
Abril, 1994
Abril, 1994
Seria expulsa.
Tinha plena consciência disso.
Havia acabado de socar o filho do Diretor do Departamento de Mistérios.
Sempre soube que os Malfoys eram influentes. Lucius, como chefe, respondia apenas ao parlamento e ao ministro da Magia.
Se o pai de Draco havia convencido o ministro a mandar executar um Hipogrifo, uma rara criatura mágica, apenas por arranhar o braço do filho, não queria nem pensar no que mandaria fazer com ela, uma nascida trouxa, que havia acabado de quebrar o nariz do primogênito.
Harry e Ron tentaram acalmá-la. Mas não conseguiram parar de rir, lembrando da expressão de Draco Malfoy ao ser socado pela garota.
Pensou em usar o vira-tempo uma última vez e tentar se impedir de bater no garoto. Não conseguia pensar em como seria sua vida sem poder ir à Hogwarts... Sem os amigos, sem a leitura na biblioteca, sem feitiços. Será que Malfoy a faria perder a varinha? Não poderia mais ser bruxa aos treze anos?
Tinha amado ser bruxa nos três anos em que esteve em Hogwarts! E tudo poderia sumir por causa daquele idiota Draco Malfoy.
Quando lavou as mãos, ainda sujas de sangue, só conseguia pensar que o sangue dele era tão vermelho quanto o seu. Afinal, era apenas sangue. Igual em bruxos, igual em trouxas.
Mas foi bom ter a confirmação. Draco Malfoy fazia tanta questão de falar que seu sangue era nobre que Hermione começou a desconfiar que talvez, e só talvez, o sangue dele fosse azul ao algo do tipo. Ou preto, afinal, ele era um Black.
Mas a expulsão não veio.
Não recebeu, sequer, uma detenção.
No dia seguinte, Draco Malfoy compareceu à aula de Trato das Criaturas Mágicas com seu rosto perfeitamente normal.
E nem olhou na sua cara.
I don't wanna tiptoe, but I don't wanna hide
But I don't wanna feed this monstrous fire
Just wanna let this story die
And I'll be alright