
I||Prólogo
O Sr. e a Sra. Dursley não tinham ideia do que estavam se metendo ao se deitar na cama naquele dia. Mesmo depois de terem passado por diversas situações contendo pessoas estranhas com crenças estranhas, aindam se prendiam no fato que eles haviam os deixado e estavam contentes com isso. Porém nenhum dos dois imaginavam que um homem de vestes longas e botas de salto caminhava lentamente ao gato inexpressivo em frente à sua casa.
O Homem carregava consigo um semblante misterioso. O que não se deixou passar pelo felino. Cada passo que dava, escutava o salto batendo no chão com impaciência. Seus cabelos longos e prateados encontravam-se descuidados, talvez devido a situação atual que era no mínimo estressante.
— Sempre pontual, eu devia imaginar de uma ser como você Profa. McGonagall.
Os seus olhos pequenos e cinzentos se encontraram com os esbugalhados e verdes do animal, este que o olhava com desdém. E assim ficaram por alguns minutos até que uma mulher aparecera no lugar do gato. Empurrou os seus óculos quadrados e ajeitou as suas vestes antes de soltar um longo suspiro e encarar a rua à sua esquerda.
— Nunca irei entender você, francamente... — Abaixou a cabeça e a balançou em negação — Temo que tudo isso não passa de um engano estúpido.
— Minha cara professora, não precisamos de seu entendimento ou de suas broncas. E sim seus feitos— Disse inexpressivo — Os observou como mandado?
— Que baboseira Albus, realmente irá continuar com esta postura? — O perguntou, porém depois de alguns segundos resolveu responder: — Sim, sim. Totalmente trouxas. Abominam qualquer personificação da magia. Os vi conversando sobre... sobre Lílian Potter.
Ainda não acreditara no acontecimento que houve na madrugada. Não importa quantas vezes o Profeta Diário dizia esta informação com fatos e fotos, era doloroso imaginar o rosto de dois de seus melhores alunos estavam... mortos. Era um balde de água fria toda vez que proferia tais nomes, não queria se lembrar. E este momento não foi uma exceção.
— Então é verdade? — Perguntou depois de um momento, limpou as lágrimas que se opuseram a sair e encarou os olhos cobertos por uma névoa má — Você teve coragem para fazer isso?
— A questão não é se eu tive ou não tive coragem para fazer tal ato. E sim o que viria se não tivesse feito — Disse calmamente, como se naquele momento não falava com uma mulher adulta e importante, e sim com uma criança que não entendia que tinha que guardar os seus brinquedos após brincar — Creio que não tenha conhecimento total sobre tamanho poder que aquela criança carrega.
" Um poder que a luz expulsou de seus domínios e continuará expulsando. Se o colocarmos com aqueles seres, tenho certeza que seus feitos serão manipulados para o caminho das trevas, e não arriscaremos a nossa população por causa de uma criatura obscura. Minha cara, sou o atual Lord da Luz, mesmo não tendo o total respeito do ministério, eles não poderão fazer nada sem o meu consentimento. Sei que tem total noção que o mundo bruxo está em minhas mãos e que não deixarei escapar. Então se o primeiro passo para garantir que meus 110 anos não sejam em vão, é eliminar Os Senhores Potter, eu farei com louvor"
Ela o encarava pasma. Desacreditada. Não o reconhecia, não o conhecia. Como tivera a indecência de cometer tal ato de crueldade mesmo que tenha sido pelo bem maior. Condenar a vida inocente de uma pobre criança em nome de seu próprio nariz, era detestável. Os Potter, os potter que conheciam não mereciam este castigo que foram destinados.
Não conseguiu lutar mas contra a vontade de se manter firme e se permitiu desabar em lágrimas silenciosas. Pôs a mão em sua boca enquanto a outra abraçava a sua cintura. Não podia fazer barulho, tinha plena consciência disso, mas não podia se robotizar para sempre.
Permanecera assim até que um ronco fora ouvido nos céus.
Uma motocicleta enorme fora se revelando lá no alto, junto com um homem que com certeza era trinta vezes maior que o veículo que pilotava. À medida que ia descendo e sendo estacionada, McGonagall diminuía seu choro e limpava as suas lágrimas.
O gigante descera de sua moto voadora carregando um cestinho consigo. Era nítido ver linhas cristalinas e um nariz avermelhado enquanto olhava para o conteúdo na cesta em seus braços.
— Prof. Dumbledore — Disse com uma voz embargada enquanto abaixava a cabeça numa espécie de reverência.
— Trouxe o garoto?
— Ah?... Ah... sim... sim, eu o trouxe... aqui... aqui está... — Passou a mão em seu rosto antes de entregar a cesta para o mais baixo, revelando o seu conteúdo. Um bebê de ao menos 1 ano de idade se encontrava dormindo docemente, com pequenas mechas de cabelos negros e uma cicatriz em sua testa como se fosse vários raios em uma confusão. — Ainda não consigo acreditar que Você-Sabe-Quem matou os Potter. Oh! Coitadinho, não merecia perder pessoas incríveis tão cedo.
McGonagall se espantou com o que o colega lhe disse. Olhou para Dumbledore esperando uma explicação, porém o homem encarava a criança indiferente. Decidiu tirar as suas próprias conclusões. Hagrid então não fazia ideia do que estava acontecendo. Não é de se admirar que não tenham lhe contado a verdade devido ao seu histórico, porém não engoliu que Albus não teve coragem para dar as caras.
— Um destino cruel, eu sei. Lílian e James Potter eram realmente apreciados pela comunidade bruxa, é uma pena que tenham levado esse fim.
Mentiroso.
— Agora o pequeno Harry terá uma nova família que o ame e o acolha, mesmo sem os pais não se sentirá sozinho.
Mentiras e mais mentiras.
— E como ele saberá sobre o seu passado Professor? Como saberá de seu pais e seu grande poder.
Se as duas últimas palavras o atingiram, Dumbledore não se deixou transparecer antes de responder:
— Não se preocupe, Hagrid. Escrevi-lhe uma carta para que leia quando crescer, quanto ao seu poder — Deu uma pausa — Hogwarts irá o acolher, saiba disto.
— Se o senhor diz...— Se manteve inquieto por um momento antes de perguntar: — Será que poderia me despedir?
Albus pareceu ponderar um pouco, porém permitiu e lhe entregou novamente o garoto junto com uma carta em seu cesto. Hagrid soluçou quando segurou o menino, balbuciou palavras como"Coitadinho", "Oh Lílian" e "Que Destino". O viu colocar a cesta cuidadosamente em frente à casa dos Dursley e se retirou devagar.
Deram um comprimento silencioso e se viraram para se retirar. Após Hagrid partir com sua motocicleta, Albus deu uma última olhada em McGonagall antes de se retirar e devolver as luzes para os postes da rua.
A mulher encarava a cesta apreensiva. Sabia que não podia fazer nada. Apenas desejar que esta criança viva em paz.
— Que Merlin o proteja e que os céus lhe guiem.
E se retirou.
1, 2... 5 minutos se passaram antes de uma sombra encapuzada sair dos arbustos. Caminhara lentamente, observando ao redor, procurando o lugar certo. Infelizmente batera de cara com uma porta que não continha nada. Suspirou derrotado, o feitiço dera errado.
Virou-se quando de repente um choro foi ouvido. Ficou paralisado, balançou a sua cabeça para todos os lados procurando o causador daquele som. Até que viu bracinhos gordinhos se mexendo enquanto algumas flores ao seu lado murcharam. Correu desesperado.
Se agachou em uma certa tremedeira perto do garoto. O encarou achando que se piscasse iria perdê-lo de vista, e com certeza não queria isso. Ia se aproximar quando sentiu uma queimadura aumentando cada vez mais que estivesse perto de seu bracinho. Bufou irritado.
É claro, não iria ser tão fácil assim.
Derrotado, cantarolou uma música baixinho na intenção de o fazer dormir de volta. Não aguentava ver um ser inocente chorando por não ter sua mãe para lhe acalma. Assim que viu que estava ficando mais calmo e voltava a dormir, deu um suspiro de alívio e um sorrisinho singelo.
Igual ao pai.
Sabendo que não teria muito tempo, pegou a carta com cuidado para não se encostarem e a amassou com desprezo. E no seu lugar colocou outra. A carta que os salvará.
O olhou pela última vez e desejou que tudo isso fosse diferente.
— Volto para te buscar... pequeno Prongs.