
Capítulo 3
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Severus passou a se odiar um pouco mais desde que teve aquele impulso estúpido de beijar o porco do Potter. Maldita seja a hora que ele fez aquilo.
Tinha se passado uma semana desde o beijo, três dias desde que Potter o encurralou naquele corredor a noite e havia dois dias que McNair apareceu no meio da floresta a noite completamente sem roupa sem saber como ele foi parar lá.
O sonserino apareceu na entrada da escola no início do dia, muitos alunos o viram e ninguém havia deixado de falar sobre aquilo. Muitos passaram a dizer que o outro se drogou com alguma coisa e se perdeu dentro de sua própria cabeça. Severus nunca tinha visto o seu chefe de casa tirar tantos pontos da sonserina como naquele dia.
Mas Sev tinha a certeza que Potter tinha algo a ver com aquilo, não que ele se importasse com o outro sonserino, mas o fato de Potter ser capaz de agir como um namorado ciumento o fez se preocupar um pouquinho. O grifinório parecia realmente acreditar que eles estavam juntos e aquilo o estava dando uma grande dor de cabeça.
— Desfaça esse bico, Sev. — Regulus disse, ambos tinham acabado de se sentar pra tomar o café da manhã. — Pra começar isso é culpa sua, não deveria ter beijado aquela criatura, e não tem o porquê de você se preocupar com Potter. O idiota não está em cima de você, é quase como se ele tivesse se esquecido de você.
— Por enquanto, ele se esqueceu de mim por enquanto. — Severus estava sempre olhando sob os ombros. — Pense comigo Reg, ele foi capaz de fazer aquilo com McNair apenas pelo que eu disse, você consegue imaginar o que ele seria capaz de fazer se me visse fazendo algo que ele encararia como traição?
— Pelo menos ele não faria nada contra você. — Evan se intrometeu na conversa.
— Isso era pra me acalmar?
— Sim... — Rosier pareceu inseguro ao falar. — Não é você que tem que se preocupar, mas sim os outros caras que se aproximam de você.
— Não, estou nessa com Sev. — Mulciber falou, ao menos um de seus amigos tinha um pouco de senso. — Potter é louco, mas foi engraçado ver McNair daquele jeito.
O idiota começou a rir e todos os outros o seguiram, McNair não era exatamente querido pelas pessoas.
— Eu não estou reclamando do que Potter fez, eu até gostei, mas me preocupa ele achar que somos namorados.
— Dizem que existe uma linha muito tênue entre o amor e o ódio. — Wilkes falou enquanto tentava segurar um sorriso. — E vocês sempre disseram que se odiavam.
— Cala a boca. — Severus sentiu seu rosto esquentar enquanto jogava um pequeno pedaço de pão em Wilhelm, o que não fez efeito nenhum. — Fico contente em saber que minha desgraça diverte vocês.
Seus amigos estavam rindo dele sempre que tinham a oportunidade, o que era sempre.
— Se te incomoda tanto assim o fato dele achar que vocês estão namorando, faça com que ele termine com você. — Avery falou como se aquilo fosse óbvio.
— Fazer ele terminar comigo? — Severus sussurrou pra si mesmo, sem dar muita importância pro seus amigos barulhentos. — Talvez isso faça sentido.
*
Severus não iria de fato dar ouvido pra Edmund Avery, apenas um louco faria algo assim. Isso até o porco do Potter ter decidido que sua paz tinha durado tempo demais.
Naquele mesmo dia, quando ele estava entrando na sala de aula da matéria de runas, uma matéria que o Potter não fazia, o porco apareceu na sua frente. O idiota tinha um grande buquê nas mãos junto com uma pequena caixa.
— Sev. — O idiota sorriu amplamente quando o viu, chamando ainda mais atenção das pessoas ao redor. — Você demorou, amor.
— Mais que visão do inferno é essa?! — Avery perguntou baixinho ao seu lado. Ambos os sonserinos ficaram paralisados vendo o grifinório se aproximar.
Severus sentiu seu corpo tensionar conforme o outro se aproximava e quando parou a sua frente, simplesmente se inclinou sobre ele e o deu um leve beijo na bochecha, causando vários suspiros ao redor de ambos. Snape arregalou os olhos com aquilo, ele não estava entendo nada.
Potter colocou o buquê e a caixinha em suas mãos e o fez um rápido carinho em seus cabelos, colocando alguns fios atrás da orelha e o dando outro beijo na bochecha, só que esse foi mais perto de sua boca, o que acordou Severus e o trouxe pra realidade.
— Que porra é essa Potter?! — Ele falou alto demais enquanto olhava entre o grifinório e os presentes.
Os sussurros a sua volta cessaram, mas ele podia sentir que todos estavam olhando pra eles. Merlin, ele queria matar Potter e se matar naquele mesmo instante.
— O que? — O idiota perguntou fazendo uma expressão de falsa confusão, Severus ainda podia ver o pequeno puxar de lábios do outro. — Você não gostou? Escolhi essas flores especialmente pensando em você, tulipas vermelhas significam amor perfeito e eterno, assim como o nosso amo-
Severus de modo imprudente bateu no porco com aqueles presentes, foi pétalas das flores pra todo lado, muitas pessoas se afastaram, incluindo o traidor do Avery.
—Seu porco maldito. — Severus queria poder enforcar o outro. — Eu não já mandei você parar com isso?
— V-você ainda está com raiva? — Potter perguntou assim que conseguiu se afastar do outro, o idiota estava com os olhos arregalados e o rosto vermelho, seus cabelos estavam ainda mais desgrenhados. — Eu já pedi perdão a você meu amor, e eu não entendo o porquê de tanta raiva. Foi você que não queria assumir o nosso namoro.
Severus travou onde estava, mas que merda era aquela?
Não, não, o porco não iria fazer aquilo, certo?
O sussurro ao seu redor voltou com força, agora havia mais pessoas por perto. Severus precisava sair dali, ele abraçou contra o peito o que sobrou do buquê, a caixinha ele nem sabia onde foi parar.
— O que? — Severus se aproximou do outro, que se distanciou ainda mais. — Do que você está falando?
— Sev. — O grifinório o olhou com falsa compaixão. — Me perdoa se eu não insistir mais pra nos assumir antes, mas eu pensei e você deu a entender que não queria que as pessoas soubessem, pensei que queria manter em segredo. Eu não tinha como saber que você estava odiando o nosso arranjo.
— Cala a boc-
— Eu lamento, mas agora eu entendi e vou garantir que todos saibam que somos namorados, que sempre fomos namorados. — Potter sorriu pra ele, parecia um demônio disfarçado de anjo, Severus o odiava. — Eu realmente amo você, e não quero te perder.
Snape parou olhando pras próprias mãos, qual seria a sua pena se ele matasse o porco? Será que ele seria condenado a ganhar o beijo do dementador? Não, certo? James Potter não era tão importante assim.
— Severus. — Edmund se aproximou dele e o segurou pelos braços. — Vamos sair daqui, está todo mundo olhando. Merlin, que vergonha.
Seu amigo disse baixinho, fazendo com que Severus olhasse em volta, todos estavam de fato olhando pra aquele circo que Potter fez.
Ele não esperou por mais nada, puxando seu amigo ele se apressou pra sair dali, de forma inconsciente ainda segurava o resto das flores e ao longe ele pôde ouvir a voz do grifinório.
— Sev? Onde você vai com esse idi-?
Severus passou a quase correr pra longe enquanto arrastava Eddy com ele. James Potter pagaria por aquilo.
Sair de lá com todas aquelas pessoas o olhando foi difícil, ele odiava ser o centro das atenções, mas isso era tudo o que ele conseguia ser quando aquele grifinório desgraçado estava envolvido.
Namorados? Severus queria manter aquela relação em segredo?
Ninguém naquele castelo acreditaria naquela história, apenas um idiota faria isso.
— Aquele maldito. — Severus estava na sala comunal da sonserina, a maior parte de seus amigos estavam lá. — Por que ele teve que fazer isso? Será que o idiota não percebe que isso vai prejudicar nós dois?
— Você ainda está com o buquê. — Bruce comentou brevemente, fazendo Severus jogar aquelas flores longe. — Não precisava destruir as flores, elas são lindas e não tem culpa de terem sido colhidas pelo idiota.
Mulciber se levantou e foi até o buquê, tentando o consertar, Severus bufou.
Mulciber, Wilkes e Rosier estavam quase saindo pra aula quando Sev e Edmund chegaram, assim que viram como ele estava, os três decidiram ficar. E agora Severus tinha que aguentar Bruce choramingar por causa de flores, aquilo era um pesadelo.
Severus nunca teria acreditado se alguém o tivesse dito que Bruce Mulciber amava flores e conseguia passar longas horas na companhia de plantas, simplesmente não combinava com a estética meio sombria do outro.
— Sinto muito, mas tanto faz Bruce. O que eu quero saber mesmo é como eu vou fazer aquela estúpida criatura me deixar em paz.
— Você pode o irritar e fazer com que ele termine esse namoro. — Avery disse. — Assim como eu já havia dito.
— Isso apenas me faria passar ainda mais vergonha.
— Não mais do que você já passa no dia a dia. — Rosier falou, Severus olhou pro seu amigo que não pareceu nenhum pouco incomodado. — O que? Você sabe que é verdade. E desde de quando você se importa com isso? Você nunca ligou muito pra opinião dos outros, é por isso que nos tornamos amigos.
— Isso é diferente. Fora que eu nem acho que tem como envergonhar o idiota, ele já é a própria desvergonha encarnada. — Severus bufou ao se jogar em um dos sofás, ele tinha sorte de não ter mais ninguém ali pra testemunhar o seu momento de descontrole. — Eu apenas não entendo o porquê dele fazer isso, ele não vai ganhar nada com essa brincadeira.
—Talvez não seja uma brincadeira. — Wilkes disse calmamente. — Talvez ele realmente goste de você e viu toda essa situação uma oportunidade pra ter você.
— Não seja ridículo Wilhelm, James Potter me odeia.
A porta da sala comunal se abriu de repente e Barty, Reg, Charity e Aurora passou por ela. Pronto, a sua desgraça estava completa agora.
— Você ganhou flores de James Potter? — Barty perguntou já com um grande sorriso no rosto, Severus gemeu de frustração. — Eu não acredito, vocês estavam de fato namorando?
Ok, então havia um idiota que acreditava naquilo.
— Não, Barty. Eu nunca namorei Potter. — Severus tentou invocar toda a calma que existia dentro do seu ser. — Não sei como você pôde acreditar nisso.
— Eu não culpa Barty. — Sinistra falou enquanto se sentava ao seu lado. — Você sabia que sempre existiu apostas sobre você e Potter, certo? São aposta envolvendo mais a corvinal e a lufa-lufa, mas ainda assim sempre tiver-
— Apostas? — Severus se virou pra sua amiga. — Que tipo de aposta?
— Você não sabia?
— Não Aurora, que tipo de aposta? — Seu coração acelerou.
Sinistra desviou o olhar, mesmo com Severus fazendo de tudo pra garota voltar a olhar e a falar com ele.
—Está legal. — Charity disse. — Depende de qual aposta você está falando?
— Há mais de uma?! — Aquilo era um pesadelo, como ele não sabia sobre aquilo? — Por que ninguém nunca me contou?
— Acredito que todos nós achamos que você já sabia e só não queria falar sobre. — Reg o olhou com uma expressão culpada. — Sabe, aquele negócio de: se eu não estou vendo, logo isso não existe.
— Estúpido, todos vocês são estúpidos. — Severus falou. — E que tipo de apostas são essas?
— Algumas são sobre por quem Potter realmente é apaixonado, outras é sobre de quem você sentia ciúmes, Evans ou Potter, e tem outras que não tem muita importância assim. — Charity falou baixinho.
— Que outras? Fale de uma vez.
— É sobre quanto tempo vocês aguentariam em fazer papel de idiotas e fingirem que não são apaixonados e tem também aquela sobre em que ano vocês se assumiriam. — Avery falou bruscamente.
— O-o que? As pessoas realmente acham que existe uma relação entre mim e o porco? — Severus sentiu o chão de baixo de seus pés se abrirem, aquilo não podia estar acontecendo, não fazia sentido.
— Pra mim essas são as melhores. — Wilkes bateu levemente no braço de Avery, o fazendo calar a boca e fazendo a mente de Severus começar a trabalhar.
— Vocês apostaram? — Severus perguntou olhando pro seus amigos, nenhum olhou em sua direção. — Ah Merlin, seus traidores desgraçados, vocês apostaram. É por isso que você parecia feliz com um possível namoro Barty?
Crouch arregalou os olhos levemente antes de abaixar a cabeça e murmurar um pedido desculpas, aquele sonso.
Severus passou as mãos no rosto enquanto ria, mas que merda estava acontecendo com todo mundo? Quando foi que ele e Potter passaram de inimigos pra amantes desafortunados?
— Sentimos muito Sev. — Regulus o olhou com aqueles olhos de cachorro arrependido. — Mas em minha defesa, eu sempre apostei que era apenas Potter o idiota apaixonado.
— Isso não melhora em nada Regulus.
— Já eu apostei apenas pra que eu pudesse ganhar e gastar o dinheiro do prêmio com você. — Charity forçou um grande sorriso, Severus sentiu seu olho esquerdo tremer.
Ele suspirou e de repente se sentiu cansado.
— Sentimos muito Sev, não deveríamos ter feito isso. — Mulciber disse. — E é como um pedido de desculpas que vamos ajudar você a convencer Potter a acabar com essa brincadeira, certo gente?
Todos concordaram com a cabeça, Severus se encostou no sofá e passou a olhar pro teto.
— Mas será que você não pode fingir pelo menos por um tempo que está de fato namorando o idiota? — Barty perguntou de forma hesitante. — O valor da aposta está alt-
O corvino calou a boca assim que o punho de Regulus alcançou suas costelas direitas.
Severus riu baixinho. Seus amigos eram completos idiotas, mas talvez fosse isso que os tornava tão divertidos. E ele já tinha o plano perfeito, ele iria fingir um namoro com Potter para provocar o grifinório até que Potter terminasse com ele e enquanto isso acontecia os seus amigos ganhariam as apostas. E quando isso acontecesse, Severus ficaria com todo o dinheiro, afinal ele era o objeto das apostas.
É, aquilo parecia justo.
*
— Isso é ridículo. — Severus comentou enquanto se olhava no espelho.
Tinha se passado dois dias desde aquela palhaçada com Potter, dois dias que Severus não saia do dormitório. Mas aquilo acabaria naquele dia, haveria um treino de quadribol da grifinória e Potter obviamente estaria lá.
Seus amigos tiveram a ideia de Severus aparecer lá como um namorado que apoia o seu grande amor. Ele nem tinha chegado até lá e já estava com vontade de chorar de vergonha.
— Por que isso é uma boa ideia mesmo? — Ele perguntou ao analisar o seu cabelo oleoso, seus cabelos já eram oleosos por natureza e ficou pior já que ele passou o dia anterior fazendo poções em seu dormitório e não os havia lavado, aquilo ajudaria a fazer Potter ficar com ainda mais vergonha de namorar com ele.
— Porque isso vai fazer o idiota ficar com vergonha e surpreso, ele não acha que você vai entrar na onda dele. — Avery o respondeu enquanto o olhava com as sobrancelhas franzidas. — Mas você está limpo demais, deveria estar pior.
— Eu já estou horrível mais do que o suficiente Edmund. Eu posso não ter muita dignidade, mas eu ainda quero manter um pouco de orgulho.
— Está bem, certo. Vai lá e banque o namorado apoiador.
— Edmund, isso é ridículo. — Ele queria chorar.
— Não, não chore e apenas siga o plano.
Respirando fundo várias vezes ele caminhou até a porta, mas antes de sair ele ainda pôde ouvir a voz de Wilkes.
— Eu ainda acho que Potter é apaioxan-
Severus deixou de ouvir e apressou o passo, quanto mais rápido aquilo acabasse melhor seria pra ele.
Ele passou pelos corredores olhando apenas pra frente, sem dar importância pros outros alunos. Chegando no campo de quadribol havia poucos alunos, a maioria da grifinória, Potter estava sentado em um banco junto com outros jogadores, o treino parecia já ter acabado.
Ele tinha sorte de não ter muitas pessoas, muitas vezes várias pessoas iam ver algum time treinar apenas pra poderem observar as... técnicas dos jogadores, até Severus já fez aquilo, um passado vergonhoso.
Severus não queria acreditar que iria fazer aquilo, mas ele estava tentando pensar apenas no dinheiro da aposta e em se livrar do porco.
Black foi o primeiro que o viu se aproximando, Severus percebeu o outro respirando fundo e cutucando Potter que o olhou imediatamente. O sonserino viu o a expressão do outro passando de confusão pra alegria.
Snape franziu o cenho. Alegria? Potter parecia feliz? Mas que merd-
— Po-James. — Ele disse baixinho, pigarreando ele tentou se demonstrar mais confiante. — O treino já acabou? Eu me atrasei, sinto muito.
Ele pôde sentir os olhares dos outros jogadores, suas mãos começaram a suar, Potter olhou pra ele por alguns segundos e Severus estava começando a se sentir feliz, ele conseguiria fazer o outro acabar com aquela palhaça. Sua vergonha teve bons resultados, mas então Potter sorriu, um sorriso largo e que parecia genuíno.
— Sev. — Potter pareceu vibrante enquanto o olhava com grande sorriso, o idiota estava até com o peito estufado.
Severus nem teve tempo de ficar realmente confuso antes do grifinório o puxar pelo braço e o fazer cair diretamente em seu colo, o porco abriu as pernas e colocou Severus sentado bem em cima de sua virilha.
O sonserino não estava entendo, o porco não deveria estar fazendo aquilo, ele deveria estar gritando ou fingindo que nem conhecia Severus, deveria estar o acusando de ser louco.
Ele sentiu o porco passar os braços em volta de sua cintura, ele ouviu várias risadinhas dos outros grifinórios.
— M-mas o que? — Severus se virou e até tentou sair do colo do outro, mas Potter o apertou, fazendo com que ele não se movesse. — Você não está com raiva?
— É claro que não. Por que ficaria? Você está aqui. — Com isso o porco o deu um beijo estralado em sua bochecha enquanto levava uma das mãos e afastava os cabelos do sonserino de seu rosto.
Black, que estava ao lado de Potter, bufou.
— Ai mais que saco vocês dois. — O cachorro sarnento murmurou. — Enfim, como eu estava dizendo, muitos pais podem não querer ajudar na nossa pequena festa, então eu acho que sim, seria uma boa ideia começar a vender alguns itens durante os jogos...
A conversa entre os jogadores continuou normalmente, era como se aquela imagem fosse normal. Era como se ele, Severus Snape, sempre tivesse sido namorado daquele porco do James Potter. Mas que inferno pessoal era aquele?
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— Você viu aquilo Pads? — James se sentia nas nuvens. Ele já havia chegado no dormitório junto com Sirius, os seus outros dois amigos também estavam lá. Todos olhavam pra ele com cansaço, mas ele não poderia se importar menos. — Ele veio até mim e não foi pra me azarar. Ele se sentou no meu colo e até deixou eu dar um beijinho em sua bochecha. Vocês precisam ter visto.
— Ah sim, mas isso foi antes do Sni-Snape o empurrar no chão e sair pisando como se estivesse pegando fogo. — Sirius complementou, fazendo Moony e Peter sorrirem.
— Isso não tem importância, é apenas um detalhe bobo. Sabe o que realmente importa? É que ele deixou eu o segurar.
Nada apagaria a felicidade de James, ele não era estúpido como as pessoas, especialmente Severus, acreditava que ele era. Ele sabia muito bem o que o seu pequeno sonserino estava tentando fazer, mas tudo que Sev conseguiria era passar mais tempo com James.
O dando ainda mais oportunidade de fazer Severus se apaixonar por ele, de fazer o outro ser gay por ele.
O seu doce garoto estava perdido.
— Merlin, pare de rir desse jeito. É meio assustador. — Peter falou enquanto o olhava com as sobrancelhas franzidas.
— Eu estou feliz Wormtail. Feliz. — Ele sorriu ainda mais pro amigo que suspirou negando com a cabeça, mas também tinha um pequeno sorriso nos lábios.
O clima no dormitório estava melhor, não perfeito, mas estava bom.
Eles realmente conversaram sobre todos os problemas, sobre todos os sentimentos e a sensação de traição e desconfiança. Foi particularmente difícil ouvir Remus dizer como ele se sentia desde o dia da ideia estúpida de Sirius, Potter teve vontade de jogar o Black no lago negro pelo que ele fez a Moony e a Severus. Nenhum daqueles garotos mereciam passar por aquela situação, James tinha a certeza que foi traumatizante pros dois, traumatizantes de formas diferentes, mas ainda assim difíceis demais.
Até Peter desabafou, ele se sentia estúpido em como não tinha percebido que o seu amigo se sentia esquecido por eles, em como ninguém pareceu se importar que naquela brincadeira na casa dos gritos ele havia quebrado uma boa quantidade de ossos ao tentar atrair a atenção de Remus e dando chance pra James tirar o sonserino de lá.
James se sentia péssimo por não ter dado apoio suficiente a Peter, mas naquele ano todos eles ficaram estranhos uns com os outros, mas ele prometeu que isso mudaria. Ele já até tinha pensado em algumas coisas pra fazer com Peter, apenas os dois.
Moony chorou ainda mais por ter machucado um dos seus amigos mais próximos.
Sirius foi um dos que menos falou, ele mais ouviu do que qualquer outra coisa, e quando disse algo eram mais pedidos de desculpas do que qualquer outra coisa. Mas foi bom ter o seu melhor amigo, mesmo que não concordando, dizendo que o apoiava e que trataria Snape com educação.
James entendia que aquilo era o máximo que ele ganharia do outro naquele momento e estava bom, desde que o Black não o atrapalhasse e não fizesse mais nada que pudesse prejudicar Remus, eles não teriam problemas.
— O que você pretende fazer agora? — Remus perguntou. — Qual será o seu próximo passo?
Potter olhou pro seu amigo, como assim qual seria o próximo passo? Aquilo não era óbvio?
— Como assim Moony? É claro que eu vou agarrar ele da próxima vez que o vir.
Seus amigos gemeram de frustração e ele sorriu ainda mais, talvez Severus pudesse não ter percebido, mas a sua pequena mudança de atitude era como se eles estivessem namorando de verdade, era como se o outro tivesse aceitado James.
E James Potter seria o melhor namorado de todos os tempos.
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