Slipping Through My Fingers

Marvel Cinematic Universe The Avengers (Marvel Movies) Loki (TV 2021) Thor (Movies)
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Slipping Through My Fingers
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Summary
Aquele em que Loki reencontra sua filha em outra linha do tempo. Ameth, no entanto, não parece gostar muito da ideia.
Note
Essa fanfic existe principalmente pelo meu interesse assíduo por mitologias, incluindo a nórdica, e me chateia que tenham cortado a relação pai-filha da Hela e do Loki no MCU. Então, decidi criar uma OC pra "tampar" esse buraco. A personagem NÃO é baseada nos quadrinhos, na qual eu nunca cheguei a ler, então não faço ideia da relação dos dois nas HQs. Tudo será criado por mim e inspirado na mitologia nórdica.Segundo motivo, o pobre do Loki precisa de pelo menos um conforto na vida, meu deus.Sugestões, observações e críticas são muito bem vindas! ♡

Prólogo

— Papai, conta uma história? — A voz rouca da garotinha parecia ecoar em um dos ouvidos de Loki, que a carregava no colo com um dos braços.

— Acabei de te contar a última. Agora, você precisa dormir.

Ameth resmungou em resposta, apesar do seu rosto demonstrar uma fadiga rotineira após um longo dia. Era a primeira vez em algum tempo que Loki apareceu para visitá-la, e Ameth queria aproveitar até o último segundo. A feição cansada do mais velho, porém, indicava algo diferente. Não era que ele não a amava, longe disso. Ameth poderia ser uma das poucas, se não, a única no universo que alcançou a façanha de despertar o amor incondicional do Deus da Mentira.

Nem mesmo a mãe de sua filha conseguiu.

 

O corpo de Ameth parecia derreter nos braços de Loki, aconchegando-se sobre seu colo enquanto sua atenção era levada até a televisão da sala, que passava algum programa de comédia que nenhum dos dois se importou em prestar toda atenção. Loki nunca entendeu esse tipo de entretenimento mundano, preferindo muito mais as peças de teatro típicas de Asgard. Porém, dado a falta de uma dessas, ele se contentou em distribuir carícias sobre as ondas negras do cabelo da filha, que piscava lenta e sonolenta, encolhendo-se para caber em seu colo. Ainda assim, a luz bruxuleante da TV não foi suficiente para afastar o sono da menina, que rapidamente rendeu-se e adormeceu no colo dele.

 

Suspirando, o deus cuidadosamente se levantou do sofá, carregando Ameth nos braços e a levando a passos silenciosos até seu quarto. A porta estava entreaberta, dando-lhe a chance de adentrar sem mexer muito nela. Com uma delicadeza nunca vista sendo praticada por ele antes, Loki a deitou sobre a cama macia, cobrindo-a com um edredom cor-de-rosa com bolinhas brancas.

Loki tirou alguns segundos a mais para permanecer ali, sentando-se numa cadeira por perto e observar o modo como Ameth dormia, seu peito subindo e descendo a cada respiração e o rosto sereno, alheio à quaisquer ameaças existentes lá fora. Apesar de já estar completando seus sete anos de idade, para Loki, ela ainda era como um bebê. 

 

— Você é a única pessoa no universo que eu nunca faria mal algum. — Loki sussurra perto do rosto de Ameth, uma promessa entre ambos que apenas ele sabia.

Loki tinha consciência de tudo que fez lá atrás, mesmo antes de Ameth ter nascido. Se relacionar com alguém de Midgard novamente, no entanto, estava fora dos seus planos. Ameth era o resultado de um relacionamento inconsequente, nascido de um rancor jovial e uma luxúria que se desenvolveu ao mesmo tempo. “Conhecer a pessoa certa no momento errado”, é o que dizem. E este mantra caiu como uma luva para Loki e Angrboda. – ou Angie, como ele gosta de a apelidar.

Loki poderia ter orgulho de seu título, mas a maior – se não a única – mentira que ele sente vergonha foi ocultar a existência de sua filha para o resto do universo. Na calada da noite, ele imagina como seria para Ameth se ela nascesse em uma família mais… nuclear. Um casamento com Angie nunca daria certo, mas quem sabe, uma avó como Frigga, um tio como Thor seria um ótimo acalento na vida dos dois. Porém, com um avô como Odin, seria uma história completamente diferente. E é por isso que ele fez o que fez. Provocar a ira do Pai de Todos com uma bastarda na Terra seria o ato mais imprudente de uma vida, e ele reza para que, caso Heimdall esteja o vendo, entendesse seus motivos.

Cuidadosamente, ele se levanta da cadeira, dando um beijo longo na testa de Ameth, antes de caminhar até a porta, apagando a luz e deixando-a descansar.

 

Seus olhos azuis percorreram a cabana de madeira de Angie, até pousarem na figura encostada no batente da porta da frente, encarando um ponto aleatório lá fora.

 

— Ela já dormiu? — Ela perguntou, virando-se e encarando o rosto do deus.

 

— Já. Ela não parece tanto… enérgica quanto você disse.

 

Angie sorriu com o comentário, e parecia a primeira vez que ela sorria de verdade em uma vida inteira. Um cacho de cabelo percorre seu rosto, obstruindo parte de sua visão. Loki, quase que instintivamente, estendeu o braço e colocou a espiral castanha atrás da orelha dela.

 

— Escute. — Ele começa. — Vou precisar sumir por uns tempos.

 

— Claro que vai. Você só vem a cada, não sei, três meses?

— Eu sei que não tenho sido a melhor pessoa do mundo, mas o que faço é pro’ bem de vocês.

 

— Você não tem mais responsabilidade comigo. Tem com ela. Você só tem que se justificar para ela.

 

Loki suspirou, encarando as feições do rosto da mulher. O cabelo cacheado, a pele marrom-claro e o par de olhos castanhos que o atraiu para ela quase como um feitiço. E ele comemorou quando Ameth nasceu com os mesmos olhos que ela.

 

Ele poderia ter feito qualquer coisa. Poderia ter se declarado mais uma vez, pedido para que elas o acompanhassem em algum lugar desconhecido, poderia ter pedido para ficar naquela casa. Eles não precisariam voltar, sabia que não era isso que ela queria.

 

Mas as coisas são diferentes agora, Thanos está atrás dele e ele tem planos maiores. Um glorioso propósito. Mas, internamente, ele prometeu a si mesmo que voltaria – ou ao menos tentaria. Não para Angie, mas para Ameth.

 

Por isso, ele escolheu o silêncio. O deus esguio que adorava tagarelar, finalmente se encontrou sem palavras. Angrboda gesticulou para que ele saísse, e assim ele o fez. Mas, no fundo, ele sabia que não as veria mais uma vez. Não nesse tempo.