
Capítulo 2
*
— Qual é Sev, vamos lá. Prometo que não será tão ruim assim. — Charity choramingou ao seu lado novamente.
Sua cabeça já estava doendo com toda aquela conversa, por Merlin, ele só queria terminar aquela poção e ir dormir. Ele não precisava ir pra festa nenhuma na sala comunal da lufa-lufa.
Ele só queria dormir.
— Eu já disse que não, mas vocês podem ir sem mim. — Severus preferia que eles fossem sem ele. — Não ficarei chateado, eu prometo.
— Por que você tem que ser tão difícil? — Mulciber reclamou. — É só uma festa, você nunca vai em nenhuma festa com a gente.
Em momentos como aquele, ele sempre se perguntava se realmente tinha sido uma boa ideia fazer amigos. Quando ele foi pra Hogwarts ele pensou e queria fazer várias amizades, ele não queria mais ficar sozinho, ele queria ser mais como Lily, sua ex amiga. Mas então ele teve Potter e todos aqueles bastardos no seu pé, e então, ninguém queria ser amigo do alvo preferido de James Potter.
Por muito tempo ele tinha apenas Lily, mas até aquela amizade chegou ao fim, ele realmente pensou que ficaria sozinho até o final do sétimo ano, mas então teve Evan Rosier e Bruce Mulciber, que ainda durante o quarto ano começaram a se aproximar dele, tudo começou com ajudas em algumas matérias, Severus precisava de dinheiro e os outros dois precisam de boas notas, foi um bom arranjo, quando ele menos percebeu eles eram amigos. Sempre andando juntos por aí, os dois foram os primeiros a não ligarem pra Potter e pros outros grifinórios.
Na verdade, Sev não saberia dizer quantas vezes viu os seus dois amigos brigarem com alguém por causa dele.
Depois, surpreendentemente Charity resolveu ser amiga dele ainda durante o quinto ano, ela era maluca em sua opinião. Sev nunca entendeu o que aquela lufana boca grande via nele e nos outros sonserinos, eles mal tinham algo em comum, mas surpreendente, ela se tornou sua melhor amiga naquela escola.
E mais surpreendente foi o fato de seus amigos sonserinos, o qual a maioria tinha algumas ressalvas com nascidos trouxas, a aceitarem tão bem. Eles nunca fizeram aquilo com Lily.
E então teve Regulus, que, por algum motivo desconhecido, sempre pareceu querer se aproximar dele, o que ele sempre rejeitou. Durante muito tempo ele havia decidido que não queria ter nada a ver com o irmão mais novo de Sirius Black, mas Reg era simplesmente Reg, era impossível ser imune aqueles grandes olhos de cachorrinho cinza e quando ele menos percebeu o garoto mais novo estava indo no seu dormitório a noite sempre que tinha pesadelos.
Com Regulus veio também Barty e como consequência Aurora, os dois corvinos eram... únicos, por assim dizer. Barty era um ano abaixo dele, já Aurora estava no mesmo ano que ele, a garota se deu bem imediatamente com Charity, se tornaram as únicas garotas do grupo, sempre andando juntas por aí.
Ele apenas percebeu que era amigo deles quando Barty chorou em sua presença devido a uma briga com o pai, Sev não sabia o que fazer ou o que falar pra animar o outro, então ele apenas xingou o pai do corvino, ganhado uma crise de risos do menino mais novo.
Já Sinistra, foi quando ela o chamou pra ir até a floresta proibida no meio da madrugada pra ver um evento lunar e ele simplesmente foi, sem nem mesmo gostar daquele tipo de coisa, ele foi apenas porque sabia que a garota gostava.
Era tão confuso ter amigos.
Durante o sexto ano, ele conheceu Edmund Avery e Wilhelm Wilkes, ambos já eram amigos e Severus os conheceu realmente quando em uma noite ele viu os dois em corredor perto da sonserina, Eddy estava vomitando sangue, algo relacionado a endogamia que as famílias sangue puro pareciam tanto se orgulhar, contra todo o seu bom senso, ele parou pra ajudar. Depois daquele dia, Wilhelm pareceu o considerar um grande amigo, sempre falando com ele de forma informal, como se eles se conhecessem desde de sempre, Avery acabou vindo junto.
No final, ele ficou com mais amigos do que pretendia e agora ele não sabia como lidar com aquilo. Era demais pra ele.
— Eu não gosto de festas. — Ele respondeu a Bruce. — E, de qualquer forma, eu tenho um pequeno lote de poções pra terminar. Madame Pomfrey está contando com a minha ajuda.
Ele demorou tanto pra convencer a enfermeira a deixá-lo ajudar com as poções, ele não podia simplesmente decepcioná-la agora, não depois que a enfermeira e os professores Slughorn e McGonagall o ajudaram tanto a conseguir aquilo, isso o ajudaria a concorrer a bolsas de estudo. Era importante, mais importante que uma simples festa.
— E se ajudarmos você? — Charity perguntou com os olhos brilhando, como se tivesse tido a melhor ideia de todas.
— Nós? — Barty perguntou espantado enquanto apontava pra ele mesmo. A lufana lançou um olhar duro pro amigo, o que o fez se calar.
— Absolutamente não. — Se algum dia ele deixasse aquilo acontecer, poderiam internar ele em algum hospício, porque ele estaria louco. — Vocês só vão me atrapalhar.
— Nossa Sev, não precisa ser tão duro. — Charity choramingou e o lançou aquele olhar de criança pidona. Severus odiava aquele olhar.
— Não me olhe assim. — Severus suspirou. — Eu não vou demorar muito aqui, então, porque vocês não vão na frente e eu encontro vocês depois?
— Porque desse jeito você não vai aparecer lá. — Avery falou calmamente.
— É, você não vai. — Wilkes concordou. — Você já usou essa técnica antes, lembra?
Snape suspirou novamente enquanto mexia o caldeirão, aquilo era verdade, ele já usou aquela técnica antes, na verdade ele já utilizou todas as desculpas que alguém poderia usar pra não ir a algum lugar.
— Está legal, eu realmente não ia. — Ele resolveu ser sincero. — Mas, gente, eu realmente não quero ir. Quando acabar aqui, eu quero apenas ir dormir, esse ano eu estou fazendo tantas coisas. Eu estou cansado.
Talvez se ele se vitimizasse eles teriam pena dele e o deixaria em paz.
— Mas você não ficará chateado em ficar só?
— Não Charity, eu não vou. Ficarei bem, podem ir.
— Eu fico com você. — Reg disse ao seu lado, o que fez Severus se assustar levemente, ele nem viu o garoto se aproximando dele.
— Agradeço, mas não é necessário. Lembre-se de quem vai estar nessa festa.
Snape olhou pro garoto mais novo, vendo o exato momento em que o rosto dele ficou vermelho e seus amigos começaram rir, não era segredo pra ninguém que Regulus gostava de uma menina da lufa-lufa, era uma pena o seu amigo ser meio medroso pra se declarar.
— Está legal, se você não quer ir, acho que podemos ir ou vamos chegar muito atrasados. — Evan veio a seu socorro, pelo menos ele tinha um que o entendia de uma forma melhor.
Após uma breve despedida, Sev suspirou aliviado, finalmente sozinho. Ele gostava de seus amigos, gostava mesmo, ele seria capaz de morrer por eles, mas às vezes ele só queria ficar sozinho.
Aquilo sim era paz.
As próximas duas horas foram tranquilas, apenas o barulho de seu trabalho e o leve frio que estava fazendo na sala. Amarrando seu cabelo em coque alto, ele começou a engarrafar as poções e então ele teria acabado, na manhã seguinte o professor Slughorn verificaria tudo e passaria pra madame Pomfrey.
Quando ele enfim terminou e organizou tudo ele se espreguiçou ouvindo seu corpo estalar, Merlin, talvez Rosier realmente estivesse certo e ele devesse fazer algum exercício físico diariamente.
Quase dormindo em pé ele passou a ir em direção ao seu dormitório, os corredores estavam vazios, pra sua sorte. Já era tarde da noite, tudo estava silencioso e deserto, tudo perfeito.
Mas então sua paz acabou, ele ouviu passos logo atrás dele, se virando levemente pra poder ver quem era, ele percebeu que não havia ninguém e o barulho dos passos tinham acabado. Suspirando, ele amaldiçoou sua sorte, tudo estava indo tão bem naquele dia.
— O que você quer agora Potter? — Ele perguntou em alto e bom som, porque, por mais que ele não estivesse vendo ninguém, ele reconhecia aqueles passos. — Eu sei que você está aqui, então saia logo debaixo dessa capa e fale o que você quer.
Ele não precisou esperar muito pra ver o rosto ridículo do grifinório aparecer. Potter o olhava como se ele estivesse fazendo algo super errado e criminoso, o grande idiota.
Desde o dia daquela ideia insana de Potter que Severus deveria o assumir, ele manteve o máximo de distância possível do grifinório e, surpreendentemente, o outro pareceu recuar. Severus até achou que tudo aquilo não passou de mais uma brincadeira do outro, então ele baixou a guarda e agora lá estava ele olhando pro rosto miserável daquele porco.
— O que você faz por aqui a essa hora da noite, Sev? Já passou do horário de andar por aí. — Potter enrolou a capa embaixo de seu braço esquerdo enquanto sua mão direita segurava sua varinha. Severus sentiu um arrepio passar por seu corpo com o uso daquele apelido.
Aquilo só poderia ser um pesadelo. Por que ele teve que beijar o outro?
Será que agora ele teria que lidar com aquele James Potter? Ele não aguentaria aquilo.
— Isso não te diz respeito, tenha uma noite de merda.
Com isso Severus se virou e começou a andar novamente, ele não queria brigar, ele apenas queria dormir. Por que as pessoas não deixavam ele dormir?
— Me diz respeito sim. — Potter se aproximou ainda mais, ficando na frente de Severus, atrapalhando o seu caminho. — Eu sou monitor, posso tirar pontos de você, e, não se esqueça, sou sua responsabilidade. Então, me diga o que você está fazendo aqui.
— Como você consegue ser tão insuportável? Porra, me deixe em paz. — Severus estava cansado do outro. — Ainda está nessa de eu ter que assumir você? Lembre-se que você é o incrível herdeiro Potter, o grifinório mais brilhante de todo esse castelo, o garoto que pode conseguir qualquer pessoa, então por que você quer a mim? O Snivellus, vamos esquecer tudo isso. Você merece algo melhor Potter.
Ele não conseguiu segurar o sarcasmo, mas talvez aquilo funcionasse e Potter voltasse ao seu normal e lembrasse com quem ele estava falando.
Mesmo ele não sendo mais amigo de Lily, o outro nunca o deixou completamente em paz, todos os dias, ele tinha que aguentar o outro por perto, independente de qualquer coisa, Potter sempre aparecia na sua frente, as vezes eles nem tinham aula em conjunto, mas ainda assim o outro estava por perto.
Apenas nos últimos três dias que ele teve uma pequena folga da presença constante do grifinório, ele queria que tivesse permanecido daquela forma.
— Agradeço pelos elogios Sev, sempre desconfiei que no fundo você me notava. — Potter o deu um grande sorriso. —Eu estou apenas cumprindo com o meu dever, como monitor e como seu namorado.
— N-namorado? — O cérebro do sonserino pareceu desligar. — Namorado?! Você enlouqueceu?! Nós não somos nada seu idiota.
As narinas de Potter se abriram e ele se aproximou ainda mais, invadindo o espaço pessoal de Severus. O sonserino odiava o fato do outro ser mais alto e mais forte fisicamente do que ele, era desconcertante em momentos como aquele.
— Eu não entrarei no mérito se somos namorados ou não, mas sim, nós estamos juntos. Você me beijou porque quis, agora eu sou o seu problema, sua responsabilidade. Aprenda a lidar com isso, porque eu não vou a lugar algum sem você. — Severus realmente nunca entenderia o que se passava pela cabeça do outro, o que ele fez de tão errado em sua vida pra ter que passar por aquilo? Justo no seu último ano. — E por que tanta relutância em me dizer, se você já tivesse me respondido o que eu perguntei, eu já teria ido embora. Caso não tenha percebido, eu estou tentando te dar um pouco de espaço até você entender sobre a nossa relação, mas assim fica difícil Severus.
— Por Merlin, você é maluco. — Severus exclamou enquanto olhava em volta tentando encontrar uma rota de fuga. Ele não sabia lidar com outro daquela forma.
— Não seja assim. — O grifinório sorriu levemente antes de fechar sua expressão e olhar pra Severus atentamente. — Não vai me dizer que estava com alguém, namorando. Por que se for esse o caso teremos um grande problema. Porque caso você não se lembre estamos juntos.
Severus estava começando a se irritar e a esquecer a sua meta de não entrar mais em brigas.
Quando foi que o outro passou de o perseguir pra o azarar e passou a persegui-lo como um namorado psicótico?
Potter tinha que ser assim com Evans, não com ele.
— Sim Potter, eu estava com alguém, mas já tem tempo, ele já foi embora. — Severus respondeu, se era aquilo que o outro achava que ele estava fazendo, então era aquilo que o sonserino estava fazendo. — E tire essa ideia de relacionamento da sua cabeça, eu não vou te assumir, porque não tem nada pra assumir. Me deixe em paz!
Dê o que Potter quer e então ele poderia ir embora, era simples. Talvez ele até se canse daquela brincadeira ridícula.
— O-o que? Você estava com alguém? — O grifinório parecia estar morrendo aos poucos, Severus se sentiu feliz e realizado. — Com quem?
— Isso não é da sua conta, se quiser tirar pontos meu, fique à vontade. — Severus tentou contornar o outro pra ir embora, mas Potter segurou o seu braço, sua varinha já havia sido guardada. — O que é agora?
— Com quem você estava? — O rosto de Potter estava anormalmente sério, nenhum traço de zombaria ou de alegria, apenas raiva, uma raiva crua em seus olhos. Severus sentiu seus músculos tensionar. — Com quem Severus?
— Solte o meu braço agora mesmo.
— Com quem?
Severus tentou tirar seu braço do aperto do outro, mas Potter o pressionou contra a parede. Ele até tentou pegar sua varinha, mas a outra mão do grifinório o segurou antes que ele pudesse conseguir, a capa do outro ficou caída aos seus pés.
— Por que você está tão interessado nisso? — Severus nunca entenderia aquele garoto. — Que inferno, porque você tem que ser tão obcecado por mim?! Nós não estamos juntos, eu apenas beijei você porque queria provar um ponto, que eu sou gay. Eu te beijei pra que você entendesse que eu não quero a Evans e então você poderia me deixar em paz. Era apenas isso.
Ele não conseguia encontrar uma justificativa em sua mente que explicasse o porquê de alguém o pertubar tanto como Potter fazia, aquilo não era ódio simples. Tinha pessoas muito piores que Severus naquele castelo, mas ele sempre era o alvo principal do grifinório, não fazia sentido.
— Preciso saber quem é pra que eu possa tirar pontos dele também. — Potter o respondeu de forma calma, mas sem o soltar e sem comentar sobre o beijo
— McNair. — Severus respondeu, McNair era um sonserino do seu ano, um purista de merda que vivia o perturbando.
— McNair? Você quebrou as regras por causa daquele cara? Você prefere esse merda ao inves de mim?! — Potter o olhou como se ele fosse estúpido e então o soltou. — McNair... Isso só pode ser uma piada Snape. E sim, nós estamos juntos Severus e você vai me assumir sim.
O grifinório pegou suas coisas e foi embora sem olhar pra trás, sem tirar pontos de Severus ou azarar, aquilo não fazia sentido, mas, novamente, nada fazia sentido em James Potter.
Respirando fundo ele voltou a caminhar em direção ao seu quarto, seu sono já havia ido embora. Maldito seja o Potter.
*
— McNair, Remus. A porra do McNair. — James andava de um lado pro outro, sua cabeça latejava e ele estava com vontade de entrar naquele dormitório da sonserina e tirar aquele sonserino de lá a força, e com sorte, conseguir o afogar no lago negro. — Severus conseguiria algo melhor. Alguém mais inteligente, mais bonito, mais forte, mais tudo.
— 'Mais tudo', tipo você? — Moony perguntou o olhando brevemente, todos eles estavam no dormitório.
Depois de encontrar Severus naquele corredor, ele foi imediatamente pro seu dormitório, seus amigos estavam dormindo, mas quando ele entrou ele acabou fazendo barulho demais. E agora os três o olhavam como se quisessem o jogar pela janela.
— Sim, exatamente. Alguém tipo eu. Por que ele não entende o que nós temos? Ele me beijou, tudo bem que não foi por causa de um grande sentimento, mas ainda assim ele me beijou. Ele- Ah, como ele me irrita! — Ele estava com raiva, quando ele viu o pontinho do nome de Snape no mapa dos marotos naquele corredor, ele foi imediatamente até o outro. Ele não tinha visto mais ninguém pelo mapa, mas ainda assim sentiu a necessidade de checar Severus, o sonserino poderia ter estado com alguém antes de James o ver pelo mapa. — Mas não, é claro que não. O idiota foi atrás do McNair, eu nunca nem os vi conversando. Como isso aconteceu? Como eu não percebi?!
Ele estava com vontade de quebrar alguma coisa, de preferência a coluna vertebral daquele bastardo imundo do McNair, como ele pôde deixar Severus se aproximar daquela forma com outro garoto?
Estúpido, ele era tão estúpido. Deveria ter agido antes. Ele não deveria ter dado espaço nenhum ao outro.
— Talvez não seja você no lugar do McNair porque você não fez esforço pra estar no lugar dele. — Peter comentou enquanto suspirava e se sentava na cama. — Você inferniza a vida do Snape desde o primeiro dia, você apenas começou a tratá-lo um pouco melhor a partir do quinto ano, ou seja, a pouco mais de um ano atrás. Você nunca trabalhou pra fazer as pazes com ele. E ele ter beijado você, não te faz estar namorando ele.
— O que você quer dizer com isso Peter? Eu posso não ter melhorado muito, mas eu estou tentando. E eu sei que não estamos namorando de fato, mas essa é uma boa ideia pra fazer Severus ir se acostumando aos poucos com esse termo. — Sua respiração ainda estava pesada. — Conte uma mentira mil vezes e ela se tornará uma verdade. É isso que dizem, não é?
James parou e olhou seriamente pro seu amigo loiro.
— O que Peter está querendo dizer é que Snape nunca nem mesmo olharia na sua cara se ele tivesse voz sobre isso. — Foi Sirius que o respondeu. — Mas que merda James, pare e pense apenas um pouco. Pro Snape você o odeia e você nem mesmo tenta mudar esse pensamento nele, o que você acha que vai conseguir com isso? Sua ideia é simplesmente afirmar que estão namorando e passar a agir como namorado dele? Isso não daria certo.
— Eu estou melhorando, está legal? Eu não sou o melhor e nem o que ele merece no momento, mas eu estou trabalhando nisso. Eu até mesmo pedi pro meu pai ajudá-lo com uma bolsa de estudo em poções depois que nos formarmos.
— Você fez o que? — Remus perguntou, o olhando com os olhos arregalados. Moony estava completamente acordado agora. — Você está louco? Ele nunca pode nem sonhar com isso James. Fora que ele nunca iria até o seu pai.
— Eu sei Moony. — James se sentou em sua cama. — Mas meu pai é influente nessa área, eu pedi pra ele falar sobre Severus por aí e acho que isso terá resultados bons.
— Se ele conseguir alguma bolsa e descobrir que você o ajudou, ele vai pensar que não conseguiu por mérito próprio. Ele vai desistir do sonho dele por sua causa. — Moony disse. — Você não deveria ter feito isso Prongs, pelo menos não sem ser ao menos amigo dele.
— Ele só vai ficar com raiva se souber e ele não vai saber, ninguém aqui vai falar sobre isso.
— Ainda é arriscado.
— Eu sei Peter, mas não vou voltar atrás. Se eu não fizesse isso, ele poderia não conseguir algum patrocínio devido a guerra que se aproxima e sabe o que isso significa? Que ele poderia tentar ir pra fora do país. Eu não quero que ele vá.
Seus amigos suspiraram em visível discordância, mas calaram a boca sobre aquilo.
— Por que tinha que ser ele? Por que não a Lily ou qualquer outra pessoa? — Sirius perguntou. — Seria menos complicado e mais aceitável. Prongs, ele é terriv-
— Cala a boca. —Potter olhou pro amigo que se calou imediatamente, desde aquela brincadeira estúpida com o Moony, a paciência de James com o Sirius chegou ao limite. — Você não tem voz alguma sobre isso e pare de dizer coisas ruins sobre ele. Eu estou falando sério Sirius, é ele porque tinha que ser ele desde o ínicio. E vou ter ele e você não vai me atrapalhar.
— Foda-se, tanto faz. — Pads fechou a cortina de sua cama com força.
O quarto ficou em completo silêncio, os seus outros amigos pareciam ter medo de se mexerem e começar alguma discussão.
— Está bem... — Remus voltou a dizer após alguns minutos. — Se você realmente o quer, você tem que mudar o seu comportamento James. Mudar pra melhor.
— Talvez você possa começar parando de o chamar de Snivellus. — Peter disse com sarcasmo. — Acho que não pega bem chamar o garoto por quem você sente... isso, por algum apelido ruim.
— Certo. Mas em minha defesa, eu quase não o chamo mais assim. Especialmente depois que ele me beijou. — Ele resmungou com as bochechas começando a ficar quente ao se lembrar do beijo. Ele mal via a hora de beijar o outro novamente. — Mas não abro mão da minha ideia de ele ter que me assumir, isso fará com que ficamos próximos diariamente.
— Apenas vai com calma com essa ideia. — Remus disse, mas claramente não concordava com ele. — Ele pode realmente não gostar dessa história.
— Mas não fará nada pra me impedir. — James deu de ombros. — Ele não vai querer causar uma grande briga, o máximo que ele pode fazer é me irritar o suficiente pra que eu o deixe, o que eu nunca vou fazer. Mas vou calma, prometo.
James suspirou novamente, ele era um idiota. Tudo seria tão mais fácil se ele tivesse aceitado os seus sentimentos antes de bagunçar com tudo.
— Só não espere muito ou McNair pode pegá-lo pra valer. — A voz de Sirius soou alta pelo quarto, fazendo James estremecer e querer azarar o seu amigo. — O que não será muito difícil, ele parece ter mais coragem do que você.
— Por Merlin, Sirius. Cala a boca. — Remus pediu, mas James não esperou a resposta de Black, ele se lançou contra a cama do outro, abrindo a cortina com força ele viu a expressão debochada do amigo.
— Repete o que disse.
— Por que? Ouvir que você é medroso uma única vez não é o suficiente? — Sirius se levantou.
— Chega vocês dois. — Moony também se levantou e ficou entre eles. — O que há de errado com vocês? Vocês nunca foram assim.
— Eu não fiz nada, é o James que parece um idiota apaixonado por Sniv. Acho que ele deve ter sido amaldiçoado.
— Você não fez nada? — James tentou se aproximar, mas foi segurado por Remus. — Você tentou matar ele.
O quarto ficou completamente silencioso, Moony ficou completamente tenso contra ele.
— Aquilo foi um acidente. — Sirius respondeu com a voz baixa.
— Acidente? Acidente é quando você deixa um copo cair sem querer, não mandar uma pessoa ficar cara a cara com um lobisomem.
— Eu não sabia que ele realmente iria e eu já me desculpei, o que mais você quer?
— Nesse momento, eu gostaria que você fosse menos você. Porra, você quase mata o garoto que amo e ainda tem a capacidade de me encher o saco por querer ter ele pra mim. O mínimo era você me apoiar e me ajudar, na verdade você deveria ser o primeiro a torcer pros meus planos darem certo.
— Eu não acho que ele vai ser bom pra você, então, como você espera que eu sente e te ajude a pensar em planos pra o conquistar?
— Você não tem que achar nada, essa é minha vida e ele vai ser o meu garoto. Aquela merda de brincadeira no quinto ano só me atrapalhou, mesmo eu jurando que não sabia, ele acha que eu o quero morto Sirius. Por sua culpa.
Seus olhos estavam nublados, Moony ainda estava calado e olhava pra baixo, Sirius respirando pesado enquanto passava as mãos no rosto e Peter chegou devagar ao seu lado e o puxou pra se sentar.
— Acredito que já chega por hoje, estamos todos cansados e nervosos. Não é bom ter esse tipo de conversa nessa situação. — Peter falou baixinho. — Vamos dormir, amanhã continuamos.
— Peter-
— Amanhã James, amanhã a gente vai se sentar e resolveremos todos os nossos problemas uns com os outros. E então focaremos em você e em Snape. Mas hoje nós vamos esfriar a cabeça e dormir. Chega por hoje.
*