o fez esquecer momentaneamente a parte de si que ansiava por Hashirama.

Naquela noite, o Senju não gritou.  

Ele apenas sorriu, um sorriso vazio, e disse:  

— Você nunca me pertenceu, não é?  

Madara não teve resposta. Não havia desculpas para o que fez. Ele cometeu um erro e tinha total consciência disso. Ele podia tentar argumentar até sua voz cansar, mas nada mudará o passado. 

Sozinho, mais uma vez, Madara voltou no tempo, as lembranças o levando ao momento em que tudo aconteceu e como ele foi ingênuo em acreditar que tudo ficaria bem, que tudo havia sido superado e esquecido, mas o destino quis que tudo voltasse e no centro estivesse seu filho, ao lado daquele que poderia ser o fruto de seus sentimentos, de um desejo que tomou conta de si. Foi um erro. Um erro que talvez tivesse gerado Kakashi.

Um erro que pensou que tinha superado, mas agora, não tinha certeza, ainda mais ao ver o marido se afastar após olhá-lo com decepção.

A sombra de Sakumo estava entre eles mais uma vez, e talvez, dessa vez, fosse o fim.

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