Para todo o Sempre - Forever and Always.

Wednesday (TV 2022)
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Para todo o Sempre - Forever and Always.
Summary
Depois do abraço delas, sem ignorar suas respectivas lesões e traumas. Wednesday tenta fingir que não está ferida para cuidar de Enid, mas não consegue. Ambas têm muito o que trabalhar, percebendo que precisam e cuidam uma da outra muito mais do que o inicialmente previsto, navegando em sentimentos complicados ao longo do caminho-Desta vez ela tem certeza do que viu. Uma única gota cai da pálpebra de Wednesday, pega pelas costas de sua mão. As duas assistem em igual choque, os olhos seguindo a mão dela enquanto ela abaixa de volta para o lado dela. Ela pigarreia e se vira para encarar o caminho que eles estavam caminhando. "Você está machucada e claramente com uma dor extrema. Por mais atraente que seja, não consigo ver isso como algo que você possa gostar. Você estava lutando para andar, eu estava simplesmente ajudando.”-Apenas uma tradução!!Link fic original: https://archiveofourown.org/works/43559805/chapters/109521909
Note
dear original author, thank you VERY much for letting me translate this amazing fic of yours! i hope it help reaches more people! <3-Deixem kudos e comentários aqui e na fic original por favor!! :)-!! Avisos sobre o primeiro capítulo !!- enid não está muito bem, tenham cuidado se for sensível, tem descrição gráfica da transformação de um lobisomem.- menções de sangue e de ferimentos abertos- tem tipo um ataque de pânico.
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A caminhada

Elas caminham de volta em silêncio.

 

 

Weems está morta, o pátio queimado, a escola em pânico. Pessoas estão gritando, Enid não consegue entender o que. Apenas exclamações gerais de choque e tristeza, ela supõe. Ela não liga, está cansada demais. Ela está focada demais na tarefa impossível de colocar um pé na frente do outro. 

 

 

Ela agarra o corpo próximo a ela pra se apoiar, inclinando um pouco demais, considerando que este corpo é mais baixo que ela. Mas continua forte de pé. Enid é extremamente grata por isso.

 

 

Ela estava indo bem inicialmente - ela foi avisada sobre os efeitos dolorosos de uma primeira transformação e ficou chocada ao descobrir que se sentia bem. No entanto, ela rapidamente percebeu que era apenas a adrenalina correndo em suas veias, puro pânico e medo mantendo-a unida. E agora tudo o que ela conhece é dor. Ninguém exatamente a avisou sobre os efeitos posteriores de lutar contra um Hyde.

 

 

Sua visão borbulha e sua cabeça pesa, fazendo-a parar a cada poucos passos. O corpo ao lado dela obedece. Suas mãos não soltaram o braço da pessoa mais baixa, então ela dúvida que tenha escolha. Ela não consegue se importar, ela está muito cansada.

 

 

Ela registra uma multidão passando por ela, presumivelmente seguindo o mesmo caminho de volta para a escola. A multidão se move rápido, ela deve alcançá-los. Qualquer coisa para não ser uma das últimas. Ela pode sentir as árvores se estendendo sobre o trecho sinuoso, chamando-a de volta para a floresta. A lua de sangue ainda está brilhante, forçando duras ondas de vermelho sobre ela, pinicando sua pele e ardendo em suas juntas. Ela não pode ficar ali fora.

 

 

Ela respira fundo, preparando-se para avançar. Um pé, depois o outro. Apenas um pouco mais rápido. Ela consegue fazer isso.

 

 

"Não."

 

 

O braço que ela está segurando para de andar com ela. Ela fica de frente, abrindo a boca para protestar, apenas para ouvir um silêncio estrangulado ser liberado. Ela pigarreia e tenta ignorar a queimação, recorrendo a dicas não verbais. Ela balança a cabeça levemente, mas ainda o suficiente para sentir seu cabelo balançando, pesado e emaranhado com sangue seco. Seu sangue. Ela acha. Ela não pode se importar, ela está muito cansada.

 

 

Ela puxa fracamente o braço para puxar o corpo para frente, dedos enganchados e travados - ela não consegue soltar. Mais da multidão corre atrás dela, alguém esbarrando nela. E sua âncora se foi. E ela está caindo.

 

 

Ela tropeça na direção em que estava puxando, as pernas se dobrando ao perceber que está se afastando do corpo que lhe dava tanta segurança, caindo no chão irregular.

 

 

Uma sombra passa por sua visão pulsante, e então há mãos sobre ela, segurando seu peso. Ela está no chão agora, ela percebe, batendo com substancialmente menos força do que ela esperava.

 

 

"Enid?" - Uma voz diferente.

 

 

Tem dois corpos agora. Ela pode senti-los agachados perto dela, protegendo-a da multidão, das árvores e do céu. Apenas um pouco, mas é o suficiente para diminuir a queimadura em seu crânio.

 

 

A nova voz continua falando mas ela não consegue entender o que. Parece assustado no entanto. Ela estremece.

 

 

A primeira voz o interrompe.

 

 

"Ajax" - A pessoa diz - "Para."

 

 

Ajax. É, faz sentido.

 

 

"Enid?" - A mesma voz continua. Está muito mais calma. Mais quieta. Serena e firme, cortando a névoa espessa em sua cabeça.

 

 

Ela tenta levantar a cabeça para olhar a origem do discurso, apenas para se deparar com uma dor lancinante, forçando seus olhos a se fecharem.

 

 

"Eu estou tentando te levar para a enfermaria. Se você pudesse se conter para não correr e se machucar ainda mais, seria uma tarefa substancialmente mais simples para nós duas."

 

 

Ela acena com a cabeça levemente para evitar outra dor incapacitante, satisfeita por ter entendido quando ela sente as mãos de volta sobre ela, segurando apenas o suficiente.

 

 

"Ok, hm. A gente vai tentar te deixar de volta de pé agora. Você poderia, hm, tentar se levantar?" - Ajax instruiu trêmulo.

 

 

Ela obedece, empurrando através da queimação intensa, permitindo-se ser levantada pelos outros. Ela alcança seus pés, ofegando e cuspindo enquanto se inclina para a frente, se desvencilhando de seu alcance.

 

 

Merda. De novo não. Há uma dor profunda em seus ossos, implorando para ser liberada novamente. O lobo provou o gosto da liberdade e não quer mais abrir mão dela. Ela olha horrorizada para suas garras prolongadas, não deixando de notar o sangue seco e o pelo endurecido em suas mãos e sob suas unhas. Não é dela.

 

 

Uma mão alcança seu ombro, ela a sacode.

 

 

"Sai!" - Ela resmunga, um som gargarejado escapando de seus lábios. Eles não podem estar aqui, ela não pode machucá-los.

 

 

"Ajax." - A primeira voz interrompe firmemente. - "Sai."

 

 

"O que? Você está louca? Nós não vamos a deixar aqui!"

 

 

"Não, claro que não... Você vai."

 

 

A troca continua, mas Enid não consegue ouvir. Seus ouvidos estão cheios do rangido de seus ossos enquanto eles se preparam para estalar e se reformar. Seu sangue queima quando atinge seu coração, o fogo pulsando em seu corpo. Tudo machuca. Ela sente o pelo áspero abrindo caminho através de sua pele, agulhas picando e cutucando.

 

 

O nome dela está sendo chamado. Não, falado. Ela olha em volta freneticamente, a visão embaçada pelas lágrimas à medida que sua sensibilidade aumenta. Ela avista uma única pessoa parada na frente dela, completamente imóvel. Isto está errado.

 

 

"O que você-" - Ela tenta dizer, mas foi interrompida por um grito alto. Seu grito. Por favor, ela quer falar, por favor sai daqui. Eu não quero te machucar.

 

 

"Você não vai me machucar." - A figura simplesmente diz, como se escutasse seus pensamentos. Como pode saber disso com certeza? Lobisomens são notoriamente imprevisíveis, e o poder da lua de sangue não se é pra brincar.

 

 

“Você não me machucou antes, então é seguro presumir que não fará novamente. Se você fosse, o sofrimento pelo qual você se colocaria não é nada comparado ao que eu infligiria. Você é inteligente, então não estou preocupada." -  A voz continua, respondendo à pergunta invisível.

 

 

Antes?

 

 

Ela não consegue se lembrar muito de quando estava em forma de lobo, especialmente que agora ela estava no meio de uma transformação, tremendo com a dor. Ela não consegue focar nem um pouco, na verdade, além da queimadura serpenteando dentro de suas veias.

 

 

A figura dá um passo à frente, a hesitação traindo a confiança em sua voz. Enid se encolhe para trás, com o braço estendido como se quisesse impedir que eles se aproximassem. Mas outra pontada de dor a faz agarrar o braço, caindo no chão novamente, trazendo todos os quatro membros para perto do peito, apertando o mais forte que pode. Talvez se ela resistir, eles não se transformem. Mas está ficando mais difícil. E Deus, isso queima.

 

 

Ela é forçada a jogar os braços estendidos para os lados, sentindo e ouvindo o esmagamento insuportável enquanto seus ossos se alongam. Ela ainda não se recuperou da primeira transformação, então há um grande conflito no estado intermediário, pois seu corpo não sabe em que direção ela deve se transformar.

 

 

Humana, ela implora.

 

 

Ela quer berrar, gritar com o contorno se aproximando. Mas não adianta. Ela não pôde convocar mais do que um resmungo. Mesmo assim, não há como dizer se eles ouviriam. Não há muito tempo, eles precisam deixá-la agora!

 

 

Eles estendem a mão, forçando Enid a escalar para trás. Mas é claro que ela não consegue segurar seu peso e desmorona contorcendo-se. Ela está pegando fogo. Ela está gritando de novo, ela acha.

 

 

O avanço da figura não diminui. Enid não pode vê-los, mas pode senti-los. A proximidade de outro corpo. Um corpo mais fraco. Um alvo fácil para o lobo. Ela para de tentar afastá-los.

 

 

Uma mão se estende e toca seu ombro enquanto ele se desloca, outro grito estrangulado saindo de sua garganta. Gelo. E seu outro ombro também. Ela não consegue resistir.

 

 

O aperto estrangeiro gentilmente a puxa para cima, então ela está sentada no chão, sem nem mesmo uma sugestão de luta. O que eles estão fazendo?

 

 

“Enid”,- Suas orelhas se erguem, contraindo-se independentemente. Ela conhece aquela voz, claro que conhece. - “Eu preciso que você me escute. Você não pode deixar esse vira-lata vencer”

 

 

Vira-lata? Um rosnado baixo escapa, queimando sua garganta.

 

 

“Eu disse a você que estava levando você para a enfermaria, não espero que você tente me impedir de fazer isso. Agora, se você cooperar, seria muito apreciado.”

 

 

Ela está sendo repreendida, ela percebe. 

 

 

Estou tentando, ela quer falar, mas arde.

 

 

Como se para pontuar este ponto, uma grande sacudida de fogo faz seu corpo tremer e convulsionar enquanto a eletricidade sai de seu coração, passando por seus pulmões e membros. As mãos de gelo em seu ombro permanecem fortes, segurando-a no lugar.

 

 

Eles a estão puxando para frente novamente, puxando seu corpo relutante para encará-los. A figura está sentada ao lado dela agora. Não, isso está errado. Eles deveriam estar fugindo, ou pelo menos em uma posição em que estejam prontos para isso. Enid choraminga em protesto, tensa e se afastando, tentando colocar o máximo de espaço possível entre eles.

 

 

E então as mãos em seus ombros liberam a pressão em seu aperto. Finalmente.

 

 

Não. Espera. Parem.

 

 

Ela não sente as mãos saindo. Eles simplesmente deslizam sobre seus ombros, ambos trêmulos, meio nas órbitas e firmemente ligados atrás das costas. Ela está muito fraca e com muita dor para se afastar, sabendo que isso colocaria mais pressão em suas articulações já instáveis. Então, até que ela ceda à força da lua de sangue, ela fica impotente - uma bagunça trêmula e estridente.

 

 

Ondas de frio são emitidas pelos braços ao redor de seus ombros, um alívio provocador do fogo fervendo sob sua pele. Ela pode sentir as agulhas recuarem sob seu alcance, incapaz de combatê-lo. Ela para de resistir à outra pessoa e, em vez disso, coloca todas as suas forças na luta contra o lobo. Com os olhos bem fechados, ela convoca tudo dentro dela para forçar o lobo a recuar. Isso dói.

 

 

Ela se prende ao aperto frio, usando-o para se ancorar em sua forma humana, inclinando-se para ele, o que Enid certamente relutou em permitir. Ela ainda é perigosa, ela ainda pode atacar.

 

 

Não.

 

 

Ela está no controle.

 

 

"Respire." - A voz comanda.

 

 

Enid enche os pulmões, inalando e exalando com cuidado respirações trêmulas, cada uma queimando enquanto o lobo protesta. Os braços se retraem para obter um aperto mais firme, uma segurança forte e sólida puxando-a para mais perto. E isso é tudo o que é preciso. Ela cai no colo da outra pessoa, tremendo e ofegando enquanto cada contato envia gelo por sua pele, lutando contra o fogo por baixo. O ar frio atinge suas gengivas enquanto ela arfa, dolorida pelas presas tentando crescer, forçando toda a sua mandíbula a se transformar.

 

 

Um tipo diferente de transformação. Ela está retornando a sua forma humana.

 

 

Ela se prepara, ciente da dor do processo de transformação reversa que está por vir. Tudo dói, sua garganta arranha quando sua voz retorna, não produzindo mais sons caninos. Em vez disso, os gritos ásperos voltam, amortecidos pelo corpo à sua frente. Os braços a seguram com força contra o tronco. Um por um, seus ossos estalam de volta no lugar, cada um soltando um soluço insuportável, fazendo com que os braços ao redor dela adicionem um pouco mais de pressão.

 

 

O lobo está recuando, ela pode sentir isso. A cada batida do coração, o fogo diminui, o sangue humano voltando ao seu vapor. Uma vez satisfeita com o término da transformação física, ela relaxa, deitando-se imóvel sobre a outra pessoa enquanto tenta recuperar o fôlego. Ela ainda dói, e ela está tão, tão cansada. Mas seus ossos estão parados e suas articulações estão no lugar. Bem, nem todos.

 

 

Seu ombro esquerdo latejava, preso entre ela e o outro corpo, torcido em um ângulo particularmente brutal.

 

 

"Você precisa se sentar." - A voz afirma, desvinculando os braços e empurrando constantemente para cima, ajudando Enid a levantar.

 

 

Ela rosna em resposta, mas obedece, tudo em seu corpo dizendo para ela se deitar e dormir. Ela estremece enquanto se move, sentindo cada mudança sutil, os ossos ainda se reajustando e gritando em protesto.

 

 

"Você quer cuidar disso agora ou deixar a enfermeira cuidar?"

 

 

Enid não precisa olhar para saber que a voz se refere a seu ombro. O que é um bom trabalho, seus olhos ainda estão fechados, lágrimas embaçando sua visão. Se seus olhos estivessem abertos, ela só poderia esperar uma dor lancinante pela sensibilidade à luz.

 

 

"A-agora-" - Enid resmunga, ofegante com o quão rouca sua voz está.

 

 

Ela se inclina para frente o suficiente para começar a se levantar trêmula, apoiando seus dedos no chão para tentar se firmar, estremecendo com a pressão nas pontas de seus dedos. Duas mãos aparecem em seus braços, guiando-a lentamente para cima e depois recuando. Uma vez de pé, ela estende a mão, tentando encontrar o corpo novamente, ansiando pelo frescor para acalmar a dor. Em pânico, ela abre ligeiramente os olhos, tentando freneticamente encontrá-los.

 

 

Uma decisão muito ruim. Seus olhos ardem ao serem cobertos por uma mistura sombria de sujeira e lágrimas. Ela também tem certeza de que há uma ferida aberta em sua cabeça por causa de seu encontro com o Hyde, vazando sangue em seu rosto e sobre as pálpebras. Ela decide que eles devem permanecer fechados.

 

 

Uma mão fria em suas costas a tira do pânico. Ele estende a mão para descansar suavemente a palma da mão perto do ombro dela, aplicando uma leve pressão para fazê-la estremecer e recuar.

 

 

“Fique parada e prepare-se para contar até três.”

 

 

Ela acena com a cabeça lentamente, ainda sem saber com quem está, mas confiante de que confiaria sua vida a esta pessoa. Ela ouve um farfalhar de roupas antes de um forte rasgo.

 

 

"Aqui. Morde isto."

 

 

Ela foi entregue um pedaço de tecido, parece o blazer escolar, mas só o braço. Ela o leva à boca, prendendo os dentes ao redor, grata pelo leve alívio em suas gengivas.

 

 

"Três"

 

 

Ah é né. Isso.

 

 

As mãos têm um aperto firme - uma para mantê-la firme e a outra para manusear a articulação. Enid respira fundo, se preparando para o que vem a seguir.

 

 

"Dois."

 

 

E então um estalo agonizante.

 

 

As mãos em seu ombro trabalham juntas, estalando de tal forma que a articulação volta ao lugar com o mínimo de resistência. Deus, doeu demais. Ela morde, choramingando quando seu corpo finalmente se recompõe, a cabeça girando. Os lobisomens devem ter uma recuperação aumentada, pela qual ela é particularmente grata neste momento, não que ela seja capaz de dizer, dadas as ondas de dor que experimentou momentos atrás.

 

 

"Desculpa. O choque acaba com isso mais rápido." - A voz monótona diz.- "Agora, a enfermaria?"

 

 

Enid consegue um acenar fracamente, cuspindo o tecido e estendendo a mão para um braço para ancorar e levá-la de volta para a escola. Mais uma vez, ela se depara com a tarefa impossível de colocar um pé na frente do outro e, mais uma vez, provavelmente se apoiando um pouco demais no corpo mais baixo ao seu lado, se aproveitando da segurança que ele oferece.

 

 

Elas continuam a caminhar em silêncio, como antes. Uma vez se sentindo mais no controle, Enid levanta o braço, enxugando os olhos com a manga da jaqueta, ainda segurando o braço próximo a ela com o outro. Ela os abre, grata por não se deparar com a dor avassaladora de antes. Ela pisca com cuidado, fazendo o par parar brevemente para observar os arredores.

 

 

Elas chegaram a um dos pátios menores - este leva à porta que dá direto para a enfermaria. Ela solta um suspiro de alívio, apertando o braço ao lado dela.

 

 

“Eu aprecio que você esteja ferida, mas eu apreciaria mais ter a funcionalidade completa do meu braço esquerdo saindo mais dessa interação.”

 

 

Porra.

 

 

É a Wednesday.

 

 

Claro que é. Quem mais seria?

 

 

Sua boca cai em horror, afastando as próprias mãos, balançando levemente e perdendo equilíbrio com o movimento repentino.

 

 

Como ela não reconheceu sua própria colega de quarto? Elas moram no mesmo quarto por meses, como ela não a reconheceu?

 

 

É aterrorizante.

 

 

"Wednesday- Eu- Me desculpe-" - Enid murmura, a encarando com os olhos arregalados.

 

 

Wednesday está olhando para a frente com uma expressão vazia, suas roupas manchadas com uma mistura de sangue. Enid não pode dizer de quem é, mas definitivamente há de  mais de uma pessoa. E se ela não está enganada, seus olhos estão cobertos por um brilho, brilhando sob o forte luar.

 

 

"Perdão?"- Wednesday questiona enquanto se vira para Enid, a cabeça levemente inclinada, a preocupação sutilmente gravada em seu rosto.

 

 

"Eu estava- Seu braço- Eu estava apoiando-" - Ela soluça em resposta, se estremecendo toda vez que sua garganta seca dói. - "Se eu tivesse...Se eu soubesse que era você, eu não teria- Eu não queria te deixar desconfortável"

 

 

Desta vez ela tem certeza do que viu. Uma única gota cai da pálpebra de Wednesday, pega pelas costas de sua mão. As duas assistem em igual choque, os olhos seguindo a mão dela enquanto ela abaixa de volta para o lado dela. Ela pigarreia e se vira para encarar o caminho que eles estavam caminhando.

 

 

"Você está machucada e claramente com extrema dor. Por mais atraente que seja, não consigo ver isso como algo que você possa gostar. Você estava lutando para andar, eu estava simplesmente ajudando.”

 

 

"Oh- " - Enid disse, as sobrancelhas levantadas. - "Obrigada. Você não precisava."

 

 

Seus olhos piscam de volta para o chão, verificando-o antes de começar a caminhada impossível novamente, decidida a não colocar sua amiga em outra posição desconfortável. Sem surpresa, cada passo é significativamente mais difícil sem o suporte, resultando em uma mancada lenta.

 

 

Sem aviso, seu braço direito é levantado suavemente, causando ela cerrar seus dentes fortemente, dolorida pelos movimentos consecutivos. Wednesday silenciosamente puxa seu braço, colocando-o sobre seus próprios ombros e encaixando-se ao lado de Enid para agir como uma muleta.

 

 

Ela quer questionar, protestar, mas o corpo ao lado dela tira tanta pressão de suas articulações doloridas que ela quase se derrete nele. Ela sente uma mão firme em seu antebraço, impedindo-o de escorregar, algo pelo qual ela é particularmente grata, pois o latejar em seus ossos suga toda a força. Outro braço passa por suas costas, segurando seu tronco ereto, com cuidado para evitar um corte particularmente retorcido em seu lado.

 

 

"Para a enfermaria" - Wednesday diz, a severidade em sua voz sem nem tremer.

 

 

Enid assente com a cabeça superficialmente, continuando a caminhada desafiadora, olhos bem fechados e confiando em sua colega de quarto para guiá-la. Eles caem em um ritmo confortável, viajando uma quantidade substancial antes que o aperto em seu braço seja liberado.

 

 

Os olhos de Enid se abrem em pânico, o corpo tenso. Wednesday resmunga levemente enquanto abre a porta na frente delas com uma força que envia um leve solavanco através do par.

 

 

"Enid!" - Ajax exclama, caminhando até elas do outro lado, segurando a mão dela assim que ele está ao alcance.

 

 

Ela o oferece um sorriso fraco antes de tropeçar em sua direção, Wednesday escorregando debaixo do braço.

 

 

"Você está bem? O que aconteceu?" - O pânico presente em sua voz.

 

 

Ela não consegue responder. Não, ela tem suas palavras presas em sua garganta e tenta liberá-las, mas só sai um soluço sufocado em seu peito.

 

 

"Não, não, shhh, está tudo bem," - Ele sussurra, seus braços envolvendo em volta dela enquanto um soluço violento escapa de seu corpo

 

 

"Ah, esse adorável jovem menino me disse para esperar vocês... Ok, vamos lá arranjar camas para vocês duas,"- Uma voz gentil diz atrás dele - a enfermeira, Enid percebe depois e se acalmar e recuperar um pouco mais de consciência..... Duas? Wednesday está machucada?

 

 

"Isso não será necessário. Apenas uma. Estou bem." - Wednesday interrompe, fazendo seu caminho até a porta. Ajax levanta a cabeça para olhar pra ela.

 

 

"O que? Wednesday, seu ombro-"

 

 

"Meu ombro está bem. Agora se me der licença, eu gostaria de ir tomar um banho e dormir."

 

 

Enid sentiu o corpo contra ela vacilar em protesto. Era Ajax, tão atencioso.

 

 

“É uma batalha que você vai perder e você sabe disso”- Ela sussurra com um sorriso fraco em seu ombro, ouvindo os passos delicados se afastarem da sala.

 

 

"Você também, meu querido. Tenho certeza de que você precisa de um descanso, assim como Enid... Você pode voltar aqui amanhã."

 

 

"Certo, vamos deitá-la aqui",- Diz a enfermeira gentilmente. E foi só isso. Em segundos, Enid cai na cama vazia mais próxima. Seus olhos não conseguem mais ficar abertos, fechados como ímãs. Ela cede à dor surda, relaxando no colchão e permitindo que ele absorva sua dor, o sono se infiltrando em seus ossos. Ela não se lembra de muito mais.

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