Lighting the Fire

A Court of Thorns and Roses Series - Sarah J. Maas
F/F
F/M
M/M
Multi
G
Lighting the Fire
Summary
Algumas fêmeas conheceram o céu, outras o inferno; umas foram enaltecidas, santificadas, outras demonizadas; mas todas tocaram as profundezas do próprio ser, chegaram ao limite de sua condição e de seu tempo e se eternizaram na história.Selene Moonlight era uma dessas fêmeas.Durante os anos que esteve nas garras de Tamlin e Amarantha, a Princesa da Corte Noturna, que ansiava por amor e proteção deixou de existir.Das cinzas de seu velho eu, Selene — Princesa da Corte Noturna, princesa guardiã de Velaris e guardiã do Anel da Corte Diurna — renasceu... com poderes nunca vistos pelos sete Grão-Feéricos e uma vontade tão férrea quanto o metal temido por eles.Seu coração, no entanto, permanece inalterado, vulnerável. Incapaz de esquecer o que já desejou com todo o coração e alma às estrelas.Peça-chave num jogo que desconhece, Selene deve aprender rapidamente do que é capaz. E curar sua alma partida. Pois um antigo mal, muito pior que Amarantha, se agita no horizonte... um que ameaça não apenas os feéricos, mas o mundo humano e a muralha também.Enquanto navega por uma teia de intrigas políticas, paixões e poder, Selene precisa decidir o que deseja: amor ou liberdade?
Note
Decidi reescrever a história do zero, em minha língua materna. Espero que continuem a ler.I decided to rewrite the story from scratch, in my mother tongue. I hope you continue to read.
All Chapters Forward

Capítulo 2

A mansão do Grão-Senhor da Corte Primaveril tinha exatamente a aparência de que me lembrava. Ainda se parecia a mesma mansão sem vida, sem personalidade e com excesso de flores ao redor.

A Corte Primaveril não se comparava em nada à Corte dos Sonhos, também conhecida como Velaris, o lugar onde nasci e cresci.

Meu ódio por aquele lugar se tornara algo vivo no peito, uma batida ecoante do coração que me embalava ao sono e me despertava. Mas eu o acalmava todos os dias das últimas semanas, desde que tinha sido transferida para lá.

As coisas tinham se mantido mais calmas do que eu esperava considerando que Rosehall era o centro da Corte Primaveril. Não tinha ouvido tantas vozes quanto o esperado, o que indicava que a corte não estava residindo ali. Só havia ouvido e sentido a presença dos guardas e do próprio Tamlin.

Mal ouvira um sussurro sobre ele nas últimas semanas; não via o Grão-Senhor daquela corte desde aquela manhã na mansão de Andras.

Mas isso mudou em uma manhã tranquila.

Tinha acabado de comer meu café da manhã, quando senti mais de sete presenças, no fundo de minha mente, se aproximando do meu quarto de forma rápida.

Eu não sabia quem eram, mas com certeza não era Tamlin ou alguém que conhecesse.

Olhei rapidamente ao repor tentando, inutilmente, encontrar algum objeto que poderia ser utilizado como arma, mas não havia nada. Tamlin nunca permitiria algo que pudesse ser transformado em uma arma em minha posse ou em meu quarto/jaula. Sem saber o que fazer, recuei para o canto mais distante da porte e esperei.

Quando a porta se abriu, tive que reprimir o grito de medo que subiu pela minha garganta ao ver soldados vestidos com armaduras negras. Os observei tropeçar enquanto as proteções e as cinzas tomavam conta de seus corpos. Sem dúvida eles estavam começando a se sentir tontos enquanto seus corpos e poderes se afastavam mais rápido que uma estrela cadente, uma sensação com a qual eu estava muito familiarizada.

Me aproveitei disso.

Sai rapidamente do meu lugar e parti para cima do primeiro soldado que vi. Tentei lembrar de qualquer treinamento que Rhysand e Cassian me deram quando era mais jovem, mas mais de um século sem qualquer treinamento não me ajudaram. Estava enferrujada e as minhas lembranças de uma luta corpo-a-corpo era rasas e confusas. Então agi por puro instinto.

Teria que ser o suficiente.

Consegui agarrar a lâmina da cintura do primeiro soldado e usá-la para cotar-lhe a garganta, sabendo que só consegui esse feito por conta do estado de choque do macho, sem me importar com o sangue presente em minhas mãos. Mas ao que parece que o choque de serem atacados passou, já que rapidamente me vi cercada por pelo 9 guerreiros feéricos que me derrubaram.

Tentei lutar com tudo que tinha. Arranhando. Mordendo. Chutando. Socando. Mas sem treinamento era impossível derrotar todos eles.

Eu os segurei pelo tempo que consegui, mas não era mais a feérica que um dia já fui. Meu corpo estava fraco e cansado. E embora eu não tenha passado fome nesse século aprisionada — Tamlin ordenara que eu deveria ser alimentada e tratada com dignidade, embora, às vezes, ele mesmo descumprisse essa ordem —, o freixo fez o seu papel. Me enfraqueceu ao ponto de minha força ser reduzia a de um humano.

Não me surpreendi quando os soldados conseguiram me prender e me amarrar com cordas trançadas de madeira de freixo.

Eles me arrastaram até a sala do trono. Nenhum se incomodaram em falar o que estava havendo ou o porquê de estarem me levando. Em todos os meus anos como prisioneira de Tamlin, tal coisa nunca havia acontecido.

Passamos por duas enormes e antigas portas de carvalho e entramos em uma ampla câmara, coberta de mármore branco e ouro. As paredes não apresentavam apenas desenhos decorativos, mas, na verdade, exibiam feéricos e Grão-Feéricos e animais e flores em diferentes cenários e em várias posições. Inúmeras histórias de Prythian estavam gravadas nelas. Candelabros de joias pediam entre as pilastras. Tudo com o propósito de enaltecer a suposta riqueza da Corte Primaveril. Os guardas me empurraram para a frente, e o mundo girou.

O frio do piso de mármore pareceu implacável quando me choquei contra ele, e meus ossos gemeram e gritaram. Dei um impulso para me levantar; faíscas dançavam em minha visão quando ergui a cabeça. Mas fiquei no chão, me mantive abaixada quando olhei para a pequena plataforma diante de mim no salão do trono da Corte Primaveril. Alguns passos levaram até ela. Ergui mais a cabeça.

Ali, aconchegada no trono florido e cheio de espinhos de Tamlin, estava alguém que eu esperei nunca conhecer em toda a minha vida.

Era Amarantha.

Ainda que bonita, não era tão avassaladoramente linda como eu a havia imaginado; não... era uma deusa de escuridão e rancor, o que a deixava ainda mais aterrorizante. Os cabelos ruivo-dourados entrelaçavam-se, perfeitamente traçados, na coroa dourada, a cor intensa destacava a pele branca como neve de Amarantha, a qual, por sua vez, destacava os lábios de rubi. Mas, embora os olhos de ébano brilhassem, havia... algo que consumia sua beleza, algum tipo de desprezo constante nas feições que fazia com que os atrativos de Amarantha parecessem contidos e frios.

A mais alta comandante do rei de Hybern. Amarantha massacrara exércitos humanos séculos antes, assassinara aqueles que escravizava em vez de libertá-los.

Então, olhei para o lugar ao lado dela, e vi Tamlin.

Ele vestia roupas de guerreiro, um boldrié; embora ali não houvesse facas embainhadas... sequer uma arma, em qualquer parte dele. Os olhos não se arregalaram; a boca não se contraiu. Nenhuma garra, nenhuma presa. Ele apena me encarou, inexpressivo — insensível. Imperturbável.

— O que é isto? — perguntou Amarantha, o tom de voz aumentando, apesar do sorriso de víbora que me lançou. Do pescoço esbelto e creme de Amarantha pendia uma longa corrente fina, e da corrente oscilava um único osso envelhecido, do tamanho de um dedo. Não queria pensar a quem pertencia enquanto permaneci no chão.

— Ela é a princesa da Corte Noturna.

— Obviamente — ronronou Amarantha. Evitei encará-la, e me concentrei nas botas marrons de Tamlin. Ele estava a três metros de mim, três metros. Como eu gostaria de pular na garganta dele e dilacera-la. — Os olhos roxos são inconfundíveis... Ela certamente se parece com o pai.

A ruiva se virou para Tamlin, os lábios retraídos em um sorriso malicioso.

— Você certamente se manteve ocupado todos esses anos. Como você colocou a mão na princesa da Corte Noturna?

Ele não respondeu a princípio, o rosto impassível.

— Eu, meus irmãos e meu pai matamos a mãe dela há mais de um século e a capturamos como uma refém.

Os olhos de Amarantha se iluminaram.

— Ah, você é delicioso. Que coisa adorável. — Ela bateu palmas, e Tamlin simplesmente virou o rosto para longe dela, a única reação que eu vi nele.

Como eu gostaria de desmembrar cada membro do corpo dele. O faria gritar por séculos e implorar pelo doce sabor da morte.

Os dedos de um dos soldados se enterraram em meus ombros quando o feérico me virou para encarar Amarantha, que ainda me dava aquele sorriso de cobra.

— Vamos lá, princesinha — falou Amarantha. — O que tem a dizer sobre isso?

Eu queria disparar que os dois mereciam queimas no inferno pela eternidade, mas me forcei a permanecer calada. Não me dignaria a falar com ela.

— Não vai falar? — indagou Amarantha baixinho, de modo quase amoroso.

Continuei calada. Não importa o que acontecesse, eu permaneceria calada. E eu consegui ver que isso a estava irritando. Rapidamente. Amarantha não estava acostumada a não conseguir o que quer, e não se importava que meios precisava usar para conquistar o que queria.

Durante toda a minha infância eu ouvi histórias sobre ela. Sobre sua crueldade, os horrores que cometera durante a Guerra. Mas nunca havia conhecido ela ou chegado perto de qualquer campo de batalha para ter qualquer chance de vê-la.

Ao longos dos meus anos cativos eu havia ouvido cochichos dos criados — eles eram a maior fonte de fofocas e segredos de toda Prythian. Até cinquenta anos atrás, na época eu já estava sobre as garras de Tamlin há quase 77 anos, quando Amarantha surgiu de novo em Prythian, como uma emissária de Hybern.

Soube que ela foi de corte em corte seduzindo Grão-Senhores com conversas sobre mais negócios entre Hybern e Prythian, mais comunicação, mais compartilhamento de bens. A Flor que Não Desbota, era como os criados a chamavam. E, durante esses últimos cinquenta anos, ela viveu em Prythian, como uma cortesã não ligada a nenhuma corte, fazendo retratações, pelo que ela dizia a todos, pelas próprias ações e as ações de Hybern durante a Guerra.

Mas obviamente era tudo mentira. Pessoas como ela nunca mudavam... não sentiam remorso. Tinham a alma completamente negra e sombria. Eram seres completamente das trevas.

— Sabe — ponderou Amarantha, recostando-se ao braço do trono — Não sei seu nome. Se nós duas seremos amigas, eu deveria saber seu nome... não deveria?

Eu me segurei para não assentir. Havia alo de encantador e convidativo a respeito de Amarantha; parte de mim começou a entender por que os Grão-Senhores tinham caído em seus feitiços, tinham e ainda acreditam. Eu a odiava por aquilo.

— Vamos lá, queridinha. Sabe meu nome, não é justo que eu saiba o seu? — comentou Amarantha, e se virou para Tamlin, ao lado. A expressão dele permanecia distante. — Afinal de contas — Amarantha gesticulou com a mão elegante para o espaço atrás de mim, e o cristal que encapsulava o olho de Jurian refletiu a luz —, você sabe o que acontece com as pessoas que me dizem as coisas que eu quero. — Uma nuvem negra me envolveu quando me lembrei das inúmeras vítimas dela. Mesmo assim, fiquei de boca fechada.

  Amarantha emitiu um estalo com a língua e olhou par uma das mãos esguias... para o anel no dedo indicador. Um anel, reparei, quando ela abaixou a mão de novo, decorado pelo que parecia... parecia um olho humano encapsulado em cristal. Eu podia jurar que o olho virou dentro da cápsula.

— Selene. O nome dela é Princesa Selene da Corte Noturna. Irmã mais nova do novo Grão-Senhor da Corte Noturna.

Amarantha apenas cantarolou e olhou para mim. Por longos instantes ela apenas olhou para mim. Fixamente.

— Ah, isso é bom demais... é divertido demais. — Ela tocou o osso que pendia da corrente e olhou para o olho encapsulado na mão. — Imagino que, se alguém aprecia este momento — disse ao anel —, é você, Jurian. — Amarantha deu um sorriso agradável. — Ver uma princesa de Prythian acorrentada contra a sua vontade.

Jurian... aquele era o olho dele, o osso de seu dedo. Não havia nenhuma criatura racional de Prythian que não conhecesse a história dele com Amarantha e sua irmã Clythia. Horror se revirou em meu estômago. Por meio de qualquer que fosse o mal, qualquer que fosse o poder, Amarantha ainda lhe guardava a alma, a consciência de Jurian, no anel, no osso.

Tamlin ainda olhava para mim sem me reconhecer, sem um lampejo de sentimento.

— Vou fazer um negócio com você, Tamlin — propôs Amarantha, e sinos de alerta ressoaram em minha mente. — Você me dá ela e não conta a ninguém sobre a existência dela ou onde ela está, e eu mantenho distância de você. — Amarantha se virou para Tamlin. Mal consegui ouvir acima da pulsação que latejava em meus ouvidos. — Considere isso um favor, Grão-Senhor. Não terá mais que se preocupar em mantê-la longe da vista de olhos curiosos.

— Se eu aceitar seu acordo — disse Tamlin, virando para olhar para a víbora sentada em seu trono. — Você promete sair daqui hoje sem derramamento de sangue.

Um calafrio rastejou por minha espinha. Ele não estava realmente considerando isso, estava? Tamlin não era estúpido a esse ponto... ele não poderia realmente achar que Amarantha tinha mudado desde a Guerra. Era só uma questão de tempo antes dela iniciar uma nova guerra e eu, por mais que machucasse dizer, era um trunfo indispensável. A Corte Noturna era a maior e mais poderosa corte de todo continente. E se ele precisasse barganhar por segurança ou aliados, era só me usar.

Mas ele apenas olhou para ela e depois para mim em silencio contemplativo.

Pelo Caldeirão... ele realmente era tão mentalmente doente como eu pensava.

— É claro — disse Amarantha. — Estamos de acordo?

Tamlin olhou para mim uma última vez antes de dizer:

— Concordo.

Amarantha me deu um sorriso breve e horrível, e magia fervilhou no ar entre nós quando ela estalou os dedos. Amarantha se aconchegou de volta ao trono de rosas e espinhos, enquanto meu corpo congelava e meu coração parava de bater.

— Levem ela para a Montanha — ordenou ela para alguém atrás de mim.

Logo sangue jorrou de minha boca devido ao soco que levei na cabeça, e o odor pungente e metálico a preencheu antes que eu apagasse.

Forward
Sign in to leave a review.