
4.O bicho-papão no armário
4.O bicho-papão no armário
- Então você conhece o garoto com o rato … acha que consegue trazer ele para mim?
-- Eu conheço o Ron, mas não sou muito amigo dele, … mas eu sou amigo do Harry! Talvez consiga entrar na comunal da grifinória, ou conseguir a senha para você! - Teddy falou pensativo e olhou para o relógio - pelos deuses ! eu tenho que ir ! eu já matei aula, não posso perder o jantar também ! meu pai me mataria…
- Seu pai tem vigias para você dentro da escola? - Sirius perguntou sarcástico.
- Pior! ele é professor !
E assim Teddy voltou pelo gramado entrando discretamente no castelo enquanto os pelos negos do animago se fundiam com a escuridão da floresta até os dois sumirem completamente da vista um do outro.
Sirius observou Teddy desaparecer pelo gramado e então voltou sua atenção para a densa floresta ao redor. Ele sabia que teria que ser paciente e aguardar até que Teddy conseguisse obter mais informações sobre o paradeiro de Rabicho. Ele sabia que tinha colocado sua confiança em Teddy, e agora só podia esperar que o jovem pudesse cumprir sua missão e ajudá-lo a limpar seu nome.Assim, enquanto o jantar prosseguia dentro de Hogwarts e a noite caía sobre o castelo, Teddy e Sirius aguardavam ansiosamente os próximos passos em sua busca pela verdade.
Enquanto isso, dentro do castelo, Teddy se apressou pelos corredores, tentando passar despercebido para evitar mais problemas com seu pai. Ele se dirigiu rapidamente para a Grande Sala, onde sabia que encontraria seus colegas da Hufflepuff reunidos para o jantar.
Ao entrar na sala iluminada por velas, Teddy se juntou aos outros alunos da sua casa na mesa, tentando disfarçar o nervosismo de ter matado aula e se envolvido em assuntos tão perigosos. Ele sabia que teria que manter segredo sobre sua conversa com Sirius, pelo menos por enquanto. Enquanto comia, Teddy pensava em como poderia ajudar Sirius a provar sua inocência e encontrar Rabicho. Ele sabia que precisaria ser cauteloso e usar todas as suas habilidades e contatos dentro de Hogwarts para ter sucesso.
Malfoy, Crabbe e Goyle ficaram com Bicuço na aula de Trato de criaturas mágicas. Ele acabara de retribuir a reverência de Malfoy, que agora lhe acariciava o bico.
- Isso é moleza - disse Draco com a voz arrastada, suficientemente alta para Harry ouvir. - Só podia ser, se você conseguiu fazer... Aposto que você não tem nada de perigoso, tem? - disse ao hipogrifo de forma gentil.
- Tem, seu brutamontes feioso?- Pansy resmungou ao lado de Draco. Aconteceu num breve movimento das garras de aço; Draco soltou um berro agudo e no momento seguinte, Hagrid estava pelejando para enfiar a coleira em Bicuço, enquanto o bicho fazia força para avançar no garoto, que caíra dobrado na relva, o sangue aflorando em suas vestes.
- Estou morrendo! - gritou Malfoy enquanto a turma entrava em pânico. - Estou morrendo, olhem só para mim! Ele me matou!
- Você não está morrendo! - disse Hagrid, que ficará muito pálido. - Alguém me ajude... preciso tirar ele daqui…
Harry correu para abrir o portão enquanto Hagrid erguia Malfoy nos braços, sem esforço. Quando os dois passaram, Harry observou que havia um corte grande e fundo no braço de Draco; o sangue pingava no gramado e o guarda-caça, com o garoto ao colo, subiu correndo a encosta em direção ao castelo e Harry foi atrás preocupado com o estado do namorado.
Muito abalados, os alunos da aula de Trato das Criaturas Mágicas seguiram caminhando normalmente. Os alunos da Sonserina gritavam contra Hagrid.
- Deviam despedir ele imediatamente! - disse Pansy Parkinson, que estava às lágrimas.
- Isso foi culpa sua, Parkinson! - replicou Dino Thomas com rispidez. Crabbe e Goyle flexionam os braços, ameaçadores.
Os garotos subiram os degraus de pedra para o saguão deserto.
-Vou ver se ele está bem! - disse Pansy, e os outros ficaram observando-a subir correndo a escadaria de mármore. Os alunos da Sonserina, ainda murmurando contra Hagrid, rumaram para sua sala comunal, em uma masmorra;
Draco já tinha sido consertado e estava descansando quando Pansy entrou pelas portas da enfermaria fazendo escândalo.
- Draquinho ! Você está bem? você deveria falar para seu pai demitir aquele homem e matar aquele monstro!!
- O que faz aqui Parkinson ? veio perturbar o Dracomo mais ainda ? ja nao basta ter ofendido um hipogrifo perto dele ? - Harry falou se colocando entre os dois - saia daqui enquanto eu ainda não estou usando minha varinha - Harry ameaçou de forma fria.
- Draquinho ?!?! você vai deixar ele falar assim comigo?
- Ele está certo Parkinson, saia daqui. - Draco falou rouco de sua cama.
Parkinson saiu indignada da sala e os dois caíram na gargalhada.
- -Saia daqui enquanto eu ainda não estou usando minha varinha- é Potter ? - Draco falou tentando imitar a voz do namorado.
- Ahh, fique calado, doninha! - Harry ainda rindo se aproximou do namorado tirando o cabelo de sua testa - ou você preferia que eu a deixasse aqui te perturbando a noite inteira ?
Rony e Hermione subiram as escadas para a Torre da Grifinória.
- Você acha que ele vai ficar bem? - perguntou Hermione, nervosa.
- Claro que vai. Madame Pomfrey cura cortes em um segundo, Harry, que já tiveram ferimentos muito mais sérios curados magicamente por ela. Foi realmente ruim acontecer isso na primeira aula de Hagrid, sempre se pode contar com o Malfoy para estragar as coisas para o Hagrid... Os dois foram os primeiros a chegar ao Salão Principal para jantar, na esperança de verem Hagrid e Harry, mas nenhum dos dois estavam lá.
- Não iriam despedir ele, vocês acham que sim? - perguntou Hermione aflita, sem tocar no pudim de carne e rins.
- É melhor não - replicou Rony, que também não estava comendo.
Harry apareceu alguns minutos depois e ficou observando a mesa da Sonserina. Um grande grupo, que incluía Crabbe e Goyle, estava reunido, absorto em conversas. Harry teve certeza de que estavam inventando a própria versão para o ferimento de Draco.
- Bem, não se pode dizer que não foi um primeiro dia de aula interessante - comentou Rony, deprimido.
Draco não reapareceu nas aulas até o fim da manhã de quinta-feira, quando os alunos da Sonserina e da Grifinória já estavam na metade da aula dupla de Poções. Ele entrou cheio de arrogância na masmorra, o braço direito enfaixado e pendurado em uma tipoia, agindo, na opinião de Harry, como se fosse o sobrevivente heroico de uma terrível batalha.
- Como vai o braço, Draco? - perguntou Pansy Parkinson, com um sorrisinho insincero. - Está doendo muito?
- Está e é culpa sua por ofender o Bicuço! - respondeu o garoto de forma ácida e Pansy piscou confusa como se não esperasse essa resposta do loiro.
- Vá com calma, vá com calma - disse o Prof. Snape tentando apaziguar a briga antes que começasse.
Rony fez caretas; Snape não teria dito -vá com calma- se ele tivesse entrado atrasado, teria lhe dado uma detenção. Mas Draco sempre conseguira escapar com qualquer coisa nas aulas de Poções. A classe estava preparando uma poção nova naquele dia, uma Solução Redutora. Draco armou seu caldeirão bem ao lado do de Harry e Rony, de modo que os três ficaram preparando os ingredientes na mesma mesa.
Harry...- Chamou Draco baixinho -, vou precisar de ajuda para cortar as raízes de margarida, porque o meu braço.. -Harry concordou com a cabeça, Draco deu um sorriso grato.
- Dray me passe seu pinhão para eu descascá-lo - Harry falou quando terminou de cortar as raízes.
- Hazz não precisa - Draco murmurou para o namorado, mas Harry só revirou os olhos e apanhou o pinhão enquanto Harry descascou o pinhão o mais depressa que pôde e devolveu para o lado de Draco, sem falar.
O outro sorriu em gratidão.
- Tem visto o seu amigo Hagrid, ultimamente? - perguntou Draco aos dois, baixinho.
- Não é da sua conta - retrucou Rony aos trancos, sem erguer a cabeça
- Acho que ele não vai continuar professor por muito tempo - disse Draco num tom de tristeza. - Meu pai não ficou nada satisfeito com o meu ferimento...
- Continue falando, malfoy, e vou lhe fazer um ferimento de verdade - rosnou Rony - Harry! por que me chutou ?
- Pare de tratar mal o Draco! ele também é meu amigo,e ele mudou não está agindo mais como aquele bastardo mimado do primeiro ano!
- Ei, Harry - disse Simas Finnigan, curvando-se para pedir emprestada a balança de latão de Harry - você já soube? No Profeta Diário desta manhã, eles acham que avistaram Sirius Black.
- Onde? - perguntaram Harry e Rony depressa. Do lado oposto da mesa, Draco ergueu os olhos, escutando a conversa atentamente.
- Não muito longe daqui - respondeu o colega, que parecia excitado. - Foi visto por uma trouxa. Claro que ela não entendeu muito bem. Os trouxas acham que ele é apenas um criminoso comum, não é? Então ela telefonou para o número do plantão de emergência. Mas até o Ministério da Magia chegar lá, o Black já tinha sumido.
- Não muito longe daqui... - repetiu Rony, lançando a Harry um olhar sugestivo. Ele se virou e notou que Draco os observava, atento. - Que foi, malfoy? Mas os olhos do garoto brilhavam de preocupação, e estavam fixos em Harry. Ele se debruçou na mesa.
- Você não está pensando em apanhar o Black sozinho, está Harry?
- Acertou! - respondeu Harry displicentemente. Os lábios macios de Draco se curvaram de desgosto.
O Prof. Lupin não estava em sala quando eles chegaram para a primeira aula de Defesa Contra as Artes das Trevas. Os alunos se sentaram, tiraram das mochilas os livros, penas e pergaminho e estavam conversando quando o professor finalmente apareceu. Lupin sorriu vagamente e colocou a velha maleta surrada na escrivaninha. Estava vestido com roupas trouxas como sempre, mas parecia mais descansado do que no dia do trem, como se tivesse dormido por dias.
- Boa-tarde - cumprimentou ele. - Por favor guardem todos os livros de volta nas mochilas. Hoje teremos uma aula prática. Os senhores só vão precisar das varinhas.
Alguns alunos se entreolharam, curiosos, enquanto guardavam os livros. Nunca tinham tido uma aula prática de Defesa Contra as Artes das Trevas antes, a não ser que considerassem aquela aula inesquecível no ano anterior, em que o professor tinha trazido uma gaiola de diabretes e os soltara na sala.
- Certo, então - disse o Prof. Lupin, quando todos estavam prontos. - Queiram me seguir.
Intrigados, mas interessados, os alunos se levantaram e o seguiram para fora da sala. Ele levou os alunos por um corredor deserto e virou num canto, onde a primeira coisa que viram foi o Pirraça, o poltergeist, flutuando no ar de cabeça para baixo, e entupindo com chicles o buraco da fechadura mais próxima. Pirraça não ergueu os olhos até o professor chegar a mais ou menos meio metro; então, agitou os dedos dos pés e começou a cantar.
- Louco, lobo, Lupin - entoou ele. - Louco, lobo, Lupin...
Grosseiro e intratável como era quase sempre, Pirraça em geral demonstrava algum respeito pelos professores. Todo mundo olhou na mesma hora para Lupin a ver qual seria a sua reação àquilo; para surpresa de todos, o professor continuou a sorrir.
- Eu tiraria o chicle do buraco da fechadura se fosse você, Pirraça - disse ele gentilmente. - O Sr. Filch não vai poder apanhar as vassouras dele.
Filch era o zelador de Hogwarts, mal-humorado, um bruxo frustrado que travava uma guerra constante contra os estudantes e, na verdade, contra Pirraça também. Mas o poltergeist não deu a mínima atenção às palavras do professor a não ser para respondê-las com um ruído ofensivo e alto feito com a boca. O professor deu um breve suspiro e tirou a varinha.
- Este é um feitiçozinho útil - disse à turma por cima do ombro. - Por favor observem com atenção. Ele ergueu a varinha até a altura do ombro e disse: - Uediuósi! - e apontou para Pirraça. Com a força de uma bala, a pelota de chicle disparou do buraco da fechadura e foi bater certeira na narina esquerda de Pirraça; o poltergeist virou de cabeça para cima e fugiu a grande velocidade, xingando.
- Maneiro, professor! - exclamou Dino Thomas admirado.
- Obrigado, Dino - disse o professor, tornando a guardar a varinha. - Vamos prosseguir? Eles recomeçaram a caminhada, a turma olhando o enxovalhado professor com crescente respeito.
Lupin os conduziu por um segundo corredor e parou bem à porta da sala de professores. - Entrem, por favor - disse ele, abrindo a porta e se afastando para os alunos passarem. A sala dos professores, uma sala comprida, revestida com painéis de madeira e mobiliada com cadeiras velhas e desparelhadas, estava vazia, exceto por um ocupante. O Prof. Snape estava sentado em uma poltrona baixa e ergueu os olhos para os alunos que entravam. Seus olhos brilhavam e ele tinha um pequeno sorriso em volta da boca. Quando o Prof. Lupin entrou e fez menção de fechar a porta, Snape falou:
Pode deixá-la aberta, Remus. Não quero atrapalhar.
E, dizendo isso, se levantou e passou pela turma, suas vestes negras se enfunando às suas costas. À porta, o professor girou nos calcanhares e disse ao colega: - Boa sorte, você sempre teve mais jeito com … adolescentes problemáticos. E então foi embora fechando a porta atrás de si.
Harry estranhou a forma “simpática" com a qual Snape tratou o Professor Lupin considerando sua fama forma fria de tratar as pessoas.
- Agora, então - disse o Prof. Lupin, chamando, com um gesto, a turma para o fundo da sala, onde não havia nada exceto um velho armário em que os professores guardam mudas limpas de vestes. Quando o professor se postou a um lado, o armário subitamente se sacudiu, batendo na parede. -Não se preocupem-, disse ele calmamente porque alguns alunos tinham pulado para trás, assustados. -Há um bicho-papão aí dentro.- A maioria dos garotos achou que isso era uma coisa com o que se preocupar. Neville lançou ao professor um olhar de absoluto terror e Simas Finnigan mirou o puxador, que agora sacudia barulhentamente, com apreensão.
-Bichos-papões gostam de lugares escuros e fechados - informou o mestre. - Guardaroupas, o vão embaixo das camas, os armários sob as pias... Eu já encontrei um alojado dentro de um relógio de parede antigo. Este aí se mudou para cá ontem à tarde e perguntei ao diretor se os professores poderiam deixá-lo para eu dar uma aula prática aos meus alunos do terceiro ano. -Então, a primeira pergunta que devemos nos fazer é, o que é um bicho-papão?- Draco levantou a mão não machucada.
- É um transformista - respondeu ele. - É capaz de assumir a forma do que achar que pode nos assustar mais.
- Eu mesmo não poderia ter dado uma definição melhor - disse o Prof. Lupin com um sorriso paterno, e o rosto de Draco se iluminou de orgulho.
- Então o bicho-papão que está sentado no escuro aí dentro ainda não assumiu forma alguma. Ele ainda não sabe o que pode assustar a pessoa que está do lado de fora. Ninguém sabe qual é a aparência de um bicho-papão quando está sozinho, mas quando eu o deixar sair, ele imediatamente se transformará naquilo que cada um de nós mais teme. -Isto significa-, continuou o Prof. Lupin, preferindo não dar atenção à breve exclamação de terror de Neville, -que temos uma enorme vantagem sobre o bicho-papão para começar. Você já sabe qual é, Harry?-
Tentar responder uma pergunta com Hermione do lado, com as plantas dos pés subindo e descendo impacientes e a mão no ar, era muito irritante, mas Harry resolveu tentar assim mesmo.
- Hum... porque somos muitos, ele não vai saber que forma tomar.
- Precisamente - concordou o professor e Hermione baixou a mão, parecendo um pouquinho desapontada. - É sempre melhor estarmos acompanhados quando enfrentamos um bicho-papão. Assim, ele se confunde. No que deverá se transformar, num corpo sem cabeça ou numa lesma carnívora? Uma vez vi um bicho-papão cometer exatamente este erro, tentou assustar duas pessoas e se transformou em meia lesma. O que, nem de longe, pode assustar alguém. -O feitiço que repele um bicho-papão é simples, mas exige concentração. Vejam, a coisa que realmente acaba com um bicho-papão é o riso. Então o que precisam fazer é forçá-lo a assumir uma forma que vocês achem engraçada. Vamos praticar o feitiço com as varinhas primeiro. Repitam comigo, por favor... riddikulus!-
- Riddikulus! - repetiu a turma.
- Ótimo - aprovou o Prof. Lupin. - Muito bem. Mas receio que esta seja a parte mais fácil. Sabem, a palavra sozinha não basta. E é aqui que você vai entrar Neville. O guarda-roupa recomeçou a tremer, embora não tanto quanto Neville, que se dirigiu para o móvel como se estivesse indo para a forca. - Certo, Neville - disse o professor. - Vamos começar pelo começo: qual, você diria, que é a coisa que pode assustá-lo mais neste mundo? Os lábios de Neville se mexeram mas não emitiram som algum. - Não ouvi o que você disse, Neville, me desculpe - disse o Prof. Lupin animado. Neville olhou para os lados meio desesperado, como que suplicando a alguém que o ajudasse, depois disse, num sussurro quase inaudível:
- O Prof. Snape.
Quase todo mundo riu. Até Neville sorriu como se pedisse desculpas. Lupin, porém, ficou pensativo.
- Prof. Snape... hummm... Neville, eu creio que você mora com a sua avó?
- Hum... moro - disse Neville, nervoso. - Mas também não quero que o bicho-papão se transforme na minha avó.
- Não, não, você não entendeu - disse o professor, agora rindo. - Será que você poderia nos descrever que tipo de roupas a sua avó normalmente usa?
Neville fez cara de espanto mas disse:
- Bem... sempre o mesmo chapéu. Um bem alto com um urubu empalhado na ponta. E um vestido comprido... verde, normalmente... e às vezes uma raposa. - E uma bolsa? - Vermelha e bem grande.
- Certo então - disse o professor. - Você é capaz de imaginar essas roupas com clareza, Neville? Você consegue vê-las mentalmente?
- Consigo - respondeu Neville, hesitante, obviamente imaginando o que viria a seguir. - Quando o bicho-papão irromper daquele guarda-roupa, Neville, e vir você, ele vai assumir a forma do Prof. Snape. E você vai erguer a varinha... assim... e gritar -Riddikulus-... e se concentrar com todas as suas forças nas roupas de sua avó. Se tudo correr bem, o Prof. Bicho-Papão-Snape será forçado a vestir aquele chapéu com o urubu, aquele vestido verde e carregar aquela enorme bolsa vermelha.
Houve uma explosão de risos. O guarda-roupa sacudiu com maior violência.
- Se Neville acertar, o bicho-papão provavelmente vai voltar a atenção para cada um de nós individualmente. Eu gostaria que todos gastassem algum tempo, agora, para pensar na coisa de que têm mais medo e imaginar como poderia fazê-la parecer cômica…
A sala ficou silenciosa. Harry pensou... O que o apavorava mais no mundo? Seu primeiro pensamento foi Lorde Voldemort - um Voldemort que tivesse recuperado totalmente as forças. Mas antes que conseguisse planejar um possível contra-ataque ao bicho papão-Voldemort, uma imagem horrível foi aflorando à superfície de sua mente... Uma mão luzidia e podre, que escorregava para dentro de uma capa preta... uma respiração longa e rascante que saía de uma boca invisível... depois um frio tão penetrante que dava a impressão de que ele estava se afogando... Harry estremeceu e olhou para os lados, na esperança de que ninguém tivesse reparado nele. Muitos alunos tinham os olhos bem fechados. Rony murmurava para si mesmo
-Arranque as pernas dela-. Harry teve certeza de que sabia a que o amigo se referia. O maior medo de Rony eram as aranhas.
- Todos prontos? - perguntou o Prof. Lupin. Harry sentiu uma onda de medo. Ele não estava pronto. Como era possível fazer um dementador se tornar menos aterrorizante? Mas não quis pedir mais tempo; todos estavam acenando a cabeça afirmativamente e enrolando as mangas. - Neville, nós vamos recuar - disse o professor. - Assim você fica com o campo livre, está bem? Vou chamar o próximo a vir para a frente... Todos para trás, agora, de modo que Neville tenha espaço para agitar a varinha…
Todos recuaram, encostaram-se nas paredes, deixando Neville sozinho ao lado do guarda roupa. Ele parecia pálido e assustado, mas enrolara as mangas das vestes e segurava a varinha em posição.
- Quando eu contar três, Neville - avisou Lupin, que apontava a própria varinha para o puxador do armário. - Um... dois... três... agora!
Um jorro de faíscas saltou da ponta da varinha do professor e bateu no puxador. O guarda roupa se abriu com violência. Com o nariz curvo e ameaçador, o Prof. Snape saiu, os olhos faiscando para Neville. Neville recuou, de varinha no ar, balbuciando silenciosamente. Snape avançou para ele, apanhando alguma coisa dentro das vestes.
- R... r... riddikulus! - esganiçou-se Neville. Ouviu-se um ruído que lembrava o estalido de um chicote. Snape tropeçou; usava um vestido longo, enfeitado de rendas e um imenso chapéu de bruxo com um urubu carcomido de traças no alto, e sacudia uma enorme bolsa vermelho vivo. Houve uma explosão de risos; o bicho-papão parou, confuso, e o Prof. Lupin gritou:
- Rony, você é o próximo!
Rony correu para a frente aos pulos. Craque! Muitos alunos gritaram. Uma aranha gigantesca e peluda, com quase dois metros de altura, avançou para Rony, batendo as pinças ameaçadoramente. Por um instante, Harry achou que Rony congelara. Mas…
- Riddikulus! - berrou Rony, e as pernas da aranha desapareceram; ela ficou rolando pelo chão; Lilá Brown deu um grito agudo e se afastou correndo do caminho da aranha até que ela parou aos pés de Harry. O garoto ergueu a varinha, preparou-se mas…
-Tome! - gritou o Prof. Lupin de repente, correndo para a frente. Craque! A aranha sem pernas sumira.
Por um segundo todos olharam assustados para os lados a ver o que aparecerá. Então viram um Pollux criança pálido e coberto de sangue diante de Lupin, e ele disse -Riddikulus- quase desesperadamente e no lugar apareceu um Pollux sorridente coberto de tinta com um desenho nas mãos. Craque! - Para a frente, Neville, e acabe com ela! - mandou o professor quando o bicho-papão aterrissou no chão sob a forma de uma barata.
Craque! E Snape reapareceu. Desta vez, Neville avançou parecendo decidido. - Riddikulus! - gritou, e, por uma fração de segundo, seus colegas tiveram uma visão de Snape com seu vestido de rendas antes de Neville soltar uma grande gargalhada e o bicho papão explodir em milhares de fiapinhos minúsculos de fumaça, e desaparecer.
- Excelente! - exclamou o Prof. Lupin enquanto a classe aplaudia com entusiasmo. - Excelente, Neville. Muito bem, pessoal... Deixe-me ver... cinco pontos para a Grifinória para cada pessoa que enfrentou o bicho-papão... dez para Neville porque ele o enfrentou duas vezes e cinco para Harry e para Draco.
- Mas eu não fiz nada - protestou Harry.
- Você e Draco responderam às minhas perguntas corretamente no início da aula, Harry - respondeu Lupin gentilmente. - Muito bem, pessoal, foi uma aula excelente. Dever de casa: por favor leiam o capítulo sobre os bichos-papões e façam um resumo para me entregar... na segunda-feira. E por hoje é só.
Falando agitados, os alunos deixaram a sala dos professores. Harry, porém, não estava se sentindo muito animado. O Prof. Lupin intencionalmente o impedirá de enfrentar o bicho papão. Por quê? Teria sido porque viu Harry desmaiar no trem e achava que ele não seria capaz? Teria pensado que ele ia desmaiar de novo? Mas ninguém mais pareceu ter estranhado nada