
sangrando
"Olá, Mãozinha." - Wednesday diz aborrecida depois de sofrer subindo as escadas até o quarto seu e de Enid. - "Bom saber que você está bem" - O sarcasmo presente em seu tom de voz.
A mão se encolhe ligeiramente, achatando-se talvez em.. culpa?
"Onde você estava?"
A mão bate, re-contando uma narrativa dramática de eventos. Ele explica como Enid se transformou e ele ficou sozinho, sem saber o que fazer, então voltou para o dormitório aguardando o retorno delas.
"Ah. Bom, estou feliz que está bem. Como você está se recuperando?" - Wednesday pergunta, sinceridade em sua voz. Existe uma nova apreciação pela Mão agora que ela acabou de experimentar uma facada particularmente letal.
Mãozinha forma um 'joinha' para indicar que ele está bem, com isso, Wednesday solta um suspiro de alívio e fecha a porta atrás dela.
Re-capitulando, na última hora ela teve sua mão cortada, foi esfaqueada no estômago, ressuscitada por uma ancestral vingativa, foi atingida por uma flecha, paralisada e torturada pelo cajado mágico de um peregrino furioso e atacada por um Hyde... É muita coisa pra digerir.
O efeito de cura da Goody foi capaz de lidar com os eventos com maior risco de vida, mas sem surpresa ela ainda está bastante machucada. Sua facada inicial foi costurada em um grau menos letal para evitar sangramento, deixando o músculo rasgado que está terrivelmente dolorido tentando se reparar, bem como um corte particularmente desagradável no local de entrada. Seu ombro, embora não fosse uma ameaça de lesão, ainda estava baleado na janela de tempo em que ela estava protegida pela magia de Goody, o que significa que sua carne derreteu de maneira semelhante, mas não tão bem. A ferida deixada ainda é bastante profunda, e sem a distração da luta e adrenalina, tornando-se muito proeminente em termos de desconforto.
A morte é fascinante. Um evento que ela sempre associa com algo parecido com deleite ou alegria, embora nunca dela. Muitas vezes naquela noite ela se deparou com isso, mãos sombrias agarrando-a, apenas para ser arrancada com uma força que ela não sabia que tinha. Ela sempre esperava receber o aperto frio e, por um breve momento, ela o fez.
Naquela cripta, ela não tinha intenção de sair. Falhar não era realmente uma opção, mas quando esfaqueada e sangrando, sentindo cada órgão enfraquecer lentamente e piscando para dentro e para fora, é difícil aceitar qualquer outra coisa. E ela estava bem com isso, ela havia resolvido o caso do Hyde e da Laurel - era tudo o que ela precisava. Foi a pura força de vontade de Goody e sua necessidade de vingança que a trouxeram de volta. Embora não fosse um impulso que compartilhassem, Goody podia ser particularmente persuasiva.
Ao aceitar a morte em seu corpo, ela teve uma visão. Uma visão tão assustadora, tão trágica, que Wednesday realmente não teve escolha. Era Enid em perigo. Com dor. O que mais ela poderia fazer? Era fácil confundir com o poder de Goody e sua necessidade de lutar, era tão tão forte quanto. E isso a trouxe de volta à vida.
Também outra coisa difícil de engolir.
Por agora, ela tem ferimentos para cuidar. Ela conseguiu trazer Enid de volta em segurança. É semelhante a como as pessoas resgatadas no mar correm mais riscos em um bote salva-vidas - a luta foi vencida, então eles relaxam, uma perigosa queda de energia deixando-os vulneráveis à hipotermia, pois não precisam mais lutar para sobreviver. Sua luta está ganha. Crackstone está morto, o monstro foi revelado e presumivelmente levado embora, Thornhill - ou melhor, Gates - está em estado crítico e, o mais importante, Enid está segura.
Seus ferimentos são bastante substanciais, apesar das habilidades naturais de cura de um lobisomem. Provavelmente deixará cicatriz. Mas, ela está fora do caminho do perigo imediato e sendo tratada adequadamente. E ela está com o Ajax. Isso é o que importa, certo? Se fosse Mortícia, Gomez não sairia do lado dela, então é seguro supor que o par será inseparável. Ela não precisa se preocupar.
Ela não precisa pensar em Enid sozinha lá embaixo, confusa e com dor. Ela não precisa pensar nas marcas permanentemente gravadas em seu corpo e rosto onde sua carne foi dilacerada enquanto tentava proteger Wednesday,: aquela que a colocou em perigo. Ela não precisa pensar em como sofreu em seus braços, desmoronando sob a lua. E ela definitivamente não precisa pensar em como Enid desejou que não fosse ela a levando de volta para a escola, como ela tirou o braço do apoio dela assim que a reconheceu, como as duas assistiram enquanto seus canais lacrimais a traíam.
Mãozinha correu pela sala, subindo em cima dos pertences de Wednesday empilhados no centro da sala, chamando sua atenção com o movimento. Ela pisca para afastar mais traição líquida, enxugando o rosto com muita força, estremecendo com o movimento.
"Eu sei" - Ela resmunga, percebendo que tudo o que ela possui está atualmente fora dos limites, selados em caixas pesadas demais para levantar e mover em sua condição. Este não é mais o dormitório dela. Ou a escola dela, no caso.
Está tudo bem, um passo de cada vez. Sua frequência cardíaca caiu significativamente, ela precisa se compor... Banho. Ela tem ferimentos. Ela precisa ter certeza de que eles estão limpos.
“Mãozinha,” - Ela diz com um leve tremor, a mão congelando enquanto tenta abrir a mochila mais próxima, - “Preciso que você encontre gaze, bandagens, lenços umedecidos, qualquer coisa de primeiros socorros e leve para o banheiro. No caso improvável de eu estar inconsciente quando você chegar, encontre a pessoa mais próxima e traga-a para.. Ajudar."
Mãozinha se curva em reconhecimento antes de pular dali, puxar a corda presa à maçaneta da porta para abri-la e sair correndo da sala.
Respire fundo. Foque.
Ela precisa de água e uma esponja. Não, primeiro ela tem que ir até o banheiro.. Ok, ela está andando. Suas pernas estão indo bem, não deve ser um problema.
Ela se arrasta até o banheiro compartilhado, usando a parede para estabilidade enquanto a tontura se instala. Assim que ela abre a porta, ela se vê se jogando no chão em frente ao banheiro, tossindo e cuspindo entre vomitar dolorosamente um vômito vermelho escuro. Cada contração forte forçando-a a curvar-se ainda mais. Não está uma situação bonita. Mas felizmente não dura tanto quanto poderia.
Água.
Ela se levanta trêmula, limpando as mãos nas roupas na tentativa de remover o suor e o sangue que as cobre, ela não tem certeza de quem é. Ela não quer pensar em quanto disso é de Enid, forçando um nó no estômago com a mera possibilidade. Depois de uma respiração trêmula, ela vai até a pia, apoiando-se nela o máximo possível, observando o líquido pingar de seu rosto na tigela. Lágrimas, ela percebe, manchadas de vermelho pelo caminho em seu rosto. Ela leva a mão trêmula à torneira, girando-a fracamente para abri-la e, em seguida, inclinando-se cuidadosamente para beber grandes goles de água.
Uma vez que ela tem certeza de que ela bebeu o suficiente para se acalmar, ela gira a pia e coloca a água em uma temperatura um pouco mais quente, e começa a se despir, estremecendo a cada movimento. A maioria de suas roupas estão encharcadas de sangue, pesadas e pegajosas. Difícil de remover e, em alguns lugares, ressecado na pele. É um desafio que leva mais tempo do que o normal. Suas mãos tremem, dedos incapazes de segurar qualquer coisa. O material é escorregadio ou completamente rígido, de qualquer forma, não está querendo se mover. É cansativo.
E doloroso.
Cada puxão em suas roupas puxa seu ombro onde ela foi baleada, tornando a contorção de suas roupas particularmente difícil. Em vez disso, ela encontra a tesoura que Enid usa para cortar o cabelo e abriu a camisa, cortando cuidadosamente a manga esquerda para evitar o máximo de movimento possível, encolhendo-se involuntariamente com qualquer pressão. O corte em sua cabeça também está latejando agora, enviando uma dor nauseante através de seu crânio para encontrar a reviravolta doentia da adaga que estava alojada anteriormente sob suas costelas, flashes brancos atormentam sua visão.
Depois de muito sofrimento, ela se despiu, vendo o estrago no espelho. A maior parte de seu rosto está coberta por uma espessa mistura de sujeira e sangue, ressecada em sua pele. Onde a flecha atingiu é cru e vermelho, um anel roxo profundo se estendendo sobre a parte superior do peito. A maior parte do sangramento parou graças à cura de Goody, mas certamente não parece bom. Por enquanto, seu braço esquerdo está completamente fora de ação, correndo o risco de reabrir a ferida instável e causar complicações desnecessárias. Seu estômago não parece muito melhor, o fantasma de uma faca ainda parece muito forte dentro dela.
É engraçado, sério. Ela sempre pensou que iria gostar de morrer. Aparentemente, ser provocado com a morte várias vezes em uma noite deixa um gosto amargo. E aparentemente, observar Enid em uma posição semelhante é o suficiente para trazê-la de volta a vida.
Um respingo repentino chama sua atenção - a pia está inundando. Por reflexo, ela estende o braço mais próximo para desligá-lo, gritando quando registra qual braço é aquele, a dor disparando de seu ombro. No entanto, ela está comprometida agora. Pegando-a com a mão livre, ela grunhe enquanto empurra a torneira para parar o fluxo de água, apertando a mandíbula e respirando pesadamente enquanto traz o braço de volta para o lado com cuidado.
Usando um pano limpo pendurado, ela tira o pior, enxugando cuidadosamente a pele ferida, inspirando profundamente a cada contato. É uma tarefa longa e tediosa - limpar a pele mais suja, com cuidado para manter qualquer gotejamento longe das incisões irregulares em seu ombro e estômago para evitar infecções. O pano fica sujo na hora, e a água da pia fica inutilizável depois de re-molhada duas vezes, então ela acaba ligando o chuveiro.
A pressão dá agua e a temperatura estão confortáveis. Ela se senta sob a água corrente, a náusea impedindo qualquer atividade em pé, permitindo que ela a lave suavemente, com cuidado para evitar as lacunas latejantes em sua carne. Ela sente o cabelo ficar pesado, inclinando a cabeça para trás para que a água caia sobre o couro cabeludo, soltando o sangue seco e a sujeira que o grudava.
Mãozinha volta correndo, arrastando um rolo de bandagens, alguns lenços umedecidos e um pequeno pacote de fita cirúrgica adesiva. Ele não pode carregar muito, ele é pequeno demais. Mas o que ele tem, certamente é o suficiente.
"Obrigada." - Wednesday sussura, a febre forçando seus dentes a bater, esforçando-se para se levantar novamente para desligar o chuveiro. Mãozinha entrega uma toalha para ela, que ela aceita com gratidão, secando-se cuidadosamente, enxugando os ferimentos mais sensíveis.
Ela pega os lenços e fitas cirúrgica para esterilizar e juntar as feridas mais profundas para cicatrizar melhor, mas Mãozinha pula em cima de sua mão, balançando o dedo da frente em desaprovação.
"Muito bem,"
Ela permite que a mão suba pelas costas, dois dedos enganchados em torno dos itens. Ele então começa a limpar a abertura nodosa onde a flecha se cravou antes, dedos delicados se movendo para cuidar dela. Ela se senta contra a parede com a respiração difícil, os olhos fechados e a cabeça para trás, cantarolando baixinho para si mesma. A peça que ela está aprendendo no violoncelo. Um exercício cerebral para se lembrar disso, para mantê-la focada e funcionando enquanto Mãozinha trabalha com seus ferimentos.
Antes que ela perceba, sua pele é puxada para que as partes externas do buraco da flecha se toquem para estimular a cura, e uma bandagem é enrolada muito bem em volta do ombro, cruzando a parte superior do peito e o pescoço para manter tudo no lugar. Nesse momento, ela deslizou pela parede de modo que está praticamente deitada no chão frio de ladrilhos, lembrando o tempo passado na cripta. Mãozinha realiza com muito cuidado um procedimento semelhante em sua facada, antes de pressionar suavemente band-aids sobre outros cortes e arranhões.
Seu cantarolar se torna esporádico conforme ficar acordada fica mais difícil, Mãozinha bate freneticamente em sua mão.
"Hm?" - Ela murmura, lutando para manter seus olhos abertos.
Mãozinha simplesmente segura um de seus dedos e gentilmente puxa, uma indicação para ela se levantar. E então ela tenta. O mundo inteiro se move e muda enquanto ela tenta subir da maneira menos dolorosa possível, a bile em sua garganta ameaçando sair novamente. Ela soa e treme de uma forma que normalmente a faria tomar outro banho, mas ela sabe que não pode. Em vez disso, ela se arrasta até a porta, permitindo que a Mão corra à frente, seguindo-a de volta ao quarto. Não..o quarto de Enid.
Todas as suas roupas estão dobradas e seria bastante contraproducente botar a mesma roupa que esta imunda e jogada no chão. Então, Mãozinha arrasta um moletom preto dos pertences de Enid. Ela estava originalmente 'pegando emprestado' depois que seu último suéter limpo foi jogado no lixo, mas acabou ficando com ele. Wednesday não teve coragem de pedir de volta. Mas agora, com a orientação da Mão, ela o veste, inalando o tecido tão profundamente quanto seu interior danificado permite. Ela não tem tanta sorte com o resto da roupa. Mãozinha desenterra o primeiro par limpo que encontra, uma calça de pijama rosa e fofa, mas Wednesday está sem capacidade de negar isso agora.
Assim como com suas roupas, toda a roupa de cama está embalada. Sem qualquer outro pensamento, ela tropeça até a cama de Enid. Mãozinha puxando as cobertas antes mesmo de ela fazer todo o caminho, permitindo que ela deslize dentro dos cobertores. Ela quase desmorona no colchão, forçando outra rodada de vômito por pura força de vontade. Ela está cansada demais para lidar com isso. Em vez disso, ela fecha os olhos com força, gemendo quando sua cabeça bate nos travesseiros com força demais.
Ela só esteve deste lado do quarto algumas vezes. E ela não estava mentindo quando disse a Enid que era nauseante de se olhar. Ainda se aplica. Assim, seus olhos permanecem fechados para evitar enfrentar a explosão de cores. Ela está deitada em uma posição desajeitada de caixão semi-cruzado, usando apenas o braço direito, colocando-o delicadamente sobre as bandagens com o mínimo de pressão possível, deixando o outro ao seu lado. Irônico, realmente, considerando a quantidade de tempo que ela passou meio morta naquela noite.
Ela permite que Mãozinha puxe as cobertas sobre ela, derretendo-se no conforto, desesperada para se soltar. A mão se enrola protetoramente em seu peito, tomando cuidado para evitar as bandagens. Ela está bem. Enid também.
Ela deixa a dor passar por ela. Desesperada para que a dor tirasse a expressão do rosto de Enid da sua mente, ou quando ela se contorcia em seu colo por causa do brilho atrás de seus olhos. Desesperada para tirar a culpa de colocá-la em perigo.
Mas, acima de tudo, ela quer sentir a dor física apodrecendo em seu corpo, focar a dor e amplificá-la, torná-la conhecida. Ela quer machucar, deixar que isso a consuma.