Fantasmas

Harry Potter - J. K. Rowling
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Fantasmas
Summary
Em "Fantasmas", o destino tece uma trama intricada que une Narcisa e Lucius Malfoy em uma jornada de redenção, perdão e amor incondicional.Após uma década de separação, Narcisa e Lucius Malfoy são obrigados a se reunir em razão da morte trágica de seu filho Draco, renegado herdeiro da família, e de sua nora Hermione, quem Lucius nunca aceitou.O reencontro traz à tona emoções enterradas e segredos guardados, pois ao escolher o filho sobre o próprio marido, Narcisa selou o divórcio não oficial com o marido.Agora, forçados a encarar a realidade que o filho um dia tão esperado faleceu precocemente Lucius e Narcisa confrontam não apenas suas diferenças passadas, mas também os fantasmas do presente. Enquanto lutam para reconciliar o passado e enfrentar os desafios do presente, descobrem que o amor que um dia compartilham ainda queima tão forte quanto antes.Entre as tensões familiares e as memórias de um passado doloroso, Narcisa e Lucius encontram uma segunda chance para reconstruir sua família dilacerada. Afinal “En esta casa no existen fantasmas, Son puros recuerdos de tiempos ajenos”
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Capítulo VI

Y aunque te lleve en la sangre

Me duele sentirte tan lejos

Destellas el cielo

Y ahora te celebro

 

 

À medida que os dias passaram, Lucius e eu mergulhamos de cabeça em nossas novas responsabilidades como cuidadores de Rose e Scorpius. Juntos, apesar do passado que dividimos, nos esforçamos para criar um ambiente seguro e amoroso para as crianças.

Lucius tem me surpreendido desde àquela manhã no escritório de Draco, ao mostrar uma dedicação surpreendente ao cuidar de Scorpius, seguindo-o em aventuras pelo jardim, ensinando-o legado da família Malfoy quando achava que eu não estava ouvindo e construindo castelos de areia na praia como agora.

Enquanto observava Lucius brincar na praia com Scorpius e Rose, não pude deixar de sorrir constatando o quão diferente ele parecia nesse ambiente inusitado. Ali estava ele, um homem que uma vez foi o epítome da rigidez e da formalidade, agora de bermuda, construindo castelos de areia e rindo com os netos mestiços.

Nem em meus sonhos mais loucos tal visão me ocorreu, mas confesso que meu coração aquece cada vez mais que observo o desenrolar da edificação daqueles castelos de areia.

Nunca imaginaria vê-lo assim, tão descontraído e envolvido nas brincadeiras das crianças. Era como se ele tivesse encontrado uma nova faceta de si, uma que eu nunca havia visto antes e uma pequena parte de mim fica resignada por Draco nunca ter tido isso.

Por que ele não fez isso antes? Seria o amor pelos netos, ou talvez o desejo genuíno de reconectar-se com o que restou de nossa família? Talvez, simplesmente, o tempo, suavizando as arestas de sua personalidade, permitindo que ele se permitisse ser mais vulnerável e aberto?

Independentemente do motivo, tentei não pensar no calor reconfortante em meu coração ao ver Lucius tão feliz e envolvido com as crianças.

Contudo, uma mulher ruiva se aproximou de mim, o que chamou minha atenção, fazendo com que eu desviasse o olhar de Lucius e das crianças.

_São a sua família? –Indagou a ruiva com um sorriso gentil.

Ainda surpresa com a intromissão repentina, aceno com a cabeça e logo acrescento:

_O arquiteto de meia tigela é meu ex-marido, e as crianças são nossos netos.

Mesmo que oficialmente ainda fosse casada com Lucius e me apresentar como divorciada há uma década, pela primeira vez em muito tempo senti uma pontada de desconforto ao chamá-lo de ex-marido. No entanto, mantive uma expressão tranquila, pois essa desconhecida não precisa saber mais do que o necessário.

A ruiva assentiu com compreensão, parecendo interessada e eu estava começando a me sentir desconfortável.

_Eles parecem estar se divertindo muito juntos. –Ela comentou, observando Lucius e as crianças construindo castelos de areia mais adiante na praia, porém o olhar que ela dirigia a Lucius me deixava ligeiramente incomodada.

Concordei com um manear de cabeça, um sorriso suave tocando meus lábios, ao mesmo tempo, em que acrescentava:

_Sim, eles realmente estão. É bom vê-los tão felizes juntos.

_Você tem uma família linda. –A ruiva disse fazendo com que eu fitasse seus olhos verde-esmeralda.

Ao ouvir o elogio dela, vacilei por um momento. Um turbilhão de emoções me envolveu enquanto processava o comentário. Por um instante, me vi dividida entre o desejo de agradecer à mulher e a sensação de desconforto que a ideia de "família" despertou em mim.

Recompondo-me, lhe dirigi um sorriso grato, mas ligeiramente contido.

_Obrigada. Sim, eles são preciosos para mim. –Agradeci em uma mistura de orgulho e nostalgia, mas também uma ponta de melancolia.

Antes que a conversa estranha pudesse prolongar, a ruiva se despediu, me deixando sozinha, perdida em meus pensamentos e sentimentos conflitantes. Contudo, uma única certeza, no final das contas, Lucius, Rose e Scorpius foram o que me restaram, mas isso não os faz menos do que são, pois são minha família e família, tanto para os Black quanto para os Malfoy, é tudo.

Assim, à medida que os dias se transformavam em semanas e as semanas se transformavam em meses, Lucius e eu descobrimos uma nova dinâmica em nossa relação, uma baseada no respeito mútuo, na confiança e no compromisso compartilhado de criar um futuro brilhante para nossos netos.

Nos dedicamos cada vez mais aos cuidados das crianças, nos evitando eventualmente a ponto dele sair para tratar de negócios enquanto as crianças estavam para a escola. No entanto, isso não nos impediu de nos envolver em atividades cotidianas, desde ajudar com o dever de casa até brincar no jardim ou preparar refeições juntos.

Odeio admitir, mas parece que, lentamente, o espaço entre nós parece diminuir, substituído por uma nova dinâmica de companheirismo e cooperação. Talvez, possamos ser uma família de verdade dessa vez, não nos amando, mas amando as crianças envolvidas mais do que a nós mesmos e, principalmente, mais do que qualquer crença idiota de pureza.

E foi com esse pensamento que adormeci.

Contudo, sendo mãe mais da metade da minha vida e dormindo por meses a fio no quartel-general de um bando de lunáticos me deixaram com o sono extremamente leve e foi assim que ouvi múrmuros que me fizeram levantar.

Não perdi em tempo em pegar minha varinha e levantar da cama, sair do quarto silenciosamente e identificar a origem do ruído que se provou ser o quarto de Rose, onde a encontrei sentada na cama, os olhos cinzentos cheios de lágrimas e o rosto contorcido pela angústia do que presumir ser um pesadelo, já que executei um rápido feitiço em busca de invasores e a casa permanecia selada e com apenas nós quatro em seu interior.

_Mamãe... Papai... –Murmurou ela, sua voz fraca e trêmula ecoando pelo quarto escuro e isso foi o bastante para fazer meu coração afundar em meu peito.

_Estou aqui, meu amor. –Sussurrei, envolvendo ela em meus braços –Está tudo bem, a vovó está aqui. Você teve um pesadelo, mas agora está segura.

Repeti mais uma série de palavras reconfortantes na intenção de acalmar o coração aflito de minha neta e não demorou para que ela se aconchegasse em meus braços e derramasse suas lágrimas e isso só me fez a apertar ainda mais contra mim.

Abracei Rose com ternura, já não sabendo se estava acalmando a ela ou a mim, pois engoli em seco a medida que minha visão também embaçava, porém, me recusei a chorar, aquele era o momento de cuidar de minha neta.

No entanto, enquanto acaricio seus cachos selvagens, a sensação de angústia me envolve cada vez mais, lembrando-me dolorosamente da ausência de Draco e Hermione.

Ah, como eu queria que os dois estivessem aqui para consolar sua amada garotinha.

Então senti uma presença próxima e, ao olhar para a porta, encontrei os olhos cinzentos de Lucius fixos em nós duas. Por um momento, houve um silêncio pesado entre nós, quebrado apenas por eventuais soluços de Rose.

Ao vê-lo ali, completamente imóvel, apenas nos observando, senti meu coração apertar ainda mais. Por mais complicados que fossem meus sentimentos em relação a ele, havia algo reconfortante em sua presença nesse momento.

Pergunto-me se ele também sente a falta de Draco da mesma forma que eu.

Sentindo minha visão nublar ainda mais, recuso-me a deixar com que as lágrimas me escapem e em razão disso lhe dirijo um olhar suplicante, implorando silenciosamente, por sua presença ao nosso lado nesse momento de aflição.

Senti um turbilhão de emoções dentro de mim, incerta se ele seria ainda era capaz de entender nossa esquecida linguagem não verbal e, ainda mais, se ele atenderia ao meu pedido silencioso ou se permaneceria distante.

O tempo parece se arrastar enquanto o espero, assim como se arrastou nos últimos anos. Então, temi que ele não viesse, da mesma forma que não veio há uma década.

No entanto, após um instante que parecia uma eternidade, eu vi um movimento sutil em minha direção. Lucius, finalmente, quebrou a distância que nos separava e se aproximou com cuidado.

Com uma gentileza surpreendente, Lucius se juntou a nós, envolvendo Rose em um abraço reconfortante.

Instantaneamente, senti um misto de alívio e gratidão ao vê-lo confortar nossa neta, de uma forma que ele nunca foi capaz de fazer com nosso filho.

Não sei ao certo quanto tempo passou até que Rose se acalmasse, mas quando ela o fez ela nos olhou com seus lindos olhos cinzentos cheios de tristeza e vulnerabilidade, segurando o cobertor com força enquanto murmurava timidamente:

_Vovó, vovô... vocês podem ficar só por essa noite?

Seu pedido era tão suave que parecia quase perdido no ar, mas o peso da tristeza em sua voz era inconfundível. Senti meu coração se apertar com a vulnerabilidade de Rose, enquanto Lucius olhava para ela com uma expressão suave, compreendendo o desejo de nossa neta.

Fitei Lucius, procurando uma confirmação silenciosa, e então ao vê-lo assentir minimamente, sorri gentilmente para Rose.

_É claro, querida. –Falei enquanto colocava um cacho castanho atrás de sua orelha –Vamos todos dormir juntos esta noite.

Lucius assentiu em silêncio, um gesto de apoio silencioso e logo nós dois nos aconchegamos na cama de Rose com ela no meio e a envolvendo em um abraço reconfortante.

Na tarde seguinte, a tranquilidade envolvia a casa, um grande contraste com a noite sombria que tivemos. Disposta a banir os pensamentos que certamente me levariam a um lugar sombrio em minha mente, desviei o olhar para Lucius que parecia bastante fascinado com o quebra-cabeça que Rose e Scorpius o apresentaram há alguns minutos.

De repente, ouço a campainha ecoar pelo ambiente, franzi levemente o cenho, pois não esperando por visitas naquele momento do dia. Lucius olhou para mim e fez menção de se levantar, mas eu não queria atrapalhar o tempo dele com as crianças e acenei sutilmente em negação.

Ao abrir a porta, fui surpreendida ao encontrar Andrômeda, cujos cachos castanhos encontravam-se presos em um coque, acompanhada pelo pequeno Ted, cujos cabelos azuis mudaram para loiro assim que me viu.

_Andrômeda! Ted! Que surpresa agradável! –Exclamei, abraçando-os calorosamente enquanto os convidava a entrar.

Andrômeda sorriu, enquanto nos abraçamos, ao mesmo tempo, Ted corria em direção as crianças.

_Faz tanto tempo que não me manda uma coruja que fiquei preocupada. –Andrômeda comentou com um sorriso no rosto, porém percebi o exato momento em que seu sorriso desvaneceu ligeiramente quando seus olhos caíram sobre Lucius, que ainda estava no chão com as crianças.

_Agora, acho que posso entender seu sumiço. –Murmurou Andrômeda, sua voz soando incerta enquanto me dirigia um olhar questionador que ignorei, portanto, ela não teve alternativas a não ser reconhecer o avô de meus netos –Lucius...

Conhecendo-o tão bem, soube que ele havia ouvido o murmuro dela, pois sua expressão tornou-se tensa por um momento, mas ele recuperou rapidamente a compostura, levantando-se para cumprimentá-la.

_Andrômeda, que prazer vê-la. –Disse ele, sua voz polida, embora houvesse uma nota de desconforto em sua expressão.

Andrômeda ergueu a sobrancelha direita como se duvidasse de suas palavras e então voltou seus olhos castanhos, uma inconsistência na família Black – em minha direção, cheios de perguntas não ditas.

Senti a tensão no ar e lancei um olhar significativo para Andrômeda, antes de explicar sucintamente:

_Lucius decidiu passar mais tempo conosco aqui na França. –Expliquei, escolhendo minhas palavras com cuidado.

Andrômeda assentiu, embora ainda parecesse um pouco desconcertada com a presença de Lucius ali.

O estranhamento inicial passou a medida que a tarde avançava, Ted se juntou a Lucius e as crianças e magicamente fiz um chá aparecer para Andrômeda e eu.

Isso até que minha irmã me puxou delicadamente pelo braço, conduzindo-me até a acolhedora cozinha iluminada por uma luz suave. Seus olhos cor de mel carregavam uma expressão de curiosidade misturada com preocupação e fui inevitavelmente transportada para décadas atrás, quando éramos apenas as irmãs Black compartilhando aventuras e travessuras.

_Narcisa... –Começou Andrômeda cuidadosamente, sua voz suave contrastando com a seriedade de suas palavras –Como estão as coisas entre você e Lucius?

Suspirei, sentindo o peso da questão sobre meus ombros.

_É complicado, Andrômeda. –Confessei, ao mesmo tempo, em que passava a mão em meus cabelos e rapidamente me repreendi mentalmente por demonstrar nervosismo –Nós... estamos nos entendendo, aos poucos.

Andrômeda assentiu compreensivamente, ao mesmo tempo, em que me lançou um olhar solidário.

_Eu entendo, Cissy. –Disse ela suavemente –Mas tenha cuidado. Você melhor do que ninguém sabe como ele pode ser.

Assenti relutante, sentindo um nó se formar em minha garganta.

_Eu sei, Andrômeda. -Murmurei, desviando o olhar para o chão. –Mas eu sinto que devo tentar, por Rose e Scorpius. Quando dormimos ontem a noite...

Antes que eu pudesse concluir minha sentença, ouço Andrômeda engasgar audivelmente e a encaro imediatamente bem a tempo de ver o rubor surgir no rosto de minha irmã mais velha e mal percebo que estou rindo até ouvir minha própria risadinha.

_Ah, Andrômeda, você fica tão fofa quando fica corada –Provoquei sei conseguir resistir.

Andrômeda arregalou os olhos enquanto balbuciava:

_Vo-cês...? Mas...? Ah Merlin...

_Rose teve um pesadelo e pediu para que nós dois dormíssemos com ela essa madrugada, não precisa desesperar, Andy. –Eu a apaziguei.

_Oh, pelo amor de Merlin, Narcisa! Você quase me deu um ataque cardíaco! –Exclamou ela, visivelmente aliviada ao entender o mal-entendido –Não me assuste assim!

Não resisti e ri, balançando a cabeça.

_Desculpe, desculpe! Eu não resisti. –Justifiquei, ainda me divertindo com a situação.

Andrômeda soltou um suspiro de alívio e me dirigiu um olhar repreendedor que assustadoramente lembrou-me de nossa finada mãe, Druella Black, nascida Rosier.

_Bem, da próxima vez, por favor, escolha palavras menos assustadoras para começar uma conversa. -Disse ela, com um sorriso e nós duas rimos.

Contudo, ela parou de rir e me fitou, com uma expressão séria e preocupada.

_Narcisa, eu sei que você está tentando reconciliar as coisas com Lucius, mas lembre-se de proteger seu coração. –Disse ela, com a voz carregada de preocupação, em um tom quase maternal –Ele já te magoou uma vez, e eu não quero ver você passar por isso novamente.

Assenti, compreendendo a gravidade das palavras de minha irmã.

_Eu sei, Andrômeda. -Respondi com um suspiro.

Andrômeda colocou uma mão gentil sobre meu braço, transmitindo conforto.

_Eu entendo, Cissy. –Disse ela suavemente –Mas lembre-se de que você é forte, e merece alguém que a faça feliz, não alguém que a machuque.

Assenti e por mais que eu agradeça seu apoio.

_Eu vou lembrar disso, Andy. –Prometi, determinada a proteger meu coração, custe o que custar –E obrigada por estar aqui por mim.

_Estarei aqui para você, não importa o que aconteça. –Disse ela com a gentileza, pela qual sempre foi reconhecida –Eu só quero que você seja feliz, irmã.

Sorri fracamente, espero que ela saiba que sou realmente grata por sua presença solidária.

_Obrigada, Andrômeda. –Murmurei, sentindo um lampejo de esperança surgir em meu coração –Eu aprecio muito.

Em resposta ela me surpreendeu ao me puxar para um abraço, quando é que nos tornamos tão afetuosas?

 O resto da visita de Andrômeda e Ted seguiu sem grandes intercorrências e eles foram embora antes mesmo do jantar

Poucos dias se passaram desde a visita de Andrômeda.

Scorpius adormeceu após o almoço, como normalmente faz, porém, quando fui acordá-lo senti um aperto no peito ao notar sua testa quente.

_Scorpius, querido, você está se sentindo bem? –Perguntou com minha voz carregada de preocupação.

Meu querido menino murmurou algo incompreensível, sua expressão sonolenta denunciando seu desconforto.

Inalei profundamente na intenção de manter a calma, mas por dentro estou ansiosa. Pois embora não seja curandeira, sou mãe e sei muito bem que a febre pode ser um sinal de algo mais sério.

_Vou cuidar de você, meu amor. Vou buscar algo para baixar sua febre. –Sussurrei gentilmente, enquanto me apressei para buscar medicamentos e um pano úmido para colocar na testa de Scorpius.

As horas passaram, aproximava-se da hora de buscar Rose na escola e a febre de Scorpius aumentava, deixando Lucius e eu cada vez mais preocupados. Nos revezamos para cuidar dele, tentando aliviar seu desconforto da melhor maneira possível, mas nada parecia adiantar.

Enquanto segurava a mão de meu único com ternura enquanto ele se contorcia na cama, seu rosto pálido e suado refletindo o desconforto causado pela doença, eu era capaz de sentir que Lucius nos observava com uma expressão grave, desejando poder fazer mais para aliviar o sofrimento do neto.

_Ele precisa de mais água, Narcisa. -Sugeriu Lucius, sua voz carregada de preocupação -E talvez devêssemos levar ao St. Mugos, já que a febre não abaixa, buscarei Rose e poderemos...

_Andrômeda. –Murmurei de repente me repreendendo mentalmente por esquecer que minha irmã é curandeira aposentada.

_Você quer que eu a chame? –Indagou Lucius confuso.

_Ela é curandeira, precisamos dela. –Eu disse finalmente o fitando e vi seu olhar brilhar em realização –Enviarei uma coruja para ela agora mesmo.

_Vai demorar muito… –Resmunguei e então sem hesitar peguei minha varinha e me concentrei enquanto dizia -Expecto Patronum.

Quando o feche de luz formou um pavão eu disse na intenção de que ele levasse o recado para Andrômeda:

_Andrômeda, por favor, venha rápido! Scorpius está se sentindo mal!

Quando o meu patronum deixou o quarto de Scorpius eu senti o olhar de Lucius perfurar minhas costas, mas recusei a encará-lo.

Por sua vez, ele não teve coragem de perguntar sobre o patronum, embora eu sentisse em minhas veias que ele estava curioso, tanto pelo feitiço, quanto pela forma.

_Hermione tentou me ensinar por um tempo, mas só consegui executar depois que Rose tinha alguns meses de vida. –Expliquei sentindo uma pontada de orgulho de mim mesma.

O silêncio reinou por longos minutos até ele questionar:

_Um pavão?

Ergui meus olhos para encará-lo e ele estava com a sobrancelha arqueada.

Assentiu com o menor indício de um sorriso, sabendo que ele já havia feito a conexão.

_Sim, um pavão. –Confirmei como se não fosse nada de mais –Eles são criaturas majestosas, não acha? Além disso, têm um simbolismo especial para mim.

Então eu o vi me fitar com curiosidade, seus olhos refletindo o brilho do interesse.

_Um símbolo Malfoy, um símbolo da nossa família. –Afirmou ele parecendo intrigado, ao mesmo tempo, em que absorvia a informação.

Contudo, antes que pudéssemos dizer qualquer coisa, a porta do quarto de Scorpius se abriu e Andrômeda correu para o meu lado, examinando Scorpius com cuidado.

Afastei relutante de meu neto, a fim de dar espaço para que Andrômeda o examinasse.

_Parece que ele está com catapora. –Ela disse preocupada –É melhor mantê-lo confortável e isolado para evitar que outros se contaminem.

Assenti, agradecendo silenciosamente pelo diagnóstico rápido.

_Vou cuidar dele, Andrômeda. Obrigada por vir tão rápido. –Agradeci a ela, enquanto caminhávamos em direção à lareira para ela retornar à sua casa.

Andrômeda assentiu e após passar uma lista de recomendações, acrescentou:

_Qualquer coisa que precisar, não hesite em me chamar.

Sem pensar duas vezes, tomada pela emoção, eu a abracei agradecida, ato este que pegou tanto eu, quanto ela desprevenida.

No entanto, Andrômeda agiu com toda a tranquilidade e acariciou minhas costas enquanto ainda estávamos abraçadas.

_Ele ficará bem, Cissy. –Ela disse suavemente quando nos afastamos –Scorpius é forte, assim como sua mãe e seu pai antes dele.

Assenti, apertando suavemente a mão de minha irmã.

_Eu sei, é só... difícil vê-lo doente assim. –Confessei em um tom de voz não mais alto que um sussurro, temendo que Lucius ou Rose viessem atrás de mim a qualquer momento e ouvissem.

Andrômeda sorriu gentilmente.

_Eu entendo, mas ele está nas melhores mãos possíveis. E você está fazendo um ótimo trabalho cuidando dele. –Acrescentou ela.

As palavras de minha irmã, não deixaram de me surpreender, tanto é que foram capazes de retirar um peso imaginário que não sabia que carregava sobre meus ombros.

_Obrigada, Andie. –Agradeci a ela, pois desde que perdi meu filho e minha nora, Andrômeda tem sido um porto seguro para mim –Eu não sei o que faria sem você.

_Você não precisa fazer isso sozinha, irmã. Estamos juntas nisso, como sempre estivemos. –Ela disse me dando um sorriso encorajador e só então percebi a profundidade de suas palavras enquanto ela entrava no floo.

As últimas Black remanescentes.

Mães sem filhos.

Avós que precisam dos netos.

Duas faces de uma mesma moeda.

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