we can't be friends

Harry Potter - J. K. Rowling
F/M
G
we can't be friends
All Chapters Forward

Maio, 1998.

Maio, 1998.

 

Voldemort estava morto. 

Aquilo era tudo que importava, não era? 

Haviam acabado de descer do antigo escritório de Albus Dumbledore, onde Harry fez questão de explicar tudo que havia acontecido na floresta proibida. 

Sentiu o aperto da mão de Ron em sua cintura, enquanto o abraçava. Ele havia perdido seu irmão. Viu, de relance, Gina gritar pelo irmão em uma voz chorosa enquanto se reunia com os pais. Era um momento apenas deles.

Os corpos de Fred, Lupin e Tonks estavam enfileirados em frente ao castelo. Ao lado de tantos olhos que ali perderam a vida. 

Pegou, com receio, a própria varinha e apontou para os cadáveres que ali se encontravam. Murmurou um feitiço em respeito a eles e, literalmente em um passe de mágica, o nome de cada um apareceu flutuando acima do corpo. Seriam mais fáceis de identificar assim. 

Viu o nome de vários comensais começar a flutuar. Eram, afinal de tudo, pessoas. E deveriam ter entes queridos procurando por eles. 

Olhou, um a um, receosa. Sabia que estava procurando o nome dos Malfoy. Não tinha visto mais o garoto depois do encontro na sala precisa, onde todos eles quase tinham morrido.

- É melhor que ele esteja vivo, Granger. Afinal, se não fosse por Draco, seu amiguinho não estaria aqui para contar histórias. 

Narcisa Malfoy estava atrás dela. A voz, ainda trêmula, a lembrava do dia em que foi torturada pela irmã da mulher. Bellatrix estava morta, assim como seu mestre

Não sabia o que responder. Foi pega em flagrante procurando pelo garoto. Narcisa era esperta demais para ser enganada e, honestamente, Hermione não estava em condições físicas de jogar os joguinhos mentais da Sonserina. 

- Espero que ele esteja, Sra. Malfoy. - respondeu, ainda de costas para  a mulher. - Não gostaria de ver mais ninguém perdendo a vida além de todos estes que jazem aqui. 

- Ah, sim. Vamos fingir que este é o motivo. 

Andaram, lado a lado, pelos corpos. Draco não estava ali. Sabia que ambas estavam aliviadas. 

- Sei que gostam um do outro. - proferiu a loira, subitamente. Hermione sentiu o coração acelerar. 

Ela amava Ronald. Amava demais. 

Mas não poderia fingir que não havia gostado de Draco Malfoy.

E não podia fingir que seu coração não estava acelerado quando ouviu a mãe dele confirmar que o sentimento era mútuo. 

- Não faça isso com ele. Não estrague sua vida por um capricho adolescente de vocês dois. Vi isso acontecer com Andrômeda, quando se apaixonou por Edward. - confidenciou. 

Andrômeda Black, a primogênita de Druella e Cygnus, era a mãe de Tonks. Havia se apaixonado por um bruxo nascido trouxa e foi expulsa da família pela própria mãe. 

- Ela nunca foi verdadeiramente feliz com ele. Sempre sentiu falta da família. Éramos muito unidas, nós três. Acredito que um dos motivos de Bella odiar tanto os trouxas é justamente por ter nos afastado de nossa irmã. 

Sentiu o estômago revirar com a menção do apelido de Bellatrix, Bella. Como se fosse uma pessoa comum e não uma das maiores torturadoras de nascidos trouxa de toda a história do mundo bruxo. 

- Eu não farei nada. Malfoy e eu não somos nada um do outro. - respondeu, sabendo muito bem que mentia.

- Sei que ele te protegeu da tortura, Granger. Conheço meu filho. Fui eu quem ensinei o feitiço a ele.  - rebateu. - Você sabia que ele também sentiu a dor? Da maldição? Que para tirar sua mente de lá e levá-la para o lugar onde estavam, ele dividiu a Cruciatus com você? 

Ela não sabia. 

É claro que não. 

Nunca nem tinha ouvido falar naquele tipo de feitiço, que deixaria que eles conversassem enquanto assistiam a memória juntos. Achava que era apenas alguma magia negra que Draco aprendeu com seus amigos comensais, não sabia como funcionava! 

Olhou em volta, mais uma vez procurando o rapaz. Já haviam feito duas voltas no salão principal e viu de relance Ronald abraçado ao pai, ainda chorando muito pela morte do irmão mais velho. 

- Não sei como esse… Romancezinho de vocês começou, Hermione. - chamou-a pelo primeiro nome - E não quero saber! Mas Draco é melhor que nós. Melhor que eu e Lucius. Ele não vai aguentar abrir mão de tudo que tem e acredita para ficar com você, ainda mais sabendo que você tem sentimentos pelo garoto Weasley. Não faça isso com ele, Hermione! Eu suplico que, se algum dia quiser me agradecer por ter ajudado Harry Potter, que você se afaste do meu filho. 

Não sabia o que fazer ou falar. Nunca tinha pensado em um mundo onde Hermione Granger e Draco Malfoy fossem um casal. Esse mundo não existia. Por isso sempre se apegou a Ronald. Ele era real, ele poderia ser seu namorado e até um dia marido. Draco Malfoy não. 

- Se vocês ficarem juntos, Lucius nunca mais falará com Draco. Não irá perdoá-lo por quebrar a linhagem da família. - continuou. Tudo que Hermione queria era que a voz de Narcisa Malfoy fosse embora! Que parasse de falar aquelas verdades maldosas! - Se você se afastar, eventualmente Draco irá se contentar em ter Astoria. Ela será o bastante. 

Astoria? Greengrass? 

De repente tudo fez sentido em sua mente. 

Astoria Greengrass era a namorada de Draco Malfoy, não Daphne.

Por isso elas não se davam bem. Estavam as duas apaixonadas pelo mesmo homem. 

Apaixonada. Era uma palavra forte demais, se recusava a admitir que pensava desse jeito sobre Draco. Nunca, nem em suas maiores fantasias, ela seria, algum dia, o amor dele.

Lembrou-se então das palavras que ele havia dito para Tonks: Fraco. História. Maio. Mãe.  

“O lord está fraco. Preciso que busquem Astória, que cuidem dela e da família. A guerra não passará de Maio, Tonks. Ele quer matar minha mãe. Peça a tia Andrômeda que pense em perdoá-la, caso eu e Lucius não sobrevivamos.”

Não era história. Era Astória. Sua namorada.

Percebeu que o monólogo de Narcisa Malfoy havia acabado assim que o silêncio se instaurou por mais de cinco minutos. Ficaram ali, paradas, sem reação. Sabendo tanto uma da outra, sem, na verdade, saberem nada. 

- Ele deve estar na torre de astronomia. - constatou, depois de muito pensar sobre o loiro. - Ele sempre estava lá.

A mais velha assentiu, respirando fundo e indo em direção às escadas. Não estava nem no segundo degrau quando Hermione teve a urgência de perguntar algo que estava em sua mente há anos: 

- Narcisa. Sra. Malfoy… - corrigiu, atraindo alguns olhares. - Porque você é a única dos Black que não tem o nome de constelações ou estrelas? 

Forward
Sign in to leave a review.