Obscurité - Ano I

Harry Potter - J. K. Rowling
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Obscurité - Ano I
Summary
Desde que nascera, ou fora jogado em uma porta qualquer, o garoto de cicatriz nunca entendeu o porquê tem de ser grato. Grato por dormir em uma escada empoeirada? Grato por todo santo dia ser olhado que nem uma aberração? Ou grato por saber que tinha um poder e que foi manipulado esse tempo todo?Harry Potter tinha certeza que era uma peça de um jogo e não gostava nada disso. Após ler a tal carta que puseram em seu cesto quando era bebê, jurou que iria fazer o mundo temer o seu nome.
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II||A Carta do Sotão

Há dez anos que Harry Potter sabia que não era um garoto completamente normal. Seja pelas coisas sem sentido que aconteciam ao seu redor — quando o seu cabelo crescia magicamente depois de ser literalmente raspado, ou quando um simples macacão diminuía apenas porque ele não queria usar — ou seja pela a raiva indescritível que aumentava em seu peito de formas assustadoras.

Talvez seja por causa de sua infância-não-muito-feliz. Só podia ser isso. Há dez anos fora abandonado na casa de seus tios sem uma explicação. Sem nenhum tipo de carta. E esse é um fato que vem o perseguindo por todo esse tempo.

Porém nada parece justificar a estranha sensação que se acumula em sua barriga toda vez que alguém o chateia. Estava começando a ficar preocupado.

Aquela manhã fora como todas as outras. Sendo acordado com a voz aguda e estridente de Dona Petúnia.

— Vamos! Levante-se! Acorde!

Deu-lhe socos na portinhola branca debaixo da escada, fazendo com que Harry a xingasse baixinho e avisa-lá que já estava indo. Calçou suas meias desgastadas sem se importar com as aranhas que procuravam moradia, seriam esmagadas quando pisasse. Ajeitou os seus óculos remendados por fitas devido aos socos que seu primo Duda lhe dava e saiu de lá, dando de cara com uma espátula e uma tia raivosa.

— Ora, se apresse! Trate de não queimar os bacons que o Dudinha come! — E lhe deu o utensílio antes de apanhar o jornal que chegara.

Revirou os olhos

— Ai que o Dudinha isso, aí que o Dudinha aquilo! — Disse enquanto mexia os bacons. Tentou o seu máximo para não queimar o alimento de propósito, porém já tinha ficado alguns dias sem comer nada e precisava muito de um pão agora.

Passos pesados foram ouvidos descendo a escada. Era o Sr. Dursley. Encontrou-se com Petúnia no pé da escada e lhe deu uma beijo de bom dia, pegou o jornal e dirigiu um olhar de desgosto à Harry quando chegou à cozinha.

— Petúnia, querida, já pegara os presentes de Duda? — Disse enquanto abria o jornal e tomava uma xícara de café. Harry desejou que estivesse envenenada.

— Sim, sim! Ho ho, Dudinha ficará bastante feliz.

Ah, sim, o aniversário. Duda faria 11 anos e iria fazer um passeio no zoológico com o seu amigo magricela. Gemeu só de pensar nas lembranças que vivenciou com os dois. Recolheu os bacons e os colocou na mesa, se sentando logo em seguida. Comeu o mais rápido que pode, não gostaria que Dudley roubasse novamente.

Olhou para a sala ao seu lado e notou uma montanha de presentes onde costumava ficar a árvore de natal. Nunca entendeu para quê tantos presentes, sendo que sempre parariam no segundo quarto, abandonados e quebrados após 2 dias de uso.

Dudley Dursley, muitas vezes chamado de Duda, era o seu primo. Um garoto igual ao seu pai: acima do peso, pescoço invisível e olhos pequenos azuis cheios de maldade. Sua pele era rosada e não combinava com os seus cabelos loiros. Harry o achava extremamente parecido com um porco de peruca.

Duda desceu – ou correu pelas escadas animado. Entrou na cozinha já procurando os presentes sem nem se preocupar em dar um bom dia aos seus pais. Quando viu a montanha, aprontou-se logo a contar.

— 32, 33… 36— Virou para os seus pais vermelho de raiva — Trinta e seis! Está faltando dois presentes! Eu quero os meus presentes agora!

— Oh, é porque você não notou o presente de tia Guida — Apanhou um pequeno pacotinho sob uma caixa gigante.

Duda pareceu ponderar um pouco, porém se frustrou novamente.

— Ainda faltará um! Eu quero mais dois! — Bateu-se com o pé no chão.

— Está bem pestinha, terá seus dois restantes — Riu o Sr. Dursley que ainda lia o jornal diante toda aquela discussão.

Duda, satisfeito, sentou-se na mesa e começou a comer, falando de boca cheia sobre os animais que veria no zoológico. De repente o telefone tocou, fazendo com que Petúnia se levantasse e o entendesse. Uma expressão enojada se apossou em seu rosto.

— Más notícias Válter. A Sra. Figg fraturou a perna, não poderá ficar com Harry.

Harry levantou o seu olhar com esperança. Todo ano ficava com a velha maluca com cheiro de repolho e péssimas habilidades de culinária da Sra. Figg , enquanto os Dursley se aventuravam em lugares legais.

— E agora? — Perguntou Petúnia desgostosa — Não podemos deixá-lo sozinho, sabe lá o que essezinho aprontará.

Harry não ligava para a Sra. Figg naquele momento, o que o estranhou mas deixou passar, observava a discussão torcendo para que o deixassem sozinho na casa. Definitivamente não gostaria de ir a este passeio horroroso. Duda não é alguém que imaginaria ser um bom companheiro.

— Guida está disponível? — Indagou Válter, finalmente fechando o jornal e cruzando os seu braços com raiva.

— Oras Válter, não a incomodaremos, sabemos que ela o detesta.

— E aquela sua amiga? Ivone, estou certo?

— Está de férias em Majorcas — Limpou o telefone antes de o posicionar em sua caixinha.

O Sr. Dursley alisou os seus bigodes, enquanto murmurava feroz os seus pensamentos. Olhou para Duda que encarava a discussão aflito, desejando que Harry não estragasse o seu aniversário. Por fim, bufou irritado.

— O deixaremos aqui. — Disse derrotado. Encarou Harry com um brilho maldoso em seus olhos — Mas se nós percebemos alguma coisa fora do lugar, sairá de seu quarto apenas no Natal! Entendeu seu merdinha?!

— Válter, têm certeza? — Perguntou Petúnia apreensiva

— Sim, sim. Não o levarei para estragar o dia do meu bebê, definitivamente não! Mas estou lhe avisando moleque, mexa em algo e eu serei preso!

Harry nunca ficara tão feliz em sua vida. Se controlou para não pular da mesa de tamanha felicidade. Assentiu várias vezes animado, sem se importar se estava sendo estranho.

Naquele momento escutaram a campainha tocar. A Sra. Dursley tirou o seu avental e arrumou as suas vestes.

— Oh! Como vão? Vamos, entrem!

Pedro Polkiss era um garoto magricela com os dentes da frente maiores, olhos esbugalhados e cabelo espetado. Ele entrara junto à sua mãe, esta que iniciara uma conversa fofoqueira imediatamente. O garoto logo chegou até Dudley, os dois começaram a dar risadas maldosas enquanto olhavam para Harry. Desejou estrangulá-los.

Meia hora depois, Harry fora abandonado naquela casa depois de infinitas ameaças vindas de Válter e um puxão de orelha. Pulou no sofá animado, pegou o controle da Tv e procurou alguns canais para assistir enquanto comia um sanduíche que fizera.

Pouco tempo depois, estava no quintal brincando com o balanço de Duda, achava entediante ficar se balançando e ao mesmo tempo ficar enjoado. Mas gostava da sensação de como se estivesse voando e sentir o vento no seu rosto. Da última vez que mencionara sobre um sonho de uma motocicleta-voadora, viu o Sr. Dursley ficar da cor de seu suéter — que era uma vermelho muito feio por sinal — e se irromper em inúmeros xingamentos.

Desde então sabia que não poderia compartilhar certas coisas com os Dursley.

 

Harry não sabia o que fazer. Já tinha feito várias coisas. Pulara no sofá, assistira canais na Tv, imitara os Dursley e se interrogara por causa de seus planos diabólicos. Porém existia um lugar e Harry ainda não tinha ido: O segundo andar.

Nunca o deixaram ir para a outra parte da casa, afinal era onde eles dormiam, não permitiriam um desgosto que nem ele conhecer seus confortos. Desde então Harry se sentiu curioso com o que havia em cima, e decidiu explorar por si mesmo.

Subiu as escadas curioso. Pensando com o que encontraria além de objetos de Duda ou rituais para azarar Harry. Deu de cara com um corredor de dar calafrios, porém não o ocorreu. Encarou as 5 portas do local, 2 em cada parede e 1 no final do corredor.

Deduziu que 3 dali seriam o quarto de Duda, dos Dursley e o Banheiro. Outro provavelmente o lugar onde os brinquedos injustiçados eram guardados. E o último, talvez o quarto de hóspedes. Quando achou que não era nada de mais, levantou ou seus olhos e viu algo no teto. Algo não. Um sotão.

Um sorriso travesso se iluminou no rosto de Harry, que logo tardou a tentar abrir. Depois de algumas tentativas falhas, pegara um banquinho que continha no banheiro e usou para aumentar a sua altura. Se esticara mais e mais, até que conseguira alcançar uma espécie de maçaneta e a empurrou com toda a sua força para cima.

Viu que tinha uma escada e a puxou, subindo em seguida. Como ainda era de tarde, não estava muito escuro, então conseguira enxergar o local.

O primeiro pensamente que teve foi: A quantos anos eles não limpam este lugar?

O cheiro de mofo e as partículas de sujeira estavam impregnados no sotão. Harry franziu o nariz diante daquela bagunça e poeira. Sentiu a necessidade de espirrar e não aguentou. Rinite.

Havia muitos itens antigos e destroçados ali dentro, com certeza não era comparado ao quarto secundário de Duda, aquilo era definitivamente medonho.Se deparou com uma enorme roca de fiar destruída pelos cupins; com um tapete mofado e rasgado; um albúns de fotos desgastados; uma caixa bastante suspeita e muito lacrada; vestidos de anos atrás e…

Parou de repente e virou-se. Uma caixa suspeita e lacrada? A pegou curioso e a sacudiu. Não era nem um pouco pesado, na verdade era bem leve, e parecia que continha uma espécie de pena ou papel. Por que trancariam um papel idiota? Indagou-se

Abriu a caixa aflito, sendo cada vez mais devorado pela sua curiosidade. Viu um papel que se um dia fora branco, agora estava manchado e coberto por uma camada grossa de poeira. A limpou. A leu. E se assustou com que estava escrito em uma letra elegante.

Harry James Potter
Afilhado de Sirius Órion Black-Lupin.

O seu mundo desabou. Seu nome estava escrito ali. Junto com outro que dizia ser seu padrinho.

— Oque… pensa… fazendo… saia… ámario… AGORA! — Irrompeu a voz raivosa de Tio Válter antes de tomar a carta das mãos de Harry.

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