
Atravessando o Multiverso
WASHINGTON D.C.
WANDA MAXIMOFF NO MUNDO DE THE BOYS
DIA 37
A tensão no ambiente é bem palpável para todos ali. Todos os olhares voltados para as duas figuras em oposição. A-Train e Profundo estavam ali porque jamais seriam capazes de confrontar o Capitão Pátria. Ainda assim, ambos jamais iriam imaginar ser pegos no meio do confronto entre criaturas perigosas. Era justamente a situação que enfrentavam agora, entre o líder que seguiam relutantemente, e a mulher flutuando acima do enorme buraco, onde antes era o piso do salão Oval da Casa Branca. As outras figuras presentes, o general Bradley e o agente Craig, olhavam para os cadáveres em volta, incluindo o do presidente, e se perguntavam se tudo não tinha ido longe demais. Independente de seus pensamentos, todos ali se mantinham paralisados, esperando o que resultaria da luta que estava preste a começar.
- Você poderia ter ido embora para o seu mundo, ou simplesmente morrido naquela explosão – o Capitão Pátria sorri do jeito maníaco habitual – mas isso acaba aqui – ele começa a disparar uma forte rajada de seus olhos, com Wanda segurando-a com seu poder.
A luta entre eles recomeçara, mas Wanda sente que algo está lhe escapando. Olhando em volta ela vê os cúmplices típicos de alguém como o homem que está enfrentando. Nenhum deles realmente a preocupa. Ainda assim, a sensação de que algo inesperado está preste a acontecer continua assombrando os pensamentos dela. Sua mente mantém o foco na luta, mas se permite também vasculhar o entorno. Foi uma boa ideia fazê-lo, só dessa forma ela não foi pega de surpresa com a segunda rajada, ainda mais forte que a do Capitão Pátria. Ao virar-se ela se depara com uma criança, alguém que seria pouco mais velho que Tommy e Billy. Wanda já tinha ouvido falar que o Capitão Pátria tinha um filho chamado Ryan.
- Mantenha o pique amigão – Wanda ouve o homem gritar – juntos vamos acabar com essa bruxa.
O espaço limitado tornava a luta ainda mais feroz. Além do trio superpoderoso, os demais presentes apenas se jogavam no chão, tentando não ser pegos no fogo cruzado. Dessa vez, Wanda não tinha qualquer preocupação com a segurança de quem estava por perto. Toda a sua energia e foco estava concentrada em pai e filho. No entanto, à medida que a luta progredia, ela se deu conta de que aquele espaço fechado não era a melhor opção para o confronto. Reunindo suas forças, ela levantou voo, levando as duas figuras com ela. Todo o teto que estava acima deles se desfez em pedaços, enquanto o trio ganhava o ar. No lado de fora, uma multidão observava, fascinada, o confronto. A luta gerou grandes disparos de energia, até que o trio desabou do ar. Os três caíram em terra, levantando uma grossa poeira, que impedia qualquer tipo de visão. Ainda assim, a multidão que observava tudo de longe, começou a se aproximar perigosamente do local da queda.
LOCAL DESCONHECIDO
WANDA MAXIMOFF NO MUNDO DE THE BOYS
DIA 36
- É impressão minha ou as coisas estão mais estáveis? – é a agente Malory quem faz a pergunta.
- Os níveis de energia estão incrivelmente altos, mas alguma coisa está mantendo a máquina num estado de estabilidade – a resposta veio da doutora Palmer. Ela procura se aproximar de onde Wanda está, mas algo a repele – eu creio que ela atingiu o seu objetivo.
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- Você quer que eu te resgate desse mundo onde está presa?
- Você é a única que pode fazer isso, América – as duas estão em suas formas astrais, ambas tendo a condição de ver seus respectivos corpos em meditação.
- Por que eu deveria fazer isso?
- Eu não posso te apresentar nenhuma razão lógica para você me ajudar, América – a voz de Wanda tem um tom calmo – a única coisa que posso fazer é apelar para sua generosidade.
- Por que você acha que sou tão generosa assim, Wanda?
- Eu não tenho nenhuma razão para acreditar nisso, além da esperança de estar certa.
- A ideia de ter um novo universo para visitar é tentadora, mas eu preciso pensar sobre isso, Wanda.
- Eu entendo – há um tom conformista na forma como Wanda se dirige a América – pense sobre isso com carinho, América. Eu preciso ir, sinto que minha energia está quase se esgotando – a forma astral de Wanda desaparece, nem dando a chance de América perguntar algo sobre esse novo universo onde ela se encontra.
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- Fale com esse contato, general – a ansiedade do Capitão Pátria era visível – eu preciso saber onde fica esse lugar.
- É sempre ele quem faz o contato, Capitão – o general Bradley olha para o agente Craig, em busca de um apoio que não terá. Ele procura manter uma postura de serenidade diante do Capitão Pátria – é um local muito vigiado, como nem poderia ser diferente.
- Então deixe tudo preparado – o Capitão Pátria usa um tom bem imperioso ao falar – assim que ele fizer contato eu já quero sair dessa base com tudo pronto para reduzir aquele lugar a pó.
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Wanda nunca se sentira tão cansada após fazer uso do seu poder. Ela teve de ser amparada por Maria, Anne e Hughie, com a doutora Palmer oferecendo-lhe uma cadeira. Foi com um certo desgosto que ela se sentou, pois mal conseguia se manter em pé. Seus sentimentos estavam confusos depois de passar por toda essa experiência. Por um lado, estava muito feliz por ter finalmente conseguido entrar em contato com América Chaves. Ainda assim, permanecia nela uma angústia, alimentada pela crescente convicção de que tudo poderia ter sido inútil. Afinal, que motivos América teria para ajudar alguém que tentou matá-la? Alguém cujo retorno poderia pôr a vida dela em risco. Wanda logo se deu conta que mergulhar em pessimismo e autopiedade em nada resultaria de positivo. Tudo o que restava fazer era esperar.
- Você conseguiu o que pretendia, Wanda? – Annie oferecia um copo de água enquanto perguntava. A ex-Vingadora tomou um grande gole antes de responder.
- Eu falei com ela, mas não sei se poderei contar com a sua ajuda – havia um tom desanimado nela ao falar.
- Por que você acha isso? – foi Hughie quem perguntou dessa vez.
- Eu e América temos uma história, e não é das melhores – um amargo sorriso se formou em sua boca – culpa minha.
Mais de meia-hora se passou, com Wanda preocupada apenas em recuperar suas forças. Foi então que o som se espalhou de repente, seguido de um portal se abrindo. O sorriso de Wanda ganhou um novo ar, agora mais feliz e esperançoso, ao ver o portal em formato de estrela, bem como a adolescente de traços latinos que surgia através dele. Foi como se a ex-Vingadora se sentisse subitamente energizada. Todo o cansaço desaparece e ela se levantou de imediato. Ignorando completamente o ar espantado de todos ali, Wanda caminhou em direção àquela que era a sua única esperança de retornar para o mundo de onde veio. Foram só alguns passos, pois ela logo notou a ligeira tensão no rosto de América. As duas ficaram a pouco mais de um metro, uma em frente a outra. A tensão no rosto de América só irá amenizar-se quando ela vislumbrar alguém logo atrás de Wanda.
- Christine – um sorriso se forma no rosto de América, ao se dirigir à doutora Palmer – você também está envolvida com investigações através do multiverso nesse mundo?
- Como assim? – o rosto da doutora Palmer ganha um ar confuso.
- A sua contraparte do universo 838 também está envolvida nisso – América se volta para Wanda – você não contou para ela?
- Você conheceu uma versão minha em outro universo? – Christine lança um olhar desconfiado para Wanda.
- Não só conheceu como tentou te matar, junto comigo e o Stephen – havia um ar de ingênua presunção de América ao falar, com todos ali reagindo de formas diferentes ao que ela revelava – você não contou nada para ela? – América volta a se dirigir para Wanda.
- Contar isso que você falou para uma pessoa a quem estou recorrendo em busca de ajuda? Você acha que seria uma boa ideia, América?
- Você acha que ela não te ajudaria se tivesse contado? – ambas, Wanda e América, olham para a doutora Palmer.
- Pessoalmente estou mais interessada no que você disse, sobre haver uma contraparte minha também envolvida nesse tipo de experiência – a doutora Palmer gesticula, mostrando todo o ambiente em volta.
- Nós conversamos muito pouco sobre isso, sabe – América gesticula também, as mãos se dirigindo a figura de Wanda – muito ocupadas tentando não morrer.
- Podemos conversar sobre o que fez você vir aqui, América – havia um tom de impaciência na voz de Wanda.
- Depois Wanda, primeiro eu quero conhecer melhor esse mundo – América circula pelo lugar, olhando para as pessoas e os equipamentos – a comida também é de graça nesse universo?
- Como assim de graça? – Hughie perguntou.
- Em vários universos que eu visitei a comida era de graça – ela responde.
- Que legal – havia um sorriso genuíno em Hughie, logo correspondido por América – vocês ouviram isso? – ele se dirigia a Annie e Maria. Ambas sorriram. Annie aproveita para se aconchegar com Hughie.
- Já vi que vocês dois são um casal – América sorri para Annie e Hughie, aproveitando para se sentar numa cadeira, ignorando o ar impaciente de Wanda – o que vocês dois podem me dizer sobre esse mundo? – Annie e Hughie olham um para o outro, ambos com expressões de muito divertimento em seus rostos. Eles pegam uma cadeira cada, ambos sentados junto a América. Maria também se junta aos três.
- O que você quer saber? – é Annie quem pergunta, sentindo uma simpatia imediata por América.
- Me digam tudo o que vocês puderem – América se ajeita na cadeira, em frente ao casal e Maria.
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- Excelente – o general sorri largamente, enquanto fala no celular – me repasse as coordenadas imediatamente – o celular é desligado e o general se dirige ao Capitão Pátria – o nosso homem acabou de dizer que está enviando as coordenadas do local onde a bruxa está, Capitão.
- Finalmente – um ar de júbilo toma conta dele, mas o sorriso que surge naquele rosto não tem nada de alegre. Ele vê o general se dirigindo até uma estação de monitoramento.
- É aqui o local onde a bruxa está – o general aponta para um ponto na tela – o que pretende fazer, Capitão?
- Preciso dos artefatos nucleares dessa base, pelo menos dois deles – o Capitão Pátria olha para o filho no outro canto da sala.
- O senhor sabe que isso irá alertar o governo – o general pondera.
- Por isso mesmo será o sinal para todos os nossos aliados iniciarem o nosso plano de ataque – o sorriso maníaco ainda permanecia no rosto dele – assim que eu me livrar da bruxa, nós iremos direto para Washington, assumir o poder.
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- Esse mundo de vocês é diferente de todos os outros em que estive – América olha para Wanda – como você se sentiu quando descobriu que os Vingadores não existiam aqui?
- Eu estava mais preocupada em voltar do que pensar sobre isso – Wanda responde.
- Por que você quer voltar, Wanda? – América se aproxima dela, olhando-a fundo nos olhos – aqui você é vista como uma heroína – A jovem de traços latinos aponta para as pessoas em volta – eles contam com você para impedir esse tal de Capitão Pátria. Eu vi as reportagens sobre as vidas que você salvou, as imagens do que você fez na emergência do hospital. Você é um símbolo de esperança nesse mundo, Wanda.
- Isso não importa, América – Wanda olha para a jovem diante dela, uma expressão de angústia em seu rosto – nada disso importa.
- É claro que importa, Wanda – é Annie quem intervém agora – só deus sabe o que pode acontecer com esse país, com o mundo todo, aliás, se o Capitão Pátria atingir todos os objetivos que ele pretende – ela olha em volta, principalmente para Maria, em busca de apoio.
- Você é a única pessoa que tem condições de deter aquele maníaco, Chica – agora é Maria quem diz.
- Digamos que eu faça isso, digamos que eu o detenha, que salve esse país, esse mundo – a ex-Vingadora parece se dirigir a todos ali, não só para América – eu ainda me lembro do meu tempo nos Vingadores, das poucas conversas que tive com Natasha. Me lembro dela dizendo que não importava o que fizesse, quantas vidas salvasse, a conta sempre estaria no vermelho – ela se volta para América agora – você entre todos aqui, sabe muito bem o que estou dizendo, América.
- Eu não conheci essa Natasha, mas ouvi falar dela, do sacrifício que fez – América se aproxima de Wanda – a conta podia estar sempre no vermelho, mas por tudo o que ouvi falar, ela nunca deixou de tentar – um sinal de alarme começa a tocar. Todos ali se agitam, preocupados com o que pode ser.
- O que está havendo? – a doutora Palmer se dirige a alguém.
- O sistema de defesa da base detectou uma aproximação não autorizada – informa um oficial de comunicações – não sabemos o que é, mas não é uma aeronave. Está praticamente em cima de nós – de repente a base começa a tremer intensamente, como num terremoto, embora a origem do tremor venha de algo acontecendo em cima.
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Ryan nunca se imaginou numa situação assim antes. Ele voava junto com o pai, ambos carregando um artefato nuclear. No rosto do homem mais velho o que Ryan via era uma tranquilidade de quem carregava um brinquedo, um presente a ser ofertado a alguém. Para o jovem superpoderoso, por sua vez, o que carregava era um prenuncio de morte, um devastador instrumento de destruição. Ainda que não tivessem visto uma alma viva ao longo de muitas milhas, a ideia de explodir esses dois artefatos nucleares era para Ryan, algo parecido com uma loucura. As dúvidas povoavam sua mente, mas ele não tinha coragem de expô-las ao pai. A certa altura, ambos pararam no ar. Ele viu o pai olhar para baixo, como se calculando se estavam na posição certa.
- Está pronto, amigão? – o Capitão Pátria se dirige ao filho com o mesmo sorriso de sempre.
- O senhor tem certeza? Não estou vendo nada lá embaixo – é um Ryan com voz indecisa que se dirige ao pai.
- Acredite amigão, a bruxa está abaixo de nós – o Capitão Pátria aponto na direção indicada – é a nossa melhor chance de acabar com ela.
- Tem mais gente além dela?
- Qualquer um que esteja com ela é tão do mal quanto, Ryan. Não devemos ter pena de nenhum deles – Ryan reconhecia aquele tom de voz, era um tom que não admitia contestação – está pronto? – o jovem faz um sinal positivo com a cabeça – perfeito amigão. Vamos acabar com todos – ele termina a frase já gritando, com ambos soltando juntos a mais forte rajada de laser que já lançaram antes, toda ela concentrada num ponto específico logo abaixo de ambos.
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- Diga para todas as pessoas na base virem para cá – Wanda se dirige a doutora Palmer. Esta tem apenas um breve momento de hesitação, mas logo se vira para alguém.
- Diga para todos que estão na base virem para cá, imediatamente – ela quase grita para o oficial de comunicações que repassa a mensagem com urgência.
- Você acha que é um ataque do Capitão Pátria? – é Annie que se dirige até Wanda – como ele descobriu esse lugar?
- Isso fica para depois – Bruto intervém – é sua hora de pagar o favor, dona.
A base continua tremendo cada vez mais, até que uma explosão destrói o teto. Wanda usa o seu poder para impedir que os destroços atinjam alguém. Mesmo assim, o susto é generalizado, ao ver que se trata da combinação de dois raios poderosos. A expectativa geral é que o Capitão Pátria apareça, mas isso não acontece. A confusão é geral, aumentando à medida que mais pessoas chegam, atendendo ao chamado feito. Todos se preparam para um enfrentamento que consideram inevitável. Wanda, por sua vez, hesita sobre o que fazer. Uma parte dela quer pegar América e sair dali. O desejo de voltar ao seu mundo forte em seus pensamentos. Entretanto, olhar para as pessoas com quem conviveu nas últimas semanas desperta nela sentimentos que gostaria de realmente evitar. A espera pela entrada do Capitão Pátria é lenta e agonizante. É quando Wanda se dá conta de que isso não irá acontecer. Uma conclusão que fica claro quando ouve um grito desesperado.
- É uma bomba! Estão jogando uma bomba em nós – poucos segundos se passam quando a explosão atinge todo o local. Não é uma bomba qualquer, é um artefato nuclear, dois na verdade. Um brilho intenso toma conta do lugar, como se tudo em volta dos que estão ali fosse literalmente obliterado.