
Março, 1993.
Março - 1998
Não conseguia parar de chorar.
Aquela não era a primeira vez em que se sentiu menos.
Menos bruxa.
Menos merecedora.
Menos importante.
Ronald Weasley, que agora era seu amigo, vinha de uma família diretamente ligada aos sagrados vinte-e-oito. Todos eram bruxos de verdade.
Gerações e gerações de bruxos sangue puro. Ela havia pesquisado.
A árvore genealógica dos Weasleys chegava até mesmo a cruzar com a dos Black.
Molly, a mãe do amigo, era puro sangue. Assim como pai, avô, bisavô...
E Harry era... Harry Potter. Os Potters eram sangue puro até a última geração, quando James casou-se com uma nascida trouxa. Ou seja, Harry era pelo menos 50% bruxo.
E era o Harry Potter. O garoto que sobreviveu.
Ela era a única nascida trouxa do seu ano. Nem mesmo na Corvinal ou Lufa-Lufa haviam outros com a mesma idade. Era a única sangue-ruim.
Se sentiu tão envergonhada quando Fred e George Weasley explicaram, da melhor forma que conseguiram, o que aquele xingamento que Draco Malfoy usou para se referir a ela significava.
Não teve nem tempo de processar tudo o que tinha acontecido antes da briga se generalizar e feitiços começarem a se espalhar. Tinham ido correndo ajudar Ronald depois que ele (sem querer) foi atingido pelo próprio feitiço.
Enxugou os olhos, assim que ouviu as vozes das garotas entrando no quarto. Todas as garotas do segundo ano dividiam o mesmo quarto, então não queria ninguém percebendo que ela estava chorando.
Puxou o livro de poções para a frente do rosto, tentando entender o que mais precisaria fazer para conseguir, de forma bem sucedida, preparar a Poção Polissuco.
Provavelmente aquele garoto terrível, que a xingava e humilhava, era o herdeiro da Sonserina.
E se dependesse dela, iriam descobrir o mais rápido possível.