Enquanto Eu Não Me Esqueço

Harry Potter - J. K. Rowling
F/M
G
Enquanto Eu Não Me Esqueço
Summary
Duas mulheres dão á luz a bebes do mesmo pai, dezesseis anos mais tarde, os filhos são obrigados a viver sob o mesmo teto onde descobrem que não é só o sangue que os une
Note
Relação incestuosa entre dois meios irmãos
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Capítulo 2

Essa história começa como termina, com uma traição.
A primeira, com Tobias Snape. Um homem odioso que já me surpreende que tivesse duas mulheres interessadas nele ao mesmo tempo, mais precisamente na primavera de 1959.
Eileen Prince não era uma jovem conhecida por sua beleza sem igual ou inteligência acima da média, diferente de Mary Giordano que atraia tantos pretendentes quanto possível, esperta, bonita e prensada, como as boas esposas da época. E as duas foram enganadas.
Ao mesmo tempo que Tobias se aliviava no colo doce e apaixonado de Mary, também se aproveitava da magia e facilidades de Eileen.
Não se sabe ao certo porque Tobias preferiu Eileen, mas temos motivos para acreditar que na cabeça de um homem estúpido como aquele, a magia traria riquezas e poder, já que o pobre não tinha onde cair morto. Ou talvez a bruxa tenha feito algum feitiço para ser a preferida.
Mas não faz diferença alguma.
Tobias já estava decidido quando entrou no albergue em que os Giordano moravam naquela manhã de sábado, mesmo se afundando entre as pernas trêmulas de Mary e ouvindo promessas de amor eterno, mesmo quando a moça revelou a notícia de que sua regra estava atrasada a dois meses e andava sentindo enjoos pela manhã.
Ele sabia que ficaria com Eileen.
Mary nunca mais viu o pai de sua filha. E não pense que ela não tentou.
Procurou ajuda médica quando decidiu ficar com o bebê, procurou ajuda jurídica quando a criança nasceu e o máximo que conseguiu foi alterar o sobrenome da menina para Snape. Nenhuma visita, nenhuma carta, nenhum dinheiro.
E quando a morte chegou para Mary, dezesseis anos depois, Beatrice também não tinha nada além daquele sobrenome e uma casa para onde não queria ir.
Sentada no meio fio que dava para a rua de paralelepípedos, Beatrice esperou por longas horas sem que ninguém viesse recebê-la, quando o sino da igreja no final da rua tocou algumas vezes indicando que eram seis horas da tarde, Beatrice soube que se esperasse mais um minuto passaria a noite na rua, se levantou, limpando a poeira da saia de camurça escura.
Beatrice deu uma última olhada por cima do ombro para o cemitério onde havia acabado de enterrar a mãe, abaixou o rosto e seguiu puxando a mala pelo mesmo caminho que fizera pouco antes.
O escritório de defesa da criança era apenas uma portinha ao lado da igreja e por ela passou um homem duas vezes mais largo, se atrapalhando com as chaves da porta e do carro.
- Boa tarde, Sr. Reys.
- An? – ele deu uma breve olhada para a garota e apertou os lábios – ele não veio?
- Não senhor.
- Tá, entra no carro, vou te levar. Ele deve ter se esquecido
- Não quero te atrapalhar, se me der um endereço, posso ir sozinha.
- É só seguir o rio, fica no caminho para mim, além disso, uma moça não deve andar por aí sozinha quando já vai escurecer, não com esses hippies todos.
O Sr. Reys era um babaca, os anos 60 já haviam acabado, ninguém mais era hippie, não desses que moravam na rua e roubavam para alimentar o vício em alucinógenos.
Ele abriu a porta do Cadillac Eldorado e puxou o banco para frente, permitindo que Beatrice se sentasse no banco de trás.
- Nem acredito que você nunca conheceu seu pai – ele foi logo dizendo quando entrou no carro fazendo o veículo afundar – morando tão perto.
- Nos mudamos para cá no ano passado, quando minha mãe ficou doente.
- Ela deve ter achado que teria tempo de apresentar vocês dois. Uma pena.
Beatrice pensou que o Sr. Reys devesse fechar a boca, mas era educada demais para dizer então ficou quieta. Eu teria respondido, diria a ele para usar aquela boca grande apenas para comer a montanha que devia ter no prato todos os dias.
O coração de Beatrice estava saltando no peito, batendo tão forte que dava para ouvir acima do som do motor. Ela não queria ser aquela que culpa a mãe por ter morrido, mas só conseguia pensar que aquele era um destino pior que a morte.
Tobias Snape não era o pai dela, ele não a conhecia, não a queria, escolheu sua família mais de uma década antes e isso não mudaria por uma fatalidade.
Sr. Reys fez uma curva depois de um longo tempo seguindo o rio, e parou em frente a uma casa sem quintal na zona industrial, não tinha beleza, luxo e em breve ela descobriria que não tinha amor.
- Vou esperar aqui, me avise se tiver algo errado.
- Obrigada.
- Boa sorte, Srta. Snape.
- É Giordano.
Beatrice saiu do carro carregando sua mala pesada, deu a volta e subiu os poucos degraus da entrada. Bateu duas vezes e aguardou, ouviu passos que a deixaram mais apreensiva, trocando o pé de apoio a cada segunda. A porta abriu e Beatrice percebeu que não era bem-vinda na mesma hora.
- O que quer? – a mulher disse com a voz ríspida.
- Sou Beatrice Giordano. O governo me mandou para morar com meu... – ela engoliu a palavra, não havia ensaiado essa parte em voz alta.
A mulher deu passos pesados para uma porta na lateral, Beatrice espiou naquela direção e viu um corpo jogado na cama ainda calçado.
- Levanta a garota está aqui – ele resmungou algo ininteligível – ah, sempre tenho que resolver seus problemas – a mulher voltou com as mãos nas cinturas – vai ficar aí parada?
Beatrice tinha um coração doce, ela se virou para fora e sorriu, acenando para o Sr. Reys, dizendo a ele que nada estava errado. Uma grande mentirosa.
Ela entrou em uma sala empoeirada, a pequena areira apagada abrigava um gato branco, sujo de cinzas, ela sorriu ao ver o bichano.
- Sabe cozinhar?
- Sei sim.
- Lavar, passar, varrer?
- Minha mãe me ensinou tudo isso.
- Ótimo porque aqui já faço por três.
Beatrice não tinha pensado no irmão que nunca conheceu, apesar de saber que ele existia.
- Não terá que fazer nada por mim, senhora.
- Assim espero – Eileen sacou sua varinha, algo novo para Beatrice, apenas para dizer a garota que as coisas naquela casa funcionavam de um jeito diferente – e nada de barulho enquanto dormimos.
Com um movimento rápido de sua varinha de condão, Eillen fechou a porta, Beatrice pensou que seus olhos a estavam traindo, foi um dia cheio. Ela andou pela casa, havia uma pequena cozinha a esquerda e um banheiro no final dessa, á direita duas portas, uma onde Eileen entrou e outra que estava trancada, a mulher não disse onde Beatrice dormiria ou onde encontrar cobertores, apenas "nada de barulho".
Beatrice se sentou ao lado da lareira apagada, o gato miou em resposta.
- Olá, eu sou a Beatrice – disse acariciando a cabeça do bichano – acho que você vai ser meu único amigo nessa casa, por favor, não canse de mim.
Talvez, se Beatrice tivesse olhado o retrato sobre a lareira, veria conforto nos olhos castanhos do meio irmão.

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