we can't be friends

Harry Potter - J. K. Rowling
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Maio, 1996. 

Maio, 1996. 

Sirius Black estava morto há duas semanas. 

Harry estava quase enlouquecendo. 

Ela e Ron não tinham mais tempo para brigar por besteiras.

Precisavam ajudar Harry. A entender o que estava acontecendo. 

E Malfoy estava estranho. Mais estranho do que o normal. 

Não queria acreditar naquilo. Que Draco odiava tanto os nascidos-trouxa e mestiços ao ponto de se tornar um Comensal. 

Ele havia lhe beijado! Há menos de um ano atrás! Ele não a beijaria, nem de brincadeira, nem para irritar Ron, se sentisse tanto nojo dela, pelo sangue que corre em suas veias. 

Depois do fatídico dia do beijo, Hermione e Malfoy conversaram mais algumas vezes. Em sua maioria, era Hermione quem desabafava. Exceto nas vésperas do final do ano letivo:  

- Vai para casa quando? - indagou a morena, abrindo as portas das salas de aula para ter certeza de que nenhum aluno se escondia ali. 

Agora eles estavam rondando juntos. Em dias bons. 

Em dias ruins, respeitavam o espaço um do outro. Mas em dias bons, olhavam um para a cara do outro e começavam a andar lado a lado, muitas vezes em silêncio por todas as três horas em que rondavam o castelo. 

- Sexta-Feira. No último dia. 

Esperou que ele perguntasse “e você?” mas isso não aconteceu. 

Lucius estava foragido. Hermione e os amigos encontraram com ele no dia em que houve a luta do ministério da magia, para buscar a profecia. Conversar com Malfoy era, apesar de tudo, uma distração. Do clima de Guerra. 

- Não sei o que vou fazer desta vez. - disse, depois da resposta direta que o loiro deu. - Quero ir para os Weasleys esse ano. Dia 05 de Junho é aniversário da minha mãe. Costumo ficar em casa para comemorar com ela, mas sei que Harry precisa de apoio agora. 

Não houve resposta. Malfoy estava cada dia mais estranho, mais quieto. 

Era óbvio que ele sabia da morte de Sirius Black há alguns dias. Sirius era primo de sua mãe, Narcisa. 

O que significa que Malfoy é primo de Tonks, lembrou-se. O que significa que era sobrinho de Bellatrix. Sua tia, irmã de sua mãe, havia matado o único familiar de Harry. 

Repensou se deveria estar ali sozinha com ele. Sua família quase inteira era das trevas. 

- Eu faço aniversário em 05 de Junho. - comentou, depois de um longo período em silêncio. 

- Realmente, a astrologia é uma mentira. - ela disse, do nada. - Você nasceu no mesmo dia que minha mãe e não poderiam ser mais diferentes. 

Nunca tinha relacionado Draco Malfoy a Jean Granger. Draco era arrogante, mimado, inteligente e orgulhoso. Sua mãe? Delicada, sensível, determinada e extremamente detalhista. 

Talvez a parte do detalhista fosse similar. Percebia, principalmente nas aulas de poções, o quão metódico Draco Malfoy era. 

- Não queria ir para casa esse ano. - ele simplesmente soltou, sem olhar para ela. - Tem… Gente demais lá. 

Queria perguntar quem eram as pessoas. Se eram apenas seus familiares, como os Lestrange e Black, ou se eram… Outras pessoas. Se os comensais estavam lá também. 

- Devia conversar com Dumbledore sobre isso. - se arrependeu do que disse, quando viu o olhar arrogante que Draco a lançou. - Sobre ficar aqui. Nas férias. Sei que alguns alunos ficam, na época em que Harry tinha problema com os tios, Dumbledore ofereceu residência aqui na escola. 

- Tenho que ir para casa ver minha mãe. - respondeu, como se o pai não existisse. 

Imaginou como estaria a casa de Draco. Cheia de comensais. Com o pai fugitivo, que ninguém no ministério tinha coragem de ir prender, mesmo sabendo exatamente onde ele estava. 

Ele tinha apenas 15 anos. Não deveria passar por aquilo. Nenhum deles deveria, em especial, Harry. 

Continuaram a rondar todo o pavimento, terminando com cerca de 20 minutos de antecedência. 

Pararam em frente ao salão principal, esperando o relógio bater 22h. 

Olhou, envergonhada, para o armário de vassouras. Não conseguia mais passar por ali sem corar, sem lembrar do que houve. 

Tinha contado para Gina que beijou um garoto. Beijou de verdade. É óbvio que não falou quem era. 

Fez questão de sumir durante uma das visitas à Hogsmeade, antes de falar para a amiga. Vitor estava formado e poderia facilmente ter aparatado até o vilarejo. Era isso que esperava que a amiga pensasse. 

Ela, obviamente, contou ao irmão. Gerando mais uma semana sem se falarem.

Mas agora nada daquilo importava. Não podia perder tempo pensando em Ron. Confessava a si mesma que, depois do beijo com Malfoy, sentia-se melhor. Mais calma. Não tão desesperada pela atenção de Rony. 

- Você pode aparecer na casa dos Weasleys se quiser. Molly nunca nega bons modos a uma visita. Mesmo que seja você.

- Eu? Ir naquela espelunca? - ralhou - Granger, meu relógio de pulso deve ser mais caro do que aquela casa inteira. E outra, eu saí no braço com metade dos Weasleys esse ano. Nem eu e nem eles ficaremos bem se eu aparecer naquele hotel de pulgas. 

É óbvio que era uma péssima ideia. Mas ficou preocupada com o loiro. Não fazia ideia do que o esperava quando ele chegasse em casa, e a única referência de família bruxa que tinha, eram os Weasley. 

O relógio bateu 22h. 

Girou os calcanhares, pronta para subir em direção a torre da Grifinória. 

Mas Malfoy não se moveu. 

Desceu os dois degraus que tinha subido, parando bem de frente ao garoto. Ele estava com os olhos fechados e a cabeça jogada para trás. 

- Malfoy… 

- Não vou te beijar de novo, sangue ruim. - respondeu, sem abrir os olhos. 

- Você se acha irresistível, não é mesmo? - retrucou. 

Olhou para o garoto pálido parado a sua frente, ainda de olhos fechados. Pensou em abraçá-lo. Ele parecia tão triste quanto Harry estava nos últimos dias. 

Mas não o fez. 

Ao invés disso, pegou o braço esquerdo de Draco, que estava dentro do bolso da calça. O braço em que ele usava o anel com o brasão da família. 

Puxou, de uma só vez, as mangas do moletom verde-sonserina que ele utilizava. Respirou fundo e olhou para o braço do garoto. 

Não havia nada. 

- Por favor, Draco. Não faça o que eles querem que você faça. - suplicou. - Não volte ano que vem com aquela marca horrível. 

Largou o braço do garoto, subindo depressa as escadas, sem olhar para trás desta vez. 

 

So for now, it's only me

And maybe that's all I need

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