
Primeira sessão
Foi após o seu aniversário de 28 anos que Hyacinth soube que teria que encarar a sua primeira sessão no Wizengamot. Não era algo que a havia pegado completamente de surpresa, já que ela vinha se preparando para este momento há meses, mas ela não podia negar que tomou alguns frascos de poção calmante depois que recebeu a ostensiva carta do Ministro Shacklebolt parabenizando a sua entrada na Suprema Corte e informando a data e pauta da reunião de abertura do calendário parlamentar do ano seguinte.
Diante do espelho, Hyacinth encarou as suas vestes cor de ameixa com um W bordado em fio de prata do lado esquerdo do peito e ensaiou a sua postura freneticamente. Cada movimento, cada gesto havia sido treinado e memorizado para que a garota que sempre se destacou apenas por seu poder bruto e uma quantidade abismal de sorte e coragem, fosse também uma presença marcante no salão mais rígido do mundo bruxo.
Hyacinth sabia que não bastava entrar no Wizengamot como a bruxa que derrotou Voldemort; para mudar aquele sistema, ela precisava dominá-lo e depois explodir as suas regras de dentro para fora.
Com um último olhar para o seu reflexo, ela respirou fundo, acenou uma despedida para Walburga e se dirigiu até a lareira. Roboticamente, com os nervos à flor da pele, Hyacinth jogou um punhado de pó de Flu no fogo, gritou o destino e saiu cambaleando ligeiramente direto para o átrio do Ministério da Magia.
Ao emergir das chamas, ela foi recebida por um pequeno grupo de repórteres que não se cansavam de persegui-la com câmeras e penas, sempre que surgia alguma fofoca nova sobre a sua vida. Os flashes das câmeras dispararam, iluminando seu rosto com uma luz ofuscante, enquanto perguntas se amontoavam no ar e ela ignorava todas elas e se questionava como essas pessoas souberam da presença dela na sessão daquele dia.
Hyacinth caminhou com uma falsa confiança em direção ao elevador mais próximo que, graças a Merlin, estava vazio; apertou o botão para o nível desejado e, finalmente, se permitiu respirar fundo, sentindo a bola de ansiedade, que havia se formado na boca do seu estômago, dissolver levemente junto com a sua respiração profunda.
O elevador parou com um leve solavanco no nível nove, e as portas se abriram para um corredor menos movimentado que os andares superiores. Ela saiu, os saltos ressoando no chão de pedra enquanto atravessava o espaço até a escadaria que a levaria ao nível 10 — uma masmorra iluminada, onde o tribunal do Wizengamot estava situado.
A cada degrau, os olhares começaram a se demorar, observando-a com curiosidade — mas ela já esperava por isso. Walburga foi clara quando disse que, para os outros bruxos da Câmara dos Lordes, Hyacinth Potter não seria uma figura esperada.
— Eles não vão esperar que você, uma mestiça, apareça no Wizengamot. — Walburga disse uma vez. — Uma Potter carregando o título de Lady e se sentando na Suprema Corte dos Bruxos já é uma anomalia, mas você não é apenas isso. Você é Hyacinth Potter, a última da sua linhagem. A Garota que Sobreviveu. E a Lady Black, um assento que nunca foi ocupado por mulheres e menos ainda por pessoas de fora da família. Eles vão ficar incomodados e, francamente, eu estou ansiosa para ver isso acontecer.
Depois disso, Walburga soltou uma gargalhada alta que assustou os pássaros que repousavam na janela.
Portanto, Hyacinth já esperava que a sua presença provocaria especulações e cochichos entre os bruxos que transitavam pelos corredores do Ministério e os membros do Wizengamot. Mas somente graças às cansativas lições de Walburga, ela conseguiu ignorar os olhares persistentes enquanto seguia seu caminho, movendo-se com as costas retas e uma confiança adquirida depois de horas de treino na frente do espelho.
Finalmente, quando Hyacinth chegou à Câmara, ela se forçou a não suspirar. O grande salão do Wizengamot era um espaço verdadeiramente imponente, iluminado apenas por tochas, cujas chamas projetavam sombras sobre as paredes de pedra escura. Aos 14 anos, quando havia visitado o local pela primeira vez sob julgamento, tudo o que ela conseguiu perceber foi a aura opressiva, o medo que a cercava e a sensação de ser uma mosca sendo observada através de um vidro por diversos gigantes que a julgavam de seus tronos.
Agora, aos 28 anos, o cenário parecia completamente diferente. Pela primeira vez ela notou os detalhes que escaparam do seu olhar juvenil: os entalhes nas colunas, o teto alto, os quadros nas paredes.
Era realmente surpreendente. Mas não era o momento para prestar atenção nisso.
A disposição dos assentos não seguia uma divisão formal de partidos, mas todos sabiam que os lordes se organizavam de acordo com as suas posições políticas. Haviam os conservadores, que defendiam a preservação das tradições e a supremacia de sangue — um grupo notavelmente menor, em comparação aos anos anteriores; os liberais, que buscavam reformas radicais e uma sociedade bruxa mais aberta aos trouxas; e os neutros, que normalmente evitavam apoiar os dois extremos, optando por julgar cada questão individualmente ou apenas apoiar quem eles acreditavam estar no topo.
Hyacinth sabia, portanto, que a sua escolha seria uma declaração.
Todos ali aguardavam para ver qual lado ela tomaria, provavelmente esperando que ela se juntasse aos liberais como seus parentes fizeram. Por isso, quando ela finalmente se acomodou entre os assentos dos neutros, o murmúrio sutil na sala cessou momentaneamente, e o ambiente pareceu crescer ao redor dela. Mas Hyacinth não tomou esta decisão impulsivamente, era uma escolha que havia longamente discutida durante os seus estudos com Walburga, era uma mensagem bastante clara, na verdade. Ela não se alinharia cegamente com nenhum grupo.
Sentada em sua cadeira, Hyacinth pensou em seus pais por alguns segundos. James e Lily teriam orgulho das escolhas dela? Eles a teriam apoiado em todas as suas decisões? Sirius teria gostado do fato de que ela decidiu assumir uma posição que, hereditariamente, deveria ser dele? Que agora Hyacinth havia se tornado aquilo que ele desprezava? Uma Lady, uma dama da alta sociedade?
Ela se esforçou para não se deixar levar pelas memórias ou pelas dúvidas, focando em lembrar-se apenas do apoio do padrinho, das palavras de encorajamento dos amigos, das lembranças da coragem dos pais.
Era nisso que Hyacinth deveria focar; com um suspiro profundo, ela ajustou os ombros e se sentiu um pouco mais forte, um pouco mais pronta para enfrentar qualquer coisa viesse a seguir.
— Bom dia, minha Lady Potter… eu presumo? — Uma voz que Hyacinth realmente não estava pronta para enfrentar soou muito perto. — Seja bem-vinda ao Wizengamot.
Virando-se lentamente, ela se deparou com um par de olhos azuis gélidos e longos cabelos loiros que não poderiam ser de outra pessoa, senão Lucius Malfoy. Hyacinth sentiu um arrepio percorrer a sua espinha, as lembranças do tempo nas masmorras da Mansão Malfoy correndo freneticamente pela sua mente, enquanto ela lutava contra a vontade de sair correndo para fora da câmara.
— Obrigada, meu Lorde Malfoy. — Ela murmurou, tentando manter a compostura, apesar do terror absoluto que afundava o seu estômago. — E é Lady Black, na verdade.
Malfoy arqueou uma sobrancelha, um pequeno sorriso surgindo em seus lábios, enquanto ambos ignoravam os sussurros ao redor.
— Ah, Lady Black. — Disse ele, a sua voz suave, mas escorrendo uma condescendência que a fazia se encolher por dentro. — Que inesperado.
Hyacinth assentiu vagamente, sem realmente se importar em fornecer uma resposta adequada ou explicação suficiente para aquela afirmação. Isso, é claro, não passou despercebido por Lorde Malfoy, que sorriu ainda mais, enquanto um lampejo de surpresa brilhava em seus olhos.
— A vida é cheia de surpresas, meu Lorde. — Hyacinth acrescentou, quando nenhum dos dois ousou falar mais nada. — Algumas são mais bem-vindas do que outras, no entanto.
Malfoy soltou uma gargalhada divertida, um som que fez muitos pescoços se virarem para eles com curiosidade.
— Eu tenho certeza que sim, minha Lady. Esperarei ansioso pelas surpresas que você trará.
E então, para a surpresa de todos no Wizengamot, Lorde Malfoy se acomodou ao seu lado, nos assentos dos neutros.
Hyacinth congelou. O ar ao seu redor parecia rarefeito, como se o mundo tivesse parado por um instante, enquanto ela ouvia apenas o seu coração batendo acelerado dentro do peito. Não havia como aquilo estar acontecendo. Não Lucius Malfoy, não ao seu lado.
Mais cedo naquele dia, enquanto ela penteava seus longos cachos, ela lembrou de ter pensado em todas as coisas que poderia esperar durante a sua estreia no Wizengamot. Ela sabia, obviamente, que haveriam os sussurros. Estava preparada para os olhares furtivos, os dedos apontados em sua direção, as insinuações venenosas. Ela até esperava uma provocação ou duas, talvez uma afronta descarada, se alguém fosse ousado o suficiente.
Mas nada — absolutamente nada — em seus planos meticulosos previu isso. Lucius Malfoy, um ex-Comensal da Morte, falando com ela, sendo educado e sentado ao seu lado, no lugar reservado aos neutros, como se aquilo fosse o mais natural dos gestos.
Os dedos dela se crisparam em torno dos braços da cadeira, o rosto impassível, mas a mente um turbilhão. Lucius Malfoy se declarando neutro? Ao lado dela, a Garota que Sobreviveu, a bruxa que derrotou Voldemort e a mulher que ele desprezou por tanto tempo? Que piada.
O que ele estava fazendo? Mais importante ainda, o que ele queria?
Porque era óbvio que aquilo era um estratagema. Tinha que ser. Lucius Malfoy não fazia nada sem um bom motivo, e a súbita cortesia só poderia ser uma maneira de ganhar a confiança dela, se infiltrar em seus pensamentos, colher os seus segredos e depois usá-los contra ela, disso Hyacinth tinha certeza.
Não havia como ele, um dos mais leais ao caído Lorde das Trevas, mudar abruptamente. A transformação de servo leal a político neutro era tão improvável quanto um basilisco voar. E não fazia sentido que ele fosse tão capaz de esquecer tudo o que aconteceu há 10 anos e se tornar esse Lorde educado sem nenhum motivo aparente.
Até porque elanunca esqueceu. Hyacinth ainda se lembrava de cada detalhe, de cada som que ecoava pelas paredes frias da Mansão Malfoy. Os gritos agudos de Hermione, a risada sádica de Bellatrix, o desespero de Ron, o corpo frágil de Olivaras. E Lucius, com aquele olhar impassível, orientando Draco, sussurrando no ouvido do filho para que ele a entregasse ao seu Mestre.
Ela nunca esqueceria.
Alguém como Lucius Malfoy, que assistiu de perto tanta crueldade, não poderia simplesmente virar a página, exceto para o seu próprio benefício.
Hyacinth sentiu a bile subir em sua garganta ao pensar que ele, o homem que assistiu a tortura sem piscar, agora ousava sentar-se ao lado dela, fingindo neutralidade.
Ela não confiaria nele. Não agora. Provavelmente, nunca.
Hyacinth permaneceu com o rosto imóvel e o corpo tenso, enquanto tentava controlar o turbilhão de pensamentos que começaram a assombrá-la. Enquanto isso, a reunião do Wizengamot começou sem que ela sequer notasse. O Ministro Shacklebolt abriu a sessão, passou pelos procedimentos parlamentares e explicou calmamente que todos os presentes teriam até a próxima reunião em um mês para submeter as suas propostas para o calendário do ano seguinte. Essas palavras, no entanto, flutuaram por cima da cabeça de Hyacinth, perdendo-se na sua confusão de pensamentos.
Ela tentou prestar atenção, forçar-se a absorver as informações cruciais, mas a sua mente se recusava a cooperar, mergulhando nos flashbacks e nos sons de gritos do seu passado, enquanto o seu corpo entrava silenciosamente em pânico e ela lutava mais uma vez contra o desejo de se levantar e fugir daquela sala.
De repente, um leve som de cadeiras arrastando anunciou o fim da reunião. A mente de Hyacinth voltou ao presente com um solavanco, e ela percebeu as pessoas começarem a se levantar, conversando baixinho entre si, claramente alheias ao pânico de Hyacinth.
— Foi bastante agradável vê-la novamente, Lady Black. — Malfoy encarou Hyacinth com um brilho de satisfação no olhar, enquanto ambos se juntavam aos outros membros do Wizengamot. Antes que ela pudesse reagir, ele tomou a sua mão direita, puxando-a com uma leveza teatral, inclinou a cabeça com precisão praticada, seus lábios pairando sobre o dorso da mão dela. — Espero poder ser agraciado pela sua presença na próxima reunião.
Mas Hyacinth mal registrou o toque e apenas murmurou um “até mais”, enquanto a sua mente ainda estava submersa na tempestade silenciosa que se agitava dentro dela. A cada dois passos, ela parava para receber os parabéns de algum Lorde ou Lady, mas no final os murmúrios se tornaram um zumbido, uma cacofonia de ruídos de fundo que ela não conseguia decifrar.
Hyacinth forçou o seu corpo a se mover em direção às escadas, de volta para o elevador no 9º andar, mas cada movimento parecia uma tarefa monumental, como se ela estivesse caminhando em areia movediça. O seu coração ainda batia descontroladamente, quando uma pressão opressiva se instalou em seu peito, dificultando a respiração. Ela sentiu a visão embaçar, as cores ao seu redor se tornando mais vívidas e distorcidas. As palmas das mãos suavam, e ela lutava contra a vontade de limpar as gotas de suor nas suas vestes e contra a sensação de que o chão estava se aproximando do seu rosto.
Hyacinth saiu do elevador com o corpo ereto, os ombros alinhados e o rosto neutro, enquanto atravessava o átrio do Ministério da Magia em passos rápidos. Ela percebeu algumas olhadelas furtivas ao seu redor, mas recusava-se a ceder, a deixar transparecer o quanto ela era fraca, o quão fácil era fazê-la quebrar.
Ela se aproximou das lareiras com passos firmes, mas a sua força de vontade já estava à beira do colapso, sustentada apenas pela necessidade de se afastar dali. Ela agarrou o punhado de pó de flu com uma mão trêmula, mas forçou-se a ignorar a reação do seu corpo. Ela não podia vacilar agora. Em um movimento brusco, lançou o pó às chamas e, com a voz rouca e quebradiça, gritou o destino da sua casa.
Assim que Hyacinth emergiu das chamas verdes na lareira da sua mansão, o controle meticulosamente mantido ao longo do dia quebrou-se completamente. Ela foi arremessada no chão da sala de estar, as pernas vacilando e o corpo desabando sobre o piso. Não houve mais resistência. O pânico, que antes estava preso na sua garganta, sufocando-a silenciosamente, explodiu em uma enxurrada avassaladora.
O primeiro soluço saiu com força, rasgando a sua garganta com um grito abafado, e então veio outro, e mais outro, até que o som de seu próprio choro encheu o ar ao seu redor. Seus dedos cravaram no tapete, tentando, inutilmente, encontrar alguma ancoragem, algum ponto de estabilidade, enquanto o seu corpo se sacudia com a força das emoções que ela não podia mais conter.
As lágrimas desciam pelo rosto, quentes e incontroláveis, enquanto a sala, normalmente familiar e acolhedora, parecia girar ao seu redor. O chão era o único lugar onde ela conseguia permanecer presa à realidade, mas mesmo ele parecia escorregar debaixo dela.
Ela se encolheu ali, os braços em volta do próprio corpo, a máscara que ela usara com tanta determinação no Wizengamot havia se despedaçado. E agora, sozinha, o peso de tudo que ela vinha carregando a esmagava.
Hyacinth se sentiu uma fraude, uma idiota, uma tola fraca, incapaz de manter a própria sanidade intacta. Ela se odiava por isso, por permitir que uma simples interação inocente com um homem que não deveria mais causar nenhuma reação à ela, simplesmente a fizesse quebrar. Que mesmo após 10 anos do fim da guerra, ela ainda sentisse que continuava fugindo, se escondendo nos lugares, correndo da própria sombra. Que mesmo aos 28 anos de idade, Hyacinth ainda se sentia a mesma menina vestida com trapos, com o cabelo cortado de maneira desigual, dormindo dentro de um armário escuro cheio de aranhas.
Se seus pais pudessem vê-la agora, eles teriam pena dela? A garota que eles deram a própria vida para proteger, agora uma casca quebrada, incapaz de manter-se de pé. E Sirius? Ele a teria sacudido pelos ombros, gritado para que ela parasse de ser covarde? E Remus a olharia em silêncio, com aquele longo olhar cheio de pena? Seus amigos revirariam os olhos se a vissem deitada em posição fetal no chão da sua sala de estar? Eles achariam um exagero da parte dela reagir assim?
Hyacinth odiava isso. Odiava a ideia de que todos aqueles que ela amava, que lutaram e morreram por um mundo melhor, olhariam para ela agora com desprezo e veriam uma mulher inútil, triste e solitária fugindo do próprio reflexo. Uma mulher incapaz de escapar do seu passado, sempre retornando para aqueles pensamentos obscuros quando a menor lembrança surgia à sua frente. Às vezes era um feitiço, um lugar, uma palavra dita alta demais ou simplesmente um rosto familiar, e Hyacinth entrava em pânico e fugia assustada.
Ela se abraçou com tanta força, desejando desaparecer, que mal percebeu a aproximação suave de passos. Não houve aviso, apenas um toque gentil, quase hesitante, e então um frasco de vidro foi pressionado contra seus lábios. O líquido amargo escorreu por sua garganta antes que ela pudesse resistir, e então pequenas mãos firmes, mas cuidadosas, sustentaram a sua cabeça, forçando-a a engolir o líquido até a última gota. Ela tentou protestar, mas as palavras ficaram presas na garganta, abafadas pela névoa de exaustão.
Tudo começou a se distorcer em seguida. A tensão que dominava cada músculo de seu corpo lentamente começou a ceder, dissolvendo a dor e o medo. Hyacinth mal se deu conta quando foi cuidadosamente deitada em uma superfície macia, que parecia afundar sob o peso de seu corpo cansado. O cheiro de camomila e lavanda flutuava pelo ar, em uma nuvem familiar e acolhedora.
A sua mente, ainda confusa e fragmentada, registrou vagamente o ambiente ao redor, mas os pensamentos começaram a esmaecer, a desacelerar. A suavidade sob seu corpo, a doçura delicada das ervas, o calor de um par de mãos envolvendo-a em um cobertor macio e quente... tudo se misturava em um sonho distante enquanto seus olhos, pesados, finalmente se fechavam.