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Teenage Bounty Hunters (TV)
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Summary
Elas nunca realmente tiveram uma conversa, nunca se falaram, apesar da proximidade entre suas casas, mas April sabia quem era ela: ela é Sterling Wesley, frequentavam a mesma escola, embora fizessem parte de grupos completamente distintos no pequeno círculo social do Ensino Médio de uma escola particular em Atlanta, cidade onde ela passou a vida toda recebendo informações aleatórias da garota, da maneira como quem estudava na mesma escola e morava no mesmo bairro deveria receber. Sabia que ela era muito apegada a sua irmã gêmea, sabia que Sterling estava no time de futebol feminino do colégio, e em algumas de suas aulas. Mas, com certeza não sabia o suficiente para entender porque a menina estava chorando em sua janela às 2:00am de uma quarta-feira.
Note
Hey guys!Estou escrevendo algo totalmente diferente, mas eu precisava escrever sobre Stepril.Ajudem as movimentações para salvar Teenage Bounty Hunters nas redes sociais.Enjoy!
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Twice

Quando o jogo se dissolve em um emaranhado de conversas paralelas entre os participantes da rodinha, Sterling resolve se levantar dizendo que procuraria algo para beber e que poderia procurar April em algum outro lugar caso ela também quisesse se livrar daquele grupo. April aceita a proposta dizendo que procuraria um banheiro disponível naquela casa e que em seguida a procuraria. Quando Sterling se afasta pode sentir automaticamente suas costas queimando sobre o olhar de Miles, talvez o garoto estaria a questionando, ela poderia até arriscar que escuta o seu nome entre os garotos, mas não passa de um incômodo insignificante para ela, aliás o gosto de ter provado a ele que estava errado sobre ela já é o suficiente.
Mas Sterling não estava de todo livre de preocupações. Havia sim uma mente naquele local que ela desejava mais que tudo ser capaz de ler, e essa era a mente de April. O que ela estaria pensando agora, sozinha e com tempo para refletir o que aconteceu entre as duas? Afinal, Sterling sabe que a família dela e eventualmente ela frequenta a igreja e afins, mesmo April não sendo totalmente ativa a feitios cristãos. A cabeça de Sterling estava a mil, a preocupava, enquanto ela cruzava a cozinha, que April pudesse estar imaginando algo equivocado sobre os seus motivos ou a sua postura diante do desafio, mas a ideia de procura-la para se explicar a deixava aflita e ansiosa. Ela também pensava que talvez fosse a única pensando nisso, que talvez estivesse fazendo de algo simples uma grande coisa, e consequentemente, fazendo papel de boba. E no seu interior ela também fica aflita pensando que talvez April não tinha gostado daquilo tanto quanto ela.
- Sterl?!! – A voz de Blair lhe dá um susto a princípio, e ela se dá conta do quão solene a irmã é quando está à espera de saber algo. Sterling se vira para vê-la parada com um olhar que esconde a pergunta que ela não está nem um pouco disposta a responder, não ali, e não agora, mas sabe que seria inútil tentar fugir, ela já havia evitado perguntas demais nos últimos dias. Logo, ela faz o típico biquinho nos lábios e tenta apenas adiar o inevitável, na esperança de que o intervalo seja suficiente para que Blair esperasse um pouco.
- Você vai me fazer perguntar? – Blair ergue a sobrancelha para Sterling, trocando desconfortavelmente de posição quando a expressão facial de Sterling muda completamente, e revira os olhos mais uma vez. – Por que você beijou aquela garota?
- O nome dela é April. – Sterling responde levantando o dedo, e piscando duas vezes como se fosse uma intervenção. Obviamente o assunto viria a tona, elas dividiam tudo, tinham uma janela 24 horas para trocarem informações, mas ela imaginou que não fosse tão rápido. Sterling se sente obrigada a assumir uma posição defensiva, para se manter mais tranquila, mesmo não gostando daquilo de forma alguma.
- Okay. Por que você beijou a April? – Ela respira fundo, buscando paciência, bem familiarizada com o quão teimosa Sterling poderia ser e sabendo de fato que uma resposta poderia demorar mais do que ela imaginava, e Sterling volta a olhar para ela. Ela não sabe que reação esperava da irmã, mas com certeza não era essa. – Foi porque o Miles estava lá?
Sterling franze as sobrancelhas, balançando a cabeça em um sinal de repulsa pela possibilidade, e então dá de ombros tentando ser o mais transparente possível com a gêmea. – Eu só... queria saber como era.
- Só isso mesmo? – Blair pergunta parecendo nada convencida de que a resposta de Sterling poderia ser assim tão simples, e a insistência do questionamento deixa ainda mais forte o instinto de defesa que cresce em Sterling com toda aquela conversa. Foi apenas um beijo, Blair não estaria fazendo tantas perguntas assim se Sterling tivesse escolhido beijar qualquer outro garoto amigo de Miles naquela roda.
- Blair, isso não é grande coisa. – Ela diz em um tom mais firme, esperando concretizar a ideia de que questionar uma ação tão simples não fazia sentido, e vê que a irmã parece, de uma maneira discreta, no entanto notável, se sentir subitamente constrangida, como se desse conta de que seus atos não fazem o menor sentido.
- Não é, eu só... estou curiosa, Sterl. – Blair dá de ombros, cruzando os braços e deixando que os olhos passeiem por toda a cozinha antes de retornarem ao rosto de Sterling, que não muda sua expressão porque não quer tornar aquilo maior do que deveria ser demonstrando qualquer emoção que abra espaço para interpretação. Ela só quer sair daquela cozinha, encontrar April novamente e voltar a ficar confortável. – Só achei fora do comum.
Sterling franze as sobrancelhas, inclinado o rosto. – De que comum?
- Do seu comum. – Blair rebate, fazendo Sterling respirar fundo para evitar aquela conversa ali. Blair não está de todo errada em estar surpresa, Sterling nunca havia manifestado nenhum tipo de interesse em voz alta, que se lembre, antes disso, e ela precisava reconhecer o contexto da reação de sua irmã, mesmo que não fosse a que ela esperava.
- Não é grande coisa. A gente conversa em casa, ok? – Sterling dá meia volta, sem saber ao certo por onde começaria a procurar por April, e não escuta Blair murmurando atrás.

_

Primeiro April tenta encontrar um banheiro vazio, apesar da grande quantidade de banheiros dispostos pela a enorme casa, era praticamente impossível encontrar um que não estivesse ocupado para qualquer que fosse a finalidade e, dependendo dos sons que viessem do outro lado da porta, ela nem mesmo se atrevia a abri-la.
Depois, ela tenta encontrar Sterling, mas pensa, após passar algumas vezes pelos mesmos cômodos, que as duas provavelmente estavam se perseguindo em círculos pela casa e seria melhor que uma delas parasse e permitisse ser encontrada pela outra.
Então ela volta a procurar um banheiro, e encontra um vazio no andar de cima da casa, ao lado de um dos quartos que ela suspeitava ser o de Miles, ou o de seus pais, mas também encontra Sterling sozinha encostada em uma parede do corredor, que, apesar de sorrir quando a vê subir as escadas, não parecia nada empolgada com a festa onde estavam.
- Hey, o que está fazendo aqui? – April pergunta, se apoiando no corrimão já no estranhamente vazio andar de cima da casa, e vê Sterling dar de ombros de uma maneira que em muito lembra a forma que ela agia naquela noite, na sua janela; calculada para que parecesse algo natural, ou para que convencesse a si mesma de que era, de fato, espontâneo.
- Eu estou... fugindo. – Ela revira levemente os olhos, e dá algumas piscadas, batendo as pontas dos dedos em um copo de plástico que chama a atenção de April para o fato de estar vazio, como os corredores daquele andar. – Eu ia te procurar, mas... a minha irmã meio que está muito surpresa.
O tom de voz da garota sugeria que ela não iria querer voltar a fazer parte da festa tão cedo, dando a April uma ideia, e ela faz um sinal com a mão para que Sterling não saia do seu lugar. – Espere aqui, eu já volto. – April não aguarda para ver a reação de Sterling (porque ela sabe que ela ia esperar, como pedido) antes de descer as escadas em passos rápidos.
April não faz ideia de que horas são agora, mas a quantidade estável de corpos pela casa tornava possível deduzir que não poderia ser tão tarde assim. Ela passa por eles com maior habilidade agora, fazendo um caminho mais rápido até a cozinha e até a geladeira de onde ela opta por duas latinhas com uma quantidade interessante de álcool, e as carrega duas em cada mão, de volta para o andar de cima.
- Ei, onde você está indo? – A voz familiar de Hannah B a faz interromper seu passo sobre o primeiro degrau da escada, e April vira para trás para ver ela e Ezequiel desviando de algumas pessoas para chegar mais perto de onde estava. April esteve tão envolta na presença de Sterling até agora que havia esquecido completamente que havia dito a eles que voltariam a encontra-los, e uma ponta de culpa faz seu estômago gelar por alguns segundos, mas não cria nela a intenção de abandonar seu plano inicial.
- Procuramos você pela casa toda. – Zequi diz quando se aproxima de fato, e April apenas dá de ombros, nada a fim de despistar os seus amigos, mas também sem poder gostar nem um pouco da ideia de deixar Sterling esperando por tempo demais.
- Eu estava jogando um jogo e agora... estou indo lá pra cima. Sterling está lá. – April responde, e vê as expressões irritadas dos seus dois amigos se transformando em questão de segundos, a de Hannah para uma ainda mais endurecida, e a de Ezequiel para uma levemente magoada.
- Eu pensei que você fosse ficar com a gente. – Zequi diz, tentando abrir um sorriso que não dura mais que a sua frase, e April precisa respirar fundo com o tom de voz do garoto.
- Os amigos dela estão sendo problemáticos. – Ela tenta explicar, alternando o olhar entre os dois, e recebendo como resposta apenas expressões neutras cuidadosamente pensadas para não piorar ainda mais o clima entre os três naquele momento.
- E quanto aos seus amigos? – Hannah pergunta, movendo as sobrancelhas e adotando um tom entediado que enganaria April se ela não a conhecesse tão bem assim e não soubesse que é apenas um mecanismo de defesa.
- Olha, gente, eu prometo que não vou demorar... – Ela continua com sua explicação, mas nem se dá ao trabalho de elaborar mais nada quando vê Ezequiel dando de ombros e puxando Hannah B pela manga da blusa.
- Deixe ela ir, Hannah. – Ele diz, e começa a andar sem olhar para trás novamente.
E April não gasta muito tempo assistindo os dois se afastando dela. Era apenas Ezequiel, ela resolveria depois.

_

- Sua bebida, senhorita. – April empurra a porta do quarto o lado do qual Sterling estava esperando com os joelhos, e encontra a loira deitada na cama, com as pernas dobradas para fora da beirada. Sterling sorri para ela, se sentando para ajudar April a segurar uma das latas.
- Você consegue ler mentes? – Sterling pergunta, abrindo uma das bebidas.
- Às vezes, sim. – April dá de ombros, e se inclina sobre a cama, se apoiando com o cotovelo para deixar apenas uma parte do corpo erguido, e espera o tempo que leva para que Sterling espelhe sua posição para dizer, em um tom baixo para que não soasse confrontante, mas mantendo o contato visual. – Por exemplo, agora eu sei que você está morrendo de vontade de falar sobre uma coisa, mas não tem coragem de dizer.
- Sobre o quê? – Sterling pergunta, fazendo um péssimo trabalho ao fingir não saber do que se trata. April aperta os olhos para ela, e Sterling deixa uma risada escapar. – Sei lá, só... bem, você me salvou duas vezes hoje.
April sorri. – Aparentemente eu sou muito boa nisso.
Alguns segundos de silêncio se seguem entre as duas. A música lá embaixo continua fazendo as paredes da casa tremerem, mas Sterling sente como se estivesse em um ambiente seguro, um casulo no meio daquele caos, que criava nela ao mesmo tempo uma sensação de segurança e tensão. Nervosismo, mas um nervosismo bom, por se sentir como se estivesse trancada ali com April. É essa estranha sensação de isolamento, adicionada à maneira como os olhos de April parecem incapazes de desgrudar do seu rosto, que a faz sentir confiança o suficiente para dizer o que está na sua cabeça, e o que ela imagina que April está esperando ouvir.
- Não é a única coisa na qual você é boa. – Sterling diz, timidamente a princípio, deixando seus olhos azuis caírem para suas mãos, mas logo levanta o olhar para encontrar o de April novamente. April ergue uma sobrancelha, e sorri de lado, inclinando a cabeça de uma forma que Sterling acha adorável, e a deixa ainda mais nervosa, ela nunca havia feito isso antes, e o fato de April estar se provando uma das meninas mais lindas que Sterling já havia visto, em cada detalhe de sua aparência e gênero, não estava ajudando.
- O que você está querendo dizer? – April pergunta lentamente, mas a sombra de um sorriso que paira sobre os seus lábios denuncia que ela já sabe o que Sterling tem em mente quando diz aquilo, e ela não pode deixar de sorrir ao pensar no jogo no qual Sterling parece estar envolvendo-a.
- Nada, só... – Sterling parece envergonhada, deixa o olhar cair mais uma vez e o morde o lábio para esconder, sem sucesso, o seu sorriso. Suas bochechas estão coradas e April poderia beijá-la agora mesmo, mas decide saborear o momento, e a tensão gostosa que vai crescendo cada vez mais entre as duas, por mais algum tempo. – Eu nunca me imaginei beijando uma garota e... – Sterling levanta os olhos azuis, que brilham com uma curiosidade desejosa que manda um arrepio pelas costas de April por ser o alvo daquele sentimento. Sterling pisca algumas vezes antes de dizer. – Você beija muito bem.
- Foi por isso que me escolheu, então? Pra saber como era?
- Também.
- Por que mais? – April é objetiva, e Sterling deixa a cabeça cair para trás quando solta uma gargalhada. Ela podia apenas imaginar o quanto April estava se divertindo com essa situação, e não fazia questão de esconder.
- Você está decidida a me torturar. – Ela responde, e a maneira como os olhos alternam entre os de April, fascinados, sugerem que ela gosta tanto disso.
- Talvez. – April sorri, e o frio no seu estomago é crescente e diretamente proporcional à sensação de tensão que aumentava a cada palavra entre as duas.
- Você é muito bonita, April. Eu... não vou negar que estou me sentido atraída. – É discreto, quase imperceptível, mas April consegue notar como o corpo de Sterling se move levemente quando ela diz aquilo, quase como se concordasse com as palavras ditas e quisesse demonstrar, se inclinando milímetros para frente, para ela, em uma tentativa de chamar a atenção, ou em um convite que ela em breve não conseguiria mais negar. No seu rosto, as sobrancelhas se erguem em conjunto, quase como se ela não acreditasse no que acabou de dizer, e se vira de bruços na cama para esconder o rosto nos braços. – Meu deus, que vergonha.
- Ei, não precisa ficar. – Ela responde, e Sterling tem uma risada nervosa quando levanta o rosto e olha para ela novamente. As duas estão envolta a uma bolha, e sabem que não há porquê enrolar muito mais, então Sterling a olha nos olhos, e seus olhos parecem puxá-la para perto, para si, e April não poderia dizer não. Ela não queria dizer não, na verdade ela não queria dizer nada. – Eu posso te beijar novamente?
April faz a pergunta como um questionamento inocente, como algo que não está carregado de desejo, mas seu rosto e sua linguagem corporal não mentem, e não se lembra de ter se sentido dessa forma em nenhuma outra ocasião. Sterling para de sorrir, como se a realização de que aquilo está de fato acontecendo, e seu olhar desce para os lábios de April. – Você pode... – Ela responde, e permissão era o que April estava esperando.
April a beija dessa vez, diferente de como foi a primeira, e Sterling gosta disso. Apenas se deixa guiar, e levar pelo ritmo dela.
Primeiro April o rosto do de Sterling, e os seus lábios prendem os dela em um beijo leve e breve. Sua respiração é profunda e quente na boca de Sterling, e a mão que lentamente desliza em sua cintura não passa despercebida, pelo contrário, é notada por cada nervo do corpo de Sterling que reage aquele toque que, por mais superficial que seja, carrega tanto peso em um momento como aquele.
Depois são seus dentes, mordendo levemente o lábio inferior de Sterling em um prenúncio de que o que estava por vir era bem mais elaborado que um beijo em um desafio, carregava outro sentimento, que poderia ser livremente expressado agora que estavam sozinhas, longe de olhares e com nada para provar a ninguém além delas mesmas.
Por fim, a língua de April é macia ao entrar na sua boca, e Sterling não conseguiria resistir nem se tentasse. Ela se entrega totalmente, sendo sua única demanda, pontuada pela as duas mãos em sua nuca, que April não saísse dali. Que lhe desse o que queria.
April fica por cima dela, e Sterling sente pela primeira vez o corpo da menor contra o seu, e absorve todos os detalhes daquele contato: a forma como os quadris de April se mexem de uma maneira quase imperceptível, mas que lhe causa uma sensação gostosa de querer estar ainda mais perto dela; como o seu peito se move quando ela respira fundo entre os beijos intensos que trocam (e como os seus seios pressionam os de Sterling de uma forma totalmente nova e diferente); como as suas pernas, de cada lado do corpo de Sterling, parecem trêmulas em contraste com o toque firme de sua mão e a avidez de seus lábios, mas fazem um ótimo trabalho sustentando-a onde ela tem que ficar (e em como a pele das suas coxas parece suave quando as mãos de Sterling se tornam atrevidas, e decidem explorar novos locais); as mãos de April, suaves e habilidosas, envolvendo sua cintura, puxando sua nuca, acariciando seu rosto, tocando os seus seios. Todos esses detalhes eram novos, e tão diferentes dos garotos que já haviam ocupado essa mesma posição, principalmente porque April não está tentando chegar a lugar nenhum – embora ela não tenha certeza de qual seria sua reação se ela de fato tentasse – está apenas beijando-a por beijar, e Sterling se vê envolta nas sensações novas e cada vez mais investida em sugar ao máximo o momento presente.
Até que batidas na porta separam as duas de maneira abrupta.
Elas se entreolham, April tem as sobrancelhas franzidas e uma expressão de dúvida, Sterling está ofegante, corada e claramente desnorteada, e é de April a iniciativa de se levantar, puxar o vestido para o local apropriado, e abrir uma fresta na porta para descobrir quem está do outro lado. Curiosamente, para sua surpresa, Ezequiel está lá, encostado no batente e com uma expressão tediosa, olhando diretamente para o seu rosto quando a porta se abre como se já tivesse certeza de que seria April quem a abriria.
- A irmã da Sterling está a procurando. Uma baixa, do temperamento forte, sabe. – Zequi diz, April abre um pouco mais da porta para que Sterling ouça que o menino se refere a ela, e ela também se levanta da cama.
Um suspiro indica que ela já sabe do que se trata, mas ela se preocupa em abrir um sorriso para Ezequiel ao dizer: - Obrigada. – E então se vira para April, dirigindo-lhe um olhar cúmplice que sugeria que April também sabia do que se tratava, e ela recebe de maneira como Sterling espera, porque faz ideia de qual a sua angústia e respeito disso agora. – Eu... não quero fazer isso agora.
- Você quer ir pra casa? – April pergunta, e embora hesite por um momento, Sterling balança a cabeça, confirmando. April então se vira para Zequi, dirigindo-lhe um olhar cúmplice que ainda aguarda na porta como um mensageiro. – Pode dizer a ela que não nos achou? – O garoto balança a cabeça, e abre espaço na porta quando as duas fazem menção a sair do quarto.
No entanto, April fica alguns passos atrás de Sterling, puxando Ezequiel pela manga comprida da camisa que ele veste para dizer, com os olhos expectantes de quem espera (ou precisa de) uma resposta positiva – Vamos fazer algo amanhã? Eu ligo pra vocês. – É a sua maneira de pedir desculpas, a melhor que ela consegue encontrar, e ele pisca em resposta. Desce as escadas atrás de Sterling, e April sabe que vai precisar concertar isso.
_

- Bem... Boa noite, então. – April diz, incerta, quando o carro para ao lado calçada, exatamente entre as duas casas, em algum ponto da madrugada. Sterling olha para ela, um sorrisinho em seu rosto como se também não soubesse o que fazer agora, como se as duas não estivessem casual e animadamente conversando sobre as mais diversas coisas até agora dentro carro, e o beijo de April volta à sua mente. Ela deveria beijá-la de novo? Ela com certeza queria.
Quando April aponta para a porta do carro com polegar e estica o braço para alcançar a sua maçaneta, Sterling segura a sua outra mão antes que ela possa sair, porque a vontade de tê-la ali por mais alguns instantes fala bem mais alto que a sua insegurança. – Eu... me diverti muito hoje.
April sorri, parecendo surpresa de alguma forma, e sua mão volta ao seu colo porque não há motivo para ter pressa de sair agora. A mão que Sterling segura permanece lá, entre as duas, envolta nos dedos da loira, e nem ela nem Sterling precisam fingir que não gostam disso. – Tecnicamente, nem participamos direito da festa.
- Eu sei, mas... – Os olhos de Sterling caem por alguns segundos antes de piscarem e encontrarem os de April, e ela tem o sorriso mais encantador da noite em seu rosto. – Eu tive uma noite ótima com você.
- Eu também... – April responde e se inclina para beijá-la mais uma vez.
As mãos dela envolvem o rosto de Sterling e puxam levemente para si, da mesma maneira como a loira faz com a sua nuca, e o beijo é lento, como deveria ser ao ser usado como uma desculpa para prolongar e aproveitar o resto de tempo que ainda tinham juntas, e é diferente dos outros que dividiram no dia, e Sterling se vê perguntando quantas sensações diferentes April poderia fazê-la sentir em apenas uma noite. A rua está vazia, as casas estão apagadas, e há um apenas o barulho da noite, a playlist de Sterling tocando baixinho no som do carro, e as respirações das duas gradualmente ficando ofegantes quanto mais tempo passavam se recusando quebrar aquele contato.
- Eu... tenho que subir. Eu disse para a minha mãe que estaria em casa antes das 3h00am. – April diz quando se separam, mas não se afastam, os olhos de Sterling refletindo as iluminações de fora ocupando todo o seu campo de visão, e vê que eles se arregalam, acompanhando o sorriso que a loira abre ao se dar conta de que talvez tenha perdido a noção do tempo.
- Quanto tempo nós ficamos aqui? – Sterling coloca uma mecha do cabelo de April para trás de sua orelha e acaricia, com as pontas dos dedos, a sua nuca. April respira fundo, fechando os olhos por um momento para apreciar o toque tão suave, seus próprios dedos tecendo carícias pelos braços de Sterling ao descerem dos seus ombros, onde repousavam, e deslizavam pela a sua pele.
- Eu não faço ideia... – April diz ao abrir os olhos novamente, morde o lábio ao pensar como esse tempo foi gasto, e então se inclina para um último beijo de despedida, que Sterling faz ficar bem mais longo do que deveria. – Eu queria poder ficar mais.
- Eu também. – Sterling diz em um sussurro espontâneo demais para que April duvidasse da sua sinceridade, e deposita mais um beijo nos lábios dela. – Quem sabe na próxima.
- Próxima, hm? – April levanta a sobrancelha, e, apesar do sorriso que tem no rosto, as bochechas ficam extremamente vermelhas, e seria um pecado não beijá-la mais uma vez. – Boa noite.
- Boa noite. – Sterling responde, e finalmente permite que April saia do carro.
O caminho da calçada até a porta da frente nunca pareceu tão longo em toda a sua vida, e ela sabe que os olhos de Sterling a acompanham enquanto ela ouve os barulhos que a garota faz ao sair do carro, trancá-lo, e começar a andar para a sua casa. Mas o nervosismo de ter o olhar dela em sim não passa quando April tranca a porta da frente e vai até a cozinha para encher um copo de água, e ela se vê sorrindo de uma maneira extremamente nostálgica, a típica sensação de borboletas no estômago. E quando chega na janela de seu quarto, Sterling já está lá, do outro lado, esperando.

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