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Teenage Bounty Hunters (TV)
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Summary
Elas nunca realmente tiveram uma conversa, nunca se falaram, apesar da proximidade entre suas casas, mas April sabia quem era ela: ela é Sterling Wesley, frequentavam a mesma escola, embora fizessem parte de grupos completamente distintos no pequeno círculo social do Ensino Médio de uma escola particular em Atlanta, cidade onde ela passou a vida toda recebendo informações aleatórias da garota, da maneira como quem estudava na mesma escola e morava no mesmo bairro deveria receber. Sabia que ela era muito apegada a sua irmã gêmea, sabia que Sterling estava no time de futebol feminino do colégio, e em algumas de suas aulas. Mas, com certeza não sabia o suficiente para entender porque a menina estava chorando em sua janela às 2:00am de uma quarta-feira.
Note
Hey guys!Estou escrevendo algo totalmente diferente, mas eu precisava escrever sobre Stepril.Ajudem as movimentações para salvar Teenage Bounty Hunters nas redes sociais.Enjoy!
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Feel Something

Quando April desce as escadas que dão para a sua sala, sob o olhar confuso de sua mãe com a cena improvável que era April saindo muito mais arrumada do que o habitual (seus programas de sexta à noite eram quase que exclusivamente ficar com Hannah B e Ezequiel no telhado dele, e isso não pedia nenhuma vestimenta específica) e precisa explicar por cima do ombro, no seu caminho para a porta da frente, que vai a uma festa com alguns amigos. Sua mãe apenas dá de ombros, porque não há muito com o que se preocupar, e Sam, seu irmão, a olha com a melancolia de quem está preso em casa pelo fim de semana como punição pela sua mais recente aventura não-autorizada com o carro da sua mãe. Em uma outra ocasião, ela se sentiria mal pelo irmão, ou talvez o provocaria com um lembrete de sua própria liberdade, mas ela tem maiores preocupações em sua cabeça. Quando desce pela a entrada de sua casa até a calçada, Sterling ainda não está lá, e ela se sente boba por um segundo por estar na porta às 10:02pm, e mais boba ainda quando toca a campainha da casa, só para não ser vista na calçada por tanto tempo, enquanto isso ela fica pensando se a irmã dela irá junto com elas, afinal elas vivem coladas.
Alguns segundos após o som da campainha ecoar pela casa, a irmã de Sterling, que ela só agora havia parado para reparar que elas não se pareciam tanto assim, talvez seriam apenas gêmeas bivitelinas. Ela franze as sobrancelhas ao abrir a porta da frente e aponta para ela com um dedo.
-April, certo? – Ela balança a cabeça, apertando os lábios em um pequeno sorriso. -Posso ajudar?
-Sim, eu… estou esperando a Sterling. – Ela esclarece, diante da clara confusão da garota ao vê-la pela primeira vez em sua porta, apesar de todos os anos morando ali, e ela ergue as sobrancelhas. April olha brevemente sobre o ombro dela, embora ela seja um pouco mais alta essa tarefa simples se torna um pouco mais trabalhosa do que deveria, e não há sinal de mais ninguém na ampla sala de estar iluminada apenas pela enorme TV, cujo volume baixo mal preenche o cômodo.
Razão pela qual, April pensa, a voz de Sterling alarma tanto as duas quando ela grita descendo as escadas.
-Eu estou aqui! - April sorri para ela, e discretamente olha o relógio em seu pulso. 10:05pm. Ela não precisava se preocupar tanto assim. -Tem certeza que não quer ir agora? – Ela pergunta a Blair enquanto cruza com ela na porta.
-Nahh, eu estou bem. Daqui alguns minutos eu saio, ok? Te vejo lá.
-Tudo bem. Estou levando minha chave. Te vejo lá, amo você. – Ela dá um beijo na irmã e sai em direção ao carro, e April apenas acena com a cabeça brevemente antes da porta ser fechada.
Ela e Sterling se entreolham por um instante, e April se vê orando para que aquilo não fosse desajeitado quando Sterling apenas solta, com uma naturalidade invejável (e que a faz perguntar se a tensão daquela situação não está só na sua cabeça).
-Wow, você está muito bonita.
-Ah... obrigada. – April sente as bochechas ficando vermelhas de vergonha com o elogio inesperado, mas não consegue se fazer retribuir, mesmo que também esteja deslumbrada com o quanto Sterling consegue ficar fascinante com seu vestido simples e cabelo solto com as duas madeixas envoltas ao seu rosto característica dela, tornando-a incapaz de desviar o seu olhar do corpo dela enquanto a segue até o seu carro estacionado em frente a casa e à espera das duas.
-As pessoas não estão acostumadas a me ver assim, tipo extremamente arrumada, só o habitual.
-Ah, para com isso. – Sterling revira os olhos, abrindo a porta do motorista, e April não pergunta o que ela quer dizer, se esforçando ao máximo para não deixar que as coisas percam seu real significado (tudo ali não era nada demais). – Eu realmente não me lembro de ter te visto em alguma das festas do Miles. Ah, eu dirijo super bem, você vai ver. – A garota dá uma risada abafada, fazendo com que April arregala os olhos levemente assustada.
-Ok, veremos. E eu não costumo ir nessas festas mesmo. Mas ele é amigo do irmão do Zequi, que é meu amigo, então os convites chegam para nós com mais frequência do que você imaginaria. – April puxa o cinto de segurança sobre o seu corpo, e quando Sterling dá a partida, April reconhece a música Feel Something de Clairo tocando baixinho e a partir da metade pelo o som do carro, sugerindo que Sterling a estava escutando da última vez em que o usou, e ela sabe que aquele parece ser exatamente o tipo de música que Sterling gostaria de ouvir, mas não é como se April realmente soubesse algo sobre ela.
-Ah, eu sei! Ezequiel Heleringer, né?
-Ele mesmo. - April confirma, e dá de ombros para retomar sua explicação. -Eu só não me interesso muito.
-As festas são boas. O único problema delas é o Miles. – Sterling revira os olhos, e é engraçado para April imaginar que o menino de quem ela fala era seu namorado há poucos dias atrás. – Ezequiel é seu namorado?
April deixa escapar uma risada estranha com o quão absurdo lhe parece aquela ideia, fazendo Sterling estremecer levemente em seu assento com o susto. - O que? Não mesmo!
-O que foi? – Sterling ri, olhando para April por uma fração de segundo e franzindo as sobrancelhas com a reação dela, e ela balança a cabeça para os lados, as próprias sobrancelhas franzidas com aquela possibilidade.
-Nada, só... que estranho.
-Okay... - Sterling dá de ombros. – E aquela garota que anda com vocês?
-Hannah B? – April sente uma leve hesitação por um momento, como se devesse medir suas palavras para dar a resposta que Sterling esperava, e nem mesmo se dá o trabalho de questionar as razões de seu subconsciente. Olha para Sterling, em sua posição relaxada com as duas mãos no volante, e absorve daquela postura a máxima de que as perguntas são apenas maneiras de puxar assunto, conhecê-la melhor, e espanta a fumaça de devaneios que ameaça embaçar sua visão. No entanto, apenas por precaução, opta por uma resposta neutra. – Não, não. Quer dizer, nós ficamos algumas vezes, mas… não foi nada demais. Somos amigas.
-Entendi… - Sterling fica com uma cara pensativa tentando entender realmente a situação, pra ela esse tipo de relacionamento seria extremamente complicado.
O carro para em frente a uma casa iluminada, de onde vem a música alta, mas Sterling não faz menção a sair dele nos primeiros segundos. Respira fundo, como se precisasse absorver novamente um sentimento que tentava escapar de seu corpo, e se vira para April.
-Okay, aqui estamos. Eu nem entrei e já estou nervosa.
April percebe em seu rosto que Sterling se sente, na verdade, nervosa em encarar seu velho círculo de uma nova maneira, e assume seu papel de tranquilizadora.
-Ei, relaxa. É só… não dar bola pra ele. Você está bem.
-Sim, eu estou. – Sterling estende a mão para ela como se esperasse um cumprimento, a expressão facial mudando em segundos como se colocasse uma máscara sobre o seu rosto, e pergunta. -Você vai me ajudar, certo?
-Claro. – April aceita seu aperto de mão, selando o acordo, implícito até então, que havia levado as duas até ali em primeiro lugar, e oferece a Sterling, além do cumprimento, um sorriso de lado assegurador. -O que quer que você precise.
-Qualquer coisa? – Sterling ergue a sobrancelha e sorri em um desafio, e April finge estar nervosa. Entre elas, suas mãos permanecem juntas, e nenhuma das duas faz um grande esforço para desfazer aquele pequeno símbolo de seu pacto.
-Você está me assustando.
-Estou brincando. – É Sterling quem solta a mão de April primeiro, abaixando-a para soltar seu cinto de segurança, e April se espelha no movimento.
-Aqui vamos nós. Ahh, espere. O que achou da minha direção? – Sterling dá uma piscadela para April ao perguntar.
-Bem, tirando as curvas bruscas onde comecei ver a luz, brincadeira. Hmm, eu diria que a sua direção está razoavelmente bem.
-Eii!!
-Sorry...
E as duas abrem as portas em um clima completamente descontraído, sentindo o ar frio envolvendo-as quando saem do veículo.
Praticamente todo o ensino médio estava lá: uma multidão de rostos familiares em vestimentas diferente das que usavam em seu cotidiano, mas que se repetiam por tantas vezes nos mesmos ambientes que também se tornavam familiares. As superfícies da casa estão lotadas de copos descartáveis esquecidos, garrafas vazias e latas amassadas, e as paredes ecoam com a música alta e as vozes incessantes e caóticas. Sterling não está exatamente tocando ela, mas April consegue sentir a mão dela pairando sobre as suas costas enquanto as duas cruzam a sala de estar, correndo os olhos pelo cômodo na busca de pessoas especificas em tantos rostos habituais.
-Você precisa encontrar os seus amigos? – April pergunta, se inclinando para cima para Sterling a escuta pela a música alta que ela não sabia bem identificar de onde realmente estava vindo, e Sterling dá de ombros, varrendo o seu campo de visão mais uma vez para ter certeza de que não estava deixando passar nenhum rosto familiar que valesse sua aproximação.
-Eles vão me achar, eventualmente. – Ela diz ao desistir de sua busca, e se vira para April, que faz exatamente a mesma coisa que ela fazia segundos atrás.
-Você?
-Eu só preciso encontrar... achei. – April agarra o seu pilso por reflexo quando vê Zequi balançando o braço em um aceno para chamar sua atenção, e Sterling se deixa ser puxada pela menor onde ela estava.
-April!! – Zequi envolve o braço que antes acenava ao redor do pescoço de April para cumprimenta-la, e ela retribui seu abraço antes que ele possa estender a mão livre para Sterling. -E trouxe alguém. Eu sou Ezequiel, você é...?
-Sterling. – Ela o cumprimenta, retribuindo tanto o aperto de mão quanto o sorriso simpático que o garoto lhe oferece, e é estranho, mas agradável para April observar aquela interação tão improvável sendo mediada por ela. -É um prazer te conhecer.
-O prazer é todo meu. – Zequi ergue a sobrancelha, e olha para April de uma maneira sugestiva, o que deixa April irritada e Sterling confusa com uma possível piada interna entre os dois amigos ao perguntar. -Ou será?
-Zequi!! – April o repreende com um olhar e ele põe a mão sobre a boca, em um arrependimento que Sterling sabe muito bem ser apenas uma atuação propositalmente mal feita que serve como material para a sua tarefa silenciosa coletando informações sobre April, talvez aquele fosse um sinal de um temperamento um tanto curto na parte dela? Era algo a se considerar. -Não. Nem pense.
-Tudo bem. Eu vou me comportar. – Zequi responde a ameaça de April com um sorriso que contradiz completamente as suas palavras, mas parece ser bom o suficiente para ela. Do seu lado, Sterling precisa admitir que se sente impulsionada pela curiosidade a perguntar o que Zequi quis dizer com a pequena brincadeira, mas decide que seria melhor manter tal curiosidade para si mesma por enquanto ela ainda não sabia o quão confortável poderia ficar com os amigos de April, apesar do quanto ficava confortável com a própria April.
-Hannah já chegou? – Sterling ouve April perguntar enquanto cumprimenta algumas meninas do time de futebol que passam por ela acenando e sorrindo, e assume que Hannah seja a parte que falta no trio usual no qual ela está acostumada a ver April nos corredores da escola.
E ela não sabe dizer o porquê, mas não se sente assim tão animada para conhece-la.
-Sim, ela estava procurando por você. – Zequi responde, olhando aos arredores procurando, Sterling presume, pela a amiga, mas sem sucesso.
-Eu vou encontra-la então. – April se vira para Sterling – Você vem?
-Eu vou procurar algo pra gente beber, te encontro aqui de novo. – Sterling aponta para o corredor que leva para a cozinha de Miles, no qual teve ainda que esbarrar nele, apesar, de fato estar na casa dele, e April balança a cabeça e a deixa ir
Mas quando está prestes a seguir ela mesma o caminho contrário para encontrar Hannah, sente Ezequiel puxando-a pelo braço, para mais perto dele, e revira os olhos, porque já sabe o que vem por aí.
-Você vai me explicar, certo?
-Eventualmente. – Ela diz apenas, e o garoto cruza os braços, em parte porque sabe que nem toda insistência do mundo adiantaria para o lado de April Stevens, então deixa de lado por enquanto. – Eu já volto.
Não demora muito para que April a encontre, depois de alguns poucos minutos andando no meio de uma mistura caótica de corpos que não sabia muito bem dividir o mesmo espaço, de costas para onde ela está conversando com um pequeno grupo que April reconhecia de suas aulas de teatro e treinos de debates. Ela se aproxima, porque sabe que Hannah B não perdoaria se April demorasse a lhe dar atenção após a sua chegada na festa, e envolve os dedos ao redor do cotovelo da garota, esperando que uma aproximação discreta evite que ela fique presa naquele mesmo grupo por muito mais tempo, afinal ela prometeu encontra Sterling após ela pegar as bebidas e isso não demorava tanto assim.
-April! – Hannah a abraça após o instante inicial que leva para que ela se vire e reconheça a mão de April em seu braço. – Por que demorou tanto?
-Eu estava esperando para vir com a Sterling. – Ela justifica, sabendo que Hannah a questiona pelo acordo implícito que as duas tinha com Ezequiel de sempre chegar ao mesmo horário em algum lugar, servindo de apoio uns para os outros para compensar por suas intencionalmente suprimidas habilidades sociais, e a menina franze as sobrancelhas.
-Sterling? Sterling do time de futebol?
-Sim. – April revira os olhos com a maneira como Hannah arregala seus próprios em confusão e desconfiança, ela nem mesmo tenta se enganar imaginando que conseguiria fugir de dar explicações para Hannah, tanto quanto para Ezequiel. Ela não se importava, era bom ter pessoas em que ela poderia depositar toda a sua confiança, mas não iria gastar toda a sua festa explicando coisas que nem ela sabia se existia de fato. – Eu prometo explicar para você e Ezequiel em outro momento.
-Eu não estou dizendo nada, honey. – Hannah levanta os braços, e toma um gole de sua taça, oferecendo-a logo depois para April, que a pega entre as mãos, e parece ser algum tipo de vinho que ela não estava reconhecendo no momento.
-Eu sei o que você está pensando. – April franze as sobrancelhas, ganhando um sorriso da garota a sua frente, que se encosta um pouco mais na parede ao lado das duas, permitindo que April enxergue o fim do corredor que dava para a cozinha. De onde está consegue ver uma Sterling visivelmente desconfortável, encostada na parede enquanto um menino fica de pé entre ela e a entrada, e parece estar falando algo tão desprezível que nem mesmo merece ser olhado no rosto, a todo momento Sterling fica revirando os olhos. Poderia ser apenas a sobriedade aguçada por estar em um ambiente predominante embriagado, mas, diante da cena, April se sente na obrigação de intervir. – Calma.
-O que houve? – Hannah pergunta, confusa com a súbita mudança de expressão de April, mas ela já está andando.
-Eu já volto. – Grita por cima do ombro, dando passos um pouco mais largos para evitar que Hannah alcance seu braço quando tenta impedi-la.
-April? – Ela ouve a amiga gritar, mas já está quase no fim do corredor e não tem nenhuma intenção de parar de andar agora.
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-Ei, você veio. Achei que não viria. – Sterling sente seus ombros tremerem com o espanto quando Miles parece pular de trás dela, de uma maneira estranha como se já a estivesse seguindo há algum tempo, e respira fundo quando ele se coloca diante dela na entrada para a cozinha, impedindo que continuasse andando. – Está gostando da festa?
Toma alguns segundos de debate interno, mas Sterling se esforça para sorrir, lembrando que estava, afinal, na casa dele, na festa dele. O mínimo que ela poderia fazer é ser educada. Ela revira os olhos e diz. – Eu acabei de chegar.
Ele ergue as sobrancelhas como se estivesse esperando que ela falasse mais alguma coisa, mas ela não tem mais nada para falar, então simplesmente acena a cabeça e tenta continuar andando, mas Miles entra novamente em seu caminho ao dar um passo para o lado.
-Você realmente não vai falar comigo?
-Eu estou falando com você. – Ela diz apenas, e cruza os braços, porque se sente subitamente desconfortável com a falta de barreiras entre os dois, a música alta e as pessoas passando ao redor o tempo inteiro começa a irritá-la.
-Você me entendeu. – Ele revira os olhos, e ela se encosta na parede, decidindo que dar a ele alguma atenção seria a maneira mais rápida de sair daquela situação.
-O que tem para dizer? Nós terminamos. – Sterling dá de ombros. – Eu não fui clara o suficiente?
-Vamos conversar, lá em cima. – Ele também se encosta na parede, ao lado dela, se inclinando um pouco em sua direção para ficar da sua altura, e acaricia seu braço com a mão livre do copo. – Quem sabe você repensa as coisas.
-Miles eu não quero conversar. – Ela tenta dar uma firmeza extra ao seu tom, mas sabe que ela está um pouco alterado pela bebida, e não vai ser bom o suficiente, e talvez ela devesse apenas ir embora. O que ela estava pensando, afinal, vindo até aqui, além de Miles interpretar aquilo como uma possibilidade de reconciliação? Em que momento isso pareceu uma boa ideia? Ela deveria apenas ter dito não a April e a Blair.
É lembrando de April que ela se lembra o porquê de estar ali.
-Sterling? – A garota aparece ao seu lado como se fosse invocada pela a presença de seu nome nos pensamentos de Sterling, e dispensa apenas um olhar breve e nada impressionado para Miles antes de voltar a olhar para ela, perguntando com um tom genuíno de que implicitamente oferece uma ajuda que não foi requisitada, mas que se provava necessária. – Está tudo bem?
-Quem é você? – Miles pergunta, e os olhos verdes de April disparam de volta para ele, observando o garoto como se apenas fizesse parte da pintura sem graça da parede do corredor ao dizer, brevemente e sem mais nenhuma explicação.
-Meu nome é April. – Sterling morde o lábio, segurando uma risada diante do comportamento de April (por mais desinteressante que Sterling imagina que Miles seja pra ela, ele ainda era o dono da festa, e ver April agindo daquela maneira, era de fato engraçado), e a menina não se sente intimidada ao perguntar, naturalmente como se não existisse uma terceira pessoa no mesmo metro quadrado que ela, cujo diálogo com Sterling ela interrompeu com a sua chegada. – Onde estão aquelas bebidas que você ia pegar? Eu estou morrendo de sede.
-Eu estava indo fazer isso. – Sterling pega a mão dela, porque sabe que April a oferece como uma tábua de salvação, e sente April entrelaçar os dedos das duas em uma declaração silenciosa de que aquilo era ela cumprindo a promessa que fizera quando saíram do carro, isso era ela ajudando Sterling a ficar bem. – Vem comigo?
April balança a cabeça e, apesar dos protestos de Miles que mal podem ser ouvidos por cima da música que enche os cômodos da casa, as duas seguem o caminho sem nem mesmo olhar para trás.
-Obrigada por isso. – Sterling aperta levemente a mão de April antes de soltá-la para puxar duas bebidas de dentro da geladeira, e a menor sorri para ela, um sorriso leve de canto no qual todo o seu rosto participa e faz Sterling pensar, como esteve pensando em todas as vezes em que realmente parou para reparar em April, no quanto ela era uma garota bonita. Um tipo de beleza que não exige algo padronizado, apenas aguarda que o expectador certo perceba o quanto ela se destaca de todo o resto, e Sterling estava feliz por ser esse espectador nos últimos dias.
-Sem problemas. – April pega uma das bebidas e despeja tudo em um copo vermelho que pega de uma pilha dos balcões da cozinha, e Sterling faz o mesmo, decidindo não mencionar, mas certamente percebendo, o quanto é adorável que as bochechas de April estejam um pouco coradas. – Eu disse que poderia contar comigo.
-Sim, você disse. – Sterling levemente encosta a boca do seu copo agora cheio no de April em um brinde, e as duas compartilham mais um sorriso antes de tomarem, ao mesmo tempo, goles das suas bebidas. Ela se inclina sobre o balcão ao lado delas, erguendo uma sobrancelha para April ao dizer: - Em pouquíssimos dias eu aprendi que você tem medo de filmes de terror, enxerga muito bem de longe, tem um temperamento forte, e é uma pessoa confiável. O que mais eu preciso saber April...?
April morde a arte de dentro da bochecha tentando não rir quando Sterling aperta os olhos e pisca algumas vezes parecendo lutar com a própria memoria para completar o nome de April, e é tão fofo que ela nem se sente ofendida. Afinal, ela nunca de fato se apresentou formalmente para Sterling, as duas apenas absorveram o nome uma da outra em algum ponto de suas vidas e era bem mais fácil lembrar o sobrenome de Sterling quando ela andava com ele escrito nas costas de um uniforme 90% do tempo nos treinos.
-Aparentemente, meu sobrenome.
-Oh, jesus. Me desculpe. – Sterling esconde as bochechas vermelhas atrás do copo ao beber um pouco mais, e April não pode deixar de sorrir.
-Stevens. – April balança a mão na frente do rosto, em um sinal de que aquilo não é grande coisa. – Não se preocupe.
Sterling parece agradecê-la com seu olhar aliviado, e é quando Blair chega esbarrando no braço de Sterling fazendo-a quase derrubar sua bebida e ela olha revirando os olhos.
-Ei, eu estava te procurando a algum tempo. Como está? Já encontrou Miles babaca?
-Sim, Blair. Mas consegui me livrar das investidas dele, graças a April. Não se preocupe.
-Huh, April. Muito obrigada, eu ainda tenho que derrubar minha bebida nele. April dá uma risada, a irmã de Sterling era realmente engraçada, mas ainda sim ela sentia como se Blair estivesse a encarando questionando algo.
-Vocês nem se apresentaram ainda. – Sterling diz com um tom sugestivo a Blair.
-Boa, sis. Meu nome é Blair Wesley, a gêmea mais legal. – Sterling revira os olhos, e April corresponde o aperto de mão da garota.
-April Stevens. – April dispara para Sterling um certo olhar a dar ênfase em seu sobrenome, rindo da reação da loira ainda envergonhada pela pequena gafe.
-Ei, nós vamos jogar truth or dare, vocês vem? – Um menino que parecia conhecer Sterling e Blair pela naturalidade de sua aproximação, passa por elas com duas garrafas de vodka nas mãos, e April olha para as duas esperando uma resposta. Blair dá de ombros em um tanto faz, mas Sterling parece comtemplar algo em um instante de distração antes de responder.
-Okay, eu estou dentro. – Ela pega o pulso de April, alarmando-a imediatamente e puxando seu olhar para onde os dedos de Sterling a tocavam de uma forma quase autoritária como se ela não tivesse escolha quanto à aquilo, e completa. – April também.
-Eu também? – Ela pergunta e Sterling balança a cabeça, lançando sobre ela um olhar que a faz desistir de qualquer contestação, ela não faria Sterling fazer isso sozinha, e o garoto apenas faz um sinal para que as três o sigam.
Há uma roda se formando no chão, com uma garrafa vazia no centro que faz April se perguntar se essas pessoas entendem o real conceito do que é um jogo de verdade ou consequência, e as duas se acomodam nos lugares vazios que se formam à medida que os participante abrem espaço para quem chega. April toma alguns longos goles de seu corpo subitamente desconfortável com as possibilidades que participar daquele jogo com todas aquelas pessoas que ela não conhecia, não faziam parte de seu cotidiano, de alguma forma, mas Sterling parece tão confiante, tão natural em seu cenário quando April olha para ela que a garota se convence de que nada pode dar errado contanto que ela use Sterling como seu ponto de apoio.
O jogo segue da maneira como deveria seguir, com perguntas constrangedoras feitas sobre assuntos dos quais April não poderia saber nem mesmo se esforçasse para acompanhar as fofocas da escola. Todos ali pareciam pertencer ao mesmo círculo social, com exceção dela, já que até mesmo Sterling estava rindo das respostas mais comprometedoras e desafios bobos envolvendo consumo desenfreado de álcool ou ações com conotação sexual performadas por casais pareciam previamente arranjados, e April havia perdido as esperanças que de fato o jogo fosse divertido para ela.
Até que uma garota gira a garrafa, que para com a boca apontada para Sterling.
-Sterling, verdade ou consequência? – A garota pergunta como todos perguntaram antes, provando que April estava certa ao pensar que eles realmente não sabiam jogar este jogo. Ganhando a atenção de todos e a curiosidade de April, que aguarda com as mãos envolvidas ao redor do seu copo, que agora suporta duas shots de vodka e algo de limão, pelos pouquíssimos segundos que leva para que Sterling tome a decisão.
-Consequência. – Sterling diz com confiança, sua postura ereta parecendo ainda mais vertical, como se precisasse provar para alguém, e April se dá conta, pela primeira vez da presença de Miles na rodinha, parecendo tão curioso quanto ela para os próximos eventos.
-Escolha alguém da rodinha para beijar. – A garota diz com um sorriso malicioso no rosto, e Sterling fica subitamente nervosa.
Miles está lá, olhando para ela estranhamente confiante como se analisasse sua reação, ou estivesse certo da sua escolha. Os amigos de Miles estavam lá, até mesmo os que a tratavam com cortesia demais, ou sempre descobriam maneira de tocá-la mesmo quando os dois ainda estavam juntos. Os seus próprios amigos estavam lá, Luke seu primeiro namorado, pessoas que facilmente tomariam a escolha como parte da brincadeira e seriam uma saída fácil para aquela situação. Ela poderia beijar qualquer um deles, apenas para provocar Miles e tirar do seu rosto aquele sorriso estúpido.
Mas ela toma uma decisão que surpreende até a si mesma.
-April. – A cabeça de April se vira imediatamente, os olhos arregalados em uma expressão de pura e genuína surpresa, e Sterling apenas dá de ombros, como se aquilo não fosse grande coisa, como se ela tivesse feito milhares de vezes, virando seu corpo para April afim de cumprir o seu desafio. – Eu posso escolher qualquer um.
-Hm... okay. – April cerra os olhos, espelhando o movimento de Sterling, e ainda parece não ter certeza do que ela pretende, mas a maior se esforça tanto para parecer segura que April não pode evitar se deixar levar pelas as suas mãos quando Sterling toca, levemente mas com presença, a sua cintura com uma mão e o seu pescoço livre pelo rabo de cavalo com a outra, ajoelhada entre as pernas de April, antes de beija-la com convicção.
April estava esperando um beijo rápido, algo apenas para cumprir o desafio e deixar as pessoas ao redor delas moderadamente chocadas com o comportamento de Sterling, e é por isso, ela imagina, que perde totalmente o fôlego com a surpresa de ter a língua de Sterling entrando em sua boca quando ela parte os lábios para puxar o ar. Ela já havia feito isso antes, já havia beijado outras garotas, e não faz ideia de que sensação de ineditismo é essa que toma conta da sua pele, fazendo-a se arrepiar sob as digitais de Sterling de uma maneira que ela reza para que seja imperceptível, mas decide abraça-la. Sterling por sua vez, a beija com tanta confiança (sua mão direita é firme na cintura de April, e a esquerda desliza do seu rosto para a nuca, puxando a menor ainda mais para si de uma forma que faz April sentir seu corpo aquecendo) que é difícil pensar em qualquer em outra coisa.
E quando ela se afasta, Miles tem a expressão mais estúpida que Sterling já viu, Blair está completamente extasiada tentando abrir a janela de telepatia gêmea, mas Sterling sabe que não é o momento, os outros rostos ao redor da roda se dividem em sorrisos encantados e expressões horrorizadas, e ela não está exatamente insatisfeita com o gosto doce do brilho labial de April na sua boca e a sensação gostosa de formigamento que o seu beijo deixa em seus lábios.
-Okay, então... – Um dos garotos diz antes de girar novamente a garrafa, e as atenções lentamente se dispersam mais uma vez. Miles ainda parece horrorizado. Sterling não consegue para de sorrir. April espera que ninguém note o tempo que leva para que ela recupere o seu fôlego.

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